domingo, 30 de setembro de 2012

Dos grandes danos que nascem da tristeza



Esteja muito longe de ti a tristeza, diz o Sábio, porque a tristeza a muitos tem causado a morte, e não há nela proveito algum. [2] Cassiano escreve um livro inteiro sobre o espírito da tristeza, porque para curar, diz, e remediar este mal e enfermidade, não é necessário menor cuidado e diligência que para as demais enfermidades e tentações espirituais que se nos oferecem nesta vida, pelos muitos e grandes danos que traz consigo, os quais vai ali apontando e fundando-os admiravelmente na Sagrada Escritura. Guardai-vos, diz ele, da tristeza; não a deixeis entrar no vosso coração, porque, se lhe dai entrada, e se começa a assenhorear-se de vós, logo vos tirará o gosto da oração, e fará que vos pareça dilatada a hora que se dedica, e que não a cumprais inteiramente, e algumas vezes fará com que totalmente fiqueis sem oração, e que deixeis a leitura espiritual [3].

Em todos os exercícios espirituais vos dará um tédio e um fastio que os não podereis suportar. Por causa do tédio dormitou minha alma [4]. Neste verso, diz Cassiano, declara muito bem o profeta estes males que se seguem da tristeza. Não diz que se lhe adormeceu o corpo, mas a alma; porque a tristeza e a acídia espiritual dão à alma um tão grande tédio e fastio de todos os exercícios e de todas as obras de virtude, que fica adormecida e incapaz para tudo o que é bom. Algumas vezes ;e tão grande este fastio que um sente para as coisas espirituais, que o chegam a enfadar e aborrecer as pessoas que tratam de virtude e de perfeição, e até às vezes procura retraí-las e estorvá-las de seus exercícios de piedade e virtude. 

Ainda tem outro efeito a tristeza, diz Cassiano, e é que torna o homem desabrido e áspero para com os irmãos. Diz S. Gregório: A tristeza traz consigo ira e enfadamento [5].

E  assim experimentamos que, quando estamos tristes, facilmente nos zangamos e enfadamos por qualquer coisa. A tristeza faz o homem impaciente nas coisas que trata, fá-lo suspeitoso e malicioso; e às vezes perturba ao homem de tal modo, que parece lhe tira o juízo, e o faz sair fora de si conforme aquilo do Eclesiástico: Onde há amargura, não há juízo [6]. E assim vemos muitas vezes que, quando reinam em um a tristeza e a melancolia, tem umas apreensões tão fora de razão, e umas suspeitas e temores tão sem fundamento, que aos outros que estão em seu juízo costumam causar riso, e disso fazem pratinho nas conversas, como de loucuras. 

E temos visto alguns homens gravíssimos, de grandes letras e talentos, tão presos e dominados desta paixão que era grande lástima vê-los umas vezes chorar como crianças e outras vezes dar suspiros e gemidos tão descompassados que mais pareciam bramidos. E depois quando estão em seu juízo, e sentem que lhes quer vir esta loucura, que assim se pode chamar, fecham-se no seu quarto, para suspirarem e chorarem a sós, sem perigo de perderem a sua autoridade e opinião para com aqueles que os vissem fazer tais coisas. 

Se querei saber de raiz os efeitos e danos que a tristeza causa no coração, diz Cassiano, o Espírito Santo no-lo diz brevemente pelo sábio: O que faz a traça no vestido e o caruncho e a carcoma na madeira, isto mesmo faz a tristeza no coração do homem [7]. O vestido roído pela traça não vale nem pode servir para nada; o madeiro cheio de carcoma não presta para o edifício, nem se pode colocar sobre ele peso algum, porque lodo se faz em pedaços. Assim também o homem cheio de melancolia, triste e carrancudo, faz-se inútil para tudo o que é bom. E não pára aqui o mal; mas o pior é que a tristeza no coração é causa e raiz de muitas tentações e de muitas quedas. A muitos matou a tristeza [8], fazendo-os cair em pecados. Para prova disso trazem aquelo que diz santo Jó acerca do demônio, que dorme da sombra [9]. Nessa sombra e escuridão, nessas névoas e trevas dessa confusão tendes, quando estais tristes, aí dorme e se esconde o demônio; esse é o seu ninho e o seu covil; aí arma ele melhor as suas redes; essa é a disposição que ele está aguardando para acometer com quantas tentações quer. 

Assim como as serpentes e bestas feras estão esperando que chegue a escuridão da noite para saírem das suas covas, assim o demônio, serpente antiga, está esperando essa noite e escuridão da tristeza, e então acomete com toda a espécie de tentações [10]. Têm preparadas suas setas na aljava para na escuridão ferirem aos de coração reto [11]. 

Dizia S. Francisco de Assis que o demônio se alegra muito quando vê um homem de coração triste, porque tão facilmente o afoga na tristeza e na desesperação ou o leva para os prazeres mundanos. Note-se muito essa doutrina, pois é de suma importância. Ao que anda triste e melancólico, umas vezes o demônio o faz cair numa grande desconfiança e desesperação, como fez a Caim e a Judas; outras vezes, quando lhe parece que por aí não faz boa entrada, acomete-o com deleites mundanos de divertimentos e vaidades; outras vezes com prazeres carnais e sensuais, com pretexto de que com aquilo se livrará da pena e tristeza que o aflige. E daqui vem que, quando está triste, lhe costumam vir graves tentações contra a vocação, porque lhe representa o demônio que lá no mundo viveria alegre e contente: e a alguns tem tirado já da Religião esta tristeza e melancolia. 

