Comentário de Sto. Ambrósio sobre Lc.1,39-47
Costuma ser admitido por todos que, para se exigir a Fé, deve-se apresentar motivos válidos. Assim o Anjo, ao anunciar os mistérios escondidos, para motivar a Fé, anunciou à Virgem Maria que uma mulher idosa e estéril havia concebido, indicando que Deus pode tudo o que lhe agrada. Quando ouviu isso, não como incrédula diante do oráculo, nem desconfiando do mensageiro, nem duvidando do exemplo, mas alegre pela entrega, religiosa pelo encargo, apressada pelo gozo, parte Maria para a montanha. Para onde parte ligeira, já cheia de Deus, senão para as alturas? A graça do Espírito Santo ignora o peso da lentidão.
Aprendei vós também, piedosas mulheres, como deveis estar atentas a vossas parentas prestes a dar à luz. Maria, que antes vivia só, no retiro da casa, não se atrasou no caminho, nem pelo pudor virginal de sair a público, ou pela lembrança das dificuldades das montanhas, ou do excesso de trabalho. Vai pelas montanhas a Virgem apressada, a Virgem que só pensa no seu dever, esquecida dos incômodos, correndo pela afeição, sem pensar na fragilidade de seu sexo, deixando a sua casa.
Aprendei, virgens, a não passear de casa em casa, a não se demorarem nas praças, a não alimentarem conversas em público. Maria, em casa lenta, em público apressada, ficou com sua prima três meses.
Vós, virgens, que conhecestes o pudor de Maria, aprendei agora a sua humildade. Ela vem como próxima a seu próximo, jovem à idosa: não apenas veio, mas a cumprimentou antes. Convém, de fato, que quanto mais casta seja uma virgem, mais humilde seja: que ela saiba ser educada com as mais velhas. Que seja mestre de humildade quem professa a castidade. É causa da piedade e também norma de doutrina. Mas fica claro, aqui, que a superior veio à inferior, para ajudá-la: Maria veio a Isabel, Cristo a João.
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