sábado, 29 de agosto de 2015

Sofrimento, Oração e Desapego

1-Saudação e Objetivo: Em Nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, caríssimos filhos em Jesus Cristo, eu Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, vos escrevo no Seu precioso sangue, desejosa de vos ver como soldados sem nenhum temor servil.

2- Valor do Sofrimento na Vida Cristã: De fato, nosso Salvador quer que tenhamos medo dele, não das pessoas deste mundo. Cristo disse: Não temais aqueles que podem matar o corpo, mas a Mim, que posso enviar ao inferno a alma e o corpo (Mt 10,28). Por isso eu quero que vos afogueis no sangue do Filho de Deus, inflamados no fogo da divina caridade. É onde se perde todo temor servil, restando na pessoa apenas o temor reverencial. E que podem fazer o mundo, o demônio e seus servidores contra quem atingiu o amor sem medida pelo sofrimento? Nada! Eles apenas nos fornecem a ocasião para provarmos nossa virtude. Realmente, a virtude é posta à prova pelo que lhe é contrário. A pessoa deve até alegrar-se e rejubilar-se, deve procurar sofrer sempre com Cristo crucuficado, deve aniquilar-se por Ele, deve humilhar-se. Deve deleitar-se na dor e na Cruz. E ao desejar o sofrimento, encontrará alegria. Mas se procurar a alegria, achará a dor.
A melhor coisa é, portanto, afogar-se no sangue e eliminar nossas perversas vontades mediante um amor livre pelo Criador, sem termos nenhuma compaixão de nós mesmos. Só então aquela alegria estará em vós. E deveis esperar os sofrimentos sem nenhuma angústia. Por nenhuma ordem, que nos for dada, deveremos nos queixar. Pelo contrário, devemos até nos alegrar. De fato, nenhuma ordem humana será capaz de nos afastar de Deus. Tais ordens até serão aptas a nos dar a virtude da paciência, tornando-nos solícitos em abraçar a árvore da Cruz, em procurar a visão invisível que jamais nos será tirada. Se assim decidimos, a caridade amorosa jamais nos será tomada. Que doce coisa sermos perseguidos por causa de Cristo crucificado! Quero que vos alegreis quando a cruz vos é dada, qualquer que seja o modo! Não escolhamos o modo. Que ele seja escolhido por quem nos faz sofrer. Julgai-vos até indgnos de sofrer perseguição por Cristo crucificado.

3- Perseverai na Oração e no Amor Mútuo: Ficai sabendo, meus bondosos filhos em Jesus Cristo, que foi essa a senda percorrida pelos santos que imitaram Jesus Cristo. Não existe outra que nos conduz a vida! Quero, pois, que com empenho vos esforceis por trilhar essa senda, feliz e reta. Perseverai na oração com boa vontade, sempre que o Espírito vos oferecer ocasião. Não haja desprezo ou fuga em vós, também com perigo de vida. Não deixeis a oração para poupar e agradar o próprio corpo. O que o demônio mais deseja ver em nós, para nos afastar da oração, é que tenhamos cuidados com o corpo e tibieza espiritual. Por motivo algum tais coisas devem afastar-nos da prece. Recordando-nos de que Deus é bondoso e reconhecendo nossos defeitos, afastemos as tentações do diabo e toda autocompaixão. Escondei-vos nas chagas de Cristo crucificado, nada voa amedronte. Por Cristo crucificado vós tudo podeis. Ele estará convosco e vos fortalecerá.

4 –Sede Obedientes e Desapegados. Conclusão: Sede obedientes até a morte no que vos for imposto, por mais grave que seja. Não desprezeis o prêmio por causa da dificuldade ou de alguma tentação do diabo querendo enganar-vos, sob pretexto de virtude, sugerindo-vos: ”Isto sera a alegria de minha vida e faria aumentar a virtude em mim” ]. Não acrediteis no diabo, mas sim em Deus, o qual vos dará de outro modo o que esperais dessa consolação. Vós sabeis que nenhuma folha cai de uma árvore sem a providência divina. Desse modo, tudo o que o diabo ou as pessoas fazem para nós, por providência divina colabora para a nossa salvação e progresso na perfeição. Portanto, acolhei tudo com respeito e despojai-vos dos bens materiais não necessários. Revesti-vos de Cristo crucificado, inebriai-vos no seu sangue. Nele encontrareis a alegria e a paz completa.

Nada mais acrescento. Permanecei no santo e doce amor de Deus. Jesus doce, Jesus amor.

