Pensamentos consoladores sobre o purgatório.
A opinião de São Francisco de Sales, diz o Bispo de Belley, era que do pensamento do purgatório pudéssemos tirar mais consolações do que temor.
A maior parte dizia ele, dos que tanto temem o purgatório, fazem-no em vista do seu interesse e do amor que têm a si mesmos mais do que por interesse de Deus e isto origina-se dos que falam nos púlpitos, não representando ordinariamente senão as penas deste lugar e não as felicidades e a paz que gozam as almas que aí estão.
É verdade que os tormentos são tão grandes, que as maiores dores desta vida se lhes não podem comparar; mas também as satisfações interiores aí são tais, que não há prosperidade nem contentamento na terra que os possam igualar.
1 - As almas estão em uma contínua união com Deus.
2 - Estão perfeitamente submissas à sua vontade, ou para melhor dizer, a sua vontade esta por tal forma transformada na de Deus, que só podem querer o que Deus quer; de forma que, se o paraíso lhes estivesse aberto, antes quereriam precipitar-se no inferno do que aparecer diante de Deus com as manchas que ainda notam em si.
3 - Purificam-se aí, voluntária e amorosamente, porque tal é o agrado divino.
As almas que estão no purgatório, estão aí, sem dúvida, pelos seus pecados, pecados que detestaram e detestam soberanamente; mas, quanto à objeção e pena que lhes fica de estarem postas neste lugar e privadas por algum tempo do gozo do bem aventurado amor do paraíso, sofrem-no amorosamente e pronunciam com devoção o cântico da justiça divina: "Vós sois justo, Senhor, e os vossos juízos são cheios de equidade".
4 - Querem permanecer da forma que agradar a Deus e por todo o tempo que Ele quiser.
5 - São invencíveis e não podem ter o menor movimento de impaciência, nem cometer a menor imperfeição.
6 - Amam a Deus mais do que a si mesmas e que tudo, com um amor completo, puro e desinteressado.
7 - São consoladas pelos anjos.
8 - Estão certas de sua salvação com uma esperança que as não pode enganar.
9 - A sua penosa amargura tempera-se com uma profunda paz.
10 - Se é uma espécie de inferno, quanto a dor, é um paraíso, quanto a doçura que derrama a caridade mais forte do que a morte, mais poderosa do que o inferno e cujas lâmpadas são fogo e chamas.
11 - Feliz estado, mais desejável do que temível, pois que as suas chamas são chamas de amor.
12 - Temíveis no entanto, porque retardam o termo de toda a consumação, que consiste em ver a Deus e amá-lo, e, por esta vida e amor, louvá-lo e glorificá-lo por toda a duração da Eternidade. A este respeito São Francisco de Sales aconselhava muito a leitura do admirável Tratado do Purgatório, que escreveu Santa Catarina de Gênova.
Se isto assim é, me dirão, para que recomendar tanto as almas do purgatório.
É que, apesar destas vantagens, o estado destas almas é muito doloroso e em verdade digno de compaixão, e além disso é que retardam a glória que renderão a Deus no céu. Estes dois motivos devem mover-nos a procurar-lhes um pronto livramento, por nossas orações, jejuns, esmolas e toda espécie de boas obras, mas particularmente pela oferta do sacrifício da Santa Missa.
Fonte: São Pio V
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