sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A Eucaristia, necessidade do nosso coração – São Pedro Julião Eymard


Porque está Jesus Cristo na Eucaristia? Tal pergunta, se pode ter muitas respostas, tem no entanto uma que a todas resume: Jesus Cristo está na Eucaristia porque nos ama e quer que nós O amemos.

O Amor, eis a razão de ser da instituição da Eucaristia.

Sem ela, o Amor de Jesus Cristo seria apenas um Amor de Morte, passado, esquecido dentro em breve – e isso sem culpa de nossa parte. Só a Eucaristia satisfaz plenamente as leis e as exigências do amor. Jesus Cristo, dando-nos nela provas de Amor infinito, tem direito de ser nela amado.
Ora, o amor natural, tal qual Deus pôs nos corações, requer três coisas. A presença ou sociedade de vida, a comunhão de bens, a união perfeita.
A ausência é a aflição, o tormento da amizade. O afastamento diminui e, ao ser prolongado, dissipa a mais forte amizade. Estivesse Nosso Senhor ausente, afastado, o amor que lhe temos passaria, em virtude do efeito dissolvente dessa mesma ausência. É da essência da natureza do amor humano reclamar, para viver, a presença do objeto amado.
Olhai para os pobres Apóstolos, enquanto Nosso Senhor jaz no túmulo; para os discípulos de Emaús, que confessam terem quase perdido a fé. Não gozam mais da presença do divino Mestre.
Ah! Não nos tivesse Nosso Senhor deixado outro legado de Seu Amor senão Belém e o Calvário, e quão depressa O teríamos esquecido! Que indiferença! O amor quer ver, ouvir, conversar, apalpar.
Nada substitui o ente querido, nem lembrança, nem dons, nem retratos; nada disso tem vida. E quão bem sabia Nosso Senhor que nada poderia tomar Seu lugar, pois carecemos d’Ele mesmo. Não nos basta então Sua palavra? Não, já não vibra, já não ouvimos as tocantes expressões dos lábios do Salvador. E Seu Evangelho? É um testamento. E o Sacramentos, não dão ele Vida? Só o autor da Vida poderia entretê-la em nós. E a Cruz? Ah!… Sem Jesus quão triste é! E a esperança? Sem Jesus é uma agonia. Os protestantes têm tudo isso e quão frio e quão glacial é o Protestantismo!
Poderá, então, Jesus reduzir-nos a um estado tão triste, qual o de viver e combater sozinhos?Ah! Sem Jesus, presente entre nós, seríamos por demais desgraçados. Exilados, sós no mundo, obrigados a privar-nos dos bens, das consolações terrestres, enquanto aos mundanos é dado satisfazerem todos os seus desejos, a vida tornar-se-ia insuportável.


Mas com a Eucaristia!… Com Jesus em nosso meio, quantas vezes sob o mesmo teto, dia e noite, a todos acessível, a todos esperando na Sua morada sempre aberta; admitindo as crianças, chamando-as com acentuada predileção, a vida torna-se menos amarga. É o pai amoroso, rodeado dos filhos. É a vida de sociedade com Jesus.
E que sociedade, quanto nos engrandece e nos eleva! E quão fáceis são as relações de sociedade, de recurso ao Céu, a Jesus Cristo em pessoa! Convivência suave, simples, familiar e íntima, assim Ele a quis.
O amor quer comunhão de bens, quer tudo possuir em comum. Quer partilhar da felicidade e da infelicidade. É-lhe natural, instintivo dar; dar com alegria, com júbilo. E com que profusão, que prodigalidade concedera Jesus Cristo, no Santíssimo Sacramento, Seus merecimentos, Suas graças, Sua própria glória! Que desvelo em dar, sem jamais recusar!
Dá-Se a Si mesmo, a todos e a todo momento, espalhando pelo mundo as Hóstias consagradas, para que todos os seus filhos as recebam. No deserto, dos cinco pães multiplicados, sobraram doze cestas cheias, e todos deles participaram.
Jesus-Eucaristia quereria envolver o mundo na sua nuvem sacramental, fecundar os povos com essa água vivificante, que, depois de ter desalterado e reconfortado o último de seus eleitos, se perderá no oceano eterno. Ah! Jesus-Hóstia é nosso, todo nosso!
O amor tende essencialmente à união entre os amantes, à fusão de dois seres num só ser, de dois corações num só coração, de dois espíritos num só espírito, de duas almas numa só alma (…)
Jesus submete-Se a essa lei de amor por Ele mesmo estabelecida. Depois de ter compartilhado do nosso estado e de nossa vida, dá-Se-nos Ele na comunhão, incorporando-nos a Ele.
União, cada vez mais perfeita e mais íntima, das almas, segundo a maior ou menor vivacidade dos desejos. “In me manet, et ego in eo”. Permanecemos n’Ele, e Ele em nós. Fazemos um só com Ele, até consumir-Se no Céu, na união eterna e gloriosa, a união inefável, começada na Terra pela graça, e aperfeiçoada pela Eucaristia.
O amor vive, pois, com Jesus presente no Santíssimo Sacramento do altar, compartilha de todos os bens de Jesus, une-se a Jesus e assim satisfazem-se as exigências de nosso coração, que mais não pode pedir.
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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Cinco fatos que talvez você não saiba sobre o Padre Pio e seu anjo da guarda



Confira a seguir cinco fatos que você talvez não soubesse sobre o Pe. Pio e os anjos:
1. Achava que todos podiam ver seus anjos da guarda
Segundo a Obra dos Santos Anjos, associação católica que difunde entre os fiéis a devoção dos santos Anjos e possui estatutos próprios aprovados pela Santa Sé, diz-se que quando o Pe. Pio ainda era muito pequeno começou a ter visões do seu anjo da guarda, de Jesus e Maria. Sua mãe disse que ele pensava que todo mundo podia vê-los.
2. Juntos contra o demônio
Em certas ocasiões, o demônio manchava as cartas que seu confessor lhe enviava e seguindo o conselho do seu anjo da guarda, quando chegava uma carta, antes de abri-la, o santo a aspergia com água benta e desta maneira podia lê-las.
“O companheiro de minha infância tenta suavizar as dores que me causavam aqueles impuros apóstatas embalando meu espírito como sinal de esperança” (Carta. I,321), destacava o santo sacerdote referindo-se ao seu anjo da guarda.
Não obstante, certa vez o demônio estava batendo no Pe. Pio e o santo chamou várias vezes em voz alta seu anjo da guarda, mas foi inútil. Em seguida, quando o anjo apareceu a consolá-lo, Pe. Pio zangado lhe perguntou por que não o socorreu.
O anjo lhe respondeu: “Jesus permite estes assaltos do diabo porque Sua compaixão te faça querido dEle e queria que te assemelhasses com isso ao deserto, o jardim e a cruz” (Carta I, 113).

