terça-feira, 25 de outubro de 2016

O sacerdote e Maria

O Padre precisa de Maria como sua mãe espiritual também para protegê-lo de tantas ciladas que podem se apresentar na vida sacerdotal. A primeira dessas ciladas é contra a fé: sucumbir à tentação de agradar aos homens, agradar à mentalidade da época colocando em perigo a doutrina católica




Sermão para a Solenidade Externa da Assunção
21.08.2016 – Padre Daniel Pinheiro, IBP
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Caros católicos, nós festejamos hoje a Assunção de Nossa Senhora, quer dizer, o fato de que Maria Santíssima, em corpo e alma, subiu aos céus. A Assunção de Maria Santíssima foi motivo de imensa alegria no céu, pois anjos e santos receberam a sua Rainha. Uma grande alegria para nós que estamos nesse mundo, por ver a santidade de tão boa Mãe recompensada inteiramente e por ganharmos tal advogada no céu. A Mãe de Deus, tendo vivido tão perfeitamente nesse mundo, tão unida ao seu Filho e à Santíssima Trindade, crescendo sempre no amor a Deus, recebe, assim, o prêmio da bem-aventurança eterna.
Aproveitemos a ocasião dessa primeira Missa do Padre, para rapidamente tratar da relação do sacerdote para com a sua Mãe, Maria Santíssima. Antes de tudo, o sacerdote é filho de Maria. Maria é a Mãe do Sumo e Eterno Sacerdote, Nosso Senhor Jesus Cristo. O ofício próprio do sacerdote é ser mediador entre Deus e os homens, dando aos homens as coisas divinas e oferecendo a Deus as preces dos homens, oferecendo o sacrifício e satisfazendo pelos pecados. Ora, Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, transmitiu aos homens a doutrina sagrada e as graças de Deus, e ofereceu-Lhe a satisfação perfeita pelo pecado com a sua paixão e morte. Jesus Cristo é o sumo e perfeito Sacerdote. Maria é Mãe de Jesus Cristo Sumo Sacerdote. Ora, o sacerdócio que recebem os padres católicos nada mais é do que uma participação no sacerdócio de Cristo. Dessa forma, o sacerdote tem Maria como mãe de seu sacerdócio.
Podemos nos perguntar, todavia, onde ocorreu a ordenação sacerdotal de Nosso Senhor? Onde e em que momento? A unção sacerdotal dEle deu-se no exato momento de sua Encarnação no ventre de Maria. Nosso Senhor Jesus Cristo é o Sumo Sacerdote pelo fato mesmo de ser verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Foi, então, no ventre de Nossa Senhora que Jesus foi, se assim podemos dizer, ordenado, feito sacerdote. Os padres recebem o sacerdócio das mãos do Bispo, mas devem se deixar formar por Maria, Mãe do Sacerdócio católico.
Assim, como a criança pequena necessita usualmente da ajuda da mãe em sua educação e formação, o padre precisa do auxílio de Maria Santíssima não somente na sua formação como seminarista, não somente no início de seu ministério sacerdotal, mas durante toda a sua vida. O Padre precisa de Maria como sua mãe espiritual, para dirigi-lo, como estrela do mar, a Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Padre precisa de Maria como sua mãe espiritual também para protegê-lo de tantas ciladas que podem se apresentar na vida sacerdotal. A primeira dessas ciladas é contra a fé: sucumbir à tentação de agradar aos homens, agradar à mentalidade da época colocando em perigo a doutrina católica. Outra cilada é o ativismo: entregar-se a atividades sem fim, esquecendo-se da própria vida de oração, da própria vida de união com Deus, esquecendo-se de que o verdadeiro fruto do ministério sacerdotal depende da vida de união do padre com Deus, sendo essa a alma de todo apostolado. Outra cilada, muitas vezes ligada ao ativismo, é colocar o êxito do ministério sacerdotal na quantidade, fazendo de tudo para alcançar quantidade, muitas vezes cedendo, para tanto, na doutrina, na moral, na liturgia. Não é a quantidade o êxito do ministério sacerdotal. O êxito do ministério sacerdotal é a glória de Deus e a santificação das almas, que se pode fazer somente com a fidelidade plena à doutrina católica em todos os seus aspectos. Os frutos de seu ministério, o padre deve entregar a Nosso Senhor Jesus Cristo pelas mãos de Nossa Senhora. Se o padre é fiel, Deus fará frutificar o seu ministério em tempo oportuno. Ainda uma outra cilada é a falta de zelo apostólico. O Padre deve lembrar-se sempre de que foi ordenado sacerdote para levar as almas a Deus. Ele procura manter a maior união com Deus para isso também: para levar as almas mais facilmente ao Senhor. Outra armadilha: o orgulho. Quando parecer ter êxito em seu ministério, o sacerdote deve se lembrar do exemplo perfeitíssimo de Maria: reconhecer que é Deus a causa primeira de todo bem e humilhar-se, como pobre criatura. Assim fez Nossa Senhora na Encarnação, considerando-se mera escrava de Deus, no momento em que se tornava Mãe dEle. Assim fez Maria no Magnificat afirmando a sua humildade. Em todas essas ciladas e tantas outras que podem existir no ministério sacerdotal, Maria, como boa Mãe, ajuda o Padre, se ele tem por ela devoção.
O Padre verdadeiramente devoto de Nossa Senhora procura agradar a tão boa Mãe. Antes de tudo, vai agradá-la não ofendendo seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Em segundo lugar, agrada a Maria tornando-se realmente uma cópia, um retrato, como diz São José Cafasso, de Jesus Cristo, Sumo Sacerdote. Claro, a devoção a Maria pode ter apenas uma finalidade: nos fazer semelhantes a Cristo. O único objetivo de Nossa Senhora, como criatura que é, embora a mais perfeita, é a glória de Deus, é a conversão das almas a Deus.
O Padre deve ter uma devoção profunda a Nossa Senhora, devoção que o leve à imitação de suas virtudes, para melhor imitar Nosso Senhor Jesus Cristo. Mantendo essa sólida devoção a Maria, o padre vai se preservar das ciladas, vai avançar nas virtudes, ganhará almas para Deus, despreocupado do resto. É isso que deve interessar ao sacerdote: a glória de Deus pela salvação das almas. Como dizia Dom Bosco, repetindo São Francisco de Sales, da mihi animas et coetera tolle: dai-me as almas e tirai o resto.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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