Outras vezes o demônio costuma acometer ao homem triste trazendo-lhe pensamentos carnais e desonestos que dão gosto à sensualidade e procurando que detenha neles com pretexto de que assim lançará de si a tristeza e se aliviará o seu coração. Isso é coisa muito de temer nos que andam tristes e melancólicos, porque neles costumam ser muito ordinárias essas tentações. E isso mesmo adverte muito bem S. Gregório. Diz ele que, como todo homem deseja naturalmente ter algum gosto e contentamento, quando o não acha em Deus, nem nas coisas espirituais e do céu, logo o demônio, que sabe muito bem a nossa inclinação, lhe apresenta coisas sensuais e desonestas, e lhe oferece gosto e contentamento nelas, com as quais lhe parece que se mitiga e alivia a tristeza e a melancolia presentes. Ficai sabendo, diz o Doutor, que se não tendes contentamento e gosto nas coisas altas e de Deus, o ireis buscar nas coisas baixas e vis, porque o homem não pode viver sem algum contentamento e satisfação [12].

Enfim, são tantos os males e danos que nascem da tristeza, que diz o Sábio: Com a tristeza vêm todos os males [13]; e noutra parte: A tristeza apressa a morte [14], e até dá a morte eterna, que é o inferno. Assim declara S. Agostinho aquilo que disse Jacó a seus filhos: Com a dor que me causais levareis minhas cãs ao inferno [15]. Diz que temeu Jacó não fizesse tanta impressão e causasse nele tanto dano a tristeza de ficar sem o seu filho Benjamin, que lhe pusesse em dúvida a salvação, e desse com ele no inferno dos condenados. E por isso diz que nos avisa o apóstolo S. Paulo que fujamos da tristeza, para que não suceda talvez que com a tristeza demasiada venhamos a perder nossa alma [16]. Por serem tão grandes os danos da tristeza, por isso é que nos previne e avisa tanto a Sagrada Escritura e os Santos que fujamos e que nos acautelemos dela. Não é pela vossa consolação, nem pelo vosso gosto, pois se não houvesse mais que isso, pouco importava que estivésseis triste ou alegre. E pela mesma razão deseja e procura tanto o demônio que nos domine a tristeza, porque sabe que é a raiz e a causa de muitos males e pecados. 

[1] Pe. Afonso Rodrigues. Exercícios de Perfeição e Virtudes Cristãs, Segunda Parte, Tomo IV, 3a. ed. Lisboa: União Gráfica, 1933, p. 157.
[2] Eccli. XXX, 24.
[3] Cass. 1. 9 instit. renunt.
[4] Sl. CXVIII, 28.
[5] Mor. 1. 31, c. 32. 
[6] Eccli. XXI, 15.
[7] Prov. XXV, 20.
[8] Eccli. XXX, 23.
[9] Job. XL, 16.
[10] Sl. CIII, 20.
[11] Sl. X,3.
[12] Mor. 1. 18, c.8.
[13] Eccli. XXV, 17.
[14] Eccli. XXXVIII, 19.
[15] Gen. XLII, 38.
[16] II Cor. II, 7.

Fonte: Grupo São Domingos de Gusmão

Fonte Origem: Tratado da Alegria da Alma Cristã - Padre Ambrósio de Lombez, O.F.M. Cap. - Ed. Pinus. 


sábado, 29 de setembro de 2012

A maquiagem e a modéstia



O ato de adornar-se faz parte da vida da mulher há milênios, em todas as culturas. Hoje não poderia ser diferente. A maquiagem faz parte do adorno feminino e é algo que sendo feito com cuidado e bom gosto faz bem.

É agradável perceber quando uma pessoa teve o cuidado de se colocar bela. Faz bem aos olhos quando vemos que alguém teve a delicadeza de combinar um acessório, ou de usar uma sombra de determinada cor de modo a combinar com o seu visual e a ocasião. Contanto que seja feito o uso moderado, pode ficar bonito.

Santo Tomás em sua Suma Teológica discorreu sobre a questão do adorno feminino, da maquiagem e roupas, enfim, da construção do visual da mulher através do uso das vestes, acessórios e cosméticos. Respondendo às duras palavras de São Cipriano de Cartago[1] (que criticava acerbamente o adorno feminino), o Doutor Angélico diz: 
“se a mulher casada se enfeita para agradar ao marido, pode fazê-lo sem pecado. Mas as que não têm marido nem os querem ter e vivem em celibato, não podem, sem pecado, querer agradar aos olhos dos homens para lhes excitar a concupiscência, porque isso seria incentivá-los a pecar. Se, pois, se enfeitarem com essa intenção de provocar os outros à concupiscência, pecam mortalmente. Se o fizerem, porém, por leviandade, ou mesmo por um desejo vaidoso de aparecer, nem sempre será pecado mortal, mas às vezes venial. Diga-se o mesmo, aliás, a respeito dos homens[2].” 
O Doutor Angélico diz também[3]
“tais pinturas nem sempre envolvem um pecado mortal, mas só quando são feitas por uma questão de prazer sensual ou no desprezo de Deus”. 
Vemos então que a maquiagem é uma forma de adorno que denota cuidado com a aparência para agradar: no caso das casadas, para agradar ao marido, no caso das solteiras, para atrair um marido. Só é pecado quando é feita para obter um prazer sensual (para excitar a luxúria) e para se opor ao Criador (um desses casos seria o da mulher que não quer se casar, mas que vive de forma impudica e se enfeita para atrair os homens, mesmo sabendo que não terá nada sério com eles. Isso nada mais é que prostituição, seja esta mulher paga por isso ou não).

