Frei Gil, o bendito leigo franciscano, temendo pela sua salvação, abandonara o mundo. Uma gruta às margens de um rio ofereceu-lhe abrigo, e ali vivia todo consagrado ao serviço de Deus. A água cristalina matava-lhe a sede, e as árvores ofereciam-lhe seus frutos. O sol surpreendia-o em oração e as estrelas da noite eram testemunhas de suas assombrosas penitências.
Um dia, três cavaleiros, que andavam à caça, chegaram à gruta de Frei Gil. Este recebeu-os amavelmente, entreteve-se com eles sobre coisas espirituais e notou que, embora bons cristãos, gostavam mais do mundo do que de Deus.
Ao despedirem-se, um deles disse:
– Santo bendito, desde hoje recomenda-nos a Deus.
– Em verdade, senhores, vós é que haveis de pedir a Deus por mim, porque tendes mais fé e mais esperança do que eu.
– Como assim? Nós?…
– Sim, disse Frei Gil, porque estou aqui retirado de todo trato com os homens, vestido de burel, dormindo no chão, e sempre ando com medo de condenar-me; e vós, cercados de prazeres e comodidades, alimentando vícios e paixões, estais tão seguros de vossa salvação!… Tendes, na verdade, mais fé, mais esperança do que eu.
O Santo tinha razão. É preciso assegurar a nossa salvação por meio da penitência, pois a eterna Verdade diz: “Se não fizerdes penitência, perecereis”.
Tesouro de Exemplos – Vol. II – Pe. Francisco Alves
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