-- Das Cartas de Santa Catarina de Sena, virgem e doutora da Igreja (século XIV)

Fonte:

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Como ser um bom Católico (a)



Confira abaixo 55 orientações que nos ajudarão a sermos bons cristãos.
1. Esteja sempre com Cristo.
2. Reze como puder, não como você gostaria.
3. Tenha uma disciplina de oração realista e que você mantenha por dever.
4. Reze o Pai Nosso várias vezes ao dia.
5. Tenha uma oração curta que você possa repetir constantemente quando sua mente não estiver ocupada com outras coisas.
6. Faça algumas prostrações quando rezar.
7. Se alimente bem e com moderação.
8. Siga os dias e regras de jejum da Igreja.
9. Passe algum tempo em silêncio todos os dias.
10. Faça atos de caridade em segredo.
11. Vá regularmente à Divina Liturgia.
12. Participe regularmente da confissão e da comunhão.
13. Caso surjam pensamentos ou sentimentos inapropriados não lhes dê atenção. Corte-os logo de início.
14. Compartilhe regularmente todos os seus pensamentos e sentimentos com alguém de confiança.
15. Leia as Santas Escrituras (Bíblia) regularmente.
16. Leia bons livros, um pouco de cada vez.
17. Cultive a comunhão com os santos.
18. Seja uma pessoa comum.
19. Seja educado com todos.
20. Mantenha limpeza e arrumação na sua casa.
21. Tenha um hobby saudável e positivo.
22. Exercite-se regularmente.
23. Viva cada dia, e cada parte do dia, de cada vez.
24. Seja totalmente honesto, antes de tudo, consigo mesmo.
25. Seja fiel nas pequenas coisas.
26. Faça seu trabalho e então esqueça dele.
27. Faça a parte mais difícil e dolorosa primeiro.
28. Encare a realidade.
29. Seja grato em todas as coisas.
30. Seja alegre.
31. Seja simples, discreto, quieto e pequeno.
32. Nunca chame atenção para si.
33. Escute quando falarem com você.
34. Fique acordado e atento.
35. Não fale ou pense sobre as coisas mais do que o necessário.
36. Quando falar, fale com simplicidade, clareza, firmeza e seja direto.
37. Fuja de ficar imaginando, analisando coisas querendo entendê-las.
38. Fuja de coisas carnais e sexuais assim que surgirem.
39. Não fique reclamando, murmurando, resmungando, ou choramingando.
40. Não se compare com os outros.
41. Não busque ou espere elogio ou pena de ninguém.
42. Não julgue ninguém por nada.
43. Não tente convencer ninguém de nada.
44. Não fique se defendendo ou se justificando.
45. Lembre-se que apenas Deus te define e seu maior compromisso é com Ele.
46. Aceite a crítica com gratidão mas teste-a com senso crítico.
47. Só dê conselhos quando pedirem ou for obrigado a isso.
48. Não faça nada por ninguém que eles possam ou deveriam fazer por si mesmos.
49. Tenha uma agenda diária de atividades, evitando manhas e caprichos.
50. Seja misericordioso consigo e com os outros.
51. Não guarde nenhuma expectativa além de ser duramente tentado até seu último suspiro.
52. Foque exclusivamente em Deus e na luz, não nos pecados e escuridão.
53. Aguente a provação de ser você mesmo e de seus erros e pecados pacificamente, serenamente, porque você sabe que a misericórdia de Deus é maior do que a sua miséria.
54. Quando cair, se levante imediatamente e comece de novo.
55. Peça ajuda quando precisar, sem medo e sem vergonha.
Pe. Thomas Hopko

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Da honra que se deve prestar à gloriosa da Santíssima Virgem

As riquezas da nossa soberana Senhora são tantas, é um oceano tão profundo de perfeições. que somente aquele grande Deus que a enriqueceu de tão grande tesouros as conhece.
A grande chaga de amor. com que foi docemente ferido o seu puríssimo coração, desde o primeiro instante de sua puríssima e imaculada conceição. cresceu tanto durante todo o decurso de sua santíssima vida. que obrigou sua alma santíssima a partir do corpo. Assim essa morte de amor, mais doce que a própria vida, pôs termo ao grande mar de dores que esta grande Mãe sofreu em todo o decorrer de sua santíssima existência, não só na sacratíssima Paixão de Jesus, mas ao ver tantas ofensas dos homens ingratos a Majestade divina.
Rejubilemo-nos, pois, em Deus, nosso Bem e festejemos o grande triunfo de Maria, nossa grande Rainha e Mãe. Alegremo-nos por ter ela sido exaltada acima dos coros dos Anjos e colocada à direita de seu divino Filho. Nesse grande Coração santíssimo de Jesus pode-se gozar das glórias de Maria Santíssima, amando-a com o Coração puríssimo do divino Filho. E. se Jesus o permitir, voar até o puríssimo Coração de Maria e rejubilar-nos com ela, alegrando-nos por terem acabado tantos sofrimentos e dores, e pedir-lhe a graça de permanecer sempre imersos no mar imenso do Amor divino, do qual procede aquele outro mar dos sofrimentos de Jesus e das dores de Maria. Deixemo-nos penetrar por esses sofrimentos, por essas dores. Deixemos que se afie bem a espada ou lança ou dardo, para que se aprofunde mais em nós a ferida do amor; pois, quanto mais profunda for a ferida do amor. mais depressa será libertada do cárcere a (alma) prisioneira.
Eu estou num abismo de trevas e não sei falar destas maravilhas. Quem desejar agradar mais a Maria Santíssima deve humilhar-se, aniquilar-se, porque Maria a mais humilde das criaturas e, por isso, pela sua humildade, mais que todos agradou a Deus. Rogai, pois, a Maria não tarde mais a alcançar-vos a graça e ser verdadeiramente humilde e virtuosa, toda abrasada de amor. Dizei-lhe que está em suas mãos conceder-vos o favor de ferir o vosso coração com o agudo dardo do amor e que a espada ou lança penetre bem a fundo.
Pedi também por mim, pelas atuais necessidades da santa Igreja e de todo o mundo, pelas almas do purgatório e principalmente por aqueles pelos quais maior obrigação temos de orar, bem como por esta mínima Congregação: que Maria Santíssima a proteja e enriqueça de santos obreiros, pois ela é a Tesoureira das graças e Sua Divina Majestade quer que tudo passe pelas suas mãos.
Das Cartas de São Paulo da Cruz (Lettere, 1. pp. 349-250)
Fonte:

