segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

ORDENAÇÕES AO DIACONATO E SACERDÓCIO EM LA REJA – 2024

 

No sábado, 21 de dezembro de 2024, Festa do Apóstolo São Tomé, D. Alfonso de Galarreta procedeu com ordenações sacerdotais e diaconais no Seminário Nuestra Señora Corredentora, em La Reja, na Argentina.

Os 2 novos diáconos são argentinos.

Ao sacerdócio foram ordenados 2 australianos e 1 argentino.

Vários Superiores estiveram presentes na cerimônia (América do Sul, Brasil, América Central e Austrália).

41 padres impuseram as mãos sobre os ordenandos, incluindo padres da Austrália e dos Estados Unidos, por ocasião da ordenação de 2 de seus ex-alunos do Seminário de Goulburn.

A cerimónia contou com uma grande participação, especialmente das famílias dos novos sacerdotes, incluindo os seus pais e vários dos seus irmãos e irmãs que viajaram da Austrália para assistir à Missa de ordenação.

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A FSSPX conta atualmente com (alguns números aproximados):

  • 2 Bispos
  • 707 sacerdotes
  • 137 Irmãos
  • 200 Irmãs em 28 casas [“Relacionadas” à FSSPX: 183 professas e 14 noviças]. As freiras ajudam em 15 escolas e administram outras 4. Estão presentes também em muitos Priorados e em duas residências para idosos em Brémien Notre-Dame, na França, e na Maison Saint-Joseph, na Alemanha.
  • 19 Irmãs Missionárias do Quênia
  • 80 Oblatas
  • 250 Seminaristas e 80 pré-seminaristas

Está presente em 37 países e visita regularmente outros 35.

Mantém:

  • 1 Casa Geral
  • 14 Distritos e 5 Casas Autônomas
  • 4 Conventos Carmelitas
  • 6 Seminários
  • 167 priorados
  • 772 centros de missa
  • Mais de 100 escolas (do Ensino Básico ao Médio),
  • 2 universidades
  • 7 casas de repouso para idosos
  • Numerosas Ordens Latinas e Orientais tradicionais amigas em todo o mundo

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Nota do blog: Colocamos abaixo alguns links sobre a vocação sacerdotal:

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“Senhor, dai-nos sacerdotes,

Senhor, dai-nos santos sacerdotes,

Senhor, dai-nos muitos santos sacerdotes,

Senhor, dai-nos muitas santas vocações religiosas,

Senhor, dai-nos famílias católicas, 

São Pio X, rogai por nós”

https://catolicosribeiraopreto.com/

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Uma Cruzada pelas Vocações


Sermão proferido pelo  Revmo. Sr. Carlos Mestre, no Priorado S. Pio X de Lisboa, no IV Domingo de Advento.

 

MEDITAÇÃO PARA A TARDE: OFERECIMENTO DO CORAÇÃO A JESUS MENINO

 

A verdadeira data do nascimento de Jesus: festa de SucotDilectus meus mihi et ego illi, qui pascitur inter lilia. — “O meu amado é meu e eu sou dele, que se apascenta entre as açucenas” (Cant. 2, 16).

Alma devota, aviva a tua fé e a tua confiança. O mesmo Jesus que, por nosso amor, baixou do céu à terra e quis nascer numa gruta fria, está agora, abrasado no mesmo amor, escondido no Santíssimo Sacramento. Que é o que faz ali? Respiciens per cancellos (1) — “Olha por entre as grades”. Qual amante aflito pelo desejo de ver seu amor correspondido, Jesus de dentro da Hóstia consagrada, como que por entre uma grade estreita, olha-te sem ser visto, espreita os teus pensamentos, os teus afetos, os teus desejos, e convida-te suavemente achegar-te a si. Eia pois, dá contento ao Amante divino e aproxima-te d’Ele.

Lembra-te, porém, do que ordena:  Non apparebis in conspectu meo vacuus (2) — “Não aparecerás em minha Presença com as mãos vazias”. Quem se chegar ao altar para me honrar, não se chegue sem me presentar alguma oferta. Na noite do Natal, os pastores que foram visitar oMenino Jesus na gruta de Belém, trouxeram-lhe os seus presentes. É pois mister que tu também Lhe ofereças o teu presente. Que poderás oferecer-lhe? O presente mais precioso, que possas trazer  para o Menino Jesus, é um coração penitente e amante:  Praebe, fili mi, cor tuum mihi (3)  — “Meu Filho, dá-me o teu coração”.

