quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Comunhão na mão: O chão manchado de sangue

Se por um momento pudéssemos ver a cena dantesca que se produz em nossas igrejas ficaríamos horrorizados. Podemos ter uma ligeira ideia contemplando a fantástica ilustração de Rodrigo Garcia. Será que ela nos parece dura? Pois é exatamente o que acontece e não vemos


"Se alguém nega que no venerável Sacramento da Eucaristia está contido Cristo inteiro sob cada uma das espécies e sob cada uma das partes de qualquer das espécies feita a separação, seja anátema”. Concílio de Trento
Miguel Angel Yanez – Adelante la Fe | Tradução Sensus fidei: Há tempos venho observando discussões e palestras sobre o tema “comunhão na mão”. Em todas elas o que percebo repetidamente é uma série de argumentos, tanto de leigos quanto de sacerdotes, alguns tratando de justificar em recebê-la e outros em administrá-la, evidenciando que, apesar de suas boas intenções, não compreenderam a verdadeira natureza do problema de fundo.
Querido leigo, devemos parar de pensar nestes termos: o que EU gosto, o que a MIM não ofende, o que EU vejo normal, o que EU vejo ou deixo de ver de grave, o que a MIM permite ter devoção, o que EU acredito, o que EU penso, o que EU li que não sei quem disse ou fazia não sei em que século… ou seja, o que EU, EU e mais EU.
Querido sacerdote que quer dar a Comunhão na mão ou, até mesmo, não quer, porém a dá, temos que deixar de discorrer desta maneira: EU gosto mais na mão, EU acredito que devo obedecer apesar de tudo, EU não vejo problemas, EU não vejo isso tão sério, EU não sou ninguém para tomar essa decisão, EU acho que se o Papa e meu bispo fazem, EU devo fazê-lo… ou seja, o que EU, EU e mais EU.
Não, queridos leigos e sacerdotes, esta perspectiva está totalmente errada, o problema não é VOCÊ, ou o que VOCÊ pensa ou deixa de pensar sobre as consequências que tenham para VOCÊ não dar a comunhão na mão, o que eles lhe dizem, o que muitos ou poucos façam, nem o que façam o bispo ou o papa. Não, não e não. Detenho-me e digo em voz alta:

