quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Saltério de Jesus e de Maria: gênese, história e revelação do Santíssimo Rosário

Um legado espiritual de inestimável valor, recebido diretamente da Santíssima Virgem Maria pelo monge dominicano Beato Alano da Rocha


Sensus fidei: Frei Alano da Rocha, também conhecido como Alano Rupe, Alanus de Rupe, ou por seu nome francês, Alain de La Roche, (Sizun, c 1428 -. Zwolle, 1475) foi um monge dominicano bretão, reconhecido como o primeiro grande difusor do uso devocional do Santo Rosário, então chamado Saltério da Virgem.
Legado preciosíssimo entregue pelas próprias mãos puríssimas da Santíssima Virgem, o Saltério da Virgem Maria com as obras completas do Beato Alano, pouquíssimo conhecidas no idioma português, estão agora disponíveis (em versão eletrônica ao final do presente artigo), originalmente uma publicação de iniciativa do portal BeatoAlanoIt, graças ao providencial esforço de um grupo de simples, porém valorosos, latinistas de uma paróquia de Roma.
O Beato Alano, este privilegiado escolhido pela Mãe do Senhor, de quem recebeu a extraordinária graça de contrair o “esponsalício místico”, nasceu por volta de 1428 na Grã-Bretanha, e entrou na Ordem dos Pregadores, aos 22 anos, no mosteiro de Dinan, diocese de Saint-Malo. Mais tarde transferiu-se para o convento de Lille. Depois dos estudos de filosofia e teologia no Colégio São Tiago, de Paris, recebeu do capítulo geral da Ordem, em 1459, a tarefa de lecionar durante o ano escolar de 1460-1461. Nesse meio tempo, durante uma visita a Lille, em 1460, foi nomeado membro da Congregação Reformada da Holanda, para tentar levar os conventos de volta à regra de observância.
Tornou-se popularmente conhecido por suas visões místicas e, como um pregador do Santo Rosário e de sua espiritualidade. Encorajou a associação de leigos em torno do Rosário, fundando confrarias para a recitação diária das 150 Ave Marias.
Morreu reverenciado como beato em 8 de setembro de 1475, em Zwolle, precisamente no dia em que foi erigida pelo Papa a primeira Confraria do Rosário, em Colônia, fundada por Jacobo Sprenger. Lá, ele foi sepultado, e em sua honra ergueu-se um mausoléu.

Um legado espiritual de inestimável valor, recebido diretamente da Santíssima Virgem Maria

No ano de 1475, após escrever o seu memorial [que está incluído nas obras completas de Beato Alano De Rocha, disponível em livro pdf ao final do presente artigo] em 8 de setembro daquele mesmo ano, o frade dominicano morreria com apenas 47 anos, em odor de santidade, no convento de Zwolle, Holanda, deixando aos católicos um legado espiritual de inestimável valor, recebido diretamente da Santíssima Virgem Maria durante uma de suas aparições. Entre essas revelações da Mãe do Senhor, destacam-se as conhecidas quinze promessas “a todos os que rezarem meu Rosário com devoção”.
O próprio Alano descreve a singularidade de sua missão, que se inicia pelo purificador cadinho dos tormentos e acirrados ataques espirituais, assolando-o por sete anos consecutivos por pavorosas tentações e impertinentes doenças, antes de receber sobrenaturalmente as mais sublimes e insondáveis consolações místicas, além das diretrizes do Céu para a sua missão no impulso da devoção ao Santo Rosário por toda a Igreja. Referindo-se a si mesmo em terceira pessoa, ele relata:
“Alguém que pregava o Saltério da Virgem Maria foi atacado por sete anos inteiros, às vezes com os sentidos e outras vezes materialmente, por assustadoras agitações dos demônios. E ele em quase todos esses anos, não teve nenhuma consolação. Por misericórdia de Deus enfim lhe apareceu a Rainha da Clemência, a qual acompanhada por alguns Santos, visitando-o de vez em quando, abateu a tentação pessoalmente e o libertou do perigo: ao mesmo tempo o amamentou com o seu Seio Virgem. Além disso, o esposou com um anel formado dos seus Cabelos Virginais, e confiou a ele o encargo de pregar este Saltério sob perigo de uma morte inevitável e sob pena de castigo divino.