Ó meu Senhor, eu não devia ter ânimo de me chegar a Vós, vendo-me tão manchado de pecados. Mas já que Vós, Jesus meu, me convidais com tamanha benevolência e me chamais com tamanho amor, não quero resistir. Não quero fazer-Vos esta nova afronta que, depois de Vos ter tantas vezes virado as costas, deixasse agora por desconfiança de aceder a vosso doce convite. Mas sabeis que sou pobre de tudo e que não tenho nada que oferecer-Vos. Não tenho senão o meu coração, e este Vô-lo dou. Verdade é que este meu coração durante algum tempo Vos tem ofendido, mas agora está arrependido, e contrito como se acha, eu Vô-lo ofereço. Sim, meu divino Menino, peza-me de Vos ter dado desgosto. Confesso-o: tenho sido um traidor, um ingrato, um desumano fazendo-Vos sofrer tanto e derramar tantas lágrimas no presépio de Belém; mas as vossas lágrimas são a minha esperança. Sou um pecador e não mereço perdão, mas dirijo-me a Vós, que, sendo Deus, Vos fizestes criança para me perdoar. — Pai Eterno, se eu mereci o inferno, vêde as lágrimas desse vosso Filho inocente; são elas que Vos imploram o meu perdão. Vós não negaes nada às súplicas de Jesus Cristo. Atendei-O, visto que Vos pede que me perdoeis nestes dias santíssimos, que são dias de alegria, dias de salvação, dias de perdão.

Ó meu pequenino Jesus, espero que me perdoareis; mas só o perdão de meus pecados não basta. Neste santo tempo do Natal dispensais às almas graças grandes. Eu também quero uma graça bem grande, e deveis conceder-ma: é a graça de Vos amar. Agora que me chego aos vossos pés, abrasai-me todo em vosso amor e prendei-me a Vós, mas prendei-me de tal modo que eu nunca mais me afaste de Vós. Assim, ó meu Deus amabilissimo, espero que Vos amarei sempre e que Vós sempre me amareis: assim, ó meu amado Jesus, espero que serei sempre todo vosso e que Vós sempre sereis todo meu:  Dilectus meus mihi et ego illi — “O meu amado é para mim e eu sou para ele.” Creio em Vos, ó Bondade infinita; espero em Vós, ó Bondade infinita; amo-Vos, ó Bondade infinita. Amo-Vos, ó meu Deus, feito Menino por meu amor, amo-Vos, e sempre o hei de repetir, amo-Vos, amo-Vos. † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas (4).

Mas, não Vos amo bastante; quero amar-Vos muito, e Vós deveis fazer que assim seja. Ofereço-Vos o meu coração, entrego-o todo inteiro, não o quero mais. Mudai-o e guardai-o para sempre. Não mo entregueis mais, pois, se o entregardes em minhas mãos, tenho medo que Vos tornará a trahir.

Maria Santíssima, vós sois a Mãe desse grande Filho, sêde também minha Mãe; em vossas mãos deposito o meu coração, apresentai-o a Jesus; se Lho apresentardes, Jesus não o rejeitará. Apresentai-o, pois, e rogai que o queira aceitar. Amém. (*III 730.)

  1. Cant. 2, 9.
    2. Exod. 23, 15.
    3. Prov. 23, 26.
    4. 50 dias de indulg. para quem rezar esta jaculatória ou a ensinar aos outros.

Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I – Santo Afonso

FESTA DE SÃO JOÃO EVANGELISTA

 

joaoDiscipulus ille quem diligebat Iesus — “O discípulo a quem Jesus amava” (Io. 21, 7).

Sumário. Consideremos as provas de predileção especial que Jesus deu a seu discípulo João. Chamou-o um dos primeiros, ao apostolado; fê-lo seu confidente, na última ceia permitiu-lhe que reclinasse a cabeça sobre o seu peito; finalmente, no Calvário fê-lo herdeiro do que tinha de mais caro, dando-lhe como mãe a Maria. Nós também temos recebido de Deus muitas provas de pedileçâo; mas que diferença entre a nossa correspondência e a de São João!

