Tradução Sensus fidei: Queridos irmãos, a vida da graça é sempre uma surpresa para a qual se deve estar preparado. A alma não sabe quando o Senhor poderá visitá-la com verdadeiros regalos de amor divino. O Senhor quer que a alma esteja limpa, completamente limpa, na graça de Deus, esperando por Sua visita.
Apenas diante de uma alma em graça, diante de uma alma que verdadeiramente se esforça para estar limpa de todo pecado, o Senhor a visita e a embeleza com Sua presença; alma e corpo sentirão o gozo e a alegria sobrenatural do Senhor. Pensar que uma alma em pecado, que persevera no pecado, que em nada se empenha para dele sair, pode ser agradável a Deus, é desconhecer o mais elementar da essência divina. É não ter a menor experiência de Deus, é absolutamente desconhecer quem é Deus, é não ter experiência do amor de Deus.
O Senhor se compraz na alma que busca uma vida de santidade, que não poupa esforços em se purificar totalmente para tornar-se agradável a Ele. O Senhor a recompensa com dádivas divinas.
Devemos meditar sobre a criação do mundo, reler o livro do Gênesis e meditar sobre o estado de Graça com que Deus criou o homem, pensar como toda a criação é santa e boa. Assim, nos quer o Senhor, limpos e puros, santos e imaculados. A Palavra de Deus está viva, e esses capítulos iniciais da Sagrada Escritura continuam nos falando sobre como Deus quer que continue sendo o mundo que Ele criou. A obra redentora pretende que o homem recobre a sua inicial santidade, a sua integridade, a sua unidade e o seu diálogo com Deus. O homem que quer seguir o Senhor, que quer agradá-lo, unir-se a Ele e segui-lo, deve sempre buscar esses fins que perdeu com o pecado de nossos primeiros Pais. Aqui está o esforço, o trabalho, a tarefa do homem.
O homem precisa recuperar o estado de graça inicial da criação. A Encarnação do Verbo de Deus tem a missão de fornecer ao homem o conhecimento e os meios necessários para alcançá-la. Vã seria toda a obra redentora de Deus se o homem não aspirasse a santidade perfeita.
Devemos desejá-lo ardentemente e nos esforçarmos sinceramente, e Ele fará o resto por nós. Nunca estaremos suficientemente limpos, mas, Aquele, que vê o nosso coração, nos acolherá com alegria depois de nosso esforço sincero na confissão dos nossos pecados. Cumprir os mandamentos da Lei de Deus, da Santa Mãe Igreja, frequentar os Santos Sacramentos, eis o caminho da santidade.
Se a esposa servisse o esposo em estado de graça de Deus, e o esposo, também em estado de graça, se preocupasse com a esposa, nunca haveria separação entre eles. Sempre viveriam na vontade de Deus, sabendo renunciar a si mesmos um pelo outro e ambos por Deus. Mas, além disso, não faríamos as coisas rapidamente e mal; em tudo nos aplicaríamos para não nos enganarmos, etc., como também em não ofendermos a Deus.
O Senhor nos quer limpos e puros como anjos. Quando vemos algo sujo e nos desagrada, o mesmo se aplica para a alma. O Senhor vê os amores imundos e não gosta, porque são desagradáveis a Ele.
Às almas que não se confessam, o Senhor lhes fala asperamente, Ele não quer que tenhamos pecados. O Senhor não graceja com essas coisas, em outras palavras, se a alma não quer ouvir o que o Senhor lhe diz para se emendar, Ele o dirá de outra maneira, ou seja, com avisos corporais. O Senhor nos repreende, não quer a morte do pecador, mas que ele se salve. Ele nos admoesta como bom pai, mas Pai Celestial, por isso muitas vezes não entendemos o Seu proceder; mas é sempre para o bem da alma. Às vezes os avisos de Deus são muito duros, mas necessários.
A TRADIÇÃO, eis aqui a chave para a nossa santidade. Para estar na graça de Deus, devemos seguir a tradição de nossa Mãe Igreja. Ou seja, os Mandamentos, os Santos Sacramentos, o Santo Sacrifício da Missa… Os meios santos que a tradição, o Magistério da Igreja, nos dispõe a nosso serviço. E esses meios são SEGUROS para a salvação, e não há outros. São os meios que Deus nos dá através da Sua Santa Igreja. São os meios divinos de salvação.
Se o homem os segue fielmente se salvará.
Desprezar a tradição é alterar a Palavra de Deus, é subestimar os meios de salvação do homem dados por Deus à Sua Igreja, para substituí-los por outros na medida e ao gosto do homem. Algo conhecido apenas na heresia. Só a heresia teve a ousadia de alterar a Palavra de Deus para acomodá-la à fraqueza da carne, à sua própria concupiscência.
Fiel à tradição, a alma conhece os meios de santificação para se esforçar na busca da integridade perdida em razão do pecado original. A alma sabe que são os meios divinos que a Santa Igreja coloca em suas mãos para a sua salvação. E sabe que são seguros e únicos.
Ave Maria Puríssima.
Pe. Juan Manuel Rodriguez de la Rosa.
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