Sobre a aparição de Nossa Senhora de Lourdes
Estas linhas tão deliciosamente inspiradas acabarão de gravar em nós a imagem da mais bela e da mais suave das criaturas, única digna, no meio da humanidade de cativar e possuir os corações.
“Ela, a Imaculada, era verdadeiramente bela, vestida com Seu traje branco, mais branco que a neve das montanhas, quando o sol vem acariciá-lA com seus raios – ornada com um véu de igual brancura, que deixava apenas perceber os cabelos, cobria as espáduas e descia, para trás, até à orla do vestido.
“Ela, a celeste Senhora, era verdadeiramente bela, com a fronte brilhante de serenidade, o rosto cheio de graça e de juventude, com Seu rosário de contas imaculadas e corrente de ouro suspensa ao braço direito, e duas brilhantes rosas sobre Seus pés nus, velados quase inteiramente pelas pregas graciosas do vestido.
“Ela era verdadeiramente bela; entretanto, nem trazia anel, nem bracelete, nem colar, nenhum desses adereços, desde muito tempo tão caros à vaidade humana.
“Seu único enfeite era o terço. Sua beleza era uma beleza virginal, angélica, divina beleza vinda de Deus e levando a Deus.
“Ela era verdadeiramente bela, pois a vidente entrava em êxtase desde que a aparição se mostrava a seus olhares.
“O mundo material não existia mais para Bernadete. Sua alma extasiada era mergulhada na contemplação. Sorrisos inefáveis iluminavam Seu rosto, transportes de alegria celeste faziam-na estremecer toda” (J. B. Estrade).
A menina de tal modo ficava estranha ao mundo visível que a chama do círio podia passar entre os seus dedos sem causar-lhe a menor impressão.
“Ela era verdadeiramente bela, bela de uma beleza como nunca se viu, dizia Bernadete; bela, penso, como se é belo no céu, dizia ainda.
Quando se procuravam na terra pontos de comparação ou quando lhe citavam senhoras notáveis pela distinção e nobreza de traços, ela respondia quase com acento de piedade: Elas nada são diante dEla, tão considerável lhe parecia a distância.
Um dia, interrogada por uma de suas companheiras sobre a beleza da aparição, ela não pode responder, a princípio, senão por uma espécie de êxtase, depois, levada a falar, acabou por dizer: “Para se fazer uma idéia precisaria ir ao céu”.
Um artista tinha sido escolhido para fazer a estátua de Nossa Senhora de Lourdes. Interroga minunciosamente Bernadete e lhe faz reproduzir a pose, o movimento, os gestos da santa Virgem que arrebataram tantas almas e fizeram derramar tantas lágrimas. Terminada a entrevista, ele não pode se impedir de exclamar: “Os dados, fornecidos por Bernadete são de um ideal tão puro e tão elevado, que bastam para demonstrar que viu uma beleza do céu”.
O artista foi-se embora, penetrado da grandeza de sua missão; escolhe um bloco do mais belo mármore de Carraca, e com sua piedade e seu talento, começa a realizar o ideal que trouxera de Lourdes. Quando terminou a estátua, foi apresentá-la a Bernadete: “Ah! é bela, mas não é Ela! A diferença é como a da terra ao céu!”
Tinha razão, mas o artista estava vencido de antemão, pois preciso lhe era reproduzir com meios emprestados à natureza uma beleza acima da natureza.
Até ao seu último suspiro ficou impressa na alma de Bernadete a imagem de Maria Imaculada.
Alguns dias antes de sua morte, foi introduzida na enfermaria uma criança de seis ou sete anos.
– Minha Irmã, diz a criança, é certo que vistes a Santíssima Virgem?
– Sim, responde com voz baixa e enferma.
– E era muito bonita? perguntou ainda a criança.
– Muito bela, responde vivamente Bernadete, e tão bela era que, “quando alguém a viu uma vez, deseja morrer, para ir vê-lA de novo!”
Morrer para vê-lA ainda de novo! – Oh! que doce palavra.
Talvez não possamos ter a felicidade de aplicá-la a nós, mas ao menos podemos aspirar a morrer para vê-lA outra vez.
Possa a fisionomia da augusta e imaculada Virgem gravar-se indelévelmente em nosso coração, como um ideal e como um centro de atração que não permita desviarem-se as nossas atenções e se fixarem sobre as criaturas, que delas só se apoderariam para as profanar e perder.
Maria, toda amante, e, deveria dizer, toda sorridente, será assim um raio de luz em nossas trevas, um bálsamo par as nossas chagas, um repouso em nossas fadigas e um estímulo à virtude.
(Por que amo Maria, Tratado substancial e completo dos principais motivos de devoção para com a Virgem Maria segundo os Santos Padres, os Doutores e os Santos; pelo Pe. Júlio Maria, missionário de Nossa Senhora do SS. Sacramento; Editora Vozes, ano de 1945)
__________________________
Fonte: www.agrandeguerra.com
Visto em: http://www.amormariano.com.br/
É possível imaginar a pureza e a leveza da aparição! Do mesmo modo que a visão parece esbranquiçada depois de olhar o sol, após ver a Virgem tudo deve parecer sujo e impuro.
ResponderExcluir