sábado, 22 de agosto de 2015

Meditação - Os três binários - Santo Inácio de Loyola


Oração preparatória, a habitual.


 A Oração preparatória é pedir graça a Deus nosso Senhor para que todas as minhas intenções, acções e operaçõessejam puramente ordenadas para serviço e louvor de sua divina majestade

Primeiro preâmbulo é a história de três binários de homens: cada um deles adquiriu dez mil ducados, não pura ou devidamente por amor de Deus, e querem todos salvar-se e achar em paz a Deus nosso Senhor, tirando de si o peso e impedimento que têm, para isso, na afeição à coisa adquirida.

 Segundo [preâmbulo], composição, vendo o lugar: será aqui ver-me a mim mesmo, como estou diante de Deus nosso Senhor e de todos os seus santos, para desejar e conhecer o que seja mais grato à sua divina bondade.

  Terceiro [preâmbulo], pedir o que quero. Aqui será pedir graça para escolher o que for mais para glória de sua divina majestade e salvação de minha alma.

   O Primeiro binário quereria tirar o afecto que tem à coisa adquirida, para achar em paz a Deus nosso Senhor e saber-se salvar, e não põe os meios até à hora da morte.
   O Segundo [binário] quer tirar o afecto, mas de tal modo o quer tirar que fique com a coisa adquirida, de maneira que venha Deus ali aonde ele quer, e não se determina a deixá-la para ir a Deus, ainda que este fosse o melhor estado para ele.
   O Terceiro [binário] quer tirar o afecto, mas de tal modo o quer tirar que também não tem afeição a ter a coisa adquirida ou não a ter, mas somente deseja querê-la ou não a querer, conforme Deus nosso Senhor lhe puser na vontade, e a si lhe parecer melhor para serviço e louvor de sua divina majestade; e, entretanto, quer fazer de conta que tudo deixa afectivamente, esforçando-se por não querer aquilo nem nenhuma outra coisa, se não o mover somente o serviço de Deus nosso Senhor; de maneira que o desejo de melhor poder servir a Deus nosso Senhor o mova a tomar a coisa ou a deixá-la.

    Fazer os mesmos três colóquios que se fizeram na contemplação precedente das Duas Bandeiras.
    Um colóquio a nossa Senhora para que me alcance graça de seu Filho e Senhor, para que eu seja recebido de baixo de sua bandeira, e primeiro em suma pobreza espiritual, e, se sua divina majestade for servido e me quiser escolher e receber, não menos na pobreza actual; segundo, em passar opróbrios e injúrias, para mais nelas o imitar,contanto que as possa passar sem pecado de nenhuma pessoa nem desprazer de sua divina majestade; e, depois disto,uma Ave Maria. Segundo colóquio. Pedir o mesmo ao Filho, para que mo alcance do Pai; e, depois disto, dizer Alma de Cristo.

 – Nota. É de notar que, quando nós sentimos afecto ou repugnância contra a pobreza actual, quando não somos indiferentes a pobreza ou riqueza, muito aproveita, para extinguir o tal afecto desordenado, pedir nos colóquios (ainda que seja contra a carne) que o Senhor o escolha para a pobreza actual; e que ele assim o quer, pede e suplica, contanto que seja para serviço e louvor da sua divina bondade.

Para isso, a saber, para que o Criador e Senhor opere mais seguramente na sua criatura, se porventura essa alma está afeiçoada e inclinada desordenadamente a uma coisa, é muito conveniente que, empregando todas as suas forças, se motive ao contrário daquilo a que se sente mal afeiçoada; e assim, se está inclinada a buscar e a ter um ofício ou benefício, não pela honra e glória de Deus nosso Senhor, nem pela salvação espiritual das almas,mas por seus proveitos próprios e interesses temporais, deve inclinar-se ao contrário, instando em orações e outros exercícios espirituais e pedindo a Deus nosso Senhor o contrário, a saber, que não quer esse ofício ou benefício nem outra coisa qualquer, se sua divina majestade, ordenando seus desejos, não lhe mudar a sua afeição anterior; de maneira que o motivo de desejar ou ter uma coisa ou outra seja só o serviço, a honra e a glória de sua divina majestade.


