quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Comunhão Espiritual - Santo Afonso Maria de Ligório

 

Os meum aperui, et attraxi spiritum — “Abri a minha boca, e atraí o alento” (Ps. 118, 131).

Sumário. A comunhão espiritual consiste num desejo ardente de receber Jesus sacramentalmente e num amoroso amplexo, como se fosse recebido realmente. Esta devoção é um meio eficacíssimo para chegar à perfeição e ao mesmo tempo é uma devoção facílima, porque pode ser praticada todos os dias, por todos, e quantas vezes se quiser, sem ser vista ou observada por pessoa alguma. Pratica-a, pois, com frequência, em particular, na oração mental, na visita ao Santíssimo Sacramento e na assistência à Missa à hora da comunhão do sacerdote.

I. Segundo Santo Tomás, a comunhão espiritual consiste num desejo ardente de receber Jesus Cristo sacramentalmente e num amplexo amoroso, como se já fora recebido. O santo Concílio de Trento louva muito a comunhão espiritual e convida todos os fiéis a que a ponham em prática. E Deus mesmo, repetidas vezes, tem dado a entender às almas devotas quanto Lhe agrada esta devoção.

Um dia apareceu Jesus a Soror Paula Maresca, fundadora do convento de Santa Catarina de Sena em Nápoles, e mostrou-lhe dois vasos preciosos, um de ouro e outro de prata, dizendo-lhe que o no primeiro guardava as suas comunhões sacramentais e no segundo as espirituais. Em outra ocasião disse o Senhor também à Venerável Joana da Cruz que, sempre que comungava espiritualmente, concedia-lhe uma graça semelhante à que lhe dava na comunhão sacramental. 

Mais tocante é o que um autor fidedigno (1) refere de outro servo de Deus. Quando este fazia na missa a comunhão espiritual, sentira a partícula consagrada levar-se-lhe aos lábios e experimentava na alma uma doçura indizível, querendo o Senhor recompensar desta forma o desejo de seu bom Servo.

Por isso todas as almas devotas costumam praticar com frequência o santo exercício da comunhão espiritual. A Bem-aventurada Angela da Cruz, dominicana, chegou a dizer que, se o confessor não lhe tivesse ensinado este modo de comungar, não teria podido viver. Fazia cem comunhões espirituais durante o dia, e outras cem durante a noite. Nem é de admirar, pois que este modo de comungar, sobre ser uma devoção muito proveitosa, é também facílimo e pode ser praticado cada dia por todos, e quantas vezes se quiser.

A já mencionada Joana da Cruz exclamava: “Ó meu Senhor, que bela maneira de comungar é essa! Sem ser vista por ninguém, sem ter de dar conta a meu diretor espiritual, sem dependência de ninguém senão de Vós, que alimentais minha alma na solidão e lhe falais ao coração!”


II. Procura fazer com frequência a comunhão espiritual; tanto mais que ela é também um meio valiosíssimo para dispor a alma a fazer com mais fruto a comunhão sacramental. Por isso, nas tuas visitas ao Santíssimo Sacramento, na tua oração mental, em cada missa que ouvires, no momento da comunhão do celebrante, faze a comunhão espiritual.

Faze então um ato de fé, crendo firmemente que na Eucaristia está o corpo, o sangue, a alma e a divindade de Jesus Cristo, tão vivo como está no céu. Faze também um ato de amor, unido ao arrependimento dos teus pecados; e em seguida um ato de desejo, convidando Jesus Cristo a entrar em tua alma afim de a fazer toda sua. Agradece-lhe, afinal, como se já o tivesses recebido. 

Para que essas comunhões espirituais te sejam mais proveitosas, une-as aquelas que fizeram todos os santos e em particular a tua querida Mãe Maria. Quantos frutos colherás desta forma para tua alma! Representa-te que cada uma de tuas comunhões será uma pedra preciosa que ornará a tua coroa no céu.

Ó meu Redentor amabilíssimo, agradeço-Vos o me haverdes ensinado este grande meio de santificação e com o vosso auxilio quero aproveitá-lo sempre, a começar pelo dia de hoje. Sim, meu Jesus, creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-Vos sobre todas as coisas e desejo possuir-Vos em minha alma. Visto que não posso agora receber-Vos sacramentalmente, vinde ao menos espiritualmente ao meu coração. Abraço-Vos, como se já tivesses vindo, e me uno inteiramente a Vós; não permitais que jamais me aparte de Vós.

Ó Maria, vós que tanto desejais ver vosso Filho amado de todos, se me amais, eis aí a graça que vos peço e que me haveis de alcançar: obtende-me um grande amor a Jesus. Obtende-me também um grande amor a vós, que sois a criatura mais amante, a mais amável e a mais amada de Deus. O amor para convosco é uma graça que Deus não concede senão a quem deseja salvar. 

