sábado, 24 de junho de 2017

Santa Gema Galgani e os estigmas da Paixão


Nesse mês de Junho, onde celebramos e dedicamos todo ele ao Sagrado Coração de Jesus, com mais fervor e piedade em nossas orações, em reparo e desagravo pelas ofensas sofridas diariamente pelos Sacratíssimos Corações; de forma propícia falarei* dos estigmas da Paixão que Santa Gema recebeu no dia 8 de Junho de 1899 - uma Quinta-feira Santa**, véspera da festa do Sagrado Coração de Jesus. E lá se vão 118 anos...

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A pobre criatura angelical tinha se recuperado milagrosamente (através da intercessão de Santa Margarida Maria Alacoque, invocando todas as noites o Sagrado Coração de Jesus) de uma grave doença poucos meses antes de receber as chagas de amor - que logo será relatado. Gema havia contraído provavelmente meningite, onde ficou surda, não conseguia andar, tinha um tumor na cabeça, o cabelo caiu e possuia um grande abcesso na região lombar. Ficou meses paralisada numa cama, definhando, até o dia em que foi finalmente operada por médicos, sem ser anestesiada. Já estava sendo preparada para o seu calvário.
No dia 8 de Junho de 1899 Gema saiu de manhã bem cedo para ir a missa, com o desejo ardente de receber Jesus na Sagrada Comunhão. Era o único consolo daquela pobre criatura.

Durante a comunhão, Gema encontra-se profundamente recolhida e desligada do mundo e surge-lhe a certeza de que à noite Jesus há de aparecer para ela. Ela fica em sobressalto. Avalie, estar frente a frente com Jesus! Os próprios Anjos cobrem o rosto com asas para não sucumbirem diante da majestade infinita dEle.

A certeza de ver o Divino Amor é tão real e indiscutível que Gema vai direto ao confessor, Monsenhor Volpi, para eliminar qualquer mancha de sua inocente consciência.

À tarde, já em casa, ela se retira à solidão de seu quarto. A sós, mergulha como que no fundo do mar. Submerge num mundo de trevas para na saída encontrar uma luz diferente da terra.

Gema pôs-se a rezar. Os sentidos do corpo desligam-se, descansam, mas as potências da sua elevada alma estão aguçadíssimas. Seus olhos abertos não veem nada de material. A inteligência penetra a gravidade dos pecados.

A memória liga os pecados aos sofrimentos de Cristo, pendente na Cruz, cujo sangue precioso escorre diante dos olhos espirituais da alma.

A vontade quer eliminar as manchas. Sentimentos de gratidão, arrependimento, esperança e dor misturam-se no seu cálido e pujante coração.

Os sentimentos internos são tão profundos, que o corpo de Gema permanece hirto, imóvel, estático. Perdeu os sentidos. Está absorta na visão interior. Está em êxtase.

Sem nenhum preâmbulo, aparece de chofre diante dos olhos interiores a Mãe de Jesus, que produz nela uma transformação total. À direita da Mãe de Deus, ela vislumbra o seu Anjo da Guarda, que lhe acena para fazer o ato de contrição. Gema pede perdão à Mãe do Céu. Para encontrar-se com Cristo é necessário estar livre de remorsos, angústias, enfim, de qualquer inquietude da consciência. A Mãe fala num sorriso contagiante: "Minha filha..."

Estas palavras provocam um estremecimento, como de corrente elétrica, no corpo rígido de Gema. A Mãe continua, com sua voz que só os ouvidos da alma percebem: "Jesus quer dar-te uma graça... Saberás tornar-te digna?"

Gema não consegue responder, está extasiada. Sem o domínio externo de suas faculdades. Mas ao mesmo tempo embevecida, absorta e até hipnotizada pelo contágio da Virgem Santíssima.

Uma purificação interior e e misteriosa a eleva, como se a própria alma fosse lavada. A Virgem estende o manto azul sobre ela. Neste instante surge a fisionomia terna e amiga de Jesus, com as chagas abertas, mas sem projetar sangue, mas rompem chamas ardentes, que se jogam sôfregas sobre as mãos, os pés e o coração de Gema, que pensa morrer de alegria. Está prestes a cair pesadamente no chão. A Mãe de Deus a sustenta solícita, conservando-a ereta sob o seu manto.

A impressão é tão forte que Gema julga saborear uma gota da felicidade eterna. A Virgem inclina-se maternalmente sobre essa pobre alma e lhe imprime um beijo delicado na fronte. No mesmo instante desaparece o cenário. Ela acorda com a posse perfeita dos sentidos do corpo. Encontra-se ajoelhada no seu quarto.

Olha ao seu redor. Localiza-se no tempo e no espaço. Sente uma dor terrível nas mãos, nos pés e no coração. Levanta-se pesarosa. Um calor escorre dos lugares dolorosos.

Gema acabou de receber os estigmas da Paixão de Jesus. Um impulso de defesa a invade. Ninguém pode saber deste segredo. Cobre as mãos com luvas, envolve as outras partes com meias grossas e panos. A noite está avançada. Gema quer deitar-se. Um peso de chumbo a retém. O Anjo da Guarda dá-lhe a mão e a ajuda...

Apesar das dores físicas, uma paz indescritível toma conta de todo seu ser. Jamais experimentou tamanha paz, embora as dores das chagas a torturarem. A semelhança com Jesus, na Cruz, arranca-lhe lágrimas intermináveis. Nunca se lembrara, que Jesus estivesse tão perto e a marcasse com as chagas de seu frágil - e mesmo assim tão forte corpo.
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A Gema do Paraíso (1980) - Padre Afonso de Santa Cruz
O texto está baseado no livro de Padre Afonso. Alguns trechos estão idênticos, eu apenas copiei. Com exceção do primeiro parágrafo, que é meu, mas também baseado na vida de Santa Gema. Outros estão adaptados, mas apenas para facilitar o entendimento, de acordo com a linguagem atual. Nenhum sentido foi alterado. Para quem se interessou o texto encontra-se nas pp. 45-48.
** Neste mesmo dia, 8 de Junho de 1899, Santa Gema reza pela primeira vez a Hora Santa, que falarei oportunamente depois.

Fonte:

3 comentários:

  1. Gostei.
    Simples e claro. Tem alguma sugestão de sites ou livro que falem de Santa Gemma?
    também tenho um blog com temas católicos, só que mais voltado pra música. http://simplescomooar.blogspot.com/

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  2. Ótima formação goste muito do conteúdo.

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  3. Adorei eu queria comprar os livros

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