domingo, 12 de maio de 2013

Maria é Medianeira entre Deus e os homens




É a graça de Deus um tesouro muito grande e muito desejável para todas as almas. O Espírito Santo lhe chama um tesouro infinito, pois por meio dela somos elevados à honra de amigos de Deus. “É ela um tesouro infinito para os homens: do qual os que usaram têm sido feitos participantes da amizade de Deus” (Sb , 14). O Divino Salvador diz, por isso, aos que se acham no estado de graça: Vós sois meus amigos (Jo 15, 14). Ó maldito pecado, que rompes essa bela amizade! “Vossas iniquidades separam-vos de Deus” (Is 59, 2). Igualmente aborrece o Senhor o ímpio e a sua impiedade (Sb 14, 9). O pecado, tornando a alma objeto de ódio para Deus, de amiga converte-a em inimiga de seu Senhor. Mas que deve fazer um pecador que tem a desventura de viver presentemente na inimizade de Deus? Precisa encontrar um medianeiro eu lhe obtenha o perdão e o faça recuperar a perdida amizade com Deus. Consola-te, ó infeliz, diz S. Bernardo, que perdeste a Deus. Como medianeiro deu-te o próprio Senhor seu Filho, Jesus Cristo, que pode atender a teus desejos.Que coisa haverá que um tal filho não consiga junto a seu Pai?

Mas, ó meu Deus, por que aos homens parece tão severo esse misericordioso Salvador, que, enfim, por salvá-los deu a sua vida? Assim pergunta o Santo. Por que julgam terrível quem é tão amável? Que temeis, pecadores sem confiança? Ofendestes a Deus, é verdade, mas sabeis que Jesus pregou à cruz vossos pecados, com suas próprias mãos que os cravos transpassaram. Assim purificou nossas almas e satisfez com sua morte a divina justiça. Entretanto, recusais recorrer a Jesus Cristo, intimidados por sua majestade; pois ele, ainda feito homem, não deixa de ser Deus. Quereis outra advogada junto a esse medianeiro? Recorrei então a Maria! Por vós ela rogará ao Filho e ele com certeza a ouvirá. E o Filho intercederá ao Pai, que nada pode negar ao Filho. Termina o Santo dizendo: Filhos meus, essa divina Mãe é para os pecadores uma escada pela qual podem de novo subir aos cimos da divina graça. Maria é minha maior confiança; ela é a razão da minha esperança.

Eis o que o Espírito Santo faz dizer nos Cânticos à bem-aventurada Virgem: Eu sou um muro e meu peito é uma torre, pois me tornei como uma que acha a paz (8, 10). Sou a defesa dos que a mim recorrem, diz Maria; e a minha misericórdia lhes é um benefício, como uma torre de refúgio. E por isso o meu Salvador me fez medianeira da paz entre os pecadores e Deus. Realmente é Maria a pacificadora que obtém de Deus a paz para os pecadores, a misericórdia para os desesperados – assim comenta o Cardeal Hugo. Seu divino Esposo a chama por isso “bela como as tendas de Salomão” (Ct 1, 4). Só de guerra se tratava nas tendas de Davi; só de paz se tratava, ao contrário, nas tendas de Salomão. Com essa comparação quer o Espírito Santo mostrar que essa Mãe de misericórdia cogita, não de guerras e de vinganças contra os pecadores, mas tão somente de paz e de perdão às suas culpas.

Tal é o motivo que faz da pomba de Noé uma figura de Maria. De volta à arca trouxe no bico um ramo de oliveira, como sinal da paz concedida aos homens por Deus. Sois aquela fidelíssima pomba de Noé, exclama Conrado de Saxônia, que, interpondo vosso valimento para com Deus, dele alcançastes a paz e a salvação para o mundo perdido. Maria, pois, foi a celestial pomba que trouxe ao mundo perdido o ramo de oliveira, sinal de misericórdia; porque ela nos deu Jesus Cristo, que é fonte da mesma misericórdia. A ela devemos, em virtude dos merecimentos de Cristo Senhor, todas as graças que Deus nos concede. E assim como por Maria foi dada ao mundo a verdadeira paz do céu, como diz S. Epifânio, assim, por meio de sua mediação, os pecadores continuam a reconciliar-se com Deus. Por isto S. Alberto Magno faz a Virgem dizer: Eu sou a pomba da arca de Noé, que trouxe à Igreja a paz universal.

Clara figura de Maria era também o arco-íris, do qual S. João (Ap 4 ,3) viu cercado o trono de Deus. O Cardeal Vitale assim fala sobre esse arco-íris: É Maria que assiste sempre perante o tribunal para mitigar as sentenças e os castigos merecidos pelos pecadores. Conforme a explicação de S. Bernardino de Sena, era a Virgem também o arco-íris que Deus colocou nas nuvens e dele disse a Noé: Eu porei meu arco nas nuvens e ele será sinal da aliança entre mim e a terra (Gn 9, 13). Maria, diz o Santo é este íris da eterna paz. Pois assim como Deus à vista dele se lembra da paz prometida à terra, assim também pelos rogos de Maria perdoa aos pecadores as ofensas que lhe fazem, e com eles faz as pazes.

Pela mesma razão ainda é Maria comparada à lua. “És bela como a lua” (Ct 6, 9). Aqui observa S. Boaventura: Tal como a lua paira entre a terra e o céu, coloca-se Maria continuamente entre Deus e os pecadores para lhe aplacar a ira contra eles e iluminá-los para que se voltem a Deus.

(Glórias de Maria – Santo Afonso Maria de Ligório)

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