O problema não é você, o problema é ELE

Não importa o seu ponto de vista, a razão teórica que possa ter ou deixar de ter, as suas boas intenções, o seu desejo de obediência, todos estes argumentos desmoronam sob o seu próprio peso, se os vemos à partir da perspectiva DELE, e não do EU.
Qual é o problema DELE com a comunhão na mão?
  1. Está dogmaticamente definido no Concílio de Trento que em cada partícula da Sagrada Hóstia está Jesus Cristo em Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
  2. Portanto, se uma partícula por minúscula que seja cai no chão, é como se caísse a Hóstia inteira.
  3. E se caem partículas ao solo deve-se acreditar dogmaticamente que é o próprio Jesus Cristo, seu Corpo e Sangue, quem está no chão.
  4. Então, se nós pisamos sobre estas partículas estamos pisando sobre Jesus Cristo. Sim, vamos repetir: ESTAMOS CALCANDO JESUS CRISTO SOB NOSSOS PÉS. E nós estamos fazendo por nossa culpa, colaboração ou cumplicidade, não por um acaso fora de nosso controle.
Se por um momento pudéssemos ver a cena dantesca que se produz em nossas igrejas ficaríamos horrorizados. Podemos ter uma ligeira ideia contemplando a fantástica ilustração de Rodrigo Garcia. Será que ela nos parece dura? Pois é exatamente o que acontece e não vemos.
Agora é fácil compreender o Amor que supõe a Eucaristia, onde Jesus foi exposto a ser o mais frágil, mesmo correndo o risco de ser pisoteado indignamente numa segunda Paixão silenciosa e invisível, mas, nem por isso, menos cruel. E é fácil entender o quanto respeito e cuidado deveríamos tratar Jesus Eucarístico diante de sua posição voluntária de fragilidade e exposição, à qual estamos obrigados de modo absoluto e inexcusável, sem que possa haver nenhum EU que valha, nossa única obrigação é a de protegê-LO, contra tudo e contra todos, mesmo à custa da nossa honra ou posição.
Sei que haverá alguns que dirão que exagero, que sempre pode haver partículas de uma maneira ou de outra, e é certo que pode haver mesmo, mas uma coisa é humanamente não poder controlar uma micropartícula que, por exemplo, voe despercebida aos nossos olhos, e outra coisa muito diferente é a que cai por nossa culpa, negligência, covardia e / ou forma de comungar. É verdade que comungando de joelhos e sem patena também pode passar – outra irresponsabilidade do sacerdote -, mas infinitamente menos do que se sujeitamos a Hóstia à fricção do contato com as mãos.
Das muitas observações que tenho feito tenho digo que nunca fui capaz de ver – embora esteja certo de que haja alguém perdido a fazê-lo, como uma exceção – um único comungante na mão tentando remover de sua mão partículas que possam ter permanecido, nem mesmo tentando ver se ficou alguma. Qualquer sacerdote que tem dado a comunhão com a patena sabe que, até mesmo em Missa tradicional sempre há partículas, como sempre há partículas que permanecerão na mão. O simples fato de depositá-lo e pegá-la novamente para comungá-la provoca o desprendimento inevitável. Isso significará, na prática, centenas de partículas pelo chão profanadas e pisoteadas por nossa culpa.
Tudo isso é tanto mais doloroso se pensamos por um momento como esta prática é promovida ativamente, chegando-se até mesmo a obrigar as crianças a fazer a sua Primeira Comunhão na mão, como acontece na paróquia de minha pequena cidade com o pleno conhecimento, silêncio e passividade do Arcebispo de Sevilha[1].




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Nenhum sacerdote está obrigado a dar a Comunhão na mão, e a própria legislação canônica o respalda[2], pois lhe permite não administrá-la à decisão do sacerdote quando há risco de profanação. Acaso não há risco de profanação em que Jesus Cristo caia no chão e seja pisoteado? Acaso não há risco de profanação em uso que possa ser dado à Sagrada Forma como se viu recentemente em Pamplona? Querido sacerdote que, de boa-fé, vem dando a comunhão na mão, contemple a nossa ilustração, medite-a e diga-me: acredita honestamente agora que é seguro dar a comunhão na mão, mesmo para uma única pessoa?
Ninguém, repito, ninguém deve arriscar o Corpo de Cristo a ser pisoteado e profanado, e isso é feito dando uma única comunhão na mão. Poderia haver uma lei que obrigasse um filho a expor sua mãe para ser pisoteada, ultrajada e humilhada? Mesmo se houvesse, qualquer pessoa com um mínimo de bom senso teria obrigação moral de continuar seguindo esta lei?… Pois, quanto mais se falamos de Jesus Cristo, Nosso Senhor e Criador.
Não tenho dúvida de que a maioria de vocês que a recebem em sua mão ou a administram não o fazem com essa intenção, porque continuam analisando a partir do EU, EU e EU. Pare por um momento, reflita e olhe a partir do ponto de vista DELE, pisoteado no chão ou profanado por indesejáveis, com a igreja cheia de rastros do Sangue de Nosso Senhor, e estou certo de que nem a receberão nem a darão nunca mais.
Se houve milhares de mártires que morreram por não permitirem ultrajar uma imagem, um livro sagrado… você vai tolerar esse ultraje e calcar sob os pés o próprio Jesus Cristo em Corpo, Sangue, Alma e Divindade diante dele?
Antes morrer do que Nosso Senhor esteja no chão por minha culpa.
[Ilustração de Rodrigo Garcia para Adelante la Fe]
Notas:
[1] Pessoalmente denunciei ao Sr. Arcebispo de Sevilha, Monsenhor Asenjo, que as crianças recebiam obrigatoriamente a Primeira Comunhão de pé e na mão. Sua resposta foi que “ele não podia fazer nada”. Pobres crianças, usadas e manipuladas pelos demolidores da Fé, que deve sempre deveriam lembrar as duríssimas palavras de Nosso Senhor contra aqueles que manipulam esses pequenos, “mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar”. (Mateus 18:6)
[2] “Se houver perigo de profanação, não se distribua aos fiéis a Comunhão na mão”.(Redemptionis Sacramentum 92).

