segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Deus me chama

Um missionário Lazarista, falecido na Itália em fins do século passado, pregava retiro a umas jovens de Constantinopla precisamente nos dias em que a cólera invadia a infeliz cidade.
Na manhã do terceiro dia, bem cedo, viu o missionário chegar uma das jovens retirantes, que lhe disse:
- Padre, desejo confessar-me e fazer uma boa comunhão esta manhã. Depois da missa lhe direi o motivo.
Comungou com singulares mostras de fervor. Depois da ação de graças veio dizer-me:- Padre, esta noite, passei-a acordada e tive a sensação de que chegara para mim o momento da morte e minha alma, separada do corpo, era levada por meu anjo da guarda ao tribunal do soberano Juiz.
Já não era o Salvador tão bom e misericordioso, de que tantas vezes nos falam os padres, mas um juiz inexorável. Iam chegando todas as partes do mundo inúmeras almas; muitas iam para o inferno, bastantes para o purgatório, muitas poucas diretas para o céu.
Perturbada e atemorizada, levantei os olhos e – ó felicidade! – minha boa Mãe, a Imaculada, ali estava a olhar para mim com uma doçura infinita. Animada com esta vista, do fundo do meu coração saiu o grito que repetia muitas vezes na terra: ” Boa Mãe, Mãe do Perpétuo Socorro, socorrei-me, salvai-me!”
Estava eu aos pés do tribunal de Deus e a minha sorte eterna ia decidir-se num instante.
De repente, uma voz melodiosa, como nenhuma outra da terra, se fêz ouvir:
- Meu Filho, esta é minha filha.
Então Nosso Senhor, voltando-se para sua gloriosa Mãe, disse-lhe com inefável carinho, que não se pode exprimir em linguagem humana:
- Pois é vossa: julgai-a Vós.
E por todo juízo a Rainha dos Santos abriu-me os braços e eu me refugiei neles. Era feliz por toda a eternidade!…
Calou-se a jovem. Seu rosto brilhava como se ainda estivesse vendo aquela visão celeste.
O missionário, mais impressionado do que deixava perceber, pregou naquela manhã sobre a necessidade da preparação para a morte.
Apenas havia terminado, vieram chamá-lo com toda a urgência; uma das jovens que assistiam ao retiro acabava de cair de cama vítima da cólera.
Naquele corpinho, que se retorcia com a violência da doença, reconheceu ele a jovem da visão.
- Padre, eu bem lhe dizia, Deus me chama!
E duas horas depois, com um sorriso celestial nos lábios, sua alma voava para a glória, repetindo pela última vez sua jaculatória favorita:
- Minha Mãe, Mãe do Perpétuo Socorro, socorrei-me! salvai-me!
Tesouro de Exemplos – Pe. Francisco Alves
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