terça-feira, 21 de janeiro de 2025

EXORCISTAS LANÇAM UM GRITO DE ALERTA

 

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A Associação Internacional de Exorcistas, Associação fundada em 1994 e reconhecida em 2014 como Associação privada de fiéis de direito pontifício, tem como objetivo principal servir aos sacerdotes que exercem o Ministério de Exorcista na Igreja Católica. Ela reúne mais de 900 exorcistas e 130 auxiliares.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Em 6 de janeiro de 2025, a Associação publicou um documento propondo “algumas observações sobre certas práticas pastorais equivocadas”, que distorcem ou desconsideram as instruções da Igreja e os elementos de prudência que devem cercar o exercício do delicado ministério de exorcista.

O aumento da demanda

O texto constata o aumento de pedidos de pessoas “convencidas de serem vítimas de uma ação extraordinária do demônio, em uma das suas diversas formas”. Às vezes, porém, a intervenção de terceiros, incompetentes e sem discernimento, interfere no exame regular do caso. É por isso que os exorcistas fornecem dez esclarecimentos “para lançar luz sobre certas situações repreensíveis”.

1. Advertência contra a improvisação e o sensacionalismo

Certos sacerdotes, pessoas consagradas e leigos utilizam meios arbitrários, não autorizados pela autoridade eclesiástica competente. Mais grave ainda, eles dissuadem os fiéis de recorrer ao exorcista oficial de sua diocese, sugerindo que recorram a outros exorcistas “mais poderosos” ou apoiem a ideia de uma presença demoníaca que eles identificam erroneamente.

2. Obsessão com a presença do demônio

Algumas pessoas “concentram sua atenção exclusivamente na presença e na ação do demônio”. Negligenciam a fé, a oração, a vida sacramental e a prática da caridade, que sempre foram apresentadas como as melhores armas contra o demônio. Acreditam que a libertação depende apenas da repetição compulsiva de orações e bênçãos.

3. Negligência no discernimento

Certos sacerdotes, “por vezes, infelizmente, também certos exorcistas, negligenciando o discernimento sério e rigoroso prescrito pela Praenotanda do Rito dos Exorcismos, utilizam critérios estranhos à fé católica, fazendo uso de conceitos de origem esotérica ou new age. Essa abordagem é inaceitável e contrária à fé e à doutrina da Igreja”, observa o documento.

4. Práticas supersticiosas e uso indevido de objetos sagradas

O documento tem como alvo aqueles que usam “práticas supersticiosas”, como pedir fotos ou roupas para identificar possíveis espíritos malignos, tocar os fiéis para “diagnosticar a presença de entidades malignas” ou sugerir o uso inadequado para res sacrae (água, sal, óleo sagrado, etc.). Isto mantém “mentalidades e práticas supersticiosas”.

5. Envolvimento de pessoas inadequadas

Alguns padres trabalham com pessoas consideradas “sensíveis”, encaminhando-lhes fiéis sofredores, em vez de encaminhá-los ao exorcista oficial. Às vezes, é o exorcista diocesano quem delega a essas pessoas a tarefa de discernir uma verdadeira ação demoníaca, e até se deixa guiar por eles a fim de “libertar” as pessoas sofredoras do espírito maligno.

Tal comportamento é, obviamente, contrário à missão do exorcista, que é responsável por discernir e utilizar os meios dados pela Igreja para combater o demônio.

6. Desprezo pelas ciências médicas e psicológicas

No discernimento, o exorcista, além dos critérios tradicionais utilizados para identificar casos de ação demoníaca extraordinária, pode recorrer ao conselho de exorcistas experientes e, em certos casos, à consulta de especialistas médicos e psiquiátricos. Esses especialistas podem ajudar a compreender a origem dos males que não são necessariamente de origem sobrenatural. Recusar-se a fazer isso expõe os fiéis a riscos desnecessários e até mesmo a perigos graves.

7. Afirmações prejudiciais

O texto observa ainda que “querer a todo custo identificar uma ação demoníaca extraordinária como causa desencadeadora de uma situação de sofrimento cuja origem é desconhecida, sem um discernimento sério, não só é vão, mas também pode levar a danos”. Especialmente no caso de doenças que não podem ser curadas.

8. A questão das maldições

As maldições, “que infelizmente estão mais difundidas na sociedade atual do que se imagina”, não são a causa de todos os males e infortúnios que podem ocorrer na vida de uma pessoa. Esse tipo de comportamento não só corre o risco de lançar uma busca por aqueles que supostamente são os culpados, mas também gera suspeita e até mesmo ódio, muitas vezes de forma gratuita.

Em vez disso, devemos oferecer a ajuda da oração e recordar às pessoas o poder da graça divina em todas as provações e o fato de que Deus é o mestre de tudo o que acontece, quer Ele tenha desejado ou permitido que acontecesse. Por fim, devemos combinar essas provações para nos configurarmos com o Cristo sofredor.

9. Cura da Árvore Genealógica

Alguns sacerdotes, e mesmo alguns exorcistas, “praticam a cura intergeracional como condição sine qua non , sem a qual nenhuma cura ou libertação pode ser obtida”, sem se aperceberem dos danos para a fé, e das consequências para as pessoas. Estas práticas não têm fundamento. É uma cópia pobre do que os Mórmons fazem.

10. Deixar o medo de lado

O exorcista deve ser um agente da paz que vem de Cristo. Ele deve lutar contra o medo que o demônio usa para reduzir o homem à sua misericórdia. Um sacerdote que tem medo do demônio não poderá exercer o ministério do exorcismo sem se expor a graves perigos, especialmente se combater esse medo através de práticas mais ou menos supersticiosas.

O documento termina com algumas considerações gerais relativas à sociedade e à forma como ela percebe o ofício de exorcista hoje, especialmente através dos filmes que o assumiram, e sobre a necessidade de uma vida cristã sólida, o melhor fundamento para manter o demônio à distância.

Essas observações são interessantes e mostram como o ministério do exorcismo pode ser desviado ou mal orientado atualmente.

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