Retirado do livro Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola

Fonte:
http://paramaiorgloriadedeus.blogspot.com.br/

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Cruzada Cordimariana - Com o fim de estabelecer no mundo a devoção ao Coração Doloroso e Imaculado de Maria



Maria merece e o pede
Eis aí a tua Mãe” (Jo. 19, 27)
Fazei o que Ele vos disser” (Jo. 2, 5)

Nós precisamos
Salvai-nos, Senhor, que perecemos!” (Mt. 8, 25)

O que é a Cruzada Cordimariana?
A resposta ao pedido que nos fez a Virgem Maria em Fátima. Um chamado urgente que quer despertar as almas da letargia, da indiferença à Vontade de Deus, manifestada em Fátima. Não se trata de uma nova devoção nem de acrescentar outra invocação, mas de identificar-nos com a Vontade de Deus como perfeitos cristãos através do Coração de Maria.

Finalidade da Cruzada
Estender e estabelecer por todos os meios a devoção ao Coração Doloroso e Imaculado de Maria. Que haja muitos filhos do Coração de Maria que instaurem esta devoção para que se salvem muitas almas, se estabeleça a paz e chegue o reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Por que a chamamos Cruzada?
Porque Nossa Senhora, quando nos pediu em Fátima, utilizou as mesmas palavras com que os cruzados medievais se lançavam à luta: “Deus o quer!”. Hoje Deus nos pede outra Cruzada mais urgente, mais necessária, de muito maior transcendência, convocada pela mesma Rainha do Céu, que vem a nos manifestar a vontade do seu Filho.

Por que o Coração de Maria?
Porque Deus o quer assim: “Deus quer que se estenda a todo o mundo a devoção ao meu Coração Imaculado”.
Porque o seu Coração é o Templo de Deus que nos comunica as maiores graças de união a Deus: “Essa gente fica tão contente só porque os demais lhes dizem que Nossa Senhora mandou rezar o Rosário… O que seria se soubessem que Ela nos mostrou a Seus no seu Coração Imaculado, nessa luz ao grande…!” (Francisco).Porque por ele obteremos as graças que precisamos, de conversão, de santificação, de salvação: “Deus nos dá todas as graças pelo Coração Imaculado de Maria” (Jacinta).
Porque é a devoção para estes últimos tempos: todas as graças, vitórias e triunfos virão pelo estabelecimento da devoção ao Coração de Maria. In hoc signo vinces: por este sinal vencerás.
Porque o “meu Coração Imaculado será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá a Deus” (Nossa Senhora de Fátima).

Diga sim a Nossa Senhora
A nós, a cada um, a nossa Mãe nos pediu e nos pede cada dia, e nos corresponde contribuir com a nossa parte para dito triunfo. Só nos pede que disponhamos, que nos deixemos usar como e quando Ela quiser para conseguir o triunfo do seu Coração Imaculado. É urgente que respondamos, que despertemos, pois “a Virgem está muito triste porque ninguém faz caso da sua mensagem” (Lúcia).

E o que eu posso fazer?
Consagrar-se ao seu Coração Imaculado e propagar esta devoção. Disse Jacinta a Lúcia: “Tu ficas aqui para dizer que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Quando vás a dizê-lo, não te escondas”. Todos estamos chamados a colaborar. Não há limites de idade nem condição. Também as crianças podem e devem se comprometer.

Objetivos da Cruzada
Fazer uma campanha da consagração ao Coração de Maria: consagração de adultos, crianças, jovens, famílias, lares, escolas, igrejas, dioceses, cidades, etc. A consagração não deve consistir só na leitura de uma fórmula, senão que deve ser todo um programa de vida católica e um solene compromisso de viver sob o amparo especial de Maria. Desta maneira, prepararemos e obteremos a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria: “Chegou o momento em que Deus pede ao Santo Padre que, em união com todos os bispos do mundo, faça a consagração da Rússia ao meu Coração, prometido para salvá-la por este meio”.
Propagar a prática dos primeiros sábados: “Dize que todos os que durante cinco meses, no primeiro sábado, se confessem, recebam a Sagrada Comunhão, rezem o terço, me façam quinze minutos de companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de me desagravar, prometo assisti-los na hora da sua morte com todas as graças necessárias para a sua salvação”.
Praticar o espírito de reparação ao Coração de Maria pedido pelo Céu em Fátima, mediante o Terço, a oração, os sacrifícios e o cumprimento das obrigações do próprio estado. “Quereis vos oferecer ao Senhor, prontos a fazer sacrifícios e aceitar voluntariamente todas as penas que Ele queira vos enviar, em reparação de tantos pecados com que se ofende a Divina Majestade, em desagravo das blasfêmias e das ofensas feitas ao Imaculado Coração de Maria, e para obter a conversão de tantos pecadores…?”.
Consolar o Coração de Maria: “Olha, milha filha, o meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos me cravam sem cessar com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de me consolar”. Trata-se de suprir e oferecer o amor e veneração das almas que não o amam e o veneram. É um dever de gratidão! “Não disse Nossa Senhora – exclamava Francisco – que tínhamos que sofrer muito para reparar a Nosso Senhor e o seu Imaculado Coração de tantos pecados com que são ofendidos? Eles estão tão tristes! Se com estes sofrimentos pudéssemos consolá-los, já ficaríamos contentes!”.
Um apostolado cordimariano: “Jesus quer se servir de ti para dar-me a conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Coração Imaculado”. “Para salvá-los [os pecadores] o Senhor quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Coração Imaculado”. No fundo a Cruzada Cordimariana é essencialmente a resposta a esta petição: É essencialmente apostólica! “Fogo vim trazer à terra, e que quero senão que arda?” (Lc. 12, 49).