É claro que sendo um dever da mulher que é filha de Deus ser modesta, a maquiagem também deve ser da mesma forma, ou seja, não pode ser usada para mostrar sensualidade e sim para cobrir defeitos, corrigir imperfeições e realçar pontos bonitos, para ser mostrar bela e não para transformar o rosto em algo que ele não é.

Segundo Santo Tomás: 
“É preciso, no entanto, observar que uma coisa é falsificar uma beleza que não se tem, e outra coisa é esconder uma desfiguração decorrente de alguma causa, como a doença ou o gosto. Para isso é legal, pois, segundo o Apóstolo (I Coríntios 12,23), “como nós pensamos ser os membros menos honrosos do corpo, sobre estes nós colocamos muito mais honra.”
Ou seja, uma coisa é usar uma maquiagem mais pesada (uma dose a mais de base e corretivo) para esconder deformidades outra coisa é usar maquiagem para iludir, para fingir uma beleza que não se tem (seria o caso talvez de mudar a linha da sobrancelha, sendo esta sem defeito algum. Uma falsidade, portanto algo impróprio).

O importante aqui é a moderação: a maquiagem não pode ser feita com o intuito de seduzir, nem o de fazer parecer possuir uma beleza que não possui, nem o de tentar a qualquer custo parecer muito mais jovem do que se é. Vemos que em casos como este último a pessoa torna-se ridícula, pois todos percebem a postura afetada das senhoras que se colocam na sociedade como se fossem jovens, muitas vezes até mesmo carregando nas tintas e ficando com cara de palhaça. É duro, mas é a realidade. É muito melhor – e digno – não usar nenhuma pintura do que usar uma que não fique bem, seja pelo seu tipo, seja pela sua idade.

O adorno deve ser feito sempre respeitando a idade e a posição da pessoa na sociedade, bem como a ocasião. Senão veremos – como, aliás, vemos bastante hoje em dia – as pessoas se vestindo na vã tentativa de parecer o que não são: é o caso de adultos usando roupas e enfeites próprios de adolescentes, coisa muito comum atualmente, infelizmente.

Santo Tomás comentando as palavras de São Paulo:
“Então o Apóstolo diz: “Mulheres… no ornato do vestuário, ataviem-se com modéstia e sobriedade. Seus enfeites consistam não em primorosos penteados, ouro, pérolas, vestidos de luxo”: de onde nós somos dados para entender que as mulheres não são proibidas de se adornar sobriamente e moderadamente, mas sim de fazê-lo excessivamente, descaradamente, e imodestamente.”
Mais uma vez vemos a defesa que o grande Santo Tomás faz do enfeite feminino, não proibindo, apenas deduzindo que este deve ser feito de maneira moderada.

Nesta famosa passagem bíblica São Paulo não está proibindo o ornato feminino e sim lembrando de que é mais importante o atavio interior do que o exterior. Seu conselho é para fazer lembrar qual é o foco principal da vida do Cristão: Deus. Se algo tira a pessoa deste foco, então este algo é mau, deve ser evitado. É o que acontece com os adornos que excitam a concupiscência: estes se tornam pecado, como já explicado anteriormente. Hoje em dia vemos bastante a exposição de mulheres em poses sensuais, ornadas de forma a gerar luxúria nos homens, coisa que é obviamente contrária à vida cristã.

Há que se ter cuidado ao copiar certas pinturas e posturas apresentadas pelas celebridades e modelos apresentados na mídia em geral, pois várias delas são claramente feitas para parecer sexy, ou seja, transformam a mulher em objeto sexual: olhos muito pintados, batons de cores berrantes e muito brilhosas, produtos que incham os lábios para aumentar o poder de fascinação sedutora, “caras e bocas”, tudo isso é indigno da mulher, é feio e próprio das prostitutas. Infelizmente tais maquiagens – algumas delas copiadas das “damas da noite” – estão espalhadas por toda a parte como se fossem as coisas mais lindas do mundo e nós mulheres terminamos sendo vítimas da moda e nos arrependendo mais tarde. Ainda hoje eu me lembro da pintura da moda nos anos 80: cores fortíssimas, blush estilo punk, tudo carregado, fazendo a mulher parecer uma palhaça. Quem aí com mais de trinta anos não se lembra da viúva Porcina, daquela novela famigerada, Roque Santeiro? A maquiagem dela era um horror, feita para mostrar como ela era uma mulher ridícula, uma perua, mas não é que entrou na moda e todo mundo queria usar? Bom, eu não usei, pois era apenas uma criança, mas nada garante que não teria usado se fosse mais velha… Pois é, como caímos no ridículo!

Diz Santo Agostinho:
“Não se deve usar nada com paixão, pois esta não só ofende, perversamente, o costume daqueles entre os quais se vive, como também, ultrapassando-lhes, muitas vezes, os limites, manifesta, com rompantes escandalosos, um descaramento antes escondido sob o véu de costumes públicos.” [4]
É importante não buscar se arrumar por paixão, por gosto em parecer sensual e em querer ser vista como sexy, em querer aparecer mais do que todo mundo, pois isso é vaidade e descaramento, e quando feito com a desculpa de que “todo mundo faz” é simplesmente um descaramento escondido sob o véu dos costumes públicos, como diz Santo Agostinho.

