"Estamos vivendo num século de grandes inventos. Já não custa fadigas galgar degraus de uma escadaria; as casas abastadas tem lá ascensores que as substituem vantajosamente. Quisera eu também descobrir um ascensor para me levar até Jesus, pois são tão pequenina que me falecem as forças para vingar até o topo da escada íngreme da perfeição.
Pedi logo aos Livros Sagrados que me indicassem o ascensor cobiçado, e depararam-se-me estas palavras da mesma Sabedoria eterna: "Todo aquele que é simples e pequenino venha a mim!" (Prov. 9,4). Cheguei-me, portanto, a Deus, persuadida de ter, enfim, descoberto o que andava procurando; e, desejosa de saber ainda o que o Senhor faria a esse pequenino, prossegui nas minhas pesquisas e encontrei o seguinte: "Hei de trazer-vos ao colo, embalar-vos sobre meus joelhos. Do mesmo modo que uma mãe acaricia o seu filhinho, assim eu vos consolarei." (Is 66,12). Ah, mas ternas e melodiosas palavras nunca soaram para deleitar a minha alma. O ascensor que me há de guiar até o céu são os vossos braços, ó Jesus! Para isto não é necessário que eu cresça, devo antes ficar sempre tamanina e empenhar-me em o ser cada vez mais. Meu Deus, fostes muito além de quanto eu podia esperar e quero agora celebrar as vossas misericórdias! "Ensinaste-me, ó meu Deus, desde a minha mocidade; e eu publicarei as tuas maravilhas que tenho experimentado até agora. E até a velhice e idade avançada, ó Deus, não me desampares, até que anuncia a força do teu braço todas as gerações que hão de vir!" (Sl. 70,17) História de uma alma, cap. IX
"O coração de Jesus é muito mais magoado por causa das mil pequenas imperfeições dos seus amigos do que das próprias faltas graves cometidas por seus inimigos. No entanto, parece-me que é somente quando os seus adquirem um hábito dessas indelicadezas e não lhe pedem perdão por elas que se pode aplicar a palavra: "Estas chagas que vedes em minhas mãos, eu as recebi daqueles que me amavam." (Zac. 13,6)
"Por aqueles que o amam e que, depois de cada pequena falta, vêm lançar-se em seus braços e lhe pedem perdião, Jesus vibra de alegria. Ele diz a seus anjos o que o pai do Filho pródigo dizia aos seus servos: "Metei-lhe um anel no dedo e regozijemo-nos!" Ah! Como são pouco conhecidos a bondade e o amor misericordioso do Coração de Jesus! É verdade que, pra fruir destes tesouros, é necessário conhecer o seu nada e humilhar-se, - e é justamente isso o que muitas almas não querem fazer!..."
Retirado do Livro: A Arte de Aproveitar as Próprias Faltas.
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