segunda-feira, 26 de março de 2018

A PERDA DO ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO



Um dos efeitos da reforma litúrgica é a perda do espírito de sacrifício. O sacrifício já não é mais buscado sem o prazer. Dom Lefebvre denuncia essa nova orientação e lembra por que a Igreja sempre pediu aos fiéis a mortificação.
1 – Se já não há sacrifício da missa, tampouco há espírito de sacrifício
O catolicismo está fundado essencialmente sobre a cruz. Se não existe mais a noção do sacrifício da Cruz, do sacrifício da missa que continua o sacrifício da Cruz, já não se é mais católico. Nesta fé, na Cruz de Jesus e em seu Coração aberto, é onde encontramos a fonte das graças. Quando contemplamos sua cabeça coroada de espinhos e suas mãos transpassadas, encontramos todas as graças de ressurreição e de redenção que necessitamos. Se o sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo é suprimido em nossos altares, apenas uma Eucaristia permanece, ou seja, uma refeição compartilhada, uma comunhão. Esse já não é mais o espírito da Igreja Católica que se fundamenta essencialmente na Cruz e no espírito de sacrifício.
Devemos reconhecer que o espírito de sacrifício está desaparecendo à nossa volta. Ninguém quer se mortificar, mas gozar e aproveitar a vida, mesmo entre os católicos. Por quê? Porque a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo já não está mais lá. E se já não há mais uma Cruz, já não existe mais uma Igreja Católica. É uma questão de considerável gravidade. É a mudança de orientação que foi feita durante o Concílio.
2 – Sem o espírito de sacrifício, toda a vida familiar é afetada
Em razão do fato de que depois do Concílio já não mais se fala do sacrifício da missa, o espírito de sacrifício desaparece e ninguém mais o entende.
“Somos livres! A vida é feita para desfrutar dos bens e das diversões! Todos deveriam ter a mesma quantidade de bens, de prazeres e de oportunidades para desfrutar”.
Assim, a noção de sacrifício é eliminada. Por que os casamentos já não duram mais? “Para quê se sacrificar? Se eles não mais se entendem, deixe-os separar! Os filhos são um fardo…” Ninguém se sacrificará por eles e, portanto, não os conceberão mais, ou assassinam as pobres crianças inocentes por meio do aborto. Esse é o mundo moderno: “Fora com o sacrifício!”
3 – Por que a Igreja pede o desprezo para com as coisas deste mundo?
Em nossas orações, tudo o que concretiza o espírito de desprendimento das coisas deste mundo desapareceu: “Que aprendamos a desprezar as coisas da terra e a amar as do Céu”, porque agora já não é necessário desprezar as coisas da terra. Agora devemos ter estima pelas coisas deste mundo e pelos bens materiais. É inadmissível ter desprezo pelas coisas deste mundo! Evidentemente, é inadmissível se não se reconhece que as coisas deste mundo são uma ocasião de pecado.
As coisas não são desprezíveis em si mesmas, mas para nós são uma ocasião de pecado. À medida que a riqueza e o prazer nos fazem cair em pecado, temos que nos desapegar deles. Infelizmente, todas as coisas na terra, por causa da malícia que há em nós, atraem-nos ao pecado. Daí a necessidade da ascese espiritual. Portanto, em que consiste a nova ascese?
O próprio Deus nos pediu que usemos os bens deste mundo para cumprir nosso dever de estado. Portanto, está claro que temos de usá-los. Mas a desordem introduzida em nós com o pecado original faz com que busquemos esses bens de maneira desordenada e excessiva, o que nos leva a afastar-nos da oração e de Deus. O que, de fato, é a oração, senão a elevação de nossas almas a Deus? Muitas pessoas já não elevam sua alma a Ele porque estão completamente ocupadas com as coisas deste mundo. Já não rezam e já não mais se associam à oração de Nosso Senhor, que é o santo sacrifício da Missa e acabam desertando das igrejas porque estão repletas do espírito do mundo.
Monsenhor Marcel Lefebvre
A MISSA DE SEMPRE

Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est

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