A maquiagem faz parte do decoro que se deve ter em sociedade. É uma prática que denota o respeito ao próximo, está intimamente ligada à caridade. O decoro inclui a limpeza, a arrumação da pessoa para se apresentar em público: roupa passada, cabelo penteado, unhas limpas e feitas (cortadas, polidas, sem cutículas aparentes), sapatos engraxados, corpo asseado. É uma tentativa de ser agradável ao próximo.

Não quero dizer com isso que as mulheres casadas e casadoiras são obrigadas a usar maquiagem, mas sim que devem buscar se apresentar de forma agradável e isso é claro anda junto com a modéstia. Mas as que quiserem usar maquiagem devem fazê-lo de forma a parecerem belas e dignas, sem exageros, sempre com moderação. Lembrem-se daquela regrinha básica: menos é mais!


Notas:
[1] "Neste lugar, o temor que devo a Deus e o amor da claridade que me une a todos, me obriga a avisar não só às virgens e às viúvas, mas às casadas também, e a todas as mulheres, que de modo algum convém nem é lícito adulterar a obra de Deus, acrescentando a cor vermelha, o negro, o ruge, ou qualquer outra coisa que altere ou corrompa as figuras naturais. Diz Deus: "Façamos o homem a nossa imagem e semelhança".
[2] As mesmas regras valem para o coquetismo tanto dos homens como das mulheres. A observação deve ser inserida no dossiê daqueles que acusam Santo Tomás de Misoginia (Suma Teológica – questão 169- artigo 2. Ed. Loyola).
[3] Suma Teológica II-CLXIX-II.
[4] Citado por Santo Tomás de Aquino na Suma Teológica – questão 169 – artigo 2. Ed. Loyola.


Créditos ao excelente blog: http://a-grande-guerra.blogspot.com.br/

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Os pecados contra o Espírito Santo



Todo o que tiver falado contra o Filho do Homem será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste século nem no século vindouro. (Mt. 12,32) 
Quanto pior castigo julgais que merece quem calcar aos pés o Filho de Deus, profanar o sangue da aliança, em que foi santificado, e ultrajar o Espírito Santo, autor da graça! (Hb. 10,29)

O pontificado do Papa São Pio X de 1903 a 1914 - em seu Catecismo Maior, ensinou que são seis os pecados contra o Espírito Santo:

O pecado contra o Espírito Santo consiste na rejeição da graça de Deus; é a recusa da salvação. Implica numa rejeição completa à ação, ao convite e à advertência do Espírito Santo.

1º - Desesperar da salvação: quando a pessoa perde as esperanças na salvação, achando que sua vida já está perdida e que ela se encontra condenada antes mesmo do Juízo. Julga que a misericórdia divina é pequena. Não crê no poder e na justiça de Deus.

2º - Presunção de salvação, ou seja, a pessoa cultiva em sua alma uma idéia de perfeição que implica num sentimento de orgulho. Ela se considera salva, pelo que já fez. Somente Deus sabe se aquilo que fizemos merece o prêmio da salvação ou não. A nossa salvação pode ser perdida, até o último momento da nossa vida, e Deus é o nosso Juiz Eterno. Devemos crer na misericórdia divina, mas não podemos usurpar o atributo divino inalienável do Juízo.

O simples fato de já se considerar eleito é uma atitude que indica a debilidade da virtude da humildade diante de Deus. Devemos ter a convicção moral de que estamos certos em nossas ações, mas não podemos dizer que aos olhos de Deus já estamos definitivamente salvos.

Os calvinistas, por exemplo, afirmam a eleição definitiva do fiel, por decreto eterno e imutável de Deus.

A Igreja Católica ensina que, normalmente, os homens nada sabem sobre o seu destino, exceto se houver uma revelação privada, aceita pelo sagrado magistério. Por essa razão, os homens não podem se considerar salvos antes do Juízo.

3º - Negar a verdade conhecida como tal pelo magistério da Santa Igreja, ou seja , quando a pessoa não aceita as verdades de fé (dogmas de fé), mesmo após exaustiva explicação doutrinária. É o caso dos hereges.

Considera o seu entendimento pessoal superior ao da Igreja e ao ensinamento do Espírito Santo que auxilia o sagrado magistério.

4º - Inveja da graça que Deus dá aos outros. A inveja é um sentimento que consiste em irritar-se porque o outro conseguiu algo de bom. Mesmo que você possua aquilo ou possa ganhar um dia. É o ato de não querer o bem do semelhante. Se eu invejo a graça que Deus dá a alguém, estou dizendo que aquela pessoa não merece tal graça, me tornando assim o juiz do mundo. Estou me voltando contra a vontade divina imposta no governo do mundo. Estou me voltando contra a Lei do Amor ao próximo. Não devemos invejar um bem conquistado por alguém. Se este bem é fruto de trabalho honrado e perseverante, é vontade de Deus que a pessoa desfrute daquela graça.

5º - A obstinação no pecado é a vontade firme de permanecer no erro mesmo após a ação de convencimento do Espírito Santo. É não aceitar a ética cristã. Você cria o seu critério de julgamento ético. Ou simplesmente não adota ética nenhuma e assim se aparta da vontade de Deus e rejeita a Salvação.

6º - A Impenitência final é o resultado de toda uma vida de rejeição a Deus: o indivíduo persiste no erro até o final, recusando arrepender-se e penitenciar-se, recusa a salvação até o fim. Consagra-se ao Adversário de Cristo. Nem mesmo na hora da morte tenta se aproximar do Pai, manifestando humildade e compaixão. Não se abre ao convite do Espírito Santo definitivamente.