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Considera as provas de predilecção que Jesus deu a São João. Chamou-o um dos primeiros, ao apostolado; e ainda que fosse o mais joven de todos, Jesus lhe comunicou os arcanos mais recônditos do seu coração, fê-lo seu confidente, de sorte que o Príncipe dos Apóstolos, não se animando a interrogar o Senhor na última ceia, rogou a João que o fizesse. Junto com São Tiago, seu irmão, e São Pedro, Jesus o fez testemunha do milagre da ressurreição da filha de Jairo, da sua gloriosa Transfiguração no Tabor e de sua agonia no horto. Também na última ceia, quando Jesus quiz fazer os supremos esforços de seu amor, e deu a todos, pela instituição da santíssima Eucaristia, um penhor especial do seu afeto, deu todavia um penhor especialíssimo para o seu amado João. Fê-lo sentar-se a seu lado e permittiu-lhe reclinasse a cabeça sobre o seu peito. Desse contato, diz Santo Agostinho, João tirou os sublimes conhecimentos de mistérios incompreensiveis, que depois registrou no seu Evangelho e que lhe alcançaram o nome de teólogo divino por excelência, e de águia entre os evangelistas. 

Mas a mostra mais patente de afeto deu Jesus Cristo a este seu Benjamin no Monte Calvário, quando, prestes a expirar, lhe deu Maria por mãe, instituiu-o herdeiro do que havia mais caro, e declarou-o primogênito entre os filhos adotivos da Mãe de Deus. — Detém-te aqui para te alegrar com o Santo; escolhe-o para teu protetor especial, e dá graças a Jesus Cristo por lhe haver concedido tantos favores singulares. Mas ao mesmo tempo dá-lhe graças pelos mesmos benefícios que te fez, chamando-te ao seu seguimento, vindo dentro de teu peito na santa Communhão e dando-te Maria Santíssima por teu refúgio, tua advogada e tua mãe.

Se São João foi tão amado de Jesus Cristo, é forçoso dizermos que São João amou também muito a Jesus, porque Jesus assegura-nos que ama os que o amam — ego diligentes me diligo (1). Com efeito, toda a vida do Apóstolo foi um modelo luminoso de amor. Apenas chamado na margem do lago Genezaré, deixou as redes, seu pai e sua mãe e foi em seguimento do Redentor. Chegando a saber que a pureza virginal faz as delicias de Jesus, que é amigo das virgens e se apascenta entre as açucenas (2), resolveu guardá-la sempre em sua pessoa. — Durante a vida do divino Redentor, o amor fez com que São João continuamente contemplasse as amabilidades infinitas de Jesus, e se esmerasse em agradar-Lhe mais e mais, por meio de atos internos e externos das virtudes mais sublimes. —  No tempo da Paixão o amor o fez avantajar-se aos outros apóstolos, impeliu-o a seguir o Senhor até ao Calvário, e a deixar-se ficar intrépido ao pé da Cruz, a fim de lhe trazer, se não defesa, ao menos alívio.

Finalmente, depois da Ascensão de Jesus, o amor estimulou São João a pregar a fé não só na Judéia e na Samaria, mas também em várias partes da Ásia. E como se não lhe bastasse a pregação de viva voz, quis ainda escrever o seu Evangelho, as suas Epistolas e o livro do Apocalipse, livros estes que respiram caridade e amor em todas as páginas. Ademais, quis expôr-se generosamente ao martírio, ainda que o Senhor o livrasse, guardando-o para coisas maiores. Pôde São João responder melhor à predileção da parte de Jesus Cristo?… Que confusão para ti! Depois de teres recebido tantas mostras de afeto especial do Senhor, em vez de amá-Lo, respondeste-Lhe com ingratidões e pecados. Roga a Deus, que te perdoe pela intercessão do santo Apóstolo.

“Ó Senhor, ilustrai benignamente a vossa Igreja para que, instruída com as doutrinas do Bem-aventurado João, vosso Apóstolo e Evangelista, alcance os dons sempiternos.” (3) Fazei-o pelo amor de Jesus Cristo e de Maria Santíssima.

  1. Prov. 8, 17.
    2. Cant. 2, 16.
    3. Or. festi.

Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I – Santo Afonso

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

O Natal descrito pelos Padres da Igreja

 

«Reconheçamos o verdadeiro dia e tornemo-nos dia! Éramos, na verdade, noite quando vivíamos sem a fé em Cristo. E uma vez que a falta de fé envolvia, como uma noite, o mundo inteiro, aumentando a fé a noite veio a diminuir. Por isso, com o dia de natal de Jesus nosso Senhor a noite começa a diminuir e o dia cresce. Por isso, irmãos, festejemos solenemente este dia; mas não como os pagãos que o festejam por causa do astro solar; mas festejemo-lo por causa daquele que criou este sol. Aquele que é o Verbo feito carne, para poder viver, em nosso benefício, sob este sol: sob este sol com o corpo, porque o seu poder continua a dominar o universo inteiro do qual criou também o sol. Por outro lado, Cristo com o seu corpo está acima deste sol que é adorado, pelos cegos de inteligência, no lugar de Deus que não conseguem ver o verdadeiro sol de justiça». 
Santo Agostinho

