“Que Deus vos torne santos! ”
“Se me salvar, como espero, devo-o a educação que recebi de minha mãe ”
“Ó meu Jesus Crucificado, protesto que de tal herança desejo apenas este livro de oração, porque vós somente me bastais, ó meu Deus! meu único Bem! ” .
“Eu, Paulo Francisco, pobre e indigno pecador, o útimo dos servos de Jesus Cristo, cerca de dois anos depois que a infinita bondade de Deus me chamou à penitência, ao passar certa vez pelas praias de Gênova, deparei pequena igreja solitária sobre um monte, a cavaleiro de Sestri, dedicada à S S. Virgem do Gazzo. Ao contemplá-la, experimentei fortíssimo desejo de viver naquela solidão; porém, obrigado por dever de caridade a assistir a meus pais, não pude levá-lo a efeito e guardei-o no coração. Tempos depois, não me lembro o mês nem o dia, senti novo impulso, muito mais forte, de retirar-me à solidão. Essas inspirações Deus mas dava com grande suavidade interior. ”
Um dia, enquanto rezava diante do SS. Sacramento, segredou-lhe o Senhor:
“Meu filho, quem de mim se aproxima, aproxima-se dos espinhos”
Ouçamos a Paulo:
“Enquanto orava, vi nas mãos de Deus um açoite formado de cordas, como uma disciplina. Nele estava escrita a palavra: AMOR No mesmo tempo dava N. Senhor à minha alma altíssimo conhecimento de que iria açoitá-la, mas por amor, e a alma se lançava alegremente para o açoite, a fim de abraçá-lo e beijá-lo em espírito. Com efeito, depois que Deus por Sua infinita bondade me deu essa visão logo, se seguiram grandes sofrimentos, e eu tinha plena certeza de que viriam, porque Deus me dera conhecimento infuso disso.”
“Sereis feliz, meu querido amigo, dizia-lhe a um amigo, se fordes fiel em combater e vencer, não vos deixando arrastar pelos sentimentos da natureza, tendo unicamente em vista a Jesus Crucificado, que vos chama com especial bondade a segui-Lo. Será Ele para vós pai, mãe e tudo o mais. Oh! se soubésseis os assaltos que tive que sustentar antes de abraçar a vida religiosa; a extrema repugnância que me insinuava o demônio e a ternura para com meus pais, cujas esperanças, conforme a prudência humana, se estribavam unicamente em mim! As desolações interiores, as tristezas, os temores, tudo me dizia: não resistirás. Satanás fazia-me crer joguete de ilusões e que bem poderia servir a Deus de outra maneira; que esta vida não era para mim... além de muitas outras coisas que passo em silêncio. O que mais me entristecia era o haver perdido o sentimento de devoção. Sentia-me totalmente árido e tentado de todos os modos; o simples toque dos sinos causava-me horror. Todos me pareciam contentes, exceto eu. Em suma, impossível me é descrever todos os grandes combates que me assaltaram, sobretudo quando chegou o momento de tomar o santo hábito e deixar o lar paterno. Tudo isto é a pura verdade; há, no entanto, muitas outras coisas que não sei nem posso explicar. Ânimo, pois, meu querido amigo; Deus nosso Senhor dará ao vencedor o maná oculto e um nome novo!” .
“Quando falo ao meu Jesus a respeito dos Seus tormentos digo-lhe Ah! meu soberano Bem, enquanto éreis açoitado, quais os sentimentos do Vosso ss. Coração?! Ó querido Esposo de minha alma, quanto Vos afligíeis à vista dos meus enormes pecados e ingratidões! Ó amor do meu coração, pudesse eu morrer por Vós!... E imediatamente percebo que meu espirito nada sabe dizer e está fixo em Deus com os sofrimentos de Jesus, comunicados à minha alma. Outras vezes parece desfazer-se-me o coração. Ao relembrar ao meu Jesus Seus sofrimentos acontece às vezes que, depois de um apenas, sou forçado a calar-me, porque minha alma não pode mais falar e parece desfalecer; fica assim abismada em altíssima suavidade misturada com lágrimas, com os sofrimentos do Esposo impressos em si mesma, imersa no Coração e na dor do dulcíssimo Esposo Jesus” .
“Ali! meus queridos irmãos, a simples lembrança da sexta-feira é suficiente para causar a morte a quem possui o verdadeiro amor... Não foi, por ventura, numa sexta-feira que o meu Deus incarnado sofreu por meu amor, a ponto de imolar a vida sobre o infame patíbulo da Cruz?!... ”
“Um Deus açoitado!... um Deus crucificado!... um Deus morto por meu amor!...”
“Não deixe passar dia sem meditar por meia hora ou, ao menos, por quinze minutos, sobre algum mistério da Sagrada Paixão. Com esta prática se conservará longe do pecado e crescerá na virtude."
“Meditar hoje e amanhã num Deus açoitado, coroado de espinho e crucificado por nosso amor, e ofendê-Lo?! Não, não pode ser."
Escrevia a alma piedosa:
“Agradeço à divina misericórdia o ter-lhe concedido a graça de pensar continuamente nos sofrimentos de Jesus. Reflita especialmente no amor com que Nosso Senhor padeceu por nós. O caminho mais breve para a santidade é perder-se toda no abismo de Suas dores. O Profeta chama à Paixão de Jesus OCEANO DE AMOR E DE DOR. Ali! minha filha, é este um segredo revelado unicamente aos humildes. Neste mar imenso a alma descobre a preciosa pérola das virtudes e toma para si os sofrimentos do Amado. Espero que o Esposo lhe ensine esta pesca divina, contanto que se conserve na solidão interior, desprendida de toda imagem, separada de todas as criaturas na pura fé e no santo amor... ” .
“Quando estiver bem aniquilada, bem desprezada e convencida do seu nada, peça a Deus lhe permita penetrar em Seu divino Coração, e Ele não lho negará. Permaneça como vítima naquele divino altar, em que arde eternamente o fogo do santo Amor. Deixe que essas chamas sagradas penetrem até a medula de seus ossos e a reduza a cinza. Em seguida, se o Divino Espirito Santo dignar-se elevar essa cinza à contemplação dos divinos mistérios, consinta que sua alma se abisme na santa contemplação. Oh! como isto agrada a Nosso Senhor!”
(O Caçador de almas, São Paulo da Cruz, pelo Pe. Luis Teresa de Jesus Agonizante)
Fonte: A Grande Guerra
Nenhum comentário:
Postar um comentário