Sejamos apóstolos do Coração de Maria
Há duas maneiras muito simples:
1ª. Cooperando livremente: com a Comunhão, o terço, os sacrifícios, o exemplo, a difusão deste folheto, enfim, tudo o que a Rainha do Céu nos for indicando, sugerindo, ordenando…
2ª. Alistando-se como Cruzado cordimariano: dê um passo à frente e apresente-se sob o estandarte do Coração de Maria e:
- Consagrando-se ao seu Imaculado Coração.
- Faça os primeiros sábados do mês.
- Reze diariamente o Santo Terço.
- Repare com sacrifícios e orações.
- Console a sua Mãe na sua dor.
- Propague a devoção ao Coração de Maria.

Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!

Tu ficas aqui para dizer que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Quando vás a dizê-lo, não te escondas. Dize a toda a gente que Deus concede as graças por meio do Imaculado Coração de Maria. Que peçam-nas a Ela, que o Coração de Jesus quer que ao seu lado se venere o Coração Imaculado de Maria, que peçam a paz ao Imaculado Coração de Maria, que Deus a confiou a Ela. Se eu pudesse pôr no coração de toda a gente a luz que tenho aqui dentro do peito, que me está abrasando e me faz gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria” (Jacinta ao despedir-se de Lúcia).

terça-feira, 18 de agosto de 2015

A Modéstia de Maria - São Pedro Julião Eymard


A vida oculta de Maria apresenta um característico que a distingue da vida de Jesus. Nela não se observa esta humildade que assombra e confunde, esse misto de poder e fraqueza, de grandeza e de obediência que se admira na vida de seu Filho. A vida de Maria é sempre igual, sempre simples e oculta; é o reinado da modéstia humilde e suave, modéstia que forma o distintivo de sua piedade, de suas virtudes e de todos os seus atos.


1º. — Maria é modesta em seu exterior. — Não se faz notar pela severidade do porte nem por uma negligência afetada. Humilde e mansa como Jesus, tudo quanto é de seu uso traz o sinal de sua posição medíocre, e a confunde com as de sua condição. Assim devemos nós ostentar as insígnias da mediocridade: nem muito, nem pouco, se queremos imitar a vida de nossa divina Mãe.


2º. — Modesta nas relações com o mundo. — Maria sacrifica generosamente o seu retiro, a suavidade da contemplação, e vencendo grande distância vai visitar sua prima Isabel, a fim de felicitá-la e servi-la. Torna-se, durante três meses, sua companheira, sua humilde serva, e faz a felicidade desse lar privilegiado. Somente quando a glória de seu Filho exigir, Maria aparecerá em público. Há de assistir as bodas de Caná, porém sem dizer uma só palavra que possa reverter em seu próprio louvor, não se prevalecendo de seu título de Mãe do Messias, nem do poder e da glória de seu Filho para se elevar aos olhos dos homens. Sua modéstia faz com que pratique a caridade, e saiba deter-se, de acordo com as ocasiões.


3º. — Modesta no cumprimento de seus deveres. — Maria os desempenha com suavidade, sem precipitação, sempre contente com o que lhe acontece e disposta a abraçar um novo dever. Desempenha todos com essa igualdade de humor que não deixa transparecer as contrariedades e não procura consolação, que não atrai os olhares de pessoa alguma porque tudo faz com naturalidade e de um modo comum. Belo modelo para quem deseja viver da vida de Jesus Eucarístico e com mais razão, para um adorador consagrado ao seu serviço, cuja vida se compõe de pequeninos atos, de pequenos sacrifícios que somente Deus deve conhecer e recompensar, e cuja glória e conforto consistem na filial dedicação, na humildade dos seus deveres, ambicionando unicamente agradar a seu Mestre pela contínua imolação de si mesmo.


4º. — Modesta em sua piedade. — Maria, elevada ao mais alto grau de oração que uma criatura possa atingir, vivendo no constante exercício do perfeito amor, exaltada acima de todos os anjos, e constituindo, por sua dignidade de Mãe de Deus, uma ordem à parte entre as maravilhas divinas, serve ao Senhor, apesar dessas prerrogativas, na forma comum da piedade; sujeita-se às prescrições da lei, assiste às festas legais, reza entre os demais fiéis; em nada se faz notar, nem sequer por sua modéstia, que sabe esconder habilmente; nenhum indício exterior denota a perfeição de sua piedade, nem mesmo um fervor extraordinário!


Tal deve ser a nossa piedade: comum em suas práticas, simples em seus meios, modesta no agir, evitando com cuidado a singularidade, fruto sutil do amor próprio, fugindo mesmo de tudo quanto é extraordinário como sujeito à vaidade e à ilusão.


