Catecismo Ilustrado - Parte 21
A Graça
1. Não podemos observar os mandamentos, praticar a
virtude, evitar o pecado só com as nossas forças: É-nos necessária a Graça de
Deus.
2. A Graça é um dom sobrenatural, que Deus nos
concede gratuitamente em virtude dos merecimentos de Jesus Cristo para efetuar
a obra da nossa salvação.
3. Há duas espécies de Graça, a Graça habitual, ou
santificante, e a Graça atual e auxiliante.
4. A Graça habitual ou santificante é um dom
sobrenatural, estável e permanente, que o Espírito Santo infunde gratuitamente
pelos merecimentos de Jesus Cristo na nossa alma, a fim de tornar aceite e
agradável a Deus e herdeira do paraíso. Esta Graça é muito apreciável: é a
Graça por excelência, aquele dom perfeito, superior a todos os dons e sem o
qual todos os dons sobrenaturais se perdem, porque, sem a Graça santificante,
não há salvação para o homem.
5. Podemos perder esta Graça: basta um só pecado
mortal para nos fazer perder a Graça habitual.
6. A Graça atual ou auxiliante, é todo o auxílio
divino e de momento, que nos excita, nos move e ajuda a praticar a virtude e
fugir do mal.
7. A Graça atual é-nos tão necessária, que sem ela
não podemos fazer coisa alguma útil para a salvação.
8. Deus concede-nos a Graça atual todos as vezes
que é necessária, e que a pedimos devidamente.
9. Podemos infelizmente resistir à Graça, e
resistimos-lhes demasiadas vezes.
10. A Graça atual é um socorro ou interior, ou
exterior. A Graça auxiliante interior consiste na luz sobrenatural que Deus dá
o entendimento e nos bons movimentos que dá nos corações. A Graça atual
exterior consiste nos sermões, nos bons exemplos, nos bons conselhos, nos
milagres, nos castigos dos pecadores, até nas doenças e enfermidades, etc,
enfim, todo o auxílio exterior que nos leva ao cumprimento dos nossos deveres.
11. Não podemos merecer os auxílios da Graça; Nosso
Senhor os dá gratuitamente; mas podemos perdê-los.
12. Deus dá a Graça atual a todos os homens, porque
quer que todos os homens se salvem, e porque Nosso Senhor morreu na cruz por
todos.
13. Podemos alcançar a Graça de Deus por dois
meios: Pelo uso dos sacramentos recebemos a Graça santificante; e pela oração a
Graça auxiliante.
14. A Graça habitual, já o dissemos, perde-se pelo
pecado mortal, e diminui pelo pecado venial.
15. Podemos recuperar a Graça perdida pelo
sacramento da Penitência, ou por um ato de contrição perfeita, acompanhado do
desejo de nos confessarmos.
16. Geralmente falando, pode chamar-se Graça a todo
o favor que Deus nos faz; e neste sentido, a multidão inumerável de benefícios
que temos recebido desde o primeiro instante do nosso ser, e que estamos
recebendo em todos os momentos da nossa vida são outras tantas graças que Deus
nos dispensa e que estão pedindo o nosso contínuo e eterno agradecimento.
17. A posse da Graça habitual chama-se estado de
Graça. Neste feliz estado, amamos a Deus e Deus nos ama, e todas as nossas
ações, mesmo as mínimas, tornam-se sobrenaturais e merecedoras do paraíso.
Explicação da gravura
18. Na parte superior à direita, São Paulo está
representado dando-nos o exemplo da fidelidade à Graça. Um dia, quando se
dirigia à cidade de Damasco com intenção de prender todos os cristãos que nela
encontrasse, ouviu uma voz que lhe disse: “Saulo, Saulo, porque me persegues?”
Respondeu-lhe: “Quem sois, Senhor?” E a voz respondeu: “Eu sou Jesus a Quem tu
persegues.” E São Paulo disse: “Senhor, que quereis que eu te faça?” (Atos IX,
3-19)
19. Na parte superior esquerda, vê-se Nosso Senhor
falando com a mulher samaritana.
20. A alma em estado de Graça está representada por
uma virgem com um lírio na mão. Está olhando para o Céu e o Espírito Santo
habita no seu coração. A alma em estado de pecado está representada por uma
mulher, presa com cadeias pelo demônio que tomou posse de seu coração.
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