Aproximando-se o tempo em que os filhos devem escolher estado, devem saber o que vão fazer. Para isso é preciso que saibam convenientemente qual é o objeto e o fim do matrimônio.
Observemos o que diz a Bíblia:
Quando Deus criou Adão, disse: “Não está bem que o homem fique sozinho: façamos-lhe um adjutório semelhante a ele”. E então – continua a Escritura – enviou um profundo sono a Adão e enquanto ele estava dormindo tomou uma de suas costelas e a revestiu de carne. E da costela de Adão o Senhor Deus formou uma mulher e a apresentou a Adão e ao vê-la Adão, exultante de alegria, disse: Esta, agora, é osso de meus ossos, e carne de minha carne: terá o nome do varão, porque foi tirada do homem”. Isto se lê no primeiro livro da Sagrada Escritura, que se chama o Gênesis, no Capítulo XI.
Desta forma, tiveram princípio o homem e a mulher cujas qualidades físicas e morais são bem diferentes: vemos, com efeito, que no homem predomina a razão e na mulher o coração: no homem a força e a inteligência e na mulher a delicadeza e o sentimento. Na vida, pois, o homem com sua força, é apto para os grandes trabalhos, sabe dominar a natureza, tira dela seus produtos, e transforma-os. A mulher, com sua delicadeza, tem qualidades para conseguir aquilo de que o homem precisa.
O homem constrói a casa e enche-a de bens: a mulher os conserva, administra-os, regula-os, segundo as necessidades. O homem governa o Estado e a comunidade, a mulher a casa e a família.
O homem e a mulher são duas partes de um todo que tendem a realizar aquela união que primeiramente tiveram: daqui nasce a tendência natural de um para com o outro, tendência por si mesma legítima e honesta que leva o nome de AMOR; tendência estabelecida por Deus que Jesus Cristo regulou com leis sapientíssimas e santificou por meio do Sacramento do Matrimônio.
Desta verdade, isto é, que os dois sexos estão destinados a completar- se mutuamente, não só física, mas moralmente também, na vida, segue-se esta consequência importante: que falando-se de maneira geral, não se poderá fazer um juízo definitivo acerca do caráter de uma pessoa até que não tenha contraído matrimônio, quando, bem entendido, tivesse vocação para ele.
Quem poderá julgar com acerto de duas vozes destinadas a se completarem mutuamente e a formar uma única harmonia, se as escutarmos separadamente?
Às vezes, os jovens manifestam em seu caráter algo de anormal, que preocupa seriamente aos pais. Pois bem, pode muito bem suceder que uma vez contraído o matrimônio voltem à vida normal. Outra conseqüência é que o marido e a mulher devem procurar viver sempre de perfeito acordo, amando-se, consolando-se, auxiliando-se, um ao outro, tanto para conseguirem o seu aperfeiçoamento pessoal como para governar a família.
Chamam-se CÔNJUGES, isto é, jungidos à mesma canga, para levar juntos o peso da vida. Deus, como lemos na Sagrada Escritura quando criou o homem e a mulher disse: “Crescei e multiplicai-vos e enchei a terra!” Eis aqui o fim primeiro do matrimônio: A PROCRIAÇÃO DOS FILHOS. Quem, por natureza, fosse inepto para esse fim, ou o excluísse positivamente, não poderia contrair matrimônio válido. O contrato matrimonial seria nulo.
E quão doloroso é ter-se que levantar a voz e por outra parte, é estrita obrigação para o sacerdote, contra um fato pestilencial que se vai propagando cada dia mais, o neo-maltusianismo, que tem medo da prole! Malthus, autor desta doutrina, a concebia de uma maneira diferente da dos néo-maltusianos. Observando ele, que com o aumento da prole vinham a faltar os meios de subsistência, o que é falso, aconselhava a limitação dos filhos, excluindo-se, porém, toda fraude cometida contra as leis da natureza. Mas seus discípulos passaram além das limitações de seu mestre, e chegaram às mais funestas consequências.
A esta impiedade responde-se que de nada valem as razões apresentadas no número de filhos vivos, do bem estar da família, da dificuldade de encontrar casa, dos perigos pressagiados pelo médico, etc., porque encontramos famílias numerosíssimas que chegam a grande prosperidade e por outra parte, vê-se que riquíssimos patrimônios foram dilapidados por um só filho, o qual, precisamente por ser único, foi a desesperação dos pais. Olhar pela casa, pela economia, pela saúde, está muito bem, mas não basta. É preciso dirigir também suas vistas para o alto, para Deus; a fé, entre outras vantagens, tem esta que é fonte de prosperidade porque traz ao lar as bênçãos de Deus.
A doutrina da Igreja sobre este assunto é a seguinte: 1 – os cônjuges não podem fazer uso dos direitos que lhes confere o matrimônio senão em ordem à prole. 2 – São contrários à lei dei Deus todos os atos ou meios usados para se evitar a geração. Doutrina grave, mas justa, não somente segundo a lei de Deus, mas também segundo a lei natural.
O primeiro fim do matrimônio é, pois, a PROCRIAÇÃO DA PROLE, o segundo é o MÚTUO AUXÍLIO e o terceiro, o REMÉDIO CONTRA A CONCUPISCÊNCIA.
Com efeito, quem pensando serenamente nos cuidados, nas moléstias, nas incertezas, que traz consigo a formação, a manutenção e a educação da família, escolheriam o estado matrimonial? Pouquíssimos.
Por isso a Divina Providência, que preparou na comida um estímulo para o apetite, que incita a desejá-la para a conservação da sua própria pessoa, pôs também no homem uma inclinação muito forte, em ordem à conservação da espécie humana e à sua propagação sobre a terra CRÉSCITE ET MULTIPLICÁMINI ET REPLETE TERRAM! (Gên. I, 28). É uma inclinação que, ainda aumentada pelo pecado original, constitui a mais terrível e formidável tentação para o homem. Santo Agostinho diz que entre todas as lutas que o homem tem que sustentar a mais dura é a que ele enfrenta para guardar a castidade. Santo Afonso Maria de Ligório deixou escrito que todos os que se condenam, condenam-se como consequência do pecado oposto a esta virtude, ou pelo menos, não sem ele.
Nisto acontece o mesmo que com o vapor de água. Mal regulado, pode devastar a terra por meio, de terremotos, ao passo que reprimido em fortes tubos, pode mover os mais pesados comboios. O mesmo pode- se dizer das inclinações de que falamos. Reprimidos e bem encaminhados, pelo matrimônio, produzem a multiplicação e a propagação do gênero humano. Há o celibato virtuoso de que falamos mas Nosso Senhor diz: “Nem todos compreendem estas coisas, mas unicamente aqueles aos quais foi isso concedido do alto”. (São Mateus, XIX, 11).
Concluamos. Quem se dispõe a contrair matrimônio deve ter intenção de encontrar uma pessoa que verdadeiramente o ame e ajude a levar uma vida cristã, com o firme e preciso propósito de devolver-lhe todo o seu amor e formar honestamente uma família, em favor da qual há de estar disposto a sacrificar a sua própria vida para achar nela consolo e auxílio e para aumentar o número dos filhos de Deus, que algum dia serão herdeiros e possuidores do reino do céu.
MATERNIDADE CRISTÃ – PE. HUMBERTO GASPARDO
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