Grave doença, combates espirituais e tentativa de suicídio

Alano tornara-se teólogo famoso da Ordem de S. Domingos. Mas um teólogo que se notabilizava também por sua extraordinária devoção à Santíssima Virgem. Sempre referindo-se a si mesmo em terceira pessoa, ele registra: “O mencionado padre […] havia muito tempo costumava oferecer o Rosário de Maria, numa assídua devoção diária a Deus, por intermédio da advogada Maria, Mãe de Deus”. Portanto, levava “uma vida segura com Deus na Ordem de sua vocação”. Mas a partir de 1457, “foi muito afligido por uma doença enorme e importuna, por outras tentações e em combates muito cruéis, que teve de travar”. “Deus assim permitindo (uma vez que só Ele podia livrá-lo da tentação: coisa que a Igreja conhece por experiência, e também hoje sofre), eis que foi tentado muito cruelmente pelo diabo por sete anos inteiros, foi açoitado e duramente chicoteado”. Fatos que nos reportam a outro, caso bem recente de nossos tempos: o de Santo Pe. Pio de Pietrelcina.
A vida do religioso tornou-se atormentada a tal ponto que, num dia não especificado do ano de 1464, quando vivia no convento da cidadela francesa de Douai, como professor, deciciu acabar com a própria vida. “Certo dia, passava por um lúcido desespero da alma, na igreja de sua Sagrada Ordem”, escreve Alano. “Em verdade – Deus tenha piedade de nós! –, tendo a mão estendida do tentado retirado a faca, dobrou ele o braço e desferiu contra o pescoço com a lâmina afiada um golpe tão decidido e certeiro, para matar, que teria, sem sombra de dúvida, cortado o pescoço”. Mas, no momento em que tudo já parecia inevitável, repentinamente o inesperado aconteceu. “Sim, aproximou-se, com extrema misericórdia, a salvadora Maria, e, com um gesto decidido em seu socorro, segurou seu braço, não lhe permitindo continuar, deu uma bofetada no desesperado e lhe disse: ‘Que estás fazendo, infeliz? Se tivesses pedido minha ajuda, como fizeste outras vezes, não terias incorrido em perigo tão grande’. Tendo dito isso, desapareceu, e o infeliz ficou sozinho”.

A Santíssima Virgem estabelece um pacto com Alano e “de modo espiritual e invisível, àqueles que rezam seu Rosário com devoção”

Mesmo depois daquela inusitada visita da Santíssima Virgem, as coisas em nada melhoraram: as tentações voltaram com tamanha insistência, que fizeram amadurecer nele a ideia de abandonar a vida religiosa. Além disso, adoecera gravemente, a ponto de convencer seus confrades a lhe darem a extrema unção. Mas, uma noite, quando “jazia miseravelmente em ardentíssimos gemidos”, pôs-se a invocar a Virgem Maria. E pela segunda vez Ela o visitou. Uma luz ofuscante, “entre a décima e a undécima hora”, iluminou sua cela e “apareceu, majestosa, a Beatíssima Virgem Maria, que o saudou com extrema ternura”. Como verdadeira mãe, Nossa Senhora curvou-se para tratar das enfermidades do pobre homem. Dependurou-lhe ao pescoço uma corrente feita de seus cabelos, da qual pendiam cento e cinquenta pedras preciosas, entremeadas por outras quinze, “segundo o número de seu Rosário”, anota o frade. A Santíssima Virgem estabeleceu um pacto não apenas com ele, mas que se estendia, “de modo espiritual e invisível, àqueles que rezam seu Rosário com devoção”.



As quinze promessas feitas pela Santíssima Virgem a todo aquele que recita o Santo Rosário com devoção

Assim, a Mãe do Senhor lhe diz: “Exulta, portanto, e alegra-te, ó esposo, pois me fizeste exultar muitas vezes, tantas quantas me saudou com meu Rosário. No entanto, enquanto eu estava feliz, tu muitas vezes estavas angustiado […]; mas por quê? Eu estabelecera dar-te coisas doces, por isso, por muitos anos, levava-te coisas amargas. […] Vamos, exulta agora”.
E assim se deu: após sete anos de inferno, começava para Alano uma outra vida. “Quando rezava o Rosário de Maria, ficava particularmente iluminado, tomado de uma letícia admirável, unida a uma inexplicável alegria.” Um dia, justamente quando estava rezando, a Virgem, outra vez, “dignou-se fazer-lhe muitas e brevíssimas revelações”, anota. “Aqui estão elas, e estas palavras são da Mãe de Deus:
1. A todos os que rezarem meu Rosário com devoção, prometo minha proteção especial e grandíssimas graças.
2. Aquele que perseverar na oração de meu Rosário receberá uma graça insigne.
3. O Rosário será uma defesa poderosíssima contra o inferno; destruirá os vícios, libertará do pecado, dissipará as heresias.
4. O Rosário fará florescerem as virtudes e as boas obras, e obterá para as almas a mais abundante misericórdia divina; fará que nos corações o amor ao mundo seja substituído pelo amor a Deus, elevando-os ao desejo dos bens celestes e eternos. Quantas almas se santificarão com esse meio!
5. Quem se confia a mim por meio do Rosário não perecerá.
6. Quem rezar meu Rosário com devoção, meditando seus mistérios, não será oprimido pela desgraça. Pecador, se converterá; justo, crescerá em graças e se tornará digno da vida eterna.
7. Os verdadeiros devotos de meu Rosário não morrerão sem os Sacramentos da Igreja.
8. Aqueles que rezam meu Rosário encontrarão durante sua vida e em sua morte a luz de Deus e a plenitude de suas graças, e participarão dos méritos dos bem-aventurados.
9. Libertarei muito prontamente do purgatório as almas devotadas a meu Rosário.
10. Os verdadeiros filhos de meu Rosário gozarão de uma grande glória no céu.
11. O que pedirem por meio de meu Rosário, obterão.
12. Aqueles que defenderem meu Rosário serão socorridos por mim em todas as suas necessidades.
13. Obtive de meu Filho que todos os membros da Irmandade do Rosário tenham por irmãos, durante a vida e na hora da morte, os santos do céu.
14. Aqueles que rezarem fielmente meu Rosário serão todos meus filhos amantíssimos, irmãos e irmãs de Jesus Cristo.
15. A devoção a meu Rosário é um grande sinal de predestinação”.



