Catecismo
Ilustrado - Parte 49
Os Mandamentos
8º Mandamento de Deus (continuação): Não levantar falso testemunho
A calúnia
1. A calúnia consiste em levantar a alguém falso
testemunho de um defeito que não tem ou de uma falta que não cometeu.
2. A calúnia é um pecado horrendo, que não se
perdoa sem que restituamos ao próximo o crédito que lhe tiramos com esse falso
testemunho.
3. Restitui-se o crédito desdizendo-se o caluniador
diante de todas as pessoas que ouviram a calúnia.
Maledicência ou murmuração
4. A maledicência e a murmuração consistem em dizer
mal de alguém em sua ausência, e descobrir, sem necessidade, os defeitos, e
faltas do próximo.
5. A murmuração é pecado mortal se descobrimos uma
falta grave ou que diminui gravemente a reputação do próximo.
6. Quem murmura tem obrigação de restituir a
reputação que prejudicou a reparar todo o dano que tiver causado.
7. Se ouvirmos com gosto a murmuração, ou
concorrermos para ela com perguntas, é pecado, porque somos cúmplices do mesmo.
8. São Paulo diz que o Céu está fechado para quem
murmura.
9. Quando ouvimos caluniar ou murmurar devemos
impedi-lo, se for possível, ou ao menos não tomar parte da calúnia ou
murmuração.
O juízo temerário
10. Julgar temerariamente é assentar que o próximo
fez algum mal sem termos grave fundamento para assim o julgarmos.
11. A suspeita, quando duvidamos se alguém fazia ou
não fazia mal, não é juízo temerário, porque na suspeita duvidamos, e no juízo
temerário pensamos que o fez.
12. Se tivermos fundamento grave para julgar, nem o
juízo é temerário, nem a suspeita é injuriosa para o próximo. Só é pecado
quando julgamos sem fundamento um mal grave.
13. Quando é preciso revelar os defeitos do
próximo, não os devemos dar a conhecer senão a quem os possa remediar, ou
áqueles que fossem prejudicados se não os advertíssemos.
14. Ainda que uma coisa seja verdadeira, será
pecado dizê-la, porque a caridade proíbe-nos de tirar ao próximo a boa
reputação de que ele goza.
15. Não é murmurar dizer ao próximo uma falta
pública e conhecida: mas então é preciso evitar o que da nossa parte poderia
revelar malícia.
16. Há circunstâncias que aumentam a gravidade da
calúnia e da murmuração, por exemplo, quando dizemos mal dos nossos superiores,
das pessoas consagradas a Deus, ou diante de muita gente.
17. Em geral é proibido contar a alguém o mal que
se ouviu a seu respeito. A Sagrada Escritura diz que Deus detesta aqueles que,
pelas suas intrigas, semeiam discórdia entre os irmãos.
Explicação da gravura
18. A gravura está dividida em três partes. A parte
superior representa José conduzido à prisão por ter sido falsamente acusado
pela mulher de Putifar.
19. Na parte inferior à esquerda, vê-se o sumo
sacerdote Aarão e Maria sua irmã diante da Arca da Aliança. O Senhor
aparecendo-lhes censura-os por terem murmurado contra Moisés. Castiga Maria com
lepra que durou sete dias.
20. Na parte inferior direita, vê-se São Paulo na
Ilha de Malta, onde tinha desembarcado por causa duma tempestade. Os habitantes
desta ilha receberam-no afavelmente; acenderam uma fogueira para se aquecerem.
Paulo deitou na fogueira alguma aparas que apanhara, saindo delas uma víbora que
se lhe enruscou na mão. Os bárbaros, admirados, exclamavam: “Este homem deve
ser um assassino, pois a justiça divina o persegue”. Mas Paulo sacudiu a
víbora, ficando ileso. (Atos 28, 4-6)
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