sexta-feira, 16 de maio de 2014

A Pérola Preciosa - 11.º Mistério

A PÉROLA PRECIOSA

Breves pensamentos sobre o Rosário meditado, para sacerdotes.
pelo
Padre Wendelin Meyer, O.F.M.
Tradução portuguesa por
Alberto Maria Kolb


MISTÉRIOS GLORIOSOS
«Simul et resurrectionis erimus.» (Rom. 5-6.)

11.º MISTÉRIO

Nosso Senhor, ao morrer, não tinha figura nem beleza. Desde a planta dos pés até a cabeça não tinha lugar são. Seus ossos eram todos des­locados, Seu sangue derramado, Seu coração desfalecido. Então morreu; mas na morte levantou-Se o novo filho do homem. A humilhação trouxe a vitória. Da noite e da escuridão Ele ressurgiu: A Luz para a luz.

Primeiro Mistério: a ressurreição de Nosso Se­nhor.
Os Sacerdotes imitam a Nosso Senhor.

Os Sacerdotes imitam a Nosso Senhor. No «compatimur» de suas vidas e de seus ministérios está encerrado o «conglorificemur», assim como a frutificação está contida na semente.

Começa então uma festa pascal para a alma.

Para compreendermos esta páscoa do novo homem, meditemos o 1.° mistério: a ressurreição de Nosso Senhor!

Ele ressurgiu dos mortos:

a) no 3.° dia; — b) pelo próprio poder e pela própria força; c) com as chagas resplandecentes e luminosas; d) para prova de Sua divina missão.

a)      No 3.° dia:

«Destruí este templo», disse Cristo, Nosso Senhor. Assim aconteceu, as ruínas jaziam no mo­numento de pedras, no sepulcro. Os fariseus alegravam-se, os discípulos choravam, mas esperavam também. Veio o terceiro dia. Os raios matutinos do sol tocaram os mon­tes; e o Edifício levantou-Se, mais belo do que d’antes. Cresceu e cresceu tanto que até exce­deu o sepulcro.

Cristo ressurgiu.

O templo de Deus sobressai, como o templo dos judeus sobressaiu outrora bem alto sobre os telhados de Sião. Ele é visto per­feitamente, mas não se confiando quase a seus próprios olhos.

Porque então tememos morrer para o mun­do? Subjuguemos e destruamos o velho homem, Deus formará em breve espaço de tempo o novo Adão, repetir-se-á o milagre da ressurreição. Por acaso não verificamos isto mesmo em muitas vidas de santos? Diversos, tendo começado mui tardiamen­te, galgaram rapidamente, contra todas as expectativas, as luminosas culminâncias da santi­dade; o motivo desta rapidez estava no rápido morrer a si próprios.

Quanto mais profunda a nossa «Passio», quanto mais resoluto o desfazermo-nos de nós mesmos, tanto mais cedo madrugará a aurora da nossa Páscoa.

b)      Pelo próprio poder e pela própria força

«Data est mihi omnis potestas in celo et in terra».

Foi me dado todo o poder no céu e na terra (S. Matheus, 28-18), até mesmo no sepulcro.

Sim, para Cristo havia uma noite na qual podia operar: a noite do sepulcro. E ele operou: Sua alma voltou para o sacrossanto corpo e chamou-o à vida. Ele Se acordou a Si mesmo, ressurgiu dos mortos: o maior milagre da oni­potência. — Que pequeninos, que diminutos estamos nós sacerdotes na presença de um tal mestre e taumaturgo! Certo que Cristo depositou grandes poderes nas nossas mãos: podemos chamar à vida da graça os mortos espiritualmente. Mas tratando-se da própria alma, isto é, de se con­duzir a si próprio de um estado de sonolência a um íntimo comércio com Nosso Senhor, então não se percebe a onipotência, mas a fraqueza. Sim, confessemo-lo humildemente: só com o au­xílio da graça chegaremos à perfeita abnegação de nós mesmos.

c)      Com as chagas resplandecentes e luminosas

Como um herói, Jesus saiu do sepulcro.

Era mais belo do que todos os filhos des­ta terra. Não se via em Seus olhos a morte pálida e nem a putrefação em Seu corpo. Circundado de uma celestial candura, pairava luminoso por cima do sepulcro. Os sinais de Seus sofrimentos eram transformados em cicatrizes gloriosas; uma luz brilhantíssima e radiosa perpassava o fino e cristalino corpo.

«Alia claritas solis, alia claritas lunae, et alia claritas stellarum» — Uma é a claridade do sol, outra a claridade da lua, outra a claridade das estrelas. (1.° Corinthios, 15-41).
Nunca porém um astro resplandeceu tanto e tão claro como a estrela de Jacob. Apagou-se pálida, apenas enrubescida de sangue, por de traz do Gólgota; levantou-Se, depois, em nunca vista exuberância e beleza infinita, na manhã da Páscoa.

Como estrelas, luzem os sacerdotes por en­tre a tristeza quotidiana da vida terrena e o afã. Mostram aos homens os caminhos.

Depois, porém desfalecem pálidos e desfei­tos debaixo do sepulcro; mas só por anos. Levantam-se novamente. A imagem do sacerdote transforma-se em uma imagem do céu, mais brilhante do que antes. O seu sinal característico da ordem resplandece por toda parte, para longe. Os trabalhos, fatigantes e cheios de sofrimentos, da vinha do Senhor deixaram sinais inextinguíveis e reluzentes.

Como troféus Ele os leva em Seu corpo glorioso. Oh, bela e encantadora recompensa sacerdotal! Sic honor abitur.

d)     Para prova de Sua divina missão

As palavras ensinam, os fatos convencem. Muitas das palavras de Nosso Senhor caíram sobre pedras. Não se cria em Sua divindade, ainda que Sua doutrina transpirava o sopro de Deus. Quan­do, porém o Redentor, o Verbo feito carne, caíra no rochedo do Gólgota, quando ao de­pois saiu da semente, cresceu e se levantou para uma nova vida, aí então caiu dos olhos de muitos judeus o véu que lhes tapava os olhos. «Verdadeiramente este homem era o filho de Deus», (São Marcos, 15-13), assim se disse de­pois da ressurreição mais ainda do que depois da morte. Conversões inúmeras, de multidões incalculáveis, eram a consequência.

Nada prova mais que o Espírito Divino está operando pelo sacerdote do que a sua ressurreição, do sepulcro, do velho homem. Isso abre os olhos ao mundo. Quando o mundo vê o desprezo de si mesmo, e o espírito de Sacrifício, e o amor, e a humildade, e a vida interior, então ele se encontra com um elemento divino. O mun­do respeito e venera tais sacerdotes.

Ele vê neles algo de novo e extraordinário, isto é, o cunho da santidade e da nobreza do sobrenatural. É uma prova para o mundo da grandeza interior, da sublimidade e santidade que secretamente habitam nestas almas sacerdotais. O mundo crê em tais homens e lhes dá inteira e completa confiança.

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