“Prega as coisas que viste e ouviste. Não tenhas nenhum receio: eu estou contigo”

Uma vez entregue as quinze promessas, a Santíssima Virgem se despediu, pedindo a Alano um gesto de obediência: “Prega as coisas que viste e ouviste. Não tenhas nenhum receio: eu estou contigo; eu te ajudarei e a todos os meus salmodiantes. Castigarei aqueles que se opuserem a ti”.
Alano obedeceu prontamente: do biênio 1464-1465, período das aparições, até sua morte, o dominicano não faria mais nada a não ser defender, por meio da pregação, a amada devoção mariana, e instituir as Confrarias relacionadas com ela. Chegou mesmo a convencer, em 1474, o capítulo dos dominicanos da Holanda a prescrever, pela primeira vez, o Rosário como oração a ser rezada pelas intenções dos vivos e dos mortos. Também nesse ano, em Frankfurt, na igreja dos dominicanos, era erigido o primeiro altar para uma Irmandade do Rosário.
Enquanto isso, no último ano de sua vida, 1475, escreveu a D. Ferrico, Bispo Tornacense muito incline ao Santo Rosário, ao qual o Beato dedicou também o tratado sobre o Nascimento do Rosário. a fim de contar tudo o que lhe havia acontecido onze anos antes. Antes de voltar a Rostock, para reiniciar o ano letivo, parou em Zwolle, onde, em 15 de agosto, festa da Assunção de Maria Santíssima, adoeceu gravemente.
Cercado pelos confrades, que havia tempo já o consideravam beato, morreu na vigília da festa da Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria, celebrada no dia 8 de setembro.
A partir da presente postagem, estaremos eventualmente publicando trechos desse maravilhoso livro com o urgente objetivo de despertar no coração de nossos leitores a devoção ao Santíssimo Rosário, ou o Saltério de Jesus e Maria, arma poderosíssima para a nossa própria salvação, para a conversão dos pecadores, para o triunfo da Igreja e, sobretudo, do inevitável reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo. Afinal, a própria Mãe do Senhor deseja que estejamos atentos às suas solicitudes, lembrando-nos que “a devoção a meu Rosário é um grande sinal de predestinação”.
Fontes de consulta:
Orden de los Predicadores. «Alano de Rupe – Origen del Rosario». Oficina Internet Dominicos.
“Saltério de Jesus e de Maria: gênese, história e revelação do Santíssimo Rosário”, pelo Beato Alano da Rocha O.P. (1464 d.C.). Publicado originalmente no Website Beato Alano, itália.

“Saltério de Jesus e de Maria: gênese, história e revelação do Santíssimo Rosário”,
pelo Beato Alano da Rocha O.P. (1464 d.C.)

Direitos autorais: O livro pode ser baixado livremente, mas não deve ser reproduzido para fins comerciais. Localiza-se no mercado, mas não tem nenhuma consideração ou direitos de autor para todos aqueles que tenham participado na sua elaboração. Queremos respeitar a letra da vontade “da Madonna do Rosário, que, nas visões do Beato Alano disse que não queria circulação de dinheiro em sua fraternidade. Para garantir esse ideal o livro do Beato Alano foi arquivado junto à SIAE Roma. Para qualquer informação (especificando como Beato Alano) por favor escreva para: beatoalano@hotmail.it. Esta obra recém nascida, ainda necessita de melhorias e correções, que se reservam para uma segunda edição. Pede-se aos latinistas e aos leitores, a bondade de indicar eventuais erros e possíveis traduções diferentes de passagens ainda pouco claras. Disponibiliza-se com tal objetivo um endereço eletrônico de contato: donrobertopaola@virgilio.it. É possível consultar também o site web: www.beatoalano.it

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