«Ele está deitado numa manjedoura, mas contém o universo inteiro; mama num seio materno, mas é o pão dos anjos; veio em pobres panos, mas reveste-nos de imortalidade; é amamentado, mas é também adorado; não encontrou lugar na estalagem, mas constrói para si um templo no coração dos seus fiéis. Tudo isto para que a fraqueza se tornasse forte e a prepotência se tornasse fraqueza. Por isso, não só não menosprezamos, mas mais admiramos o seu nascimento corporal e reconhecemos neste acontecimento quanto a sua imensa dignidade se humilhou por nós». 
Santo Agostinho

«Chama-se dia do Natal do Senhor a data em que a Sabedoria de Deus se manifestou como criança e a Palavra de Deus, sem palavras, imitou a voz da carne. A divindade oculta foi anunciada aos pastores pela voz dos anjos e indicada aos magos pelo testemunho do firmamento. Com esta festividade anual celebramos, pois, o dia em que se realizou a profecia: A verdade brotou da terra e a justiça desceu do céu (Sl 84,12)». 
Santo Agostinho

«Neste dia, o Verbo de Deus revestiu-se de carne e nasceu de Maria virgem. Nasceu de modo admirável... Donde veio Maria? De Adão. Donde veio Adão? Da terra. Se Adão veio da terra e Maria de Adão, também Maria é terra. E se Maria é terra, entendemos quando cantamos: a verdade brotou da terra». 
Santo Agostinho

«Jesus é o novo sol que atravessa as paredes, invade os infernos, perscruta os corações. Ele é o novo sol que com os seus espíritos faz reviver o que está morto, restaura o que está velho, levanta o que está decadente e purifica ainda, com o seu calor, aquilo que é impuro, aquece o que está frio e consome o que o que não presta». «Preparemo-nos pois, irmãos, para acolher o natal do Senhor, adornemo-nos com vestes puras e elegantes! Falo, claro está, das vestes da alma, não do corpo… Adornemo-nos não com seda, mas com obras boas! Pois as vestes elegantes ornam o corpo, mas não podem adornar a consciência; pois seria muito vergonhoso trazer sob elegantes vestes elegantes, uma consciência contaminada. Procuremos acima de tudo embelezar os nossos afectos íntimos, e poderemos então vestir belas roupas; lavemos as manchas da alma para usarmos dignamente roupas elegantes! Não adianta dar nas vistas pelas vestes se estamos sujos em pecados, porque quanto a consciência está escura, todo o corpo fica nas trevas. Temos, porém, com que lavar as manchas da nossa consciência. Pois está escrito: Dai esmola e tudo será puro em vós (Lc 11,41). É importante este mandamento da esmola: graças a ele, ao operarmos com as mãos ficamos lavados no coração». 
São Máximo, bispo de Turim

«Nasceu hoje, irmãos, o nosso Salvador. Alegremo-nos! Não pode haver tristeza quando nasce a vida; a qual, destruindo o temor da morte, nos enche com a alegria da eternidade prometida. Ninguém está excluído da participação nesta alegria; a causa desta alegria é comum a todos, porque nossos Senhor, aquele que destrói o pecado e a morte, não tendo encontrado ninguém isento de pecado, a todos veio libertar. Exulte o santo porque está próxima a vitória; rejubile o pecador, porque é convidado ao perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida… Por isso é que, quando o Senhor nasceu, os anjos cantaram em alegria ‘glória a Deus nas alturas’ e anunciaram ‘paz na terra aos homens de boa vontade’. Porque vêem a Jerusalém celeste ser formada de todas as nações do mundo, obra inexprimível do amor divino, que, se dá tanto gozo aos anjos nas alturas do céu, que alegria não deverá dar aos homens cá na terra?». 
São Leão Magno

«Esta é a nossa festa, isto celebramos hoje: a vinda de Deus ao meio dos homens, para que, também nós cheguemos a Deus… celebremos, pois, a festa: não uma festa popular, mas uma festa de Deus, não como o mundo quer, mas como Deus quer; não celebremos as nossas coisas mas as coisas daquele que é nosso Senhor…». «Não embelezemos as portas das casas, não organizemos festas, nem adornemos as estradas, não demos banquetes em nosso proveito nem concertos para mero agrado dos ouvidos, não exageremos nos adornos nem nas comidas… e tudo isto enquanto outros padecem fome e necessidades, esses que nasceram do mesmo barro que nós». 
São Gregório de Nazianzo

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

O BOM GOSTO PARA EMBELEZAR O CULTO

 

Se o culto é digno, as almas encontrarão Deus nele, e o próprio Deus é inclinado à misericórdia.