(1) P. J. Bider O. P.

Santo Afonso Maria de Ligório in 'Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano' (Tomo III)

domingo, 23 de agosto de 2020

Quem é o sacerdote? - Santo Cura d'Ars

 


Quem é o sacerdote? Um homem que ocupa o lugar de Deus, um homem que é revestido de todos os poderes de Deus. "Ide. - diz Nosso Senhor ao sacerdote - Assim como Meu Pai me enviou, assim Eu vos envio... Todo poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide, pois, instruí todas as nações... Quem vos escuta a Mim escuta; quem vos despreza a Mim despreza". 

Quando o padre perdoa os pecados, não diz: "Deus vos perdoe". Diz: "Eu vos absolvo". Na Consagração, ele não diz: "Isto é o Corpo de Nosso Senhor". Diz: "Isto é o Meu Corpo".

S. Bernardo diz-nos que tudo veio por Maria, pode-se dizer também que tudo nos veio pelo sacerdote: sim, todas as venturas, todas as graças, todos os dons celestes.

Se não tivéssemos o sacramento da Ordem, não teríamos Nosso Senhor. Quem foi que o pôs aí nesse tabernáculo? Foi o Padre. Quem foi que recebeu vossa alma à sua entrada na vida? O Padre. Quem a alimenta para lhe dar a força de fazer a sua peregrinação? O Padre. Quem a prepara para comparecer perante Deus, lavando essa alma pela primeira vez no sangue de Jesus Cristo? O Padre, sempre o Padre. E se essa alma vier a morrer, quem a ressuscitará? Quem lhe restituirá a calma e a paz? Ainda o Padre. Não vos podeis lembrar de um só benefício de Deus sem encontrardes, ao lado dessa lembrança, a imagem do Padre.

Ide-vos confessar à Santíssima Virgem ou a um anjo: eles vos absolverão? Não. Dar-vos-ão o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor? Não. A Santíssima Virgem não pode fazer descer Seu Divino Filho à hóstia. Tivésseis aí duzentos anjos, e eles não poderiam absolver-vos. Um padre, por mais simples que seja, pode-o; pode dizer-vos: "Ide em paz, eu vos perdoo". Oh! Como o padre é alguma coisa de grande!

O padre só será bem compreendido no Céu... Se o compreendêssemos na terra, morreríamos não de pavor, mas de amor...

Os outros benefícios de Deus de nada nos serviriam sem o padre. De que serviria uma casa cheia de ouro, se não tivésseis ninguém para vos abrir a porta? O padre tem a chave dos tesouros celestes; é ele quem abre a porta; ele é o economista de Deus, o administrador dos seus bens. Se não fosse o padre, a Morte e a Paixão de Nosso Senhor de nada serviriam. Vede os povos selvagens: de que lhes serviu que Nosso Senhor morresse? Ai! Eles não poderão ter parte no benefício da redenção enquanto não tiverem padres para lhes fazerem a aplicação do Seu Sangue. O padre não é padre para si: não dá a si a absolvição, não administra a si os sacramentos. Ele não é para si, é para vós.

Depois de Deus, o sacerdote é tudo!... Deixai uma paróquia vinte anos sem padre, adorarão ali os animais. (...) Quando se quer destruir a religião, começa-se por atacar o padre, porque onde quer que não haja mais padre, não há mais sacrifício, e onde não há mais sacrifício, não há mais religião. (...)

Vede o poder do padre! A língua do padre, de um pedaço de pão faz um Deus! É mais do que criar o mundo. Alguém dizia: "Santa Filomena obedece então ao Cura d'Ars?" Certo, ela bem pode obedecer-lhe, já que Deus lhe obedece.

Se eu encontrasse um padre e um anjo, cumprimentaria o padre antes de cortejar o anjo. Este é o amigo de Deus, mas o padre faz as vezes de Deus... Santa Teresa beijava o lugar por onde um padre havia passado... (...)

O sacerdote é o amor do Coração de Jesus. Quando virdes o padre, pensai em Nosso Senhor Jesus Cristo.


São João Maria Vianney in 'Catecismo sobre o sacerdote - Espírito do Cura d'Ars' (Abbé A. Monnin)

sábado, 22 de agosto de 2020

GRANDEZAS INEFÁVEIS DE MARIA SANTÍSSIMA

 


Ego ex ore Altissimi prodivi, primogenita ante omnem creaturam — “Eu saí da boca do Altíssimo, a primogênita antes de toda a criatura” (Ecclus. 24, 5)

Sumário. Assim como o divino Redentor, a Santíssima Virgem pode ser também chamada Filha primogênita de Deus. Primogênita na ordem da natureza; porque na criação do universo, depois da glória de si mesmo e de Jesus Cristo, o Senhor teve em mira a de Maria. Primogênita na ordem da graça; porque mais do que qualquer outro foi cheia de todas as graças celestiais. Primogênita na ordem da glória; por ser a Rainha de todos os Santos. Façamos um ato de fé acerca de todas estas grandezas da divina Mãe; demos graças a Deus em seu nome e pelos nossos obséquios procuremos desagravá-la de todos os ultrajes que recebe.