Fonte: Catecismo Maior de São Pio X.

http://gstomasdeaquino.blogspot.com.br/

Quadragésima-Nona Rosa - As Indulgências




                As Indulgências

                Esta na hora de tratarmos um pouco das indulgências que são concedidas aos membros da Confraria do Rosário, a fim de que você possa obter o máximo possível.

                A indulgência é a remissão total ou parcial da pena temporal devida pelos pecados atuais, pela aplicação das satisfações superabundantes de JESUS CRISTO, da Santíssima Virgem e dos santos, que estão contidos no Tesouro da Igreja.

                Uma Indulgência Plenária é uma remissão da pena devida pelo pecado; uma Indulgência Parcial de, por exemplo, cem ou mil anos pode ser aplicada como a remissão de tantas penas que poderiam ser expiadas durante cem ou mil anos, se se tivesse dado um número correspondente das penas prescritas pelos antigos Cânones da Igreja.

                Agora estes cânones prescrevem exatamente sete e às vezes dez ou quinze anos de penas (castigo) por só um pecado mortal, assim uma pessoa que fosse culpada de vinte pecados mortais provavelmente deveria ter que cumprir pena de sete vezes vinte anos (140 anos) e dai por diante.

                Os membros da Confraria que desejam adquirir indulgências devem:

                1- estar verdadeiramente arrependidos e se confessar e comungar, como a Bula das Indulgências ensina;

                2- devem estar inteiramente livres de afeição pelo pecado mesmo venial, porque se houver afeição pelo pecado também permanecerá a culpa, e como há culpa, a pena não pode ser abolida;

                3- eles devem fazer suas orações e boas obras designadas pela Bula. E, de acordo com o que os Papas tiverem concedido, pode-se ganhar uma indulgência parcial (por exemplo, de cem anos) sem obter uma indulgência plenária, não será sempre necessário confessar e comungar a fim de obtê-la. Muitas indulgências parciais são concedidas à reza do Rosário (ora do Terço ou as quinze dezenas), às procissões, aos rosários bentos, etc.

                Esteja atento para não desperdiçar estas indulgências. Flammin e um grande número de outros escritores nos contam um incidente em que uma menina de, distinta família, pelo nome de Alexandra, se convertera milagrosamente e entrou na Confraria do Santíssimo Rosário por intermédio de São Domingos. Após sua mortem ela apareceu a ele dizendo que tinha sido condenada a sete anos de Purgatório, por causa de seus pecados e daqueles que fez com que cometessem com suas vaidades mundanas. Ela implorou-lhe que aliviasse suas penas através de suas orações e pedia aos membros da Confraria que rezassem pelo mesmo propósito. São Domingos rezou como ela pediu.

                Duas semanas depois, ela apareceu a ele, mais radiante que o sol, tendo sido rapidamente libertada do Purgatório através das orações dos membros da Confraria que rezaram por ela. Ela também disse a São Domingos que as Almas Santas no Purgatório tinha lhe pedido que ele continuasse a pregar o Santo Rosário por elas, e que elas os recompensaria abundantemente quando estivessem na glória.



50º Capitulo - Extraído do Livro "O Segredo do Rosário" São Luiz M. Grignion de Montfort

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Como se há de percorrer o caminho que leva à Fonte



"Lutai como fortes até morrer no combate. 
Não estais aqui para outra coisa, senão para pelejar"

Não vos espanteis das muitas coisas que é necessário considerar antes de iniciar esta viagem divina, caminho real para o céu. Indo por ele, ganha-se inestimável tesouro. Não é muito que, a nosso parecer, custe caro. Tempo virá em que se entenda como tudo é nada em comparação de tão grande prêmio.

Voltando agora aos que o querem seguir sem parar, até o fim, até chegar a beber desta água de vida, direi como se há de principiar.

Importa muito, e acima de tudo, uma grande e firme determinação de não parar até chegar à fonte de água viva, venha o que vier, suceda o que suceder, custe o que custar, murmure quem murmurar, quer chegue ao fim, quer morra no caminho, ou falte coragem para os sofrimentos que nele se encontram. Ainda que o mundo venha abaixo havemos de prosseguir. (...)

Por conseguinte, nada de temores. Nunca façais caso da opinião alheia. Olhai que não estamos em tempo de se dar crédito a todos, mas só aos que realmente se conformam à vida de Cristo. Procurai a limpeza de consciência e humildade, desprezo de todas as coisas do mundo e fé inabalável no que ensina a santa Madre igreja. Ficai seguros de estar no bom caminho. Deixai-vos de temores, repito, onde não há que recear. Se alguém procurar assustar-vos, declarai-lhe humildemente vosso caminho.

Sta Teresa D'Avila, Caminho de Perfeição

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

São Padre Pio e a Confissão






Autor: Dom Dimond, OSB
Tradução: Carlos Wolkartt

“Tens cantado um hino a Satanás, enquanto
Jesus, em Seu amor ardente, deslocou a cabeça por ti”

João XX, 21-23: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. Tendo dito estas palavras, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos”.

No Evangelho de João, vemos o poder de perdoar os pecados sendo conferido por Jesus Cristo sobre os Apóstolos. O poder de perdoar os pecados conferido sobre os sacerdotes validamente ordenados por um bispo seria um papel proeminente na vida e nos milagres de Padre Pio. De 1918 a 1923, Padre Pio ouvia confissões de quinze a dezenove horas, todos os dias. Nos anos 1940 e 1950, geralmente ouvia confissões por menos tempo diário, entre cinco a oito horas.