3. Traduzia as cartas
Quando recebia alguma carta escrita em francês, o anjo da guarda a traduzia. Uma vez, Pe. Pio escreveu: “Se a missão de nosso anjo da guarda é importante, a do meu com certeza é maior, porque tamb
ém deve ser professor na tradução de outras línguas” (Carta I,304).
4. Seu anjo o despertava e rezava com ele
Narrava o Santo capuchinho: “De noite, fechava meus olhos, via descer o véu e abrir-se diante de mim o paraíso; e, consolado por esta visão, durmo com um sorriso doce e feliz nos lábios e com uma grande tranquilidade no meu semblante, esperando que meu pequeno companheiro de infância venha despertar-me e, desta forma, rezar juntos as orações matutinas ao amado de nossos corações” (Carta I,308).

5. Falava com outros anjos da guarda
“Se precisarem de mim – repetia o santo aos seus filhos espirituais –, podem me mandar seu anjo da guarda”. Certo dia, Frei Alessio Parente (Frei menor capuchinho) aproximou-se de Pe. Pio com algumas cartas na mão a fim de fazer-lhes algumas perguntas e o Pe. Pio não pôde atendê-lo.
Em seguida, o sacerdote dos estigmas o chamou e disse: “Não viu todos aqueles anjos que estavam aqui ao meu redor? Eram os anjos da guarda dos meus filhos espirituais que vieram trazer-me suas mensagens. Tive que responder-lhes rapidamente”.
O venerado Pe. Pio de Pietrelcina sempre reconheceu e agradeceu a missão do anjo da guarda como “mensageiro” e por isso recomendava a devoção a eles.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

ENTRADA DA ALMA NO CÉU

Oh Deus! Que dirá a alma ao entrar no reino bem-aventurado do Céu? Imaginemos ver morrer essa virgem, esse jovem, que, tendo-se consagrado ao amor de Jesus Cristo, e, chegada a hora da morte, vai deixar esta terra. Sua alma apresenta-se para ser julgada; o Juiz acolhe-a com bondade e lhe declara que está salva. O seu Anjo da guarda vem ao seu encontro e mostra-se todo contente; ela lhe agradece toda a assistência recebida, e o anjo responde-lhe: Alegra-te, alma formosa; já estás salva; vem contemplar a face do teu Senhor.

Eis que a alma se eleva acima das nuvens, acima do firmamento e de todas as estrelas: entra no Céu. Que dirá ao penetrar pela primeira vez nessa pátria bem-aventurada, ao lançar o primeiro olhar sobre essa cidade de delícias? Os Anjos e os Santos saem-lhe ao encontro e lhe dão, jubilosos, as boas vindas. Que consolação experimentará ao encontrar ali os parentes e amigos que a precederam, e os seus gloriosos protetores! A alma quererá prostrar-se diante deles; mas os Santos lhe dirão: Guarda-te de o fazer; porque somos servos como tu: “Vide ne feceris; conservus tuus sum”.
Ela irá depois beijar os pés de Maria, a Rainha do paraíso. Que ternura não experimentará ao ver pela primeira vez essa divina Mãe, que tanto a ajudou a salvar-se! Então a alma verá todas as graças que Maria lhe alcançou. A Rainha celestial abraça-a amorosamente e a conduz a Jesus que a acolhe como esposa e lhe diz: “Veni de Libano, sponsa mea; veni, coronaberis” (“Vem do Líbano, esposa minha; vem, serás coroada”). Regozija-te, esposa querida, passaram já as lágrimas, as penas, os temores: recebe a coroa eterna que te alcancei a preço de meu sangue. Ah, meu Jesus! Quando chegará o dia em que eu também ouvirei de tua boca estas doces palavras?
Jesus mesmo acompanhará a alma bem-aventurada afim de receber a bênção de seu Pai divino, que a abraçará carinhosamente e a abençoará, dizendo: “Intra in gaudium Domini tui” (“Entra no gozo do teu Senhor”), e então fa-la-á participar da sua própria gloriosa beatitude.
Meu Deus, aqui tendes a vossos pés um ingrato, que foi criado por Vós para o Céu, mas que muitas vezes, na vossa presença, o renunciou por indignos prazeres, consentindo em ser condenado ao inferno. Espero que já me haveis perdoado todas as injúrias que Vos fiz e de que de novo me arrependo e quero arrepender-me até à morte. Quero também que Vós sempre as torneis a perdoar-me. Mas, ó Jesus, embora já me tenhais perdoado, sempre ficará sendo verdade que tive a audácia de amargurar-Vos, meu Redentor, que, para me conduzir ao vosso reino, sacrificastes a própria vida. Para sempre seja louvada e abençoada a vossa misericórdia, ó meu Jesus, que me haveis aturado com tamanha paciência, e que, em vez de me punir, multiplicastes para comigo as graças, as luzes e os convites.
Vejo, meu amantíssimo Salvador, que quereis deveras a minha salvação; quereis ver-me em vosso reino para eu Vos amar eternamente; mas quereis que primeiramente Vos ame nesta terra. Sim, quero Vos amar. Ainda que não houvesse paraíso, quisera amar-Vos por toda a vida, com toda a minha alma, com todas as minhas forças. Basta-me saber que Vós, meu Deus, desejais ser amado por mim. Assisti-me, meu Jesus, com a vossa graça; não me abandoneis. Minha alma é eterna; estou, pois, na alternativa de Vos amar ou de Vos odiar eternamente! O que eu quero é amar-Vos eternamente; quero amar-Vos muito nesta vida para Vos amar muito na outra. Disponde de mim como Vos aprouver; castigai-me como quiserdes; não me priveis do vosso amor, e depois fazei de mim segundo a vossa vontade. Meu Jesus, os vossos méritos são a minha esperança. Ó Maria, ponho toda a minha confiança na vossa intercessão. Livrastes-me do inferno, quando estava em pecado; agora, que desejo só a Deus, deveis salvar-me e tornar-me santo.
Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III – Santo Afonso
Fonte:

terça-feira, 27 de setembro de 2016

A Comunhão Freqüente - São João Bosco


Tendo Jesus Cristo instituído o Sacramento da Eucaristia para o bem de nossas almas, deseja que nós o recebamos não só uma vez ou outra, mas com muita freqüência. Eis as palavras com que ele nos convida: 

"Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso" (Mt XI, 28)

Em outro lugar ele faz as maiores promessas a quem vai se alimentar de sua carne: 

"Eu sou o pão vivo descido do Céu. quem comer deste pão viverá para sempre ... e eu o ressuscitarei no último dia" (Jo VI, 51-54)

Para corresponder ao convite do Divino Salvador, os cristãos dos tempos primitivos, todos os dias escutavam a palavra de Deus e recebiam a Sagrada Comunhão. Era nesse Sacramento que os Mártires achavam a sua fortaleza, as Virgens o seu fervor, os Santos a sua coragem.

Se quisermos atender o convite de Jesus e procurar o nosso bem, devemos comungar com muita freqüência. Do mesmo modo que o maná serviu de alimento cotidiano aos Hebreus durante todo o tempo que viveram no deserto, enquanto não foram introduzidos na Terra Prometida, assim também a Sagrada Comunhão deve ser o nosso alimento e conforto cotidiano nos perigos deste mundo, o nosso guia para a verdadeira terra da promissão, o Paraíso. Diz Santo Agostinho: "Se todos os dias pedimos a Deus o pão material, porque não procuraremos nos alimentar todos os dias do pão espiritual com a Santa Comunhão?". São Filipe Neri animava os cristãos a se confessarem a cada oito dias e a comungarem mais vezes ainda, de acordo com o parecer do confessor.

A Santa Igreja manifesta o seu mais vivo desejo da comunhão freqüente dos fiéis quando diz o Concílio de Trento: "Seria coisa sumamente desejável se cada cristão se conservasse em tal estado de consciência que pudesse comungar toda a vez que ouve a Santa Missa. E isto não somente com a Comunhão espiritual, mas com a Comunhão sacramental, para que seja mais copioso o fruto que se recebe deste Sacramento".

Dirá alguém: "Eu sou muito pecador". Respondo: "Se você é pecador, procure readquirir a graça de Deus com o Sacramento da Confissão e depois se aproxima da Sagrada Comunhão e tirará grande proveito". Dirá outro: "Comungo raras vezes para ter mais fervor". Isto é um grande engano. As coisas que se fazem raras vezes, geralmente se fazem mal. Além disso, sendo freqüentes as necessidades da nossa alma, deve ser também freqüente o remédio. Outros ainda se desculpam dizendo: "Estou cheio de enfermidades espirituais e não me atrevo a comungar com freqüência". A estes responde Jesus Cristo: "Os sãos não têm necessidade de médico e sim os doentes" (Lc V, 31). Assim, os que estão mais propensos a doenças espirituais, é necessário que sejam também visitados com mais freqüência pelo verdadeiro médico das almas, isto é, Jesus Cristo.

Vindo Ele freqüentemente a nós, dá-nos a graça de não cairmos em pecado grave e apaga nosso pecados veniais. Com efeito, percebe-se que têm mais defeitos as pessoas que só raras vezes se aproximam da Comunhão, do que as que a recebem com maior freqüência. Ânimo, pois, se você quiser fazer a ação mais agradável a Deus e mais eficaz para vencer as tentações e perseverar no bem, receba com freqüência e com boas disposições a Sagrada Comunhão.


São João Bosco

Fonte:

domingo, 25 de setembro de 2016

A CRUZ DO ROSÁRIO


Sobre S. Pedro, o chaveiro do céu, há várias lendas, sendo a seguinte bastante interessante e instrutiva.


Dizem que, um belo dia, S. Pedro fechou a porta do céu por fora e veio dar umas voltas pelo mundo para ver como andavam as coisas por aqui. Parecia-lhe que estava chegando pouca gente ao céu e era preciso conhecer a causa dessa triste situação.



Terminado o seu inquérito, e achando mais prudente não conceder entrevista aos jornais bisbilhoteiros, dirigiu seus apressados passos lá para cima. Aconteceu, porém, que, ao chegar à porta do paraíso, meteu a mão nos bolsos e, ai! não encontrou mais a chave. Perdera-a e não sabia nem onde nem como. Que fazer em tamanha aflição?



- Descerei de novo à terra, disse, e procurarei um bom serralheiro que me faça uma nova chave.



De fato, não custou a encontrar um muito entendido e, disse-lhe:
- Olhe, eu preciso com urgência de uma chave para abrir a porta do céu. Você pode fazê-la?



- Perfeitamente; mas custará mais, porque há de ser uma chave extraordinária.



- Que homens! disse consigo S. Pedro, nem para o céu fazem uma chave de graça!... Bem! Não há dúvida; vamos lá para cima.



Subiu o serralheiro ao céu e, orgulhoso de sua arte, examinou o modelo, tirou as medidas e voltou à terra. Tomou dos instrumentos, talhou a chave, limou-a, poliu-a e, triunfante, apresentou-se à porta do céu. Mas, ai! a chave entrava no buraco da fechadura, dava voltas, mas... nada! não abria.



- Venha outro serralheiro, mas depressa, disse S. Pedro.



Chegou outro, mais presumido que o primeiro, fez as mesmas manobras e... nada! a chave não abria.



Assim foram fracassando, uns após outros, todos os serralheiros.



Entretanto, as almas que vinham chegando, dos quatro cantos do mundo, começavam a impacientar-se, porque demorava muito a entrada no céu. S. Pedro suava frio, pois, por seu descuido, já ninguém podia entrar na glória. Por fim, uma humilde velhinha se ofereceu para abrir a porta.



- Bem. Experimente, vamos ver, disse S. Pedro.



E a velhinha, que, na terra, fora devotíssima de Nossa Senhora, meteu a cruz de seu rosário na fechadura, deu meia volta à chave improvisada e a porta estava aberta.



- Bravo! Bravo! exclamaram todos, é o rosário de Nossa Senhora que nos abre o céu.



E lá entraram cheios de alegria e contentamento.