******************************

É com razão que a Igreja põe na boca da Santíssima Virgem este elogio da divina Sabedoria: Eu saí da boca do Altíssimo como a primogênita; porquanto, semelhante a Jesus Cristo, ela é verdadeiramente a Filha primogênita de Deus, na ordem da natureza, da graça e da glória.

Primogênita na ordem da natureza, não quanto ao tempo, mas, como afirma São Bernardo, quanto à intenção; porque o eterno Artífice, projetando a formação do universo, dirigiu tudo, depois da sua própria glória e depois da de Jesus Cristo, para a glória de Maria. — Por isso se diz de Maria que ela não somente escolheu as coisas mais excelentes, mas dentre as coisas mais excelentes a ótima parte; porque o Senhor a dotou, em grau supremo, de todos os dons gerais e particulares conferidos às demais criaturas: Optimam partem elegit (1).

Maria é também a primogênita de Deus na ordem da graça; porque, sendo destinada a ser Mãe de Deus, foi, desde o primeiro instante de sua imaculada Conceição, tão enriquecida de graças, que levava vantagem a todos os anjos e santos juntos. — Nem deixou o grande cabedal de graças desaproveitado; mas, como estivesse dotada do uso perfeito da razão desde o seio de sua mãe, começou desde logo e continuou sempre a fazê-lo rendoso, e mesmo, como dizem os teólogos, a duplicá-lo em cada momento de sua longa vida. De sorte que ela pode dizer com verdade: Senhor, se não Vos amei tanto como o mereceis, ao menos Vos amei quanto me foi possível.

Se é certo, como é certíssimo, que Deus retribuirá a cada um segundo as suas obras (2), segue-se que a Bem-aventurada Virgem é a primogênita de Deus também na ordem da glória; gozando, em contraste dos outros Santos, uma beatitude plena e completa sob todos os pontos de vista. “De tal modo”, diz São Basílio, “que, como o esplendor do sol, a nosso ver, excede o brilho de todas as estrelas juntas, assim a glória da divina Mãe é superior a de todos os Bem-aventurados”. — Façamos um ato de viva fé, e regozijemo-nos com Maria pela sua tríplice primogenitura; em seu nome demos graças a Deus. Ao mesmo tempo congratulemo-nos conosco, porque a grandeza de uma Mãe redunda em honra e vantagem dos filhos: Gloria filiorum patres eorum (3).

Apesar de ser a Filha primogênita de Deus na ordem da natureza, da graça e da glória, Maria Santíssima é pouco, muito pouco venerada pela maior parte dos homens. Nem mesmo faltam homens desnaturados que chegam ao excesso de blasfemar contra ela. — Se nos quisermos mostrar dignos filhos de tão grande Mãe, não basta que nos abstenhamos de a ofender; devemos também, quanto estiver a nosso alcance, espalhar por palavras e exemplos a sua devoção e reparar as ofensas que lhe são feitas. Digamos-lhe, portanto, com amor:

† “Gloriosíssima Virgem, Mãe de Deus e nossa Mãe, Maria, volvei o vosso olhar piedoso a nós, pobres pecadores, que, aflitos pelos muitos males que nos cercam na vida presente, sentimos dilacerar-se o nosso coração ao ouvir as injúrias e blasfêmias atrozes que muitas vezes ouvimos vomitar contra vós, ó Virgem imaculada. Oh! quanto ofendem aquelas palavras ímpias à Majestade infinita de Deus e de seu Filho unigênito, Jesus Cristo! Quanto provocam a sua indignação e nos fazem temer os efeitos terríveis de sua vingança! Se com o sacrifício de nossa vida pudéssemos impedir tantos ultrajes e blasfêmias, sacrificá-la-íamos de boa vontade, porque, ó Mãe Santíssima, desejamos amar-vos e venerar-vos de todo o coração, já que é esta a vontade de Deus. E porque vos amamos, faremos quanto nos for possível, para que de todos sejais honrada e amada.

