No Segredo de La Salette, Nossa Senhora anunciou um histórico castigo proximamente vindouro sobre a cidade de Roma, com sanguinária perseguição do clero, apostasias inclusive de bispos e destruição de igrejas e conventos.
Entre o 24 de maio e o 24 junho de 1873, São João Bosco escreveu uma carta profética ao bem-aventurado Papa Pio IX, então felizmente reinante em meio a tempestades temíveis suscitadas pelos inimigos da Igreja, internos e externos.
A semelhança de certos aspectos da profecia do grande santo italiano com a previsão de Nossa Senhora em La Salette se patenteia nos termos em que está redigida a carta:
“Era uma noite escura, os homens já não podiam distinguir qual fosse o caminho a ser seguido para voltar sobre os próprios passos, quando apareceu no céu uma luz fortíssima que iluminava as passadas dos viajantes como se fosse pleno dia.
Naquele momento, viu-se uma multidão de homens, mulheres, velhos, crianças, monges, monjas e sacerdotes, tendo à frente o Santo Padre, sair do Vaticano ordenando-se como se fosse uma procissão.
Mas sobreveio um temporal furioso que, obscurecendo um pouco essa claridade, parecia travar uma batalha entre luz e trevas.
Nesse meio tempo, chegou-se a uma pequena praça coberta de mortos e feridos, vários dos quais pediam conforto com fortes gritos.
A fila da procissão foi rareando bastante.
Depois de ter caminhado por um tempo correspondente a duzentos nasceres do sol, cada um percebeu que não estava mais em Roma.
Beato Papa Pio IX recebeu a carta profética de Don Bosco
O desconcerto tomou conta de todos e todos se reuniram em volta do Santo Padre para proteger sua pessoa e assisti-lo em suas necessidades.
Naquele momento apareceram dois anjos portando um estandarte que foram apresentar ao Santo Padre, dizendo:
– Recebe a bandeira d'Aquele que combate e dispersa os exércitos mais fortes da Terra. Os teus inimigos desapareceram, os teus filhos invocam teu retorno com lágrimas e suspiros.
Levantando-se o olhar para o estandarte, via-se escrito, de um lado, Regina sine labe concepta (N.T.: Rainha concebida sem pecado original) e, do outro, Auxilium Christianorum (N.T.: Auxílio dos Cristãos).
O Pontífice pegou com alegria o estandarte, mas, vendo o pequeno número de pessoas que haviam sobrado à sua volta, mostrou-se muito aflito. Os dois anjos acrescentaram:
– Vai logo consolar os teus filhos. Escreve aos teus irmãos dispersos nas várias partes do mundo que é necessário fazer uma reforma dos costumes dos homens. Isso não poderá ser alcançado senão distribuindo aos povos o pão da Palavra Divina.
'Catequizai as crianças, pregai o desapego das coisas terrenas. Chegou o momento em que os pobres evangelizarão os povos, concluíram os dois anjos. Os levitas serão procurados entre a enxada, a pá e o martelo, para que se cumpram as palavras de Davi: “Deus levantou o pobre da terra para colocá-lo no trono dos príncipes de teu povo”.'
Após ouvir tudo isso, o Santo Padre moveu-se e as fileiras da procissão começaram a engrossar. Quando, por fim, pôs os pés na Cidade Santa, começou a chorar pela desolação em que estavam os habitantes, muitos dos quais haviam morrido.
São João Bosco escrevendo
Retornando a São Pedro, cantou o Te Deum, e lhe respondeu um coro de Anjos cantando Gloria in excelsis Deo et in terra pax hominibus bonae voluntatis.
Concluído o cântico, cessou totalmente a escuridão e abriu-se um sol claríssimo.
As cidades, as vilas, os campos tinham sua população bastante diminuída. A terra estava pisada como se tivesse passado um furacão, um temporal, o granizo, e as pessoas iam umas ao encontro das outras dizendo com a alma comovida: Est Deus in Israel. (Há Deus em Israel)
Do início do exílio até o Te Deum, o sol levantou-se duzentas vezes. Todo o tempo que passou durante a realização desses fatos corresponde a quatrocentos amanheceres”.
O terceiro segredo de Fátima, o Beato Palau e o sonho das duas colunas do próprio São João Bosco, acenam perspectivas semelhantes e desfechos análogos.
FONTES
1) Archivio Salesiano Centrale, Roma, (AS S132 Sogni 1). Fotocopia del manoscritto di Don Gioacchino Berto segretario, con postille marginali autografe di San Giovanni Bosco, descritto e trascritto da Don Angelo Amadei nel vol. X delle Memorie Biografiche.
2) P. Giovanni Battista Lemoyne S.D.B., “Memorie Biografiche del Venerabile Don Giovanni Bosco”, Tipografia S.A.I.D. “Buona Stampa”, Torino, 1917, volume IX. (Appendice “B”, pp. 999-1000).
3) Cecilia Romero, “I sogni di Don Bosco – edizione critica”, Elle Di Ci, Leumann (Torino), 1978, pp. 27-32).
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