Fonte:

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

PERIGOS DO MUNDO – A DANÇA



O que ela é do ponto de vista filosófico
Um prelado assim se exprime:
O Espírito Santo falou justo quando chamou à dança “uma vertigem, uma loucura”. Para apreciar bem essas pessoas que têm a paixão de rodopiarem e de fazerem momices compassadas, há só que as olhar tampando os ouvidos. Lord Byron compara os valsantes a “dois besouros enfiados no mesmo alfinete, em torno do qual giram, giram, giram”. Nunca, a não ser por motivos pouco definíveis, poderá a razão explicar-se que vantagem acha uma mulher sensata em fazer o exercício de uma enceradora de assoalhos, nos braços de um valsante que não é seu marido nem seu irmão.”
O que ela é do ponto de vista moral
Continua ele:
Sabereis, jovens, como proceder quando vós mesmas tiverdes filhas grandes a vigiar. Enquanto isso, deixai-me lembrar-vos a palavra de Job: “Os filhos dos homens gostam de saltar para se alegrarem ao som dos tamborins. E, enquanto se entregam aos transportes da sua alegria, descem ao inferno.” O texto original não diz precisamente “descer”, mas “escorregam e caem de repente”. De fato, embora não se cometa necessariamente um pecado mortal por dançar, o diabo que marca o compasso bem sabe aonde quer conduzir os dançarinos. Esses assoalhos encerados sobre os quais desliza facilmente são a imagem fiel do terreno perigoso em que a pessoa se acha.”
Num baixo relevo da igreja de Tinay, representa-se a degolação de São João Batista. Vê-se nele, de um lado, Salomé que dança, e do outro Satanás que toca violino. Nossos avós tinham razão. Quantas pobres moças, pelo atrativo do baile, viraram Salomés!…
O que ela é aos olhos dos que vêem claro
Mesmo entre “as pessoas do mundo”, algumas se acham que ficam impressionadas com os perigos da dança e não hesitam em desvendá-los. Uma mulher do mundo dizia: “Uma dança me bastou para compreender o perigo dos bailes.”
… Um célebre cortesão de Luis XIV:
Sempre achei os bailes perigosos; e o que me levou a crê-lo não foi só a minha razão, foi também a minha própria experiência. Os temperamentos, mais frios nela se esquentam; e toda essa juventude que já tem tanta dificuldade em resistir às tentações interiores, não pode afrontar impunemente essas tentações exteriores. Sustento, pois, que não se deve ir ao baile quando se é cristão.”
(Bussy-Rabutim).
Dois heróis: Abd-el-Kader, na França, e Chamyl, na Rússia, baixaram os olhos a primeira vez que os levaram ao baile.
O que ela é aos olhos da fé
Aqui, a doutrina dos santos é mais forte ainda, pois eles vêem em todo cristão um membro de Jesus crucificado.
São Francisco de Sales:
Falo-vos dos bailes, como os médicos falam dos cogumelos; os melhores não valem nada. E, digo-vos, eu, que os melhores bailes não são nada bons.” Se se alegava uma conveniência ou uma necessidade, ele dizia: “Ide: mas no dançar, pensai que, naquele momento mesmo, muitos sofrem no inferno por terem dançado. Pensai que um dia, talvez, gemerei como eles, enquanto outros dançarão como o fazeis hoje. Pensai que Nosso Senhor, Nossa Senhora, os Anjos, os Santos vos viram no baile!  Ah! como lhes causaste dó, por verem o vosso coração divertido em tamanha parvoíce e atento a essa frioleira! Pensai que, enquanto lá estais, o tempo passa, a morte se aproxima; vede, ela vem, zomba de vós, chama-vos à sua dança, na qual os gemidos dos vosso pecados servirão de violinos e em que fareis uma simples passagem da vida para a morte.”
Santo Ambrósio:
“A dança é a companheira inseparável das delícias que enervam e da volúpia que enodoa.”
E uma autor moderno:
Em todo cristão a Fé vê um membro de Jesus Cristo, alimentado com a Sua Carne, enobrecido com o Seu Sangue. Com que olhos pode ela olhar esse cristão, essa cristã requebrar-se e rodopiar em plenas pompas do diabo?
A Fé vê em todo cristão um pecador arrependido, um penitente; muito mais, um coração que está de luto por Jesus inocente, crucificado pelos seus pecados. Que pode pensar a Fé em vendo essas cristãs divertir-se como umas loucas e prestar-se, ao mesmo tempo, ao divertimento de toda sorte de pervertidos?
Em resumo: o paraíso não foi feito para os loucos. A santidade nada tem a ver com o carnaval.”
Perigo da dança
Se quiserdes precisões, entremos nas minúcias e vejamos os perigos que precedem, que acompanham e que seguem a dança.
1) Antes da dança: Vaidade, despesas excessivas, preocupações de “toilettes”, esquecimento da alma. vontade de aparecer e de eclipsar as outras, desejo de ser notada, dissipação, etc…
2) Durante a dança: Vaidade ainda, inveja, ciúme, olhares e contatos perturbadores, palavras levianas, pensamentos sensuais, costumes indecentes, afagos de dançarinos pouco virtuosos, excitação nervosa fatal ao domínio de si, etc.
Essa atmosfera aquecida e saturada de perfumes, essa música apaixonada que enleva e dá não sei que vertigem langorosa, esses vestidos que despem mais do que vestem, e em que o pudor é mais ferido do que protegido por essas vãs coberturas que não velam nada, essas conversações mundanas e não raro mui levianas, não são nada de molde a alimentar o espírito cristão. Verdadeiramente, não é possível que a modéstia resista longo tempo a semelhantes assaltos. O desejo de aparecer e de agradar, a garridice, secretos ciúmes, mil preocupações mundanas, arrefecem o fervor, diminuem a vida interior ou a sufocam. A saúde da alma corre aí mortais perigos.” (Ansault)
3) Depois da dança: Recordações lancinantes, lassidão da alma, desgostos, aborrecimento, vaidade satisfeita ou ciúme exasperado, devaneios maus, desejos malsãos talvez…
Eis aó o conjunto ds faltas que um só ato pode gerar.
Tirai  conclusão.
Talvez objeteis que não cometeis nenhum pecado indo dançar! – É bem verdade! Satanás cega-vos tão bem, que vos assemelhais a um homem que, imerso na água, dissesse: Não está chovendo! Se as danças sempre foram proibidas por causa dos perigos que nelas pode correr a virtude e da dissipação que elas geram fatalmente, que se deve pensar dessas danças modernas, tangos, foxes, etc., visivelmente inventadas por Satanás para a perda das almas?
E ver-se-á pretensas cristãs suplicarem ao seu confessor permissão para irem a esses divertimentos funestos! Que fé a delas! Para vos convercer de que a paixão aí tem sempre a sua grande parte, tentai separar dançarinos e dançarinas, fazer dançar homens com homens e mulheres com mulheres… a dança acabará imediatamente.
Um grande pregador do século derradeiro, que entretanto não conhecia as danças descabeladas que se ostentam nos nossos dias, escrevia estas fortes linhas:
A dança entre dois sexos é imoral, facilmente impudica. Todas essas danças que prendem, que enlaçam, que colam o dançarino com a dançarina são indecentes, incendiárias. O tempo, os lugares, as “toilettes”, a pintura, a mentira, a impudência, os olhares, as nudezes selvagens, a música, tudo o que se adita às reuniões dançantes, aos bailes particulares e públicos, a esses turbilhões do inferno, tornam a dança devastadora e infernal!”
E não vos pareça isto exagerado!
Há nisso um mal horrível, um flagelo devorador!
Só em Paris contam-se mais de 1.400 salões de danças… 
Ó cristã, sem dúvida a dança pode, algumas vezes, ser permitida; uma dança honesta, em si não é um pecado, mas… não se vai para o Céu dançando!
Donzela cristã – Pe. J. Baeteman
Fonte:

O SERVIÇO DOS POBRES ACIMA DE TUDO


(Dos Escritos de São Vicente de Paulo - Uma carta raríssima)

Não temos de avaliar os pobres por suas roupas e aspecto, nem pelos dotes de espírito que pareçam ter. Com frequência são ignorantes e curtos de inteligência. Mas muito pelo contrário, se considerardes os pobres à luz da fé, então percebereis que estão no lugar do Filho de Deus que escolheu ser pobre. De fato, em seu sofrimento, embora quase perdesse a aparência humana - loucura para os gentios, escândalo para os judeus - apresentou-se, no entanto, como evangelizador dos pobres: Enviou-me para evangelizar os pobres (Lc 4,18). Devemos ter os mesmos sentimentos de Cristo e imitar aquilo que ele fez: ter cuidado pelos indigentes, consolá-los, auxiliá-los, dar-lhes valor. 

Com efeito, Cristo quis nascer pobre, escolheu pobres para seus discípulos, fez-se servo dos pobres e de tal forma quis participar da condição deles, que declarou ser feito ou dito a ele mesmo tudo quanto de bom ou de mau se fizesse ou dissesse aos pobres. Deus ama os pobres, também ama aqueles que os amam. Quando alguém tem um amigo, inclui na mesma estima aqueles que demonstraram amizade ou prestam obséquio ao amigo. Por isso esperamos que, graças aos pobres, sejamos amados por Deus. Visitando-os, pois, esforcemo-nos por entender os pobres e os indigentes e, compadecendo-nos deles, cheguemos ao ponto de poder dizer com o Apóstolo: Fiz-me tudo para todos (1Cor 9,22). Por este motivo, se é nossa intenção termos o coração sensível às necessidades e misérias do próximo, supliquemos a Deus que derrame em nós o sentimento de misericórdia e de compaixão, cumulando com ele nossos corações e guardando-os repletos.

Deve-se preferir o serviço dos pobres a tudo o mais e prestá-lo sem demora. Se na hora da oração for necessário dar remédios ou auxílio a algum pobre, ide tranquilos, oferecendo esta ação a Deus como se estivésseis em oração. Não vos perturbeis com angústia ou medo de estar pecando por causa do abandono da oração em favor do serviço aos pobres. Deus não é desprezado, se por causa de Deus dele nos afastarmos, quer dizer, interrompermos a obra de Deus para realizá-la de outro modo.

Portanto, ao abandonardes a oração, a fim de socorrer a algum pobre, isto mesmo vos lembrará que o serviço é prestado a Deus. Pois a caridade é maior do que quaisquer regras que, além do mais, devem todas tender a ela. E como a caridade é uma grande dama, faz-se necessário cumprir o que ordena. Por conseguinte, prestemos com renovado ardor nosso serviço aos pobres; de modo particular aos abandonados, indo mesmo à procura, pois nos foram dados como senhores e protetores. 


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

A morte do justo é a entrada da vida, por Santo Afonso de Ligório

Haec porta Domini, iusti intrabunt in eam - Esta é a porta do Senhor, os justos entrarão por ela. (Ps. 117,20)


 A morte, considerada segundo os sentidos, causa pavor e temor; mas considerada segundo a fé, é consoladora e desejável; porque, como observa São Bernardo, não é só o fim dos trabalhos e o remate da vitória, como também a porta da vida, pela qual deve passar forçosamente quem quiser entrar no gozo e contemplação de Deus "Esta é a porta do Senhor, os justos entrarão por ela." - São Jeronimo chamava a morte e lhe dizia: Aperi mihi, soror mea - Ó morte, minha irmã, se me não abres a porta, não poderei entrar no gozo do meu Senhor." São Carlos Borromeu, vendo em sua casa um quadro que representava um esqueleto com uma foice na mão, mandou chamar um pintor e ordenou-lhe que apagasse a foice e a substituísse por uma chave de ouro. Queria por este meio inflamar-se mais e mais no desejo da morte, porque é a morte que nos deve abrir o paraíso.

     Se um rei, diz São João Crisóstomo, tivesse preparado para alguém uma habitação na sua própria morada e no entretanto o deixasse viver num curral, quanto não deveria esse homem desejar sair do curral para passar no palácio régio? A alma nesta vive vive no corpo como numa prisão, d'onde deve sair um dia para entrar no palácio do céu. É poir isso que Davi orava assim: Educ de custodia animam meam - Livrai a minha alma de sua prisão. E o santo velho Simeão, quando tinha nos braços o menino Jesus, não lhe soube pedir outra coisa senão a morte, para se ver livre das cadeias da vida presente. Nunc dimittis servum tuum, Domine - Afora, deixas ir o teu servo. "Pede que o deixem ir", diz Santo Ambrósio, "como se fosse retido."