Cada confissão que Padre Pio ouvia durava, em média, somente três minutos – exceto em casos extraordinários. Segundo um cálculo, Padre Pio ouviu um total de aproximadamente cinco milhões de confissões (ou seja, mais de quinze milhões de minutos, ou mais de duzentas e cinquenta mil horas de confissão).

Tantas pessoas queriam que Padre Pio ouvisse suas confissões que geralmente tinham que esperar duas ou três semanas até terem oportunidade. O número de pessoas chegou a ser tão grande que foi necessário abrir um gabinete para distribuir bilhetes. Os bilhetes eram numerados; indicavam o lugar na fila do confessionário de Padre Pio. Este sistema de numeração foi implementado em janeiro de 1950, quando Padre Pio tinha 62 anos. Também foi instituída uma regra que limitava o tempo (em dias) entre uma confissão e outra, para cada penitente. Não era permitido confessar-se com Padre Pio mais de uma vez a cada oito dias.

Um homem de Pádua, que tinha ido se confessar ao Padre Pio, tentou fazer outra confissão entre os oito dias de espera. Para burlar o período de espera, mentiu acerca do número de dias que havia passado desde sua última confissão. Quando entrou no confessionário, Padre Pio lhe expulsou e lhe acusou brutalmente de mentiroso. Depois de ser expulso, o homem disse, em lágrimas: “Tenho dito muitas mentiras ao longo de minha vida, e pensava que poderia enganar a Padre Pio também”. Porém, Padre Pio tinha um conhecimento sobrenatural de seu ato.

Padre Pio exigia que toda a confissão fosse uma verdadeira conversão. Não tolerava a falta de franqueza na explicação dos pecados. Era muito duro com os que se desculpavam, falavam sem sinceridade, ou não tinham uma firme determinação em mudar. Exigia integral franqueza e honestidade do penitente. Também exigia uma verdadeira e sincera dor no coração, e uma firmeza absoluta nas decisões para o futuro.

Muitos dos penitentes de Padre Pio fizeram a declaração assombrosa de que, quando estiveram em seu confessionário, experimentaram a imponente impressão de estarem ante a cátedra do juízo de Deus.

Se o penitente não fosse verdadeiro, ou simplesmente lesse a lista de seus pecados sem o firme propósito de mudança, Padre Pio quase sempre gritava “fora!”. Muitas pessoas diziam que Padre Pio era bruto e severo, e que às vezes batia o painel do confessionário no rosto do penitente. Frequentemente, Padre Pio denunciava um penitente com uma frase dolorosa.

Um homem que foi expulso do confessionário por Padre Pio disse: “Que tipo de monge canalha é este? Não me deu tempo para dizer uma só palavra, e imediatamente me chamou de porco velho e me ordenou sair!”. Outra pessoa disse a este homem que Padre Pio provavelmente teve boas razões para chamar-lhe de porco velho e tratar-lhe desta maneira. “Não me ocorre por que”, disse o homem que havia sido expulso do confessionário; e então, depois de uma pausa, o homem disse: “talvez seja porque tenho uma relação íntima com uma mulher que não é minha esposa”.

Padre Pio também expulsava certos sacerdotes e bispos de seu confessionário. Certa vez Padre Pio disse a um sacerdote: “Se você soubesse que coisa tremenda é sentar-se no tribunal do confessionário! Estamos administrando o Sangue de Cristo. Devemos ter cuidado para não lançarmos este tesouro por todas as partes por sermos demasiados indulgentes ou negligentes”.

Outro homem foi confessar-se ao Padre Pio para lhe provar. Queria ver se Padre Pio podia dar-se conta de que estava mentindo. O homem disse ao frade que não estava ali para confessar os pecados, mas para pedir orações por um familiar. Isto não era verdade, e Padre Pio soube imediatamente. Padre Pio lhe golpeou no rosto e lhe mandou para fora do confessionário.

Uma mulher que chegava de uma longa viagem para ver Padre Pio lhe disse em confissão: “Padre Pio, faz quatro anos que perdi meu esposo, e não tenho ido à igreja desde então”. Padre Pio respondeu: “Porque perdeste teu esposo, também perdeste Deus? Fora! Fora!”, enquanto fechava rapidamente a janela do confessionário.

Pouco depois deste acontecimento, a mesma mulher recuperou sua fé, atribuindo isto à maneira em que Padre Pio lhe tratou – provavelmente reconhecendo como ela havia posto seu apego a seu esposo acima de Deus.

Andre Mandato falou sobre o momento em que foi se confessar ao Padre Pio: “Eu ia à igreja todos os domingos, porém não tinha nenhuma crença forte na confissão. Confessava-me pouquíssimas vezes, e nunca era totalmente sincero. Comecei a crer na confissão somente depois que fui a Padre Pio. A primeira vez que me confessei a ele, ouvi de sua boca os pecados que eu havia cometido”.

Katharina Tangari descreveu como era se confessar ao Padre Pio:

“... Padre Pio primeiramente questiona quanto tempo se passou desde nossa última confissão. Esta primeira pergunta estabelece um contato entre Padre Pio e o penitente; de repente parece que Padre Pio sabe tudo sobre nós. Se nossas forem pouco claras e inexatas, ele as corrige; temos a sensação de que... seu olho pode ver nossa alma como verdadeiramente ela é ante Deus”.

