segunda-feira, 19 de junho de 2017

O Coração de Jesus é o foco vivo do amor universal

O Coração que no tempo palpitava na terra e que palpita eternamente no céu no sagrado peito de Jesus, é o foco adorável e adorado do amor de Deus e do amor das criaturas. Oh! Quanto devemos amá-Lo! Como devemos precipitar-nos e perder-nos amorosamente neste abismo de amor!




Mons. de Ségur (*) | Tradução Sensus fidei: Em 1670, o venerável Bispo de Evreux, ao aprovar para sua diocese o culto do Sagrado Coração e o Ofício composto a este efeito pelo Pe. Eudes, assim se expressava: “Sendo o Coração adorável de Jesus Cristo uma fornalha de amor a seu Pai e de caridade para conosco, sendo além disso a fonte de uma infinidade de graças sobre todo o gênero humano, todos os homens têm, especialmente os cristãos, estreitíssima obrigação de honrá-Lo, louvá-Lo e glorificá-Lo de todas as maneiras possíveis”.
No mesmo ano dizia o Bispo de Coutances: “Sendo o Coração adorável de nosso Redentor o objeto da dileção e complacência do Pai das misericórdias, e estando reciprocamente todo abrasado de santo amor para este Deus de consolação, como também está todo inflamado de caridade para conosco, ardendo todo de zelo por nossa salvação, todo pleno de misericórdia pelos pecadores, todo pleno de compaixão pelos miseráveis, e sendo o princípio de todas as glórias e felicidades do céu, de todas as graças e bênçãos da terra, e uma fonte inesgotável de toda sorte de favores para os que O honram; devem todos os cristãos esforçarem-se em tributar-Lhe todas as venerações e adorações possíveis”.
Nada mais certo do que esta doutrina.
O Espírito Santo é o próprio Amor: o Amor eterno, substancial e vivente. Portanto Ele repousa plenamente na alma santa de Jesus: é como a luz que está toda condensada no sol, e de onde se esparge pelo mundo. Mas não amando a alma do Filho de Deus senão por meio do Coração, à qual está unida, resulta que o Coração Sagrado de Jesus é o foco visível do amor divino em meio do mundo. “É, como disse São Bernardino de Sena, a fornalha ardentíssima da caridade que inflama e abrasa o universo”.[1] E o fogo desta fornalha é o Espírito Santo, é o Amor eterno.
O Espírito de amor repousa e vive no Coração de Jesus Cristo, como uma pomba em seu ninho. Arde com vivas chamas neste Coração inefável, do qual se derramam no coração de tudo o que é capaz de amar.
O Coração de Jesus é antes de tudo o foco do amor de Deus. Nosso Senhor ama seu Pai com amor absolutamente divino, posto que Ele é Deus assim como seu Pai, e ama a Deus com a alma e o Coração de um Deus. Todo este oceano sem fundo e sem limites de amor passa pelo Coração do Filho de Maria, e dali vai perder-se eternamente no seio do Pai. Como uma torrente irresistível, primeiro transborda e depois arrasta após si todas as criaturas, Anjos e homem, que querem amar a Deus. Todo o amor de Deus, que faz palpitar o Coração da Santíssima Virgem, o coração dos Serafins, Querubins, Arcanjos e Anjos; todo o amor que santificou os Patriarcas, Profetas, Santos e fiéis do Antigo Testamento; todo o amor dos Apóstolos, Mártires e fiéis da Lei da graça, todo este amor emana do Sagrado Coração de Jesus, como de uma fonte inesgotável, infinita. No mundo das almas o Coração de Jesus Cristo é o sol de amor de Deus.
Oh, Salvador meu! A Vós me entrego para unir-me ao amor eterno, imenso e infinito que tendes a vosso Pai. Oh, Pai adorável! Pela Encarnação, a graça e a Eucaristia haveis dado a vosso Filho muito amado; meu é, seu Sagrado Coração me pertence. Ofereço-Vos, pois, todo o amor eterno, imenso e infinito de vosso Filho Jesus, como um amor que é meu. E do mesmo modo que Jesus nos disse: “Amo-vos como meu Pai me ama”,[2] possa eu também dizer-Vos, oh meu divino Pai: “Amo-Vos como vosso Filho Vos ama”.
Oh! Que graça é ser membro de Jesus Cristo, e assim poder amar por seu Coração, amar com seu Coração!
O divino Coração de Jesus é igualmente a fonte do amor da Santíssima Virgem. Depois de seu Pai celestial, ninguém ama tanto Jesus como sua Mãe; ou melhor, como verdadeiro filho seu, a ama com o mesmo amor com que ama seu Pai, não lhes separando jamais em suas divinas ternuras. E aqui também é por seu Coração, por meio de seu Coração, como o Verbo encarnado ama a Santíssima Virgem, e comunica este filial amor a todos os corações que se lhe sujeitam. O amor que temos à Santíssima Virgem Maria, o amor com que a amaremos no céu por toda a eternidade, dimana, pois, como de sua origem, do Coração de Jesus.
E o mesmo sucede com todo amor puro e legítimo, no céu e na terra: provém da Fonte única, da Fonte viva do amor; do amantíssimo e adorabilíssimo Coração de nosso Salvador. Com demasiada frequência, ai!, abusamos deste tesouro e apartamos de seu verdadeiro objeto o amor que nos tem nosso Deus; mas, em si mesmo, este amor nem por isso deixa de ser um dom puríssimo, e profaná-lo é um verdadeiro sacrilégio.
Deste modo, o Coração que no tempo palpitava na terra e que palpita eternamente no céu no sagrado peito de Jesus, é o foco adorável e adorado do amor de Deus e do amor das criaturas. Oh! Quanto devemos amá-Lo! Como devemos precipitar-nos e perder-nos amorosamente neste abismo de amor!
Mas, Salvador meu, sou pobre e miserável, e não posso lançar, como conviria, meu coração sobre o vosso Coração. Fazei por mim, Jesus misericordioso, algo que haveis feito por alguns de vossos escolhidos; dignai-Vos receber meu débil coração, e abismá-lo, como o de vossa serva Margarida Maria, no vosso que está ardendo de amor. Abrasai-o, derretei-lhe o ferro de seu egoísmo natural, e não mo devolvais sem que esteja transformado em uma chama de amor, que, a partir de então, faça-me amar todas coisas como Vós e em Vós.
Notas:
[1] “Fornax ardentíssima charitatis, ad inflammandum et incenden lum orbem terrarum”. (Serm. de Passione Domini, part. II, tit. 1.).
[2] “Sicut dilexit me Pater, et ergo dilexi vos”. (Jo XV, 9).
(*) Monsenhor de Ségur. El Sagrado Corazon de Jesus. pp. 68-72. Casa Editorial de Manuel Galindo y Bezares. 1888.

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