Fonte: Le Seignadou – Tradução: Dominus Est

O Papa São Pio X escolheu o dia de Santa Cecília, padroeira da música, para publicar o motu proprio Tra le sollicitudini. Neste motu proprio, aquele que acabara de subir ao trono de Pedro tomou medidas para restaurar o canto gregoriano e pôr fim aos abusos que haviam se infiltrado nas igrejas ao longo dos séculos, muitas vezes transformando edifícios sagrados em locais de culto mundano, onde as pessoas iam mais para ouvir alguma diva cantar do que para elevar orações ao céu. “E debalde se espera que para isso desça sobre nós copiosa a bênção do Céu, quando o nosso obséquio ao Altíssimo, em vez de ascender em odor de suavidade, vai pelo contrário repor nas mãos do Senhor os flagelos, com que uma vez o Divino Redentor expulsou do templo os indignos profanadores.

A música sacra, ensina o Papa, está a serviço da liturgia e deve assumir as suas características principais que são a “santidade” e a “universalidade”. A música é sagrada na medida em que faz eco da liturgia, ou seja, tanto por meio do texto quanto da melodia e pela maneira como é executada, eleva as almas e facilita a sua compreensão e união com os mistérios realizados no altar. Embora o Papa, no início do século XX, estivesse pensando principalmente na música excessivamente exuberante do século XVIII italiano, suas palavras se aplicam bem a todas as piegas melodias que nos chegam dos círculos carismáticos e que, infelizmente, ouvimos cada vez com mais frequência nos casamentos de nossos fiéis. O ressurgimento destas melodias revela uma dupla falha: falta de cultura musical e falta de piedade, demasiadamente propícia ao sentimentalismo.

Para ilustrar esse ponto, nada melhor do que um pequeno exemplo. Em um verão, tive a oportunidade de assistir a um funeral no início da semana e a um casamento no sábado seguinte. Em ambas as cerimônias, fomos brindados com o mesmo repertório: “Anima Christi” de Frisina, “Coroado de estrelas” e a oração do Padre de Foucaud, cujas palavras são maravilhosas, mas que foi musicada de acordo com os códigos do sentimentalismo moderno. Funeral e casamento no mesmo contexto? Alguns diriam que isto é mau humor eclesiástico. Sejamos claros em relação ao sentimentalismo. Felizmente, não é ruim sentir consolação na oração, especialmente ao ouvir música sacra, mas, seguindo o conselho de São Francisco de Sales, sejamos muito cuidadosos em nossa oração e em nossa oração cantada, para “buscar o Deus das consolações, e não as consolações de Deus”.

Sagrada, a música sacra deve também ser universal, isto é, “embora seja permitido a cada nação admitir nas composições religiosas aquelas formas particulares, que em certo modo constituem o caráter específico da sua música própria, estas devem ser de tal maneira subordinadas aos caracteres gerais da música sacra que ninguém doutra nação, ao ouvi-las, sinta uma impressão desagradável.” Esse princípio é claramente oposto à adaptação excessiva da liturgia aos costumes indígenas.

O canto gregoriano, o canto litúrgico da Igreja Católica por excelência, é eminentemente sagrado e universal. É santo e mais apto do que todos os outros a levar as almas à oração.  “O único que ela herdou dos antigos Padres, que conservou cuidadosamente no decurso dos séculos em seus códigos litúrgicos e que, como seu, propõe diretamente aos fiéis, o qual estudos recentíssimos restituíram à sua integridade e pureza.” E é universal, não apenas no espaço, como testemunhado pela difusão do rito latino em todo o orbe sem a menor dificuldade, apesar das alegações dos proponentes do aggiornamento, mas também no tempo. Santo Agostinho escreveu, em suas Confissões, que ficava profundamente comovido ao ouvir o canto sagrado. Quem, entre nós, nunca se emocionou ao ouvir a multidão cantar o Dies Irae ou, na festa de Pentecostes, quando a Schola entoa o maravilhoso Aleluia? Por meio do canto gregoriano rezamos e vibramos as mesmas melodias dos cristãos dos muitos séculos que nos precederam. Não é preciso recorrer aos carismáticos para experimentar “sensações fortes”. No entanto, o mundo da música sacra não é imutável, e nada impede que novas melodias substituam gradualmente algumas das melodias inaudíveis em nossos cancioneiros paroquiais. No entanto, São Pio X nos lembra que qualquer novidade nessa área deve respeitar o princípio: “uma composição religiosa será tanto mais sacra e litúrgica quanto mais se aproxima no andamento, inspiração e sabor da melodia gregoriana, e será tanto menos digna do templo quanto mais se afastar daquele modelo supremo.”