     Qual não foi a alegria do copeiro de Faraó, quando soube por José que dentro em pouco devia sair da prisão e voltar a ocupar o seu posto! E não se regozijará uma alma que ama a Deus, sabendo que dentro em breve vai ser livre da prisão deste mundo e entrar na posse de Deus. É, pois, com razão que a morte dos santos se chama o seu nascimento; visto que pela morte nascem para a vida bemaventurada que nunca terá fim,

    Lê-se na vida de São João o Esmoleiro, que um homem muito rico lhe recomendara o seu filho único e lhe dera muitas esmolas, afim de obter longa vida para esse filho; mas pouco tempo depois o moço morreu. Queixando-se  o pai amargamente da perda do filho, enviou-lhe Deus um anjo que lhe disse "Pediste para teu filho longa vida. Pois bem, sabe que já está gozando dela no céu por toda a eternidade." Tal é a graça que Jesus Cristo nos alcançou, conforme a promessa que nos foi feira pela boca do profeta Oseias: Ero mors tua, o mors - Ó morte, eu serei a tua morte. Jesus, morrendo por nós, fez com que a morte se nos tornasse vida.

    Ó Deus de minha alma, eu, miserável pecador, merecia uma morte desgraçada, porque Vos desonrei pelo passado, voltando-Vos as costas. Mas vosso Filho Vos honrou, sacrificando a vida na cruz. Pela honra que Vos deu vosso amado Filho, perdoai-me a desonra que Vos causei. Ó meu soberano Bem, arrependo-me de Vos ter ofendido; e prometo-Vos que doravante não hei de amar senão a Vós. A minha salvação, espero-a de vossa bondade. Tudo que atualmente tenho de bom, é dádiva de vossa graça; a Vós me reconheço devedor de tudo: Gratia Dei sum id quod sum - "É pela graça de Deus que sou o que sou." Se pelo passado Vos desonrei, espero honrar-Vos eternamente, abençoando a vossa misericórdia.
    Sinto um grande desejo de Vos amar; sois Vós quem me inspirais, e eu Vo-lo agradeço, ó meu amor. Continuai, continuai a ajudar-me do mesmo modo por que tendes começado; para o futuro peço ser vosso, todo vosso. Renuncio a todos os prazeres do mundo. Que maior gozo possa eu ter, do que amar-Vos, a Vós, meu Senhor tão amável e que tanto me tendes amado? É só amor que Vos peço, ó meu Deus, amor, amor. E espero pedir-Vo-lo sempre, até que, morrendo no vosso amor, eu chegue ao reino do amor, onde sem ter que o pedir, estarei cheio de amor e não deixarei nunca mais, um momento, de Vos amar em toda a eternidade e com todas as minhas forças. - Maria, minha Mãe, vós que amais tanto o vosso Deus, e tanto desejais ver amado, fazei com que eu o ame muito nesta vida, afim de o amar muito na outra sempre. 

Fonte:

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Texto na íntegra do segredo de La Salette

Dificuldades na transcrição da visão

Maximin e Mélanie foram beneficiados por um privilegiado e manifesto auxílio sobrenatural para serem fiéis a tudo que tinham visto ou ouvido. Este fato não evitou que a complexidade da visão e as limitadas forças intelectuais dos videntes criassem dificuldades para verter a aparição no papel.

Maximin era pouco hábil em redação. Em 1851 foi necessário que reescrevesse tudo, devido às manchas de tinta do seu escrito. Sua escassez de recursos reflete-se na redação.
O modo como se deu a revelação também contribui para um certo vai e vem na ordem cronológica do relato dos videntes.
Houve sucessivas redações do segredo resultantes desse esforço de explicitação dos videntes, em especial de Mélanie.

O segredo na sua forma mais completa

Os videntes só aceitaram revelar o segredo antes de 1858 por obediência, e com a finalidade de ser levado ao conhecimento exclusivo do Papa. Este foi o motivo da 
primeira redação oficial do segredo, feita por Maximin em 3 de julho de 1851, e por Mélanie três dias depois.

Em 1853 o novo bispo de Grenoble, Mons. Ginoulhiac, ordenou que eles voltassem a verter o segredo no papel. Todas estas redações ficaram sob sigilo no Vaticano.
Em 1858, ano da aparição de Nossa Senhora em Lourdes, os videntes ficaram liberados da obrigação do silêncio e deram a público o segredo.
Mélanie enviou ao Papa, o Beato Pio IX, uma redação mais aprimorada. No resto da vida, tanto Mélanie quanto Maximin responderam a inúmeras consultas e pedidos de esclarecimento.
Transcreveremos a seguir na íntegra a versão do segredo que é tida pelo Pe. Corteville como a mais completa. É uma redação mais extensa, feita por Mélanie em 21 de novembro de 1878, considerada definitiva pela vidente.
Assim começa o segredo:

“Mélanie, o que vou dizer-vos agora não ficará sempre segredo, podereis publicá-lo em 1858.
“Os sacerdotes, ministros de meu Filho, pela sua má vida, sua irreverência e impiedade na celebração dos santos mistérios, pelo amor do dinheiro, das honrarias e dos prazeres, tornaram-se cloacas de impureza.
“Sim, os sacerdotes atraem a vingança e a vingança paira sobre suas cabeças. Ai dos sacerdotes e das pessoas consagradas a Deus, que pela sua infidelidade e má vida crucificam de novo meu Filho!
“Os pecados das pessoas consagradas a Deus bradam ao Céu e clamam por vingança. E eis que a vingança está às suas portas, pois não se encontra mais uma pessoa a implorar misericórdia e perdão para o povo. Não há mais almas generosas, não há mais ninguém digno de oferecer a vítima imaculada ao [Pai] Eterno em favor do mundo”.
“Deus vai golpear de modo inaudito. Ai dos habitantes da Terra. Deus vai esgotar sua cólera, e ninguém poderá fugir a tantos males acumulados.
“Os chefes, os condutores do povo de Deus negligenciaram a oração e a penitência. E o demônio obscureceu suas inteligências.
“Transformaram-se nessas estrelas errantes, que o velho diabo arrastará com sua cauda para fazê-las perecer.
“Deus permitirá à velha serpente introduzir divisões entre os que reinam, em todas as sociedades e em todas as famílias. Sofrer-se-ão tormentos físicos e morais. Deus abandonará os homens a si mesmos e enviará castigos que se sucederão durante mais de trinta e cinco anos.
“A sociedade está na iminência dos flagelos mais terríveis e dos maiores acontecimentos. Deve-se esperar ser governado por uma chibata de ferro e beber o cálice da cólera de Deus”.