Padre Pio comentou sobre a quantidade de confissões que ouvia, e como era capaz de fazê-lo: “Houve períodos que ouvi confissões sem interrupção por dezoito horas seguidas. Não tenho nenhum momento para mim mesmo. Mas Deus me oferece suporte com eficácia em meu ministério. Sinto a força para renunciar a tudo, contanto que as almas regressem a Jesus e amem a Jesus”.

Juan McCaffery foi se confessar ao Padre Pio, e escreveu sua experiência extraordinária. McCaffery queria que Padre Pio rezasse por alguns de seus amigos. Ele recorda: “Bem, durante uma pausa, comecei a dizer ‘E então, Padre...’; mas ele me interrompeu com um sorriso e disse: ‘Sim, recorda-te de teus amigos também!’”.

Uma mulher chamada Nerina Noe foi a Padre Pio confessar-se. Ela lhe disse que estava pensando em deixar de fumar; não previa a brusca repreensão que Padre Pio lhe daria: “Mulheres que fumam cigarros são repugnantes”.

Frederick Abresch foi um desses penitentes que haviam sido convertidos depois de irem a Padre Pio para se confessarem. Aqui estão algumas coisas que ele descreveu sobre a incrível história de sua conversão:

“Em novembro de 1928, quando fui ver Padre Pio pela primeira vez, havia passado poucos anos desde minha mudança de protestante a católico, que se deu por conveniência social. Eu não tinha fé, ou ao menos entendo agora que simplesmente me iludia de tê-la. Tendo sido criado em uma família muito anticatólica e imbuída de preconceitos contra dogmas a tal grau que uma instrução rápida não poderia eliminar, eu estava sempre ávido de coisas secretas e misteriosas.

“Encontrei um amigo que me apresentou os mistérios do espiritismo. Logo, porém, cansei dessas mensagens inconclusivas de ultratumba; eu estava com fervor no campo do ocultismo, da magia de todos os tipos, etc. Então me encontrei com um homem que declarou, com um ar de mistério, que estava em posse da única verdade: ‘teosofia’. Em seguida me tornei seu discípulo, e comecei a acumular livros com títulos tentadores e atraentes na minha mesa de cabeceira. Com segurança em mim mesmo e cheio de vaidade, usava palavras como Reencarnação, Logos, Brahma, Maia, ansiosamente esperando alguma realidade grande e nova que aconteceria.

“Não sei por que (creio que era antes de tudo para agradar minha esposa), mas de vez em quando continuava recebendo os santos Sacramentos. Este era o estado de minha alma quando, pela primeira vez, ouvi falar de um Padre Capuchino, do qual me descreveram como um crucifixo vivo, realizando milagres contínuos.

“Crescendo em curiosidade, decidi ir e ver com meus próprios olhos. Pus-me de joelhos no confessionário da sacristia [e disse a Padre Pio que] considerava a confissão uma boa instituição social e instrutiva, mas que não cria na divindade do Sacramento em absoluto. O Padre, contudo, disse com expressão de grande dor: ‘Heresia! Então todas as tuas Comunhões foram sacrílegas... tens que fazer uma confissão geral. Examina tua consciência e recorda a última vez que fizeste uma boa confissão. Jesus tem sido mais misericordioso contigo que com Judas’.

“Então, olhando por cima de minha cabeça com olhos severos, ele disse: ‘Louvados sejam Jesus e Maria!’, e se foi à igreja para ouvir as confissões das mulheres, enquanto eu fiquei na sacristia, comovido e afetado profundamente. Minha cabeça estava girando e não conseguia me concentrar. Todavia, ouvia em minhas orelhas: ‘Recorda a última vez que fizeste uma boa confissão!’. Com dificuldade, tomei a seguinte decisão: Diria a Padre Pio que havia sido um protestante, e que mesmo após a abjuração, fui rebatizado (condicionalmente), e todos os pecados da minha vida passada foram apagados em virtude do santo Batismo, no entanto, para minha tranquilidade queria começar a confissão desde a minha infância.

“Quando o Padre voltou ao confessionário da sacristia, repetiu a pergunta: ‘Pois, quando foi a última vez que fizeste uma boa confissão?’. Respondi: ‘Padre, quando estava...’. Porém, nesse ponto o Padre me interrompeu, dizendo: ‘Fizeste uma boa confissão pela última vez quando estavas regressando de tua lua de mel; deixemos todos os demais, e comecemos a partir daí!’.

“Permaneci boquiaberto, abalado com uma letargia, e entendi que havia tocado o sobrenatural. O Padre, entretanto, não me deu tempo para refletir. Demonstrando seu conhecimento do meu passado inteiro, e na forma de perguntas, enumerou todas as minhas faltas com precisão e claridade... Depois que o Padre havia trazido à luz todos os meus pecados mortais, com palavras impressionantes me fez compreender a gravidade destas faltas, acrescentando em um tom de voz inesquecível: ‘Tens cantado um hino a Satanás, enquanto Jesus em Seu amor ardente deslocou a cabeça por ti’. Então ele deu minha penitência e me absolveu... Creio não somente nos dogmas da Igreja Católica, mas também na menor de suas cerimônias... para quitar esta fé, deve-se quitar também minha vida”.