Seguramente, às vezes, o canto gregoriano é mal interpretado e, embora nós, nos carmelos, temos sorte, existem paróquias onde as coisas são mais difíceis. Mas isto provém, em parte, do fato dos cristãos estarem desinteressados pela música sacra e, portanto, serem incapazes de interpretá-la corretamente. São Pio X, no entanto, havia dado ordens nesse sentido ao seu clero: “Tenha-se o cuidado de restabelecer, ao menos nas igrejas principais, as antigas Scholae Cantorum, como se há feito já, com ótimo fruto, em muitos lugares. Não é difícil, ao clero zeloso, instituir tais Scholae, mesmo nas igrejas de menor importância, e até encontrará nelas um meio fácil para reunir em volta de si os meninos e os adultos, com proveito para eles e edificação do povo.”

Lefebvre testemunhou que em Donguila, no Gabão, os homens da aldeia, que não assistiam frequentemente à Missa, conheciam de cor os Próprios da Missa da Epifania e cantavam-no com fervor e talento. Levemos, portanto, isso a sério para educar nossos filhos com amor à beleza, culto à música sacra e, acima de tudo, ao canto gregoriano. Não há dúvida de que nossas cerimônias serão ainda mais bonitas e, se o culto é digno, as almas encontrarão Deus nele, e o próprio Deus é inclinado à misericórdia.

Pe. Eric Péron, FSSPX

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

A “LIBERDADE RELIGIOSA” – O ESTANDARTE DE SATANÁS ERGUIDO NO MEIO DA IGREJA

 

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Pe. Pierre Marie, O. P.

Na raiz do liberalismo encontra-se, como já se viu, uma falta de coragem para condenar o erro. O liberalismo penetrou oficialmente na Igreja no dia em que foi aceito o direito à “liberdade religiosa” no foro externo. É este, indubitavelmente, o erro fundamental do Concílio, o erro mais grave. Se se admite a assim chamada “liberdade religiosa”, é claro que, em vista disto, se deve adaptar-se ao pluralismo religioso e procurar conviver com as outras religiões. Tal é a tarefa do ecumenismo. Da mesma forma, admitida a “liberdade religiosa”, é preciso adotar uma forma de governo eclesiástico que favoreça a liberdade, e este será o papel da colegialidade, a qual não é senão a introdução da democracia na Igreja.

Se, ao contrário, se rejeita a “liberdade religiosa”, buscar-se-á favorecer a unidade centrada na Verdade, mediante a conversão à verdadeira Fé. Assim se evitará também dissolver a autoridade na colegialidade e no número. Isso para que a verdade possa ser mais eficazmente ensinada pela autoridade do Magistério, e o erro, condenado com mais energia.

Sabe-se que os inimigos da religião compreenderam, há mais de dois séculos, que a instauração da “liberdade religiosa” é o meio mais eficaz para destruir a Fé católica. Eles a impuseram a partir da assim chamada Revolução francesa, e as diversas tentativas de restauração não ousaram questionar esta “liberdade”.

Sabe-se também que a maçonaria fez pressão sobre a Igreja para esta adotar a doutrina sobre a “liberdade religiosa”, no último Concílio. Dom Lefebvre recorda o exemplo do Cardeal Bea e dos seus contatos, antes do Concílio, com os membros da B´nai Brith, a maçonaria judaica. O próprio Cardeal Willebrands no Osservatore Romano, por ocasião da morte de Adolfo Visser´t Hooft, idealizador e primeiro secretário do Conselho Ecumênico das Igrejas (C. O. E.) conhecidamente ligado à maçonaria, escrevia: “Foi ele [Visser´t Hooft] quem me sugeriu dois pontos concretos que deviam constituir a “pedra de toque” dos aspectos ecumênicos do Concílio: o problema da liberdade religiosa e o dos matrimônios mistos”1.

No boletim do Centro de Documentação do Grande Oriente da França, no. 48, de 1964, lê-se nas páginas 84 e seg.: “Nós nos propomos […] atrair a atenção dos nossos leitores para as intervenções dos bispos e cardeais que, no decurso dos debates, parecem ter manifestado o anúncio de um certo degelo do pensamento católico”. E entre as intervenções cita-se um certo “Arcebispo Wojtyla (Cracóvia)”: “É preciso aceitar o perigo do erro. Não se abraça a verdade sem ter uma certa experiência do erro, é preciso por isso falar do direito de buscar e de errar. Eu reivindico a liberdade de conquistar a verdade”.