Entretanto, ó Mãe piedosa, soberana consoladora dos aflitos, aceitai este ato de reparação que vos oferecemos em nosso nome e no de todos os nossos; também por todos aqueles que, não sabendo o que dizem, blasfemam impiamente contra vós; afim de que, impetrando de Deus a conversão deles, torneis mais patente e gloriosa a vossa piedade, o vosso poder, a vossa grande misericórdia; e eles se unam conosco para vos proclamar a bendita entre as mulheres, a Virgem imaculada, a piedosíssima Mãe de Deus”. (4)

  1. Off. Assumpt.
    2. Rom. 2, 6.
    3. Prov. 17, 6.
    4. Quem rezar este Ato de reparação, ajuntando-lhe três Ave Maria, ganha uma indulgência de 300 dias, e se o rezar cada dia, uma indulgência plenária uma vez por mês, debaixo das condições de costume.

Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III – Santo Afonso

Fonte http://www.catolicosribeiraopreto.com/

Corramos para os irmãos que nos esperam - São Bernardo

 

Hoje é dia de São Bernardo de Claraval, Doutor da Igreja, Pregador das Cruzadas e fundador dos Cistercienses.

Que aproveitam aos Santos o nosso louvor, a nossa glorificação e até esta mesma solenidade? Para quê tributar honras terrenas a quem o Pai celeste glorifica, segundo a promessa verdadeira do Filho? De que lhes servem os nossos panegíricos (discursos de louvor)? Os Santos não precisam das nossas honras e nada podemos oferecer lhes com a nossa devoção. Realmente, venerar a sua memória interessa nos a nós e não a eles.

Por mim, confesso, com esta evocação sinto me inflamado por um anseio veemente. 

O primeiro desejo que a recordação dos Santos excita ou aumenta em nós é o de gozar da sua amável companhia, de merecermos ser concidadãos e comensais dos espíritos bem aventurados, de sermos integrados na assembleia dos Patriarcas, na falange dos Profetas, no senado dos Apóstolos, no inumerável exército dos Mártires, na comunidade dos Confessores, nos coros das Virgens; enfim, de nos reunirmos e nos alegrarmos na comunhão de todos os Santos. 

Aguarda-nos aquela Igreja dos primogénitos e nós ficamos insensíveis; desejam os Santos a nossa companhia e nós pouco nos importamos; esperam-nos os justos e nós parecemos indiferentes.

Despertemos, finalmente, irmãos. Ressuscitemos com Cristo, procuremos as coisas do alto, saboreemos as coisas do alto. Desejemos os que nos desejam, corramos para os que nos aguardam, preparemo-nos com as aspirações da nossa alma para entrar na presença daqueles que nos esperam. Não devemos apenas desejar a companhia dos Santos, mas também a sua felicidade, ambicionando com fervorosa diligência a glória daqueles por cuja presença suspiramos. Na verdade, esta ambição não é perniciosa, nem o desejo de tal glória é de modo algum perigoso.

Ao comemorarmos os Santos, um segundo desejo se inflama em nós: que, tal como a eles, Cristo, nossa vida, Se nos manifeste também e que nos manifestemos também nós com Ele revestidos de glória. É que de momento a nossa Cabeça revela-Se-nos não como é, mas como encarnou por nós, não coroada de glória, mas rodeada dos espinhos dos nossos pecados. Envergonhemo-nos de sermos membros tão requintados sob uma Cabeça coroada de espinhos, à qual por agora a púrpura não proporciona honras mas afronta. 

Chegará o momento da vinda de Cristo; e já não se anunciará a sua morte, para sabermos que também nós estamos mortos e que a nossa vida está escondida com Ele. Aparecerá a Cabeça gloriosa e com ela resplandecerão os membros glorificados, quando Ele transformar o nosso corpo mortal e o tornar semelhante ao corpo glorioso da Cabeça que é Ele mesmo.


Desejemos pois esta glória com total e segura ambição. Mas para podermos esperar tal glória e aspirar a tamanha felicidade, devemos desejar também ardentemente a intercessão dos Santos, a fim de nos ser concedido pelo seu patrocínio o que as nossas possibilidades não alcançam.

in Sermão 2 dos Sermões de São Bernardo, abade

sábado, 15 de agosto de 2020

Assunção de Maria Santíssima

 


Revmo. Sr. Pe. Samuel Bon, Priorado de São Pio X, Lisboa, Portugal Por ocasião da solenidade da Assunção de Maria Santíssima, 2020

15 DE AGOSTO – ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

 



Para ler a Meditação de Santo Afonso para essa data, clique aqui.

Para ler a belíssima Encíclica MUNIFICENTISSIMUS DEUS, de Pio XII, que define o Dogma da Assunção de Nossa Senhora ao Céu em Corpo e Alma, clique aqui.