“Que o Vigário de meu Filho, o Soberano Pontífice Pio IX, não saia mais de Roma depois do ano 1859. Mas seja firme e generoso, combata com as armas da fé e do amor. Eu estarei com ele.
“Que ele não confie em Napoleão [III]. Seu coração é falso, e quando ele quiser tornar-se ao mesmo tempo papa e imperador, Deus se afastará dele. Ele é como a águia que, querendo subir sempre mais, cairá sobre a espada da qual queria se servir para obrigar os povos a o elevarem.
“A Itália será punida, pela ambição de querer sacudir o jugo do Senhor dos Senhores. Será também entregue à guerra, o sangue correrá por todo lado. As igrejas serão fechadas ou profanadas.
“Os sacerdotes e os religiosos serão expulsos. Serão entregues à morte, e morte cruel. Vários abandonarão a fé, e o número dos sacerdotes e religiosos que se afastarão da verdadeira Religião será grande. Entre essas pessoas encontrar-se-ão até bispos.
“No ano de 1864, Lúcifer e um grande número de demônios serão soltos do inferno. Eles abolirão a fé pouco a pouco, até nas pessoas consagradas a Deus. Eles as cegarão de tal maneira que, salvo uma graça particular, adquirirão o espírito desses maus anjos. Várias casas religiosas perderão inteiramente a fé e perderão muitas almas.
“Os maus livros abundarão sobre a Terra, e os espíritos das trevas espalharão por toda parte um relaxamento universal em tudo o que se refere ao serviço de Deus. Eles terão grandíssimo poder sobre a natureza.
“Existirão igrejas para cultuar esses espíritos. Pessoas serão transportadas de um lugar a outro por esses espíritos maus, até sacerdotes, porque não se terão conduzido pelo bom espírito do Evangelho, que é um espírito de humildade, caridade e zelo pela glória de Deus.
“Far-se-ão ressuscitar mortos e justos (quer dizer, tais mortos tomarão a figura de almas justas que viveram na Terra, para seduzir mais os homens; esses supostos mortos ressuscitados, que não serão outra coisa senão o demônio encarnado nessas figuras, pregarão outro evangelho contrário ao do verdadeiro Jesus Cristo, negando a existência do Céu). Ou ainda almas de condenados.
“Todas essas almas aparecerão como unidas a seus corpos. Em todos os lugares haverá prodígios extraordinários, porque a verdadeira fé se apagou e uma falsa luz ilumina o mundo. Ai dos príncipes, da Igreja que então estarão ocupados apenas em amontoar riquezas acima de riquezas, salvaguardar sua autoridade e dominar com orgulho!
“O Vigário de meu Filho terá muito que sofrer, porque durante algum tempo a Igreja será entregue a grandes perseguições. Será o tempo das trevas, e a Igreja passará por uma crise pavorosa.
“Tendo sido esquecida a santa fé em Deus, cada indivíduo desejará guiar-se por si próprio e ser superior a seus semelhantes. Serão abolidos os poderes civis e eclesiásticos.
“Toda ordem e toda justiça serão calcados aos pés. Não se verá outra coisa senão homicídios, ódio, inveja, mentira e discórdia, sem amor pela pátria e sem amor pela família.
“O Santo Padre sofrerá muito. Eu estarei com ele até o fim, para receber o seu sacrifício. Os maus atentarão várias vezes contra sua vida sem poder abreviar seus dias, mas nem ele nem seu sucessor … verão o triunfo da Igreja de Deus.
“Os governantes civis terão todos um mesmo objetivo, que consistirá em abolir e fazer desaparecer todo princípio religioso para dar lugar ao materialismo, ao ateísmo, ao espiritismo e a toda espécie de vícios.
“No ano 1865 ver-se-á a abominação nos lugares santos. Nos conventos as flores da Igreja serão apodrecidas, e o demônio tornar-se-á como que o rei dos corações.
“Que os dirigentes das comunidades religiosas estejam atentos em relação às pessoas que devem receber, porque o demônio usará toda sua malícia para introduzir nas ordens religiosas pessoas entregues ao pecado, pois as desordens e o amor aos prazeres carnais estarão espalhados por toda a Terra.
“A França, a Itália, a Espanha e a Inglaterra estarão em guerra. O sangue correrá nas ruas, o francês combaterá contra o francês, o italiano contra o italiano. A seguir haverá uma guerra geral, que será horrorosa. Durante certo tempo Deus não se lembrará mais da França nem da Itália, porque o Evangelho de Jesus Cristo não será mais conhecido.
“Os maus estenderão toda sua malícia. Até nas casas as pessoas matar-se-ão e massacrar-se-ão mutuamente.
“Ao primeiro golpe de sua espada fulgurante [refere-se a Deus], as montanhas e a natureza inteira tremerão de espanto, porque as desordens e os crimes dos homens transpassarão a abóbada celeste. Paris será queimada, e Marselha engolida [pelas águas].
“Várias grandes cidades serão abaladas e tragadas por tremores de terra. Crer-se-á que tudo está perdido. Só se verão homicídios, e se ouvirão apenas ruídos de armas e blasfêmias.
“Os justos sofrerão muito. Suas orações, sua penitência e suas lágrimas subirão até o céu e todo o povo de Deus pedirá perdão e misericórdia. E pedirá minha ajuda e intercessão.