5º. — Modesta em suas virtudes. — Maria possui todas em grau eminente, praticando-as com suma perfeição, embora sob uma forma simples e usual. Sua humildade vê somente a bondade de Deus, e por todos os favores recebidos, nada mais transparece que uma gratidão humilde, a gratidão do pobre, obscura e sem glória, que o mundo não percebe. "Poderá vir alguma coisa boa de Nazaré?" E ninguém presta atenção a Maria.


Eis o grande segredo da perfeição: saber encontrá-lA no que há de mais simples, saber alimentá-lA do que é mais trivial, saber conservá-la em meio do esquecimento e da indiferença. Uma virtude saliente está muito exposta, uma virtude louvada o preconizada está próxima da ruína; a flor que todos querem admirar, murcha depressa.


Afeiçoemo-nos, pois às pequeninas virtudes de Nazaré, àquelas que germinam ao pé da cruz, à sombra de Jesus e de Maria; e, assim, não se temem as tempestades que abatem os cedros nem o raio que cai no cimo das montanhas.


6º. — Modesta nos seus sacrifícios. — Maria aceita em silêncio e com suave conformidade, o exílio; 

não murmura; não se desvanece por ter sido chamada a fazer grandes sacrifícios, não se queixa e nem pede que lhe seja suavizado o rigor.


É modesta em face da grande mágoa de seu santo esposo; prefere suportar as suas dúvidas a revelar-lhe o grande mistério que A exaltaria aos seus olhos deixa a Deus esse cuidado, e permanece tranquila nas mãos da Providência.


Traspassada de dor, Maria acompanha seu Filho carregando a cruz, mas não atordoa Jerusalém com seus gritos e lamentos. No Calvário, se nos apresenta mergulhada num oceano de dores, tão profundo quanto seu amor; sofre em silêncio, e depois de ter dado a seu Filho um último adeus, mudo mas eloquente, se retira, mãe desolada mas cheia de resignação.


7º. — Maria é, finalmente, modesta em sua glória. — É este o mais belo triunfo da modéstia de Maria. Como Mãe de Deus, quais não eram os seus direitos a receber as homenagens do universo inteiro? Entretanto, Maria somente abraça a provação e o sacrifício; jamais se deixa ver quando o seu Filho triunfa; está, porém ao seu lado quando se apresenta uma humilhação ou uma cruz a partilhar com Ele.


Se quisermos, pois ser filhos dessa Mãe amável, devemos nos revestir de sua modéstia, tomando-a por tema habitual de nossas meditações. Maria no-la deixa como herança; que ela seja, portanto a regra de nossas virtudes, e que a simplicidade que a faz esquecer-se de si própria para ver somente Deus, preferir o dever ao prazer, e que A impele a procurar o seu Deus e não as suas consolações, a se dedicar ao amor pelo amor, seja a nossa partilha, o fim de nossos esforços e o selo de nossa vida.


A modéstia é a virtude régia de um adorador, porque é a virtude e a libré dos servidores dos reis, e a virtude dos anjos perante a majestade divina; ela nos dá a compostura exterior na presença de Deus, nos faz tributar-Lhe a homenagem de todos os nossos sentidos e faculdades; numa palavra, é a etiqueta de seu serviço real. Sejamos, pois, no serviço de Jesus, modestos como Maria!

Fonte:

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

São Boaventura e o verdadeiro conhecimento de si mesmo

A VIDA PERFEITA
O verdadeiro conhecimento de si mesmo
(São Boaventura)


            1.      A esposa de Cristo que deseja elevar-se até o cimo da perfeição, há de principiar por si mesma, isto é, esquecida de todas as coisas exteriores, deve penetrar no íntimo de sua consciência e ali discutir, examinar e ver, com diligente cuidado, todos os defeitos, todos os hábitos, todas as inclinações, todas as obras, todos os pecados passados e presentes. Se achar em si alguma coisa menos reta, chore-a sem demora na amargura de seu coração. E para melhor chegares, reverenda madre, a este conhecimento, sabe que todos os nossos pecados e males cometemo-los ou por negligência, ou por malícia.

            Acerca destas três coisas, pois, deve versar o exame de todos os teus males; de outra forma jamais poderás chegar ao perfeito conhecimento de ti mesma.

                                                                  
            2.      Portanto, se desejas conhecer-te a ti mesma e chorar os males cometidos, deves primeiro refletir se há ou houve em ti alguma negligência. Examina-te sobre a negligência com que vigias o teu coração, sobre a negligência com que passas o tempo, e examina-te também se n’alguma obra não tens intenção pecaminosa.

            Estas três coisas cumpre observar com o maior cuidado: vigiar bem o coração, empregar utilmente o tempo, e prefixar a toda obra um fim bom e conveniente.

Igualmente deves refletir sobre a negligência que tivestes na oração, na leitura e na execução da obra; porque nestas três coisas te deves exercer e aperfeiçoar com afinco, se queres produzir e dar bom fruto a seu tempo. Tão intimamente estas três coisas estão unidas, que de forma alguma é suficiente uma sem a outra. Outrossim, cumpre refletires sobre quanto és ou foste negligente em fazer penitência, em lutar e em progredir; porque é mister chorar, com suma diligência, os males cometidos, repelir as tentações diabólicas, e progredir de uma virtude para outra para que possas chegar à terra prometida.

