Fonte: SSPX Great Britain – Tradução: Dominus Est
PERGUNTA. O que é eutanásia?(1)
RESPOSTA. Eutanásia, por vezes chamada de “suicídio assistido” ou “homicídio misericordioso”, é uma ação ou omissão que, por si só ou intencionalmente, causa a morte, com o propósito de eliminar o sofrimento.
P. Por que a Igreja Católica proíbe a eutanásia?
R. A Igreja Católica proíbe a eutanásia porque é um ato de assassinato. A Igreja, o Corpo de Cristo, tem o dever de esclarecer e proteger a Lei Natural, que está resumida nos Dez Mandamentos.
P. A eutanásia é um pecado?
R. Sim, a eutanásia, ou suicídio assistido, é um pecado mortal contra o Quinto Mandamento, que obriga o homem a proteger e preservar sua vida, não prejudicá-la ou destruí-la.
P. O que e entende com “intrinsecamente mau“?
R. Algumas coisas que são pecados não são más em si mesmas, mas por causa de alguma circunstância. Não é mau comer pizza e beber cerveja, mas se eu fizesse isso em uma igreja, seria um pecado por causa dessa circunstância de eu estar em um lugar sagrado. Outras coisas são más em si mesmas, ‘intrinsecamente’, o que significa que nada pode justificá-las. Matar uma pessoa inocente é uma dessas coisas.
P. Mas certamente tenho direito sobre meu próprio corpo?
R. Quando possuímos algo, temos o direito de fazer com ele o que quisermos. Quando algo nos é emprestado, podemos usá-lo, mas temos que cuidar dele para a pessoa que o possui. Deus, por Sua bondade, nos deu livremente nossa vida, ela pertence a Ele e devemos usá-la de acordo com Sua lei.
P. Certamente é melhor morrer com dignidade do que sofrer?
R. O propósito da vida humana é conhecer, amar e servir a Deus. É fazer isso que nos dá dignidade. Acabar com minha vida com dignidade significa morrer quando Deus quiser, da maneira que Deus quiser e em estado de graça. Dizer que matar a sim mesmo, ou permitir que alguém se mate, acabar com a própria vida ‘com dignidade’ significa realmente acabar com a própria vida com o pecado do orgulho.
P. E quanto àqueles que estão em um estado vegetativo permanente ou que, de alguma forma, estão gravemente debilitados?
R. Independentemente do estado em que uma pessoa se encontre, o mandamento de não matar ainda se aplica. Ninguém tem o direito de acabar com a vida de outra pessoa porque sua condição física está prejudicada. Além disso, embora o corpo de uma pessoa esteja gravementedebilitado, sua alma ainda está ativa; ela ainda pode ser capaz de ouvir e saber o que está acontecendo ao seu redor.
P. Mas Deus não gostaria que ninguém sofresse?
R. O sofrimento e a morte entraram no mundo por causa do pecado de Adão e Eva, não por causa de Deus.
Porque Deus criou o homem incorruptível, mas, pela inveja do diabo, a morte entrou no mundo. (Sb 2, 23)
O sofrimento é uma consequência do Pecado Original. Um cristão que sofre pacientemente com Cristo faz penitência por seus próprios pecados e oferece sacrifício pela salvação dos outros. Deus lhe dá força e graça para carregar a cruz, quando ele pede. Ele, o Senhor da vida, decide quando tudo será consumado.
P. Então, não podemos aliviar o sofrimento?
R. Cuidar dos doentes e procurar aliviar suas dores usando bons meios é um ato de misericórdia e caridade. Dignifica o cuidador de forma semelhante à paciência que dignifica o sofredor. Usar meios maléficos, como matar, para aliviar o sofrimento, no entanto, transforma o cuidador em um assassino, ao mesmo tempo em que o alivia da necessidade de mostrar misericórdia e caridade. “Matança por misericórdia” é um termo impróprio porque meios maléficos estão sendo usados para aliviar o sofrimento em vez de meios bons.
P. Quais são os diferentes tipos de eutanásia?
R. A eutanásia pode ser ativa ou passiva. A eutanásia ativa é um ato positivo que mata a pessoa, por exemplo, com uma injeção letal. A eutanásia passiva é feita pela omissão de algo que deveria ser feito para causar a morte. Exemplos de eutanásia passiva seriam a recusa em realizar uma cirurgia de rotina porque queremos que a pessoa morra, ou a ‘sedação terminal‘, quando uma pessoa não recebe alimentos ou líquidos e, por estar sedada, não consegue gritar por alimentos ou líquido.
P. Tenho o dever de preservar minha vida?
R. Temos o dever de preservar nossa vida de acordo com a vontade de Deus, que nos deu a vida para que pudéssemos conhecê-Lo, amá-Lo e servi-Lo neste mundo e sermos felizes com Ele no próximo.
P. Quais são esses deveres?
R. Os deveres são negativos e positivos.
P. O que você quer dizer com deveres negativos e positivos?
R. Um dever negativo é o dever de não fazer algo. Um dever negativo nos obriga a todo momento. Por exemplo, o mandamento: Não furtarás, sempre nos obriga. Devo passar cada momento de cada dia sem roubar. Um dever positivo é o dever de fazer algo. Este dever não nos obriga a todo momento. Por exemplo, o mandamento positivo: Santificar o Dia do Senhor, não obriga o tempo todo, mas apenas algumas vezes, isto é, em um dia da semana.
P. Então, quais são os deveres negativos e positivos para preservar a vida?
A. O dever negativo é não fazer nada que direta ou intencionalmente cause a morte. O dever positivo é tomar os meios ordinários para preservar a vida. Se necessário, por alguma razão grave, pode ser que tenhamos de usar meios extraordinários.
P. Quais são os meios comuns e extraordinários para preservar a vida?
R. Meios ordinários são os cuidados básicos ou tratamento médico comum. Cuidados básicos significam comida, líquidos, abrigo ou higiene. Estes não são tratamentos médicos. Tratamento médico comum é o tratamento que provavelmente será bem-sucedido sem grandes riscos, sem encargos excessivos para o paciente e não impede algum dever grave.
P. Quais são os meios extraordinários para preservar a vida?
R. Meios extraordinários para preservar a vida são tratamentos médicos que têm baixa probabilidade de sucesso, ou são de alto risco, ou são excessivamente onerosos, ou impedem algum dever grave. A administração de alimentos ou liquidos a um paciente seria extraordinária somente se fosse administrada de uma forma intolerável ao paciente.
P. É possível aliviar a dor de uma forma que tenha o efeito colateral de apressar a morte?
R. Usando o princípio do efeito duplo, é possível proporcionar alívio da dor que, indiretamente e como efeito colateral, apressa a morte. No entanto, nunca se pode pretender causar a morte ou deliberadamente apressá-la.
P. Devo levar em conta qualquer outra coisa antes de tomar medicamentos que me deixem inconsciente?
R. Em termos comuns, normais, há um dever de atender às necessidades urgentes da alma cumprindo todos os deveres e recebendo os Últimos Sacramentos antes de administrar o alívio da dor a um grau que torne o paciente inconsciente.
Pe. David Sherry, FSSPX, Superior do Distrito da Fraternidade na Grã-Bretanha
Nota:
(1) Cf. Pe. François Knittel, FSSPX, Ao serviço da vida (Les Éditions du Cerf, Paris, 2022); Philip Robinson, Eutanásia (Catholic Truth Society, Londres, 2004
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