sábado, 1 de agosto de 2015

S. Domingos Sávio, um santo jovem

Estava Domingos voltando da escola, numa tarde abrasadora de verão, em companhia de um rapaz de nome João Zucca. O dia estava tão quente que dificultava até a respiração.
Ao passarem por uma ponte, pararam e sentaram-se pondo os pés dentro das águas do rio Ruenta. Zucca atirava palhas dentro do rio e, com muita atenção, ficava observando-as flutuar na correnteza e desaparecer sob a ponte. Mais abaixo, viu um grupo de meninos brincando às margens do rio, entrando na água e saindo. A correnteza era rápida e perigosa, mas refrescante.
— Ooba! – exclamou Zucca. — Não há outra coisa a fazer num dia como este! Vamos nadar um pouco! – deixou-se escorregar pela rampa gramada e, um instante após, mergulhou na água, embora fosse o local bastante perigoso. 
Domingos acompanhou-o. 
De volta a casa, Domingos permanecia silencioso. 
— Alguma coisa errada, Domingos? – perguntou-lhe Zucca, porque normalmente Domingos era um colega muito alegre. 
— Estava pensando se era conveniente a gente ir nada naquele lugar. 
— Não é direito nadar? Como assim?
— Bem, o modo de falar dos rapazes e os gestos que faziam com o corpo não me pareciam corretos.

— Ora, Domingos! Eles não tencionavam mal algum.
Dias depois, o tempo estava outra vez muito quente e os dois meninos procederam da mesma forma, até certo ponto. Quando deixaram a ponto para entrar na água, Domingos parou.
— O que há, Domingos? Não vai entrar?
— Não. Eu não sou bom nadador e a correnteza é muito forte aqui.
— Não precisa ser bom nadador para dar um mergulho. 
— E se eu começasse a me afogar?
— Faça como nós. Não pode falhar. 
— Bem. Seja como for, eu não gostei do que os rapazes estavam dizendo e fazendo, outro dia. 
— O que dizem ou fazem nada tem a ver com você. 
— Vou perguntar em casa se posso nadar com você.
— Não faça isso. Seríamos castigados se soubessem que estamos nadando aqui.
— Se é assim, agora é que não vou mesmo. 
Quando da primeira vez, Domingos se sentira chocado ao observar como os rapazes agiam enquanto nadavam. Percebeu o perigo que corria em tais circunstâncias e recusou-se definitivamente a ir nadar junto com outros, outra vez. Na biografia de Domingos, Dom Bosco escreveu que ele se recusara a ir nadar com os demais. Essa foi a verdade. Entretanto, após a morte do jovem, quando sua vida foi publicada, Zucca insistiu na presença de outros que Dom Bosco estava errado. Domingos havia nadado. Ele, Zucca, era testemunha.
Espalhou-se rapidamente a notícia, chegando aos ouvidos de Dom Bosco. O santo reuniu os fatos e esperou o momento oportuno para revelá-los.  A ocasião se apresentou numa noite, após o jantar, quando os meninos se preparavam para deixar o refeitório. [...] O santo passou através das filas silenciosas e pôs-se de pé sobre uma cadeira. Suas feições, habitualmente sorridentes, mostravam-se sérias. 
— Alguma coisa está erada! – murmuraram entre si os rapazes.
— Chegou a meus ouvidos que alguém pôs em dúvida o que escrevi sobre Domingos. A parte questionada é a que afirma que Domingos se recusou a ir nadar com os outros meninos. Esta é a pura verdade. Ele se recusou mesmo. Por outro lado, é também verdade que ele foi a primeira vez, influenciado pela mesma pessoa que deu início à campanha de murmurações. Deliberadamente, omiti mencionar o primeiro incidente, porque desejava ocultar, em seu próprio benefício, o nome de tal pessoa. Achei que ele se deveria mostrar grato a mim, por poupá-lo a tal vexame, em público.  Então olhou diretamente para Zucca que estava ficando cada vez mais vermelho, à proporção que Dom Bosco ia falando.
— Agora, Zucca, agradeça somente a si próprio, pela vergonha que está passando, e você tem realmente motivo para se sentir envergonhado.  Após a saída de Dom Bosco, os meninos não foram capazes de quebrar o silêncio durante alguns minutos. Nunca tinham ouvido Dom Bosco falar com tanta dureza.  O santo, normalmente doce e gentil, mostrou sua ira aquela noite, visto tratar-se da defesa da modéstia. Qualquer ataque à moralidade, sutil ou aberto, leve ou sério, era sempre repelido vigorosamente pelo santo. A favor do pobre Zucca, objeto das iras de Dom Bosco, pode-se dizer que mais tarde, o santo declarou que Zucca tinha sido favorecido com grandes graças extraordinárias de Nossa Senhora.  Dom Bosco foi muito severo quanto a permitir aos meninos nadarem sem o devido respeito à modéstia cristã. Dois de seus jovens, uma vez, faltaram à aulas para ir nadar no rio Dora, em Turim. Às margens do rio, receberam duas palmadas bem aplicadas por mãos invisíveis.    Descobriram quem era o dono daquelas pesadas mãos, quando o santo enviou uma carta de Lanzo, a 48 quilômetros de distância, contando ao superior e aos meninos o que ele tinha feito. Embora divertido, esse incidente é também esclarecedor. Mostra-nos a importância que o santo atribuía à modéstia, como guarda da pureza.   Instruído por tal mestre, Domingos não poderia assumir outra atitude diante da pureza, a não ser aquela que lhe foi tão características. A respeito da pureza de Domingos, São Pio X disse uma vez ao Cardeal Salotti, postulador da Causa: “Um jovem que levou para o túmulo sua inocência batismal, que durante os curtos anos de sua existência nunca revelou a presença de nenhuma defeito, é real e verdadeiramente um santo. Que mais podemos desejar?

Fonte: São Domingos Santo, um adolescente santo, pelo Peter Lappin. p. 95-98. Ed. Salesiana Dom Bosco. 3.ª Edição. São Paulo, 1996.
(Grifos nossos)

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