Aprendei a humilhar-vos de verdade, e não apenas na aparência, como aqueles que se humilham de maneira fraudulenta, os hipócritas de que fala o Eclesiástico: «Abaixa-se em humildade fingida aquele cujo coração está cheio de fraude» (Ecli 19,23, Vulgata). «Pelo contrário, aquele que é verdadeiramente humilde», diz o bem-aventurado Bernardo, «não procura ver proclamada a sua humildade, mas passar por desprezível.»
Nem a virgindade é agradável a Deus sem humildade, crede no que vos digo. A Virgem Maria não teria sido a Mãe de Deus houvesse nela alguma ponta de orgulho. Grande virtude é esta, pois, sem a qual todas as outras virtudes, longe de poderem existir, rebentam de orgulho.
Cristo foi humilhado a ponto de, no seu tempo, nada ter sido considerado mais vil que Ele. Tão grande foi a sua humildade, tão profundo o seu abaixamento, que ninguém era capaz de julgar dele segundo a verdade, ninguém podia acreditar que fosse Deus. Ora, Nosso Senhor e Mestre disse de Si mesmo: «O servo não é mais que o seu senhor» (cf Mt 10,24); portanto, se sois serva do Senhor, discípula de Cristo, deveis ser aviltada, desconsiderada, humilde.
in Sobre a vida perfeita, II, § 1, 3, 4

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