terça-feira, 30 de agosto de 2016

O Imaculado Coração de Maria é um só com o adorabilíssimo Coração de Jesus


“O que Deus uniu não separe o homem”, disse Nosso Senhor. Havendo Deus, em seu plano divino, unido intimamente a Jesus e Maria, o Coração do Filho e o Coração da Mãe, não os separe ninguém em seu próprio coração.


Mons. de Ségur (*) | Tradução Sensus fidei: Pelo Coração de Maria deve entender-se tanto o Coração material de seu corpo, como o Coração espiritual de sua alma, e o que poderíamos chamar seu Coração divino, ou seja, o Amor eterno e substancial, o Espírito Santo, do qual a bem-aventurada Virgem esteve total e divinamente repleta.
Sob este tríplice ponto de vista, o Coração imaculado de Maria é todo de Jesus, e tem relações tão íntimas e indissolúveis com o Coração do Filho de Deus, que esta união consuma os dois em uma espécie de unidade; consummati in unum.
O Coração material de Jesus veio todo inteiro do Coração virginal de sua Mãe, a qual apenas proporcionou ao Verbo encarnado a substância de sua humanidade, e por conseguinte a substância do mais nobre e principal órgão desta humanidade adorável, que é o seu Coração. A fé nos ensina que quando o Pai celestial engendrou no tempo, no seio da Virgem, Aquele a quem engendra eternamente nos céus, o Espírito Santo, Espírito de amor e de união, operou este fato inefável mistério da Encarnação do Verbo tomando a mais pura flor do sangue imaculado de Maria para formar dela o corpo adorável de Jesus. Bem, todos sabemos que o sangue e o coração formam uma só coisa no corpo humano: o coração é o princípio, a origem do sangue; difunde-o por todos os membros para vivificá-los; e o sangue volta a ele fielmente como a seu primeiro princípio, para ser novamente difundido pelo corpo. O Coração divino do Menino Jesus foi, pois, todo formado da substância mesma e da mesma substância da Virgem sua Mãe: se é obra do Espírito Santo, é igualmente obra de Maria; e pertence tudo a sua Mãe o mesmo que a seu divino Pai. Se Santo Agostinho disse e pode dizer “A carne de Cristo é a carne de Maria, caro Christi, caro Mariae”, com não menos verdade pode-se dizer: Não por efeito de uma confusão, mas em virtude de uma íntima união, o Coração de Jesus é o Coração de Maria, e o Coração de Maria é o Coração de Jesus.
O Coração espiritual de Maria e o Sagrado Coração de Jesus não fazem igualmente mais do que um só coração como consequência de uma indissolúvel união de espírito, de vontade, de sentimentos e de afetos. Diz-se dos primeiros cristãos que não tinham “mais que um coração e uma alma, cor unum et anima una”[1], com quanto mais razão se pode e deve dizer do Filho único de Maria e desta sua santíssima Mãe?
Se São Bernardo pode dizer que, sendo Jesus sua cabeça, o Coração de Jesus é seu coração, e que assim “não tem verdadeiramente mais do que um coração com Jesus: ego vere cum Jesu cor unum habeo;”[2] com quanto mais verdade não pode dizer a Imaculada Virgem Maria: “O Coração de minha Cabeça e de meu Filho é meu coração, e não tenho com Ele mais do que um mesmo coração?”
Por isto disse um dia à sua querida filha e serva Santa Brígida: “Saibas que amei meu Filho tão ardentemente, e que Ele me amou tão certamente, que Ele e eu éramos um só coração; quasi cor unum ambo fuimus.
“Meu Filho, acrescentou, era verdadeiramente para mim como o meu coração; quando Ele sofria, era como se meu Coração sofresse suas penas e tormentos. Sua dor era a minha dor, e seu Coração era o meu Coração.”