Sabe-se também que o Concílio procurou esconder o veneno, falando dum direito negativo ao erro. “A Igreja — assim se pretende — condenou o direito positivo ao erro: ninguém tem o direito moral de escolher o mal e o erro. Ela porém não condena o direito negativo ao erro: o homem tem o direito de não ser impedido de professar os próprios erros, se isto não perturba a paz e a ordem pública”.

No periódico “Le Sel de la terre” demonstramos a falsidade dessa argumentação: a Igreja, com a sua praxe multissecular coercitiva do erro religioso, mostrou que esta não reconhece nem um direito negativo às falsas religiões.

Por outro lado, na prática, não se faz esta distinção, e a Santa Sé, nos seus atos oficiais, refere-se ao direito à liberdade religiosa como foi enunciado pela ONU. Assim, no § 2 do acordo recente entre a Santa Sé e Israel: “A Santa Sé, recordando a Declaração sobre a liberdade religiosa do Concílio ecumênico Vaticano II, “Dignitatis Humanae”, afirma o empenho da Igreja Católica em preservar o direito de todos à liberdade de religião e de consciência, como sublinha a Declaração universal dos direitos humanos e os outros atos internacionais dos quais participa”2. Ou também: “O Concílio Vaticano II […] declara que a pessoa humana “tem direito à liberdade religiosa” (Dignitatis Humanae no. 2). Neste documento, o Concílio sente-se unido aos milhões de homens que, no mundo, aderem, em todas as suas aplicações práticas, ao artigo 18 da declaração universal dos direitos humanos da ONU, a qual afirma: “Todos têm direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião”3.

Releiamos este artigo 18 da Declaração universal dos direitos humanos: “Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicções, assim como a liberdade de manifestar a própria religião ou convicções, só ou em comum, tanto em público como em particular, mediante o ensino, as práticas, o culto e a execução dos ritos”.

Notamos que o artigo não fala dos justos limites que, no dizer dos partidários do Concílio, são um elemento essencial da liberdade religiosa conciliar, aquilo pelo qual esta se distinguiria da falsa liberdade dos maçons e dos liberais. Eis, paralelamente, o artigo correspondente da Declaração dos direito humanos e do cidadão de 1789: “Ninguém deve ser incomodado pelas suas opiniões também religiosas, contanto que a sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei” (art. 10).

Essa liberdade religiosa da Declaração dos direitos humanos do homem e do cidadão em 1789, aproxima-se mais da doutrina conciliar em prever “justos limites” à “liberdade religiosa” e contudo foi declarada um “direito monstruoso” pelo Papa Pio VI 4.

Mede-se assim o desvio da “Igreja conciliar” que não se limita mais a reclamar um “direito negativo e limitado” (já criticável e criticado justamente), mas se alinha pura e simplesmente com a doutrina da ONU!

Ainda recentemente, na reunião inter-religiosa realizada no Vaticano em princípios de novembro, o Papa [João Paulo II – N. da P.] declarou: “Devemos fazer com que todos respeitem a liberdade religiosa. Ela é a pedra angular de todas as liberdades; impedir os outros de professar livremente a própria religião equivale a pôr a nossa em perigo.”

Santo Tomás na Suma Teológica se pergunta se o demônio é o cabeça dos maus, e responde afirmativamente. Ele precisa que o demônio governa os homens, incitando-os ao próprio fim que é a desobediência à Lei de Deus: “O fim que o demônio se propõe é afastar de Deus a criatura racional […] e isso tem motivo de fim enquanto é buscado sob a aparência de liberdade (sub specie libertatis)”.

Portanto, enquanto os pecadores aspiram a este fim, caem debaixo do domínio e governo do demônio, o qual, por isso, é chamado o seu cabeça”5.

“Não é porventura ao grito de “Viva a liberdade”! — comenta o padre Pègues — que se viram perpetrar todos os atentados e crimes contra Deus, contra a Igreja e contra toda a autoridade legítima que queira exercitar o poder em nome deles? Seria muito bom que meditassem esta doutrina de Santo Tomás tantos espíritos ingênuos que pensam ser tudo louvável e excelente neste grito, feito o grito de união na sociedade moderna. No fundo, esse é o grito de revolta do grande inimigo de Deus e dos homens (“Non serviam!”) e é, lançando-o às multidões que ele as reúne, em todo o mundo, debaixo do estandarte da sua rebelião. Na medida em que os homens obedecem a esse grito, caem — diz Santo Tomás — sob o domínio e o governo do demônio”6.