            Desta forma, pois, o exame se ocupa com a negligência.

            3.      Se, porém, desejas conhecer-te melhor, deves, em segundo lugar, refletir se em ti dominou ou domina a concupiscência da voluptuosidade, da curiosidade ou da vaidade. Certamente então reina no homem religioso a concupiscência da voluptuosidade quando deseja coisas doces, isto é, manjares saborosos; quando deseja coisas moles; isto é, vestidos deliciosos; quando deseja coisas carnais, isto é, prazeres luxuriosos.

            A concupiscência da curiosidade existe na serva de Deus, quando deseja saber coisas secretas, quando deseja ver coisas belas, quando deseja possuir coisas raras.

           A concupiscência da vaidade, porém, impera na esposa de Cristo, quando deseja o favor dos homens, quando busca o louvor humano, quando almeja honra diante dos homens. Como veneno deve a serva de Cristo fugir a tudo isso, porque é tudo isso a raiz de todo o mal.

            4.      Em terceiro lugar, se queres ter conhecimento certo de ti mesma, deves diligentemente refletir se há ou houve em ti a malícia da iracúndia, da inveja e da preguiça. Ouve, caríssima irmã, o que digo solicitamente.

            No homem religioso existe a iracúndia quando no espírito, no coração, no afeto, nos sinais, no semblante, na palavra ou no clamor mostra a seu próximo indignação do coração, por mais leve que seja, ou rancor.

            A inveja reina no homem quando se alegra com a desgraça do próximo e se entristece com a sua prosperidade, quando sente prazer com os males do próximo e desfalece com a sua felicidade.

            A preguiça reina no religioso, quando é tíbio, sonolento, ocioso, lerdo, negligente, frouxo, dissoluto, indevoto, triste e tedioso. Tudo isto a esposa de Cristo deve detestar e fugir-lhe como veneno mortífero, porque nestas coisas consiste a perdição do corpo e da alma.

            5.      Se, portanto, caríssima serva de Deus, queres chegar ao perfeito conhecimento de ti mesma, “torna a ti mesma, entra no teu coração, aprende a conhecer o teu espírito. Vê o que és, o que foste, o que devias ser, o que podias ser: o que foste pela natureza, o que agora és pela culpa, o que devias ser por teu trabalho, o que ainda podes ser pela graça.”

            Ouve, ainda caríssima madre, ouve o profeta Davi, como ele se faz o teu exemplo: “Meditei, diz ele, de noite no meu coração, exercitei-me e espanei o meu espírito. (Salmos 76. 7) Meditava ele no seu coração; medita também tu no teu coração. Espanava ele o seu espírito; espana também tu o teu espírito. Trabalha nesse campo, presta atenção a ti mesma.

            Se com insistência fazes este exercício, sem dúvida acharás um precioso tesouro escondido. Pois em virtude deste exercício cresce a plenitude do ouro, a ciência é multiplicada e aumentada a sabedoria.

            Com este exercício purificam-se os olhos do coração, aguça-se o engenho, dilata-se a inteligência. De nada faz um reto juízo quem não se conhece a si mesmo, quem não pensa na sua dignidade. Desconhece por completo que opinião deva fazer do espírito angélico e do divino quem não reflete antes sobre o seu próprio espírito. Se ainda não és capaz de entrar em ti mesma, como serás capaz de elevares-te a coisas que são acima de ti? Se ainda não és digna de entrar no primeiro tabernáculo, com que cara presumes entrar no segundo tabernáculo? (1)

            6.      Se desejas elevar-te, como São Paulo, ao segundo e terceiro céu, hás de passar pelo primeiro, isto é, pelo teu coração. O modo como possas devas fazê-lo, suficientemente t’o ensinei acima. Mas também São Bernardo otimamente te informa quando diz: “Se queres conhecer o estado de tua perfeição, examina, em discussão constante, a tua vida, e reflete diligentemente, quanto te adiantas e quanto te atrasas, quais são os teus costumes, quais as tuas inclinações, quão semelhante ou dessemelhante és a Deus, quão perto, ou quão longe.”

            Oh! Como é grande o perigo do religioso que quer saber muitas coisas, mas não tem verdadeiro e sincero desejo de conhecer-se a si mesmo! Oh! Como está prestes a perder-se o religioso que é curioso em conhecer as coisas, solicito em julgar as consciências dos outros, mas ignora e desconhece a própria!

            Ó meu Deus, donde tanta cegueira num religioso? Eis, a causa é patente, ouve-a. Porque a mente do homem é distraída pelos cuidados, não entra em si pela memória; porque é anuviada por fantasias, não torna a si pela inteligência; porque é arrastada por concupiscências ilícitas, jamais se restaura pelo desejo da suavidade intima e da alegria espiritual.

            Por isto jaz totalmente submerso nessas coisas sensíveis, é incapaz de entrar em si mesmo e penetrar até à imagem de Deus no seu íntimo. Desta forma o espírito se lhe reduz à miséria; ignora e desconhece-se a si mesmo.
            Procura, pois, lembrares-te de ti e conheceres-te a ti mesma, deixando de lado tudo o mais. Isto pedia também São Bernardo, dizendo: “Deus me dê a graça de não saber outra coisa senão que me conheça a mim mesmo.”

