A Ordem dos Cartuxos, fundada por São Bruno, tem como base uma vida de solidão, silêncio e oração. É assim que nos próprios Estatutos a Ordem define a sua missão no Mundo:
Quanta utilidade e gozo divino trazem consigo a solidão e o silêncio do deserto a quem os ama, só o sabe quem o experimentou. Mas esta melhor parte não a elegemos unicamente para nosso próprio proveito. Ao abraçar a vida oculta não abandonamos à família humana, senão que, consagrando-nos exclusivamente a Deus cumprimos uma missão na Igreja onde o visível está ordenado ao invisível, a acção à contemplação.
Se realmente estamos unidos a Deus, não nos encerramos em nós mesmos, pelo contrário, a nossa mente abre-se e o nosso coração dilata-se; de tal forma que possa abarcar o universo inteiro e o mistério salvador de Cristo. Separados de todos unimo-nos a todos para, em nome de todos, permanecer na presença do Deus vivo. Esta forma de vida que, quanto o permite a condição humana, orienta-se a Deus de forma directa e contínua, põe-nos num contacto peculiar com a bem-aventurada Virgem Maria, à que costumamos chamar Mãe singular dos Cartuxos.
Tendendo pela nossa Profissão unicamente para Aquele que é, damos testemunho perante um mundo demasiado implicado nas coisas terrenas, de que fora d'Ele não há Deus. A nossa vida manifesta que os bens celestiais estão presentes já neste mundo, preanuncia a ressurreição e antecipa de algum modo a renovação do mundo.
Por fim, pela penitência tomamos parte na obra redentora de Cristo, que sobretudo com a oração ao Pai e a Sua imolação salvou o género humano cativo e oprimido pelo pecado. Assim, procurando associar-nos a este aspecto mais profundo da Redenção de Cristo, apesar de nos abstermos da actividade exterior, exercemos o apostolado de maneira eminente.
Por isso, entregando-nos à quietude da cela e o trabalhando oferecemos a Deus um culto incessante em Seu louvor, para o qual foi especialmente instituída a Ordem eremítica da Cartuxa, a fim de que, santificados na verdade, sejamos os verdadeiros adoradores que o Pai pretende.
in Estatutos da Ordem dos Cartuxos, 34
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