“Jesus Cristo, por um ato de sua justiça e de sua grande misericórdia em relação aos justos, ordenará a seus anjos que deem morte a todos os seus inimigos. De repente os perseguidores da Igreja de Jesus Cristo e todos os homens entregues ao pecado perecerão, e a Terra tornar-se-á como um deserto.
“Então será feita a paz, a reconciliação de Deus com os homens. Jesus Cristo será servido, adorado e glorificado. A caridade florescerá por toda parte.
“Os novos reis serão o braço direito da Santa Igreja, a qual será forte, humilde, piedosa, pobre, zelosa e imitadora das virtudes de Jesus Cristo.
“O Evangelho será pregado por toda parte e os homens farão grandes progressos na fé, porque haverá unidade entre os operários de Jesus Cristo e os homens viverão no temor de Deus.
“Esta paz entre os homens não será longa. Vinte e cinco anos de safras abundantes lhes farão esquecer que os pecados dos homens são a causa de todas as desgraças que sucedem na terra.
“Um precursor do Anticristo, com tropas de várias nações, guerreará contra o verdadeiro Cristo, único Salvador do mundo, derramará muito sangue e tentará aniquilar o culto de Deus, para se fazer cultuar como um deus”.
“A Terra será atingida por toda espécie de flagelos (além da peste e da fome, que serão gerais). Haverá guerras até a última guerra, que será movida pelos dez reis do Anticristo, cujo objetivo será o mesmo e serão os únicos a governarem o mundo.
“Antes que isto aconteça, haverá uma espécie de falsa paz no mundo. Não se pensará em outra coisa, senão em se divertir. Os maus se entregarão a toda sorte de pecados.
“Mas os filhos da Santa Igreja, os filhos da fé, meus verdadeiros imitadores, acreditarão no amor de Deus e nas virtudes que me são mais caras. Felizes essas almas humildes conduzidas pelo Espírito Santo! Eu combaterei junto a elas até que atinjam a plenitude da idade”.
“A natureza exige vingança por causa dos homens e estremece de pavor, na espera do que deve acontecer à Terra emporcalhada de crimes. Tremei, ó Terra, vós que fizestes profissão de servir a Jesus Cristo, mas que no vosso íntimo adorais a vós próprios.
“Tremei, pois Deus vos entregará a seu inimigo, porque os lugares santos estão imersos na corrupção. Muitos conventos não são mais casas de Deus, mas pastagens de Asmodeu e os seus [demônios]. Durante esse tempo nascerá o Anticristo de uma religiosa hebraica, uma falsa virgem que terá comunicação com a velha serpente.
“E o mestre da impureza, seu pai, será bispo. Ao nascer, vomitará blasfêmias e terá dentes. Numa palavra, será o diabo encarnado. Dará gritos aterrorizadores, fará prodígios, alimentar-se-á só de impurezas. Terá irmãos que, embora não sejam como ele outros demônios encarnados, serão filhos do mal. Aos doze anos eles se farão notar pelas valorosas vitórias que obterão. Logo estará cada um à testa de exércitos, assistidos por legiões do inferno.
“As estações mudarão, a terra só dará maus frutos, os astros perderão seus movimentos regulares, a Lua não projetará senão uma débil luz avermelhada. A água e o fogo darão ao globo terrestre movimentos convulsivos e horríveis tremores de terra, que engolirão montanhas, cidades, etc..

“Roma perderá a fé e se tornará sede do Anticristo.
“Os demônios do ar, junto com o Anticristo, farão grandes prodígios na terra e nos ares. E os homens se perverterão cada vez mais. Deus tomará sob seus cuidados os fiéis servidores e os homens de boa vontade, o Evangelho será pregado por toda parte, todos os povos e todas as nações terão conhecimento da verdade.
“Eu dirijo um premente apelo à Terra. Apelo aos verdadeiros discípulos do Deus vivo que reina nos Céus. Apelo aos verdadeiros imitadores de Jesus Cristo feito homem, o único e verdadeiro Salvador dos homens.
“Apelo aos meus filhos, meus verdadeiros devotos, aqueles que se deram a mim para que eu os conduza a meu divino Filho, aqueles que levo por assim dizer nos meus braços, que vivem de meu espírito.
“Enfim, apelo aos Apóstolos dos Últimos Tempos, aos fiéis discípulos de Jesus Cristo que viveram no desprezo do mundo e de si próprios, na pobreza e na humildade, no desprezo e no silêncio, na oração e na mortificação, na castidade e na união com Deus, no sofrimento e desconhecidos do mundo.
“É chegado o tempo para que eles saiam e venham iluminar a Terra. Ide e mostrai-vos como meus filhos amados. Estou convosco e em vós, contanto que vossa fé seja a luz que vos ilumina nestes dias de desgraças.
“Que vosso zelo vos faça como que famintos da glória e honra de Jesus Cristo. Combatei, filhos da luz, pequeno número que isto vedes, pois aí está o tempo dos tempos, o fim dos fins.
“A Igreja será eclipsada, o mundo estará na consternação. Mas eis Enoc e Elias cheios do Espírito de Deus. Eles pregarão com a força de Deus, os homens de boa vontade acreditarão em Deus e muitas almas serão consoladas. Eles farão grandes progressos, pela virtude do Espírito Santo, e condenarão os erros diabólicos do Anticristo.
“Ai dos habitantes da Terra! Haverá guerras sangrentas e fome, peste e doenças contagiosas. Haverá chuvas feitas de saraivadas espantosas de animais, trovoadas que abalarão as cidades, terremotos que engolirão países. Ouvir-se-ão vozes pelos ares. Os homens baterão as cabeças contra as paredes. Pedirão a morte, e por outro lado a morte será seu suplício. O sangue correrá de todo lado.
“Quem poderá resistir, se Deus não diminuir o tempo da prova? Deus se deixará dobrar pelo sangue, lágrimas e orações dos justos. Enoc e Elias serão mortos. Roma pagã desaparecerá. O fogo do céu cairá e consumirá três cidades.
“Todo o universo será tomado de terror, e muitos se deixarão seduzir, porque não adoraram o verdadeiro Cristo vivo entre eles. Chegou a hora, o sol se obscurece, só a fé viverá.
“Chegou o tempo, o abismo se abre. Eis o rei dos reis das trevas, eis a Besta com seus súditos, dizendo ser o salvador do mundo. Ele se elevará orgulhosamente nos ares para ir até o céu. Será asfixiado pelo sopro de São Miguel Arcanjo. Cairá. E a Terra, que durante três dias terá estado em contínuas evoluções, abrirá seu seio cheio de fogo. Ele será submerso para sempre, com todos os seus, nos despenhadeiros eternos do inferno.
“Então a água e o fogo purificarão a Terra e consumirão todas as obras do orgulho dos homens, e tudo será renovado. Deus será servido e glorificado”.
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Fonte: Michel Corteville – René Laurentin, “Découverte du Secret de La Salette — Au-delà des polémiques, la vérité sur l’apparition et ses voyants”, Fayard, Paris, 2002.

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