Abaixo colocamos o momento da proclamação do dogma pelo Papa Pio XII


Fonte

http://catolicosribeiraopreto.com/

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Somos todos servos inúteis

Parecem ter alcançado o grau mais elevado esses que, com todo o coração e sem fingimento, são de tal maneira senhores de si, que nada mais procuram do que ser desprezados, não ser tidos em conta e viver na humildade. 

Enquanto não chegardes aí, pensai que nada fizestes. Com efeito, como somos todos «servos inúteis», nas palavras do Senhor (Lc 17, 10), mesmo que façamos tudo bem, enquanto não alcançarmos este grau de humildade não estaremos na verdade, mas estaremos e caminharemos na vaidade.

Sabes também que o Senhor Jesus começou por fazer antes de ensinar. Mais tarde, haveria de dizer: «Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração» (Mt 11, 29). E quis praticá-lo realmente, sem fingimento. Fê-lo de todo o coração, como era manso e humilde de todo o coração e em verdade. N'Ele não havia dissimulação (cf. 2Cor 1, 19). 

Estava de tal maneira mergulhado na humildade, no desprezo e na abjecção, aniquilara-Se de tal maneira aos olhos de todos, que quando começou a pregar e a anunciar as maravilhas de Deus, e a fazer milagres e coisas admiráveis, ninguém Lhe dava valor, antes O desprezavam e troçavam Dele dizendo: «Não é este o filho do carpinteiro?», e outras coisas parecidas. 

Assim se cumpre a palavra de São Paulo: «Aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo» (Fil 2, 7), e não apenas de servo comum, pela encarnação, mas de um servo inútil, através da Sua vida humilde e desprezada.

São Boaventura in 'Meditações sobre a vida de Cristo'

sábado, 8 de agosto de 2020

Sejamos peregrinos sobre a terra

Dum sumus in corpore, peregrinamur a Domino – “Enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor” (2 Cor 5, 6)
Sumário. Enquanto estivermos sobre esta terra, sejamos como uns peregrinos, que vão errando longe de sua pátria, o paraíso onde Deus nos espera para gozarmos eternamente de sua beleza divina. Se, pois, amamos a Deus e a nossa alma, devemos suspirar continuamente por sairmos deste nosso exílio e separarmo-nos do corpo, a fim de entrarmos na posse de Deus. Quando nos sentirmos oprimidos pelos trabalhos, levantemos os olhos ao céu e consolemo-nos com a lembrança do reino da bem-aventurança.
I. Enquanto estivermos na vida presente, sejamos como que uns peregrinos, porque andamos errando por este mundo, longe da nossa pátria, o céu; onde o Senhor nos espera a fim de gozarmos eternamente de sua visão beatifica.
Dum sumus in corpore, peregrinamur a Domino — “Enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor”
Se, pois, amamos a Deus, devemos suspirar continuamente por sairmos deste exílio, deixando o nosso corpo, a fim de entrarmos na posse de Deus
Antes da Redenção, o caminho para chegar a Deus estava interdito para nós, míseros filhos de Adão. Mas Jesus Cristo obteve-nos com a sua morte o poder de nos fazermos filhos de Deus (1) e assim nos abriu a porta pela qual temos acesso junto a nosso Pai celestial (2) . — Desta sorte, se estamos na graça de Deus, já ficamos sendo concidadãos dos santos e membros da família de Deus (3). Diz Santo Agostinho: A nossa natureza nos fez nascer cidadãos da terra e vasos de ira; mas a graça do Redentor, livrando-nos do pecado, nos fez nascer cidadãos do céu e vasos de misericórdia.
Não é para admirar que os maus queiram ficar sempre neste mundo, porque justamente temem que das penas da vida presente vão passar para as penas eternas e muito mais terríveis do inferno. Mas quem possui o amor de Deus e tem certeza moral de estar em graça, como pode desejar viver mais tempo neste vale de lágrimas, no meio de contínuas amarguras, angústias da consciência e perigos de condenação? Como não suspirará, ao contrário, por chegar em breve à união com Deus na eterna bem-aventurança, onde não haverá mais perigo de perdê-Lo? Ah! As almas abrasadas no amor de Deus, na vida terrestre gemem continuamente e exclamam com o Profeta:
Heu mihi, quia incolatus meus prolongatus est! (4) — “Ai de mim, que o meu desterro se prolongou!”
II. Apressemo-nos, pois, como nos exorta o Apóstolo, a entrar nessa pátria, onde acharemos perfeita paz e contentamento: Festinemus ingredi in illam requiem (5). Apressemo-nos (digo) pelo desejo e não paremos no caminho, enquanto não lançarmos a âncora no porto bem-aventurado que Deus preparou para os que O amam. Quem corre no estádio, diz São João Crisóstomo, não olha para os expectadores, senão para o prêmio que almeja; e não para; antes, quanto mais se aproxima da meta, tanto mais corre. Donde o Santo conclui que, à medida que já se foram os anos de nossa vida, tanto mais devemos apressar-nos, por meio de boas obras, para alcançarmos o prêmio.
Para acharmos alívio nas angústias e amarguras que tenhamos de sofrer na vida presente, a nossa, única oração deve ser esta:
Adveniat regnum tuum (6) —“Venha a nós o vosso reino”
Senhor, venha em breve o vosso reino, onde, unidos convosco, contemplando-Vos face a face, e amando-Vos com todas as nossas forças, não estaremos mais sujeitos ao temor, nem aos perigos de perder-Vos. — E quando nos oprimirem os trabalhos ou desprezos do mundo, consolemo-nos com a lembrança da grande recompensa que Deus preparou para aquele que padece por seu amor.
Eis aqui, ó meu Deus, paratum cor meum (7) — “aparelhado está o meu coração”. Eis que estou disposto a aceitar qualquer cruz que me queirais pôr a carregar. Nesta vida não quero delícias e prazeres; não os merece quem Vos ofendeu e mereceu o inferno. Estou disposto a sofrer todas as enfermidades e contrariedades que me mandeis; disposto estou a abraçar toda a sorte de desprezos da parte dos homens. Se for de vosso agrado, de boa mente aceito que me priveis de todo o alívio corporal e espiritual; basta que não me priveis de Vós mesmo e da ventura de sempre Vos amar. Não o mereço, mas espero-o pelo sangue que derramastes por mim. Amo-Vos, meu Bem, meu Amor, meu tudo. † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas. Viverei eternamente, e eternamente Vos amarei, como espero; o meu paraíso será regozijar-me pela vossa felicidade infinita, de que sois digno pela vossa infinita bondade.
— Ó Maria, minha Mãe, alcançai-me tão grande bem pela vossa poderosa intercessão.
Referências:
(1) Jo 1, 12
(2) Ef 2, 18
(3) Ef 2, 19
(4) Sl 119, 5
(5) Hb 4, 11
(6) Sl 56, 8

