O poder de Nossa Senhora nos defende das tentações
“Inimicitias ponam inter te et mulierem … Ipsa conteret caput tuum” – “Porei inimizade entre ti e a mulher … Ela te esmagará a cabeça” (Gn 3, 15)
Com muita razão, a Santíssima Virgem é comparada a um exército em ordem de batalha, porque ela sabe ordenar o seu poder e a sua misericórdia para confusão dos inimigos infernais e benefício dos seus devotos. Felizes de nós se nas tentações recorrermos sempre a esta Mãe, invocando o seu doce nome juntamente com o de Jesus. O obséquio mais agradável a Maria é recomendarmo-nos muitas vezes a ela e mantermo-nos debaixo da sua proteção: “Sub tuum praesidium confugimos, Sancta Dei Genitrix” – “Sob a tua proteção nos refugiamos, Santa Mãe de Deus”.
Maria Santíssima não é só Rainha do Céu e dos Santos, mas também do inferno e dos demônios, por tê-los vencido intrepidamente com as suas virtudes. Todos os Santos Padres concordam em dizer que a Bem-Aventurada Virgem é aquela mulher poderosa, prometida por Deus desde o princípio do mundo, a qual, juntamente com o Filho, deveria estar em perpétua inimizade com a serpente infernal e, a seu tempo, havia de lhe esmagar a cabeça, abatendo-lhe o orgulho. Por isso Lúcifer se vê constrangido a ficar prostrado debaixo dos pés de Maria. O espírito maligno, para vingar a sua derrota, volta toda a sua sanha contra os devotos da Mãe de Deus; esta, porém, não permite que lhes cause o menor dano.
Maria foi figurada na coluna, ora de nuvem, ora de fogo, que guiava o povo escolhido para a terra prometida (Pv 12, 21). A coluna representava os dois ofícios que a Virgem exerce continuamente para o nosso bem. Como nuvem, ela nos protege do ardor da divina justiça; como fogo, nos defende dos demônios. Assim como os homens caem por terra quando um raio do céu parece cair sobre eles, assim caem abatidos os espíritos rebeldes apenas ao ouvirem o nome de Maria.
Pela mesma razão, a Virgem é chamada pelo divino Esposo de “terrível contra o poder do inferno, como um exército bem ordenado” – terribilis ut castrorum acies ordinata (Fl 4, 7). Ela sabe ordenar bem o seu poder, a sua misericórdia e os seus rogos para confusão dos inimigos e benefício dos seus servos, que, nas tentações, invocam o seu poderosíssimo socorro. Como foi revelado a Santa Brígida, o orgulhoso Lúcifer preferia que se lhe multiplicassem as penas a ver-se dominado pelo poder de uma mulher. Feliz, pois, aquele que nas lutas com o inferno recorre sempre à Mãe de Deus e invoca o belo nome de Maria.
Habitua-te à bela prática de invocar sempre os nomes santíssimos de Jesus e Maria em todas as tuas necessidades, nos perigos de ofenderes a Deus e especialmente nas tentações contra a pureza. Digo que, entre todos os obséquios que possamos prestar à Santíssima Virgem, nenhum agrada tanto à nossa Mãe quanto recorrermos frequentemente à sua intercessão e colocarmo-nos debaixo da sua poderosa proteção: “Sub tuum praesidium confugimos, Sancta Dei Genitrix” – “Sob a tua proteção nos refugiamos, Santa Mãe de Deus”.
Eis aqui a vossos pés, ó Maria, minha Esperança, este pobre pecador, que tantas vezes, por própria culpa, se fez escravo do inferno. Reconheço que me deixei vencer pelos demônios, porque não recorri a vós, meu refúgio. Se tivesse sempre recorrido a vós, e vos tivesse invocado, nunca teria caído. Tenho a esperança, Senhora minha amabilíssima, de que, por vosso intermédio, já estou livre das mãos do demônio e de que Deus me perdoou. Mas temo que, no futuro, venha a cair de novo no cativeiro do inferno. Sei que meus inimigos ainda não perderam a esperança de me tornar a vencer. Já me preparam novos assaltos e novas tentações. Ah, minha Rainha e meu refúgio, ajudai-me, mantende-me sob o vosso manto; não permitais que eu volte a ser escravo dos demônios.
Sei que me ajudareis e me fareis vitorioso sempre que vos invocar. É este, porém, o meu receio, o receio de que, nas tentações, eu me esqueça de chamar por vós. Eis, portanto, a graça que vos peço e de vós espero, ó Virgem Santíssima: que eu me lembre sempre de vós, especialmente quanto estiver em luta com o demônio. Fazei com que então não deixe de vos invocar frequentemente, dizendo: Maria, ajudai-me, ajudai-me, Maria! – E quando chegar finalmente o dia da minha última contenda com o inferno, na hora da minha morte, ah, Senhora e Rainha, assisti-me então muito mais e lembrai-me de vos invocar então com mais frequência, com os lábios ou com o coração, a fim de que, com vosso dulcíssimo nome e com o de vosso Filho Jesus nos lábios, possa ir bendizer-vos e louvar-vos para nunca mais me apartar dos vossos pés, por toda a eternidade, no paraíso.
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Santo Afonso Maria de Ligório, “Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano”, Tomo II
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