***

            (1) A passagem citada de São Vitor entende-se melhor pelo que São Boaventura diz no seu itinerário da mente de Deus (c.5 n.1), onde distingue um tríplice modo de contemplar a Deus, isto é, fora de nós pelos vestígios que ali encontramos de Deus; dentro de nós, isto é, pela imagem de Deus que é a alma com suas potências e faculdades; acima de nós, isto é, pela luz que resplandece sobre nós; e depois acrescenta o Santo: "os que se exerceram no primeiro modo já entraram no adro do tabernáculo; os que no  segundo, entraram no santo; mas os que no terceiro, entram com o Sumo Pontífice no Santo dos Santos.” (Veja-se o livro do Êxodo 25-28 onde se descreve o tabernáculo).

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Da preparação para a Santa Comunhão e da ação de graças



Praeparate corda vestra Domino, et servite ei soli – “Preparai os vossos corações para o Senhor, e servi a Ele só” (I Reg. 7, 3).
Sumário. Três coisas são necessárias para a alma colher muito fruto da santa comunhão. Primeiro, o desapego das criaturas, banindo do coração tudo que não é de Deus ou para Deus. Segundo, o desejo de receber a Jesus Cristo com o único fim de mais o amar. Terceiro, a devida ação de graças depois da comunhão; imaginando que reside na alma como num trono de graças. Oh! Que tesouros de graças perde o cristão que pouco pensa em orar depois da comunhão!
I. Pergunta o cardeal Bona: “Onde vem que tantas almas, apesar das suas muitas comunhões, fazem tão pouco progresso no caminho de Deus?” e responde: “Defectus non in cibo est, sed in edentis dispositione – Não é falta de virtude em o nutrimento, é falta de preparação  naquele que o recebe.” O fogo pega depressa na madeira seca e dificilmente na verde; porque esta não está disposta para arder. Os santos tiraram grandes frutos das suas comunhões porque punham muito cuidado em se preparar.
A preparação para a comunhão exige principalmente três coisas. A primeira é o desapegodas criaturas, banindo do coração tudo que não é de Deus ou para Deus. Ainda que a alma esteja em estado de graça, mas com o coração cheio de apetites terrenos, quanto mais lugar ocupar a terra, tanto menos lugar restará para o amor divino. – Santa Gertrudes perguntou um dia ao Senhor, que preparação exigia que ela fizesse para comungar. E Jesus lhe respondeu: Só esta, que venhas receber-me bem vazia de ti mesma.
A segunda coisa necessária para comungar com grande fruto, é o desejo de receber a Jesus Cristo com o único intuito de mais o amar. Diz Gerson que neste banquete não são saciados senão os que têm grande fome. – Por isso, escreve São Francisco de Sales, que a principal intenção de uma alma que comunga deve ser progredir no amor de Deus. – “Importa”, diz o Santo, “receber por amor àquele que se nos dá só por amor.” Eis porque Jesus disse a Santa Mechtildes: “Quando fores comungar, deseja possuir todo o amor que jamais um coração teve para comigo e eu aceitarei teu amor como se fosse tal como o desejas.”
II. É necessária também a ação de graças depois da comunhão. A oração mais agradável a Deus é a que se faz depois da comunhão. A alma deve empregar este tempo em produzir algum sentimento piedoso ou oração. Os afetos devotos que a alma excita então têm mais merecimento diante de Deus, porque a presença de Jesus Cristo na alma que lhe está tão unida, exalta a dignidade dos atos. – Quanto às orações, Santa Teresa observa que depois da comunhão Jesus reside na alma como em um trono de graças e lhe diz:Quid vis ut faciam tibi – “Que queres que te faça?” Como se dissesse: Alma querida, vim de propósito do céu para te dispensar graças, pede-me o que quiseres e serás atendida.
Oh! Que tesouros de graças perdem os que pouco oram depois da comunhão!
Ó Deus de amor, Vós desejais tanto dispensar-nos as vossas graças e nós somos tão pouco solícitos em Vo-las pedir. Que remorso nos causará na hora da morte este descuido tão prejudicial! Meu Senhor, não Vos lembreis dos tempos passados; com vosso auxílio quero preparar-me melhor para o futuro, arrancando do meu coração o apego a todas as coisas que me impeçam de recebam todas as graças que Vós me quereis conceder. E depois da comunhão quero entreter-me convosco o mais possível, para obter de Vós o auxílio necessário ao progresso em vosso amor. Dai-me a graça de executar esta resolução.
Ó meu Jesus, quanto me descuidei no passado de vosso amor! O tempo de vida que pela vossa misericórdia ainda me dais é um tempo para me preparar para a morte e compensar pelo meu amor as ofensas que Vos fiz. Quero, pois, empregá-lo todo em chorar os meus pecados e em Vos amar. Amo-Vos, meu amor, amo-Vos, meu único Bem. † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas; mas tende piedade de mim e não me abandoneis. – Ó minha esperança, Maria, não deixeis nunca de me socorrer pela vossa intercessão. (II 407.)
Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II – Santo Afonso

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