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 210-213)

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Alguém sabe o que é a Fé?


A palavra "Fé" surge muitas vezes no que dizemos, ouvimos e lemos mas nem sempre é simples precisar o que é realmente a "Fé". Deixamos aqui a definição que ensina a Igreja, que é muito conveniente saber de cor para poder explicar às outras pessoas. 

§ 2º - Da Fé  

860)  Que é a Fé?  
A  Fé e uma virtude sobrenatural, infundida por Deus em nossa alma, pela qual nós, apoiados na autoridade do mesmo Deus, acreditamos que é verdade tudo o que Ele revelou e por meio da Santa Igreja nos propõe para crer.  

861)  Como conhecemos as verdades reveladas por Deus?  
Conhecemos as verdades reveladas por Deus, por meio da Santa Igreja que é infalível, isto é, por meio do Papa, sucessor de São Pedro, e por meio dos Bispos que, em união com o Papa, são sucessores dos Apóstolos, os quais foram instruídos pelo próprio Jesus Cristo.  

862)  Temos nós a certeza de que são verdadeiras as doutrinas que a Santa Igreja nos ensina?  
Sim, temos a certeza absoluta de que são verdadeiras as doutrinas que a Santa Igreja nos ensina, porque Jesus Cristo empenhou a sua palavra, que a Igreja nunca se enganaria.  

863)  Com que pecado se perde a Fé?  
A  Fé perde-se negando ou duvidando voluntariamente, ainda que seja de um só artigo que nos é proposto para crer.  

864)  Como recuperamos a Fé?  
Recuperamos a Fé perdida, arrependendo-nos do pecado cometido e crendo de novo tudo o que crê a Santa Igreja.    

§ 3º - Dos mistérios  

865)  Podemos compreender todas as verdades da Fé?  
Não; não podemos compreender  todas as verdades da Fé, porque algumas destas verdades são mistérios. 

866)  Que são os mistérios?  
Os mistérios são verdades superiores à razão, as quais devemos crer, ainda que não as possamos compreender.  

867)  Por que devemos crer os mistérios?  
Devemos crer os mistérios, porque os revelou Deus, que, sendo Verdade e Bondade infinitas, não pode enganar-Se, nem enganar-nos.  

868)  São porventura os mistérios contrários à razão?  
Os mistérios são superiores, porém não contrários à razão; e até a própria razão nos persuade a admiti-los.  