José Greco, agora um grande devoto de Padre Pio, teve um sonho no qual se encontrou com o frade em uma estrada e lhe pediu para salvar seu pai enfermo. O pai de José de repente se recuperou depois do sonho. Para agradecer a Padre Pio, José decidiu viajar e vê-lo cara a cara. Depois de esperar quatro dias, José conseguiu ir a Padre Pio para a confissão. Ele descreveu o encontro:

“Em verdade, quando Padre Pio me viu, disse: ‘Pois então, teu pai está bem’. Fiquei atormentado, em razão de nunca haver visitado São Giovanni Rotondo antes. Nunca havia ido a essa parte do mundo, nem conhecia nada ali. E, no entanto, suscitou em minha mente uma pergunta, e questionei-lhe: ‘Foi você, foi você?’. E ele respondeu: ‘No sonho, no sonho...’. Daí comecei a tremer, porque em verdade estava morrendo de medo. Disse: ‘Sim Padre, no sonho, Padre’. Disse-lhe meus pecados, e antes de me dar a absolvição, ele me disse: ‘No entanto, sabes de algo a mais [que não mencionaste na confissão]?’. Disse: ‘Bem Padre, não consigo recordar nada mais’. Padre Pio então começou a descrever um evento com uma moça, quando eu estava no exército. Então me lembrei de tudo. Queria que a terra se abrisse e me engolisse, de tanta vergonha que me consumia. Então disse a Padre Pio: ‘Sim Padre, estou recordando tudo e tenho medo de ter esquecido de dizer em confissão, estou muito envergonhado’. ‘Pois, disse ele, tens carregado este pecado contigo desde 1941, e o lugar foi Blackburn, para dizer a verdade’. Então me levantei para sair, ao que Padre Pio disse: ‘Há algo mais que esqueceste?’, sorrindo levemente. Disse-lhe: ‘Não Padre, de verdade não há mais nada que posso recordar’. Pensei que era sobre algum outro pecado. E ele disse: ‘Veja em teu bolso’. Então saquei minhas contas do rosário [do meu bolso], as dei a ele, que as abençoou e as me deu de volta. E isso foi tudo”.

Um homem disse a Padre Pio em confissão: “Tenho muito apego aos meus pecados; eles são como que necessários para minha vida. Ajude-me a encontrar um remédio”. Padre Pio lhe deu uma oração a São Miguel Arcanjo, e lhe ordenou dizê-la todos os dias por quatro meses.

Padre Nello Castello, um sacerdote de Pádua, Itália, que havia ido confessar-se a Padre Pio centenas de vezes, recordou suas incríveis experiências:

“Fui confessar-me com Padre Pio pelo menos cem vezes. Recordo-me da primeira vez, em que suas palavras, ao mesmo tempo, me assustaram e me iluminaram. Os conselhos que ele me deu refletiam um conhecimento exato de toda a minha vida passada e futura. Às vezes, ele me surpreendia com sugestões não relacionadas com os pecados confessados, e os acontecimentos que se sucederam deixaram claro que seus conselhos haviam sido proféticos. Em uma confissão, em 1957, Padre Pio falou cinco vezes com insistência sobre o mesmo assunto, usando palavras diferentes, e me recordando de um defeito horrível de impaciência. Além disso, me esclareceu sobre as causas fundamentais que provocavam a impaciência. Descreveu-me o comportamento que deveria seguir para evitar a impaciência no futuro. Isto ocorreu sem que eu houvesse dito uma só palavra sobre o problema. No entanto, ele conhecia meus problemas melhor que eu e me aconselhava em como concertá-los”.

Entre os que iam ver Padre Pio, existiam incrédulos declarados. Alguns foram vê-lo por curiosidade, outros para insultarem a Padre Pio e a Deus.

Dois franco-mações, que eram implacavelmente opostos a Deus e à Igreja Católica, decidiram fazer confissões fingidas a Padre Pio de pecados que simplesmente inventaram. O propósito era profanar o Sacramento da Penitência. Estes homens foram a Padre Pio em dias diferentes. Quando eles começaram a confessar seus pecados inventados, Padre Pio lhes interrompeu, dizendo que sabia o que estavam fazendo, e começou a contar cada um de seus pecados reais, informando-lhes o dia, o lugar e como os cometeram. Os dois homens eram tão abrumados que poucos dias depois, se arrependeram de suas vidas pecaminosas e se converteram.

Um comunista incrédulo também foi a Padre Pio para se confessar. Naquele tempo, não havia abandonado suas crenças malvadas. Padre Pio lhe perseguiu fora do confessionário, dizendo: “Que fazes ante o tribunal de Deus se não credes? Fora! Vai-te! És comunista!”.

No confessionário, Padre Pio dizia coisas como:

“Por que vendeste tua alma ao Diabo?... Que irresponsável!... Estás no caminho do Inferno!... Homem negligente, ide primeiro arrepender-se, e então voltes aqui”.

Uma pessoa durante a confissão pôs em dúvida a existência do Inferno. Padre Pio respondeu: “Você acreditará quando chegar lá”.

Padre Pio considerava a ida frequente à confissão algo necessário para o crescimento na vida espiritual. Ele se confessava ao menos uma vez por semana, e não deixava que seus filhos espirituais ficassem sem confissão por mais de dez dias.

Uma vez foi perguntado a Padre Pio: “Confessamos tudo que pudemos recordar ou conhecer, porém é possível que Deus veja outras coisas que não pudemos lembrar?”. Ele respondeu: “Se pusemos [em nossa confissão] toda a nossa boa vontade e se tivemos a intenção de confessar [todos os pecados mortais]... tudo que pudemos recordar ou conhecer – a misericórdia de Deus é tão grande que Ele incluirá e apagará também o que não pudemos recordar ou conhecer”.

Por esta razão, deve ser dito ao final de uma confissão: “... e confesso todos os pecados que tenho esquecidos e não mencionei nesta confissão”.

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