sábado, 14 de abril de 2012

O Padre e o Bom Exemplo



Bom exemplo - Modéstia - Amor do retiro, da regra e do estudo.
Vida Santa - Excelentes efeitos do bom exemplo.
Ruína das almas por causa do escândalo dos padres. 


O padre santo edifica a todo o mundo pelo bom exemplo que dá, porque todas as virtudes se encontram nele. Pelo contrário, o mau padre, e até o tíbio e relaxado, tem falta de algumas virtudes essenciais, ou pratica muito imperfeitamente as fracas virtudes que possui; do mesmo modo sua vida ou é escandalosa ou muito pouco edificante.
"O exemplo, diz Massillon, é o primeiro dever de nosso estado; sem ele, ou todas as nossas funções se tornam inúteis, ou são uma ocasião de queda e de escândalo para os povos que o Senhor nos confiou em Sua bondade".
Devemos edificar os povos por uma vida verdadeiramente santa, porque nosso divino Salvador nos dá por missão guiar os povos e ser Sua luz. Devemos edificar os fiéis, assim no-la recomenda o grande Apóstolo: "in omnibus teipsum praebe exemplum bonorum operum, in doctrina, in integritate, etc. Exemplum esto fidelium in verbo, in conversatione, in charitate, etc."
"Todo pastor que escandaliza, diz Santo Agostinho, causa a morte às ovelhas, que deve apascentar."
Devemos edificar, porque nossa missão essencial é salvar as almas, e salvá-las-emos muito mais pelo exemplo de uma vida santa, do que por nossos talentos e por nossas pregações. Devemos edificar, porque, para um padre, não edificar é escandalizar, e escandalizar é arruinar, é aniquilar o sacerdócio; é fazer-se auxiliar do demônio e destruir o edifício da salvação dos povos, que Jesus Cristo erigiu por Seu Evangelho, por Seus trabalhos, por Suas fadigas, por Seus suores e por Seu sangue.

O padre santo pode estigmatizar todos os vícios, porque sabe-se que não é escravo de nenhum; pode pregar as virtudes, sem exceção de uma só, porque sabe-se que as pratica todas.
O padre deve ser na Igreja um tipo vivo e manifesto de todas as virtudes. Eis o que no padre deve edificar o próximo: sua pessoa exterior - suas palavras e suas obras. A modéstia é a compostura digna, amável e bem regulada de todo o exterior. Ela não é somente um poderoso meio de edificação para o próximo, é também um principio eficaz de santificação pessoal para o que a observa. Devemos ser tão edificantes e reservados nas palavras, que todos possam dizer de nós o que se dizia de nosso divino Salvador ouvindo-O falar: "omnes mirabantur in verbis gratiae quae procedebant de ore ejus."

Sejamos circunspectos antes de falar, e não profiramos uma só palavra sem primeiro a ter pesado, conforme este belo dito de Santo Agostinho: "omnia verba prius veniant ad limam quam ad linguam;" o que não acontece com os que, falando sempre precipitadamente, começam de atirar suas ascumas, em vez de chorar o mal irreparável que elas causam.

É a necessidade que sente o padre santo, em si mesmo, de dar bom exemplo a todo o mundo por suas conversas, que o leva a regular de tal modo sua língua, que não deixa nunca escapar voluntariamente um só palavra que ofenda o decoro ou uma qualquer virtude, impondo-se pelo cortejo de virtudes, que o acompanha sempre por toda a parte, onde se encontra! Admira-se sua amável doçura, sua fervorosa piedade, sua graciosa modéstia, sua edificante caridade, sua natural candura, seu zelo de apostolo, sua afabilidade de pastor e essa inocente alegria sempre retida pelo justo grau de reserva que lhe impõe o caráter sacerdotal. Todos se julgam felizes quando ele aparece, todos ficam com pesar quando se ausenta; e depois de ter embalsamado a casa, que deixa, com o perfume de sua virtude e com o suave odor de Jesus Cristo, não se cansam de repetir: "Eis o homem de Deus! Eis o bom pastor! Eis o padre santo!"

Que imensa diferença haveria, entre este padre santo, cujo exemplo edifica e arrasta muitas almas para Deus, e aquele que nada fizesse pela glória de seu divino Senhor e pelo bem das almas!

Se, por exemplo, não dá quase nenhuma prova de sua piedade; se deixa ver que o santo tribunal o enfastia, que não vai a ele senão contra a vontade; se se sabe, com certeza, que vive sem regra e em uma contínua desordem, que a ociosidade tem para ele tanto mais de encanto quanto o estudo tem de menos, que a vida do retiro lhe é insuportável; se com muita razão passa por ser aferrado aos bens terrenos, se até é conhecido pelo título odioso de avarento; se dá o exemplo da impureza, ou pelo menos, sem ostentar publicamente suas desordens, passa geralmente por ter costumes suspeitosos e mais que suspeitosos; quem o proclamará um padre santo? Quem não dirá pelo contrário: "que padre!"

Salvemos, salvemos os povos pelo exemplo e não os conduzamos ao inferno por nossos escandalosos.

(Trecho do livro: O Padre Santificado pelo Pe. A.A. Moraes Junior, do Instituto de direito social de S.Paulo e Pároco de Guaratinguetá, edição de 1943, editora Vozes)


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