869)  Por que os mistérios não podem ser contrários à razão?  
Os mistérios não podem ser contrários à razão, porque é o mesmo Deus quem nos deu  a luz  da razão, e quem  revelou os mistérios, e Ele não pode contradizer-Se a Si mesmo.
in Catecismo de São Pio X

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Amor que Deus mostrou aos homens no mistério da Encarnação

Apparuit gratia Dei Salvatoris nostri omnibus hominibus – “A graça de Deus nosso Salvador apareceu a todos os homens” (Tt 2, 11)
Sumário. Embora a graça, isto é, o amor de Deus para com os homens, tenha sempre sido o mesmo, todavia não se manifestou sempre de igual maneira. Apareceu em toda a sua grandeza na obra da Encarnação, quando o Verbo Eterno se fez criança, gemendo e tremendo de frio, começando assim a satisfazer pelas penas que nós tínhamos merecido. Mas se este amor tão excessivo do Filho de Deus se manifestou a todos os homens, como é que nem todos o querem reconhecer e preferem as trevas do pecado à luz da graça celeste?

I. Considera que pela graça, da qual aqui se diz que apareceu, se entende o amor excessivo de Jesus Cristo para com os homens: amor imerecido da nossa parte e por isso chamado graça. Em Deus este amor foi sempre o mesmo, mas não se manifestou sempre de igual maneira. Primeiro foi prometido em diversas profecias e debuxado em muitas figuras. Mas bem apareceu e se manifestou o amor divino no nascimento do Redentor, quando o Verbo Eterno se mostrou aos homens feito criança sobre um pouco de palha, chorando e tremendo de frio, começando desde então a satisfazer pelas penas que nós tínhamos merecido, e patenteando o afeto que nos tinha, pelo sacrifício de sua vida:

In hoc cognovimus caritatem Dei, quoniam ille animam suam pro nobis posuit (1) — “Nisto conhecemos o amor de Deus, em que Ele deu a sua vida por nós”
Apareceu, pois, o amor de nosso Deus, e apareceu a todos os homens: omnibus hominibus. Mas porque é que nem todos conheceram, e ainda hoje em dia há tantos que não o conhecem? Eis aqui a razão: Lux venit in mundum, et dilexerunt homines magis tenebras quam lucem (2). Não o conheceram nem o conhecem, porque não o querem conhecer: amam mais as trevas do pecado do que a luz da graça.
Não sejamos nós do número daqueles infelizes. Se antigamente fechamos os olhos à luz, pensando pouco no amor de Jesus Cristo, esforcemo-nos nos dias de vida que ainda nos restam, por termos continuamente diante dos olhos os sofrimentos e a morte de nosso Redentor, a fim de amarmos àqueles que tanto nos amou. Desta forma teremos, segundo as promessas divinas, direito de esperarmos o paraíso que Jesus Cristo nos adquiriu com o seu sangue. Nesta sua primeira vinda, veio Jesus como criança pobre e desprezada, envolta em pobres mantilhas e deitada sobre a palha; mas na segunda vinda virá sobre um trono de majestade.
Videbunt Filium hominis venientem in nubibus, cum virtute multa et maiestate (3) — “Eles verão ao Filho do homem que virá sobre as nuvens com grande poder e majestade”
Feliz então de quem tiver amado a Jesus, e ai de quem não o tiver amado!
II. Ó meu santo Menino, agora Vos vejo sobre a palha pobre, aflito e abandonado; mas sei que um dia haveis de vir a julgar-me, sobre um trono de luz e acompanhado dos anjos. Rogo-Vos que me perdoeis antes de virdes como juiz. Então deverei ser um juiz justo; mas agora sois para mim um Redentor e um Pai de misericórdia. Por minha ingratidão fui um daqueles que não Vos conheceram, porque não Vos quis conhecer. Por isso, em vez de pensar em amar-Vos, considerando o amor que me haveis tido, só pensei em minhas próprias satisfações com desprezo da vossa graça e do vosso amor. Deposito agora em vossas santas mãos a minha alma, que eu por culpa minha tinha perdido; salvai-a e guardai-a: In manus tuas comendo spiritum meum (4). Em Vós ponho toda a minha esperança; porquanto sei que para resgatá-la do inferno, destes o vosso sangue e a vossa vida: Redemisti-me, Domine, Deus veritatis.
Ó Senhor, não me deixastes morrer quando estava em pecado e me aguardastes com tanta paciência, a fim de que, vindo à resipiscência, me arrependa de Vos ter ofendido e comece a amar-Vos, e assim possa ser por Vós perdoado e salvado. Sim, ó meu Jesus, quero agradar-Vos; arrependo-me, acima de tudo, dos desgostos que Vos causei; arrependo-me e Vos amo. † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas. Salvai-me pela vossa misericórdia, e consista a minha salvação em amar-Vos sempre nesta vida e na eternidade. — Minha amada Mãe Maria, recomendai-me a vosso Filho. Dizei-Lhe que sou vosso servo e que em vós eu pus a minha esperança. Ele vos atende e não vos nega nada.
Referências:
(1) 1 Jo 3, 16
(2) Jo 3, 19
(3) Mt 24, 30