A liberdade, e em particular a “liberdade religiosa”, é o estandarte de Satanás. Os adeptos da “liberdade religiosa” conciliar servem por isso admiravelmente ao demônio. É a abominação da desolação na casa de Deus. “Quem lê, compreenda”, nos diz Nosso Senhor. Diante deste estandarte, erguido no meio da Igreja, devemos reagir alçando o estandarte de Nosso Senhor, no qual está escrito: “Veritas liberabit vos”, “A Verdade vos libertará”. Amemos a verdade: ela nos tornará livres com a verdadeira liberdade dos filhos de Deus; e odiemos o erro, porque é pelo nosso ódio ao erro que Nosso Senhor medirá o nosso amor à Verdade.

1. L´Osservatore Romano, 15/16 de julho de 1985; v. Sì Sì No No, 15 de outubro de 1985, pp. 4 ss.

2. La Croix, 31 de dezembro de 1993.

3. Alocução de João Paulo II aos Bispos da Índia em visita ad limina, 23 de junho de 1979.

4. Pio VI Quod aliquantulum, 10 de março de 1791.

5. ST III, q. 8, a. 7.

6. Comentário do Pe. Pègues ao supracitado artigo de Santo Tomás: “Este artigo, um dos mais importantes da doutrina sagrada é absolutamente próprio da Suma Teológica. Infelizmente, passa freqüentemente despercebido nos comentários”.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

NESSE ADVENTO, UMA BELÍSSIMA MÚSICA, NA PREPARAÇÃO PARA O NATAL DE NOSSO SENHOR

 

Derramai, ó Céus, das alturas, o seu orvalho, e as nuvens chovam o Justo

Não vos irriteis, Senhor, e não recordeis nossas iniqüidades.
Eis que sua Cidade Santa foi feita um deserto:
Sião um deserto tounou-se, Jerusalém está desolada; 
a casa de Sua santificação e de Sua glória, onde Vos louvaram nossos pais.

Derramai, ó Céus, das alturas, o seu orvalho, e as nuvens chovam o Justo

Pecamos, e estamos vivendo como imundos,
caímos nas profundezas, como uma folha morta no universo
e nossas iniqüidades nos arrastam como um vento forte:
escondeste Vossa face de nós e nos aquebrantastes com o peso de nossa própria iniqüidade.

Derramai, ó Céus, das alturas, o seu orvalho, e as nuvens chovam o Justo

Vede, Senhor, a aflição de seu povo, 
e mandai rapidamente Aquele que está para vir:
enviai diante de nós o Cordeiro, Senhor de toda a Terra, da Rocha do deserto aos Montes das filhas de Sião,
e retirai o severo jugo de nossa sujeição.

Derramai, ó Céus, das alturas, o seu orvalho, e as nuvens chovam o Justo

Consolai-vos, Consolai-vos, Ó Meu povo, pois que vem tua Salvação.
Por que estais se consumindo em aflição, por que vos renovais em sua dor? 
Eu salvar-te-ei, não tenhais medo: Eu Sou o Senhor teu Deus,
o Santo de Israel, o teu Redentor.

Derramai, ó Céus, das alturas, o seu orvalho, e as nuvens chovam o Justo!

TOMADA DE HÁBITOS E PRIMEIROS VOTOS ENTRE AS IRMÃS DA FSSPX EM PILAR (ARG) – 2024

 

Tomando o hábito e as profissões, Pilar, 24 de novembro de 2024 01

Irmãs da Fraternidade São Pio X – A serviço de Jesus em seus sacerdotes

No dia 24 de novembro, último domingo depois de Pentecostes, no Noviciado das Irmãs da FSSPX, em Pilar, Província de Buenos Aires, tivemos a Tomada do Hábito de 5 postulantes e Profissões religiosas das Irmãs da Fraternidade. A Missa solene foicantada pelo Padre Joaquín Cortés, tenso como Diácono o Padre Mario Trejo e como Subdiácono o Padre Luis Cuervo, no Noviciado de Santa Teresinha.

Em fevereiro desse ano, outras 4 postulantes deram o primeiro passo na Vida Religiosa. CLIQUE AQUI E VEJA A MATÉRIA.

“Senhor, dai-nos muitas santas vocações religiosas”

Mais sobre as Irmãs da FSSPX e a vocação religiosa feminina pode ser visto clicando aquiaquiaqui e aqui.

SEJA UM BENFEITOR!