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 219-221)

domingo, 2 de agosto de 2020

Amor de Deus em fazer-se homem

Verbum caro factum est, et habitavit in nobis – “O Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (Jo 1, 14)
Sumário. Que se havia de dizer, se um príncipe, por compaixão de um verme morto, quisesse tornar-se verme, e fazendo um banho de seu sangue, morresse para restituir o verme à vida? Mais porém do que isso fez por nós o Verbo Eterno, que, sendo Deus, quis fazer-se homem como nós e morrer por nós, a fim de nos merecer a vida da graça divina que tínhamos perdido. Apesar disso, quão poucos são os que se Lhe mostram gratos! Do número destes poucos sejamos também nós.

I. Consideremos o amor imenso que Deus nos mostrou fazendo-se homem, para nos adquirir a salvação eterna. Adão, nosso primeiro pai, peca, e por se ter rebelado contra Deus, é expulso do paraíso e condenado, com todos os seus descendentes, à morte eterna. Eis, porém, que o Filho de Deus, vendo o homem perdido e querendo livrá-lo da morte, se oferece a tomar a natureza humana e morrer justiçado sobre uma cruz. Mas — assim se me afigura que Lhe dissesse então o Pai — mas, meu Filho, reflete que na terra terás de levar uma vida humilde e penosa. Deverás nascer numa gruta fria e serás posto numa manjedoura. Ainda criança, terás de fugir par ao Egito a fim de te livrares das mãos de Herodes. De volta do Egito terás de viver numa oficina como humilde aprendiz, pobre e desprezado. Finalmente, perderás a vida sobre uma cruz, à força de dores, coberto de opróbrios e abandonado de todos. — Meu Pai, responde o Filho, não importa, aceito tudo, com tanto que o homem seja salvo.

Que se havia de dizer, se jamais um príncipe, por compaixão de um verme morto, quisesse fazer-se verme, e fazendo um banho de seu sangue, morresse a fim de restituir a vida ao verme? — Pois, mais do que isso fez por nós o Verbo Eterno, que, sendo Deus, quis fazer-se verme como nós e morrer por nós, a fim de nos fazer recuperar a vida da divina graça que tínhamos perdido. — Vendo que os muitos dons a nós concedidos não bastaram para Lhe granjear o nosso amor, que fez? Ele se fez homem e se deu todo a nós.
Verbum caro factum est, et tradidit semetipsum pro nobis — “O Verbo se fez carne, e se entregou a si mesmo por nós”
O homem, diz São Fulgêncio, afastou-se de Deus, porque o desprezou; mas Deus, pelo amor que tem ao homem, desceu do céu para procurá-lo. E para que desceu? Para que o homem conhecesse quanto Deus o amava, e assim se resolvesse a amá-Lo ao menos por gratidão. Os irracionais que se chegam a nós, se fazem amar; e porque somos tão ingratos para com Deus que do céu baixou à terra, para se fazer amar?
II. Quando certo dia um sacerdote dizia esta palavra da Missa: Et Verbum caro factum est — “E o Verbo se fez carne”, um dos assistentes deixou de fazer ato de reverência, pelo que o demônio lhe deu uma forte bofetada, dizendo:
“Ah ingrato! Se Deus tivera feito por mim o que fez por ti, estaria continuamente com o rosto em terra para lhe dar graças”
Ó grande Filho de Deus, Vós Vos fizestes homem para Vos fazer amar pelos homens; mas qual é o amor que os homens Vos têm? Vós sacrificastes o vosso sangue e a vossa vida pela salvação das nossas almas: porque é que Vos somos tão pouco reconhecidos, que, em vez de Vos amar, Vos desprezamos com tamanha ingratidão? — E eu, Senhor, quiçá mais do que os outros, Vos ofendi assim. A vossa Paixão é a minha esperança. Suplico-Vos pelo amor que Vos fez tomar a natureza humana e morrer por mim sobre a cruz, que me perdoeis todas as ofensas que Vos fiz. Amo-Vos, ó Verbo incarnado, amo-Vos, ó Bondade infinita. † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas. Arrependo-me de todos os desgostos que Vos causei, e quisera morrer de dor. Ó meu Jesus, dai-me o vosso amor, não permitais que ainda viva ingrato ao afeto que me haveis mostrado. Quero amar-Vos sempre. Dai-me a santa perseverança.
— Ó Maria, Mãe de Deus e minha Mãe, alcançai-me do vosso Filho a graça de amá-Lo sempre até à morte.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 237-239)

SEJA UM BENFEITOR!