Isto mesmo ensinou por sua vez Nosso Senhor à mesma Santa Brígida, quando aparecendo-lhe um dia e conversando familiarmente com ela, disse-lhe: “Eu que sou Deus e Filho de Deus desde toda a eternidade, fiz-me homem no seio da Virgem, cujo Coração era como meu Coração: e por isto minha Mãe e Eu operamos a salvação do homem, pode-se dizer assim com um mesmo Coração, quase cum uno corde.”
Assim, pois, o Coração da Santíssima Virgem e sua alma imaculada, impecável, perfeitamente santa, humilde, doce e obediente, formava uma só coisa com o Coração e a alma de seu adorável Filho.
Finalmente, deve dizer-se com precisão ainda mais absoluta, que o Coração divino e eterno de Jesus, que é o Espírito de amor e o próprio Amor, era verdadeiramente o Coração divino de Maria e o princípio único de sua vida, de seus pensamentos, de seus afetos e de todos os seus movimentos.
O Espírito Santo, que em nós é o Espírito de Jesus Cristo, Spiritus Christi,[3] sendo-o em plenitude na alma da Santíssima Virgem, e a unia de uma maneira tão perfeita e divina a Jesus, e por Jesus ao Pai celestial, que esta união, que é a graça, a alegria e a coroa da Mãe de Deus, constitui um mistério insondável em cujas santas profundezas somente Deus pode penetrar, e no qual via São Boaventura “algo infinito”.
Assim, pois, o Coração de Maria e o Coração de Jesus são um só no Espírito Santo. Oh! Sejam também um só em nosso amor e em nossas homenagens!
Sim, Jesus é o coração e a vida de sua bem-aventurada Mãe; e lhe comunica sua vida divina com tal superabundância, que é até impossível comparar esta vida de Jesus em Maria à vida de Jesus em seus maiores Santos e em seus mais exaltados Anjos. “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim”.[4]
“Eu vivo, diz-nos desde o alto do céu a Rainha dos Anjos e dos Santos, a Mãe da vida, a celestial Mãe de Deus; eu vivo, mas já não sou eu, é meu Filho, meu Senhor e meu Salvador quem vive em mim. Vive em minha alma, em meu corpo, em todas as potências da minha alma e em todos os sentidos de meu corpo”.
Jesus está inteiramente vivo em Maria, ou seja, tudo o que é comunicável em Jesus, vive em Maria: seu Coração vive em seu Coração, sua alma em sua alma, seu espírito em seu espírito.
“O que Deus uniu não separe o homem”, disse Nosso Senhor.[5] Havendo Deus, em seu plano divino, unido intimamente a Jesus e Maria, o Coração do Filho e o Coração da Mãe, não os separe ninguém em seu próprio coração. Ao adorar o Coração de Jesus, veneremos e bendigamos o Coração de Maria; e ao tributar esse culto de hiperdulia, ou seja, de super veneração ao Imaculado Coração da Mãe de Deus, tributemos ao sacratíssimo Coração de seu Filho o culto de latria, ou seja, de adoração propriamente dita, que lhe devem o céu e a terra. No céu continuaremos eternamente este duplo culto em união dos Anjos e Bem-aventurados. Que alegria será bendizer ali a Jesus e Maria, contemplá-los face a face, sentir nosso coração junto ao seu Coração e embriagar-nos de seu santo amor.
Oh, Coração sacratíssimo de Jesus! Tende piedade de nós! Cor Jesu sacratissimum, miserere nobis!
Oh, Coração imaculado de Maria, rogai por nós! Cor Mariae inmaculatum, ora pro nobis!
Notas
[1] Act. IV, 32 .
[2] Extract. De Passione Domine, super istud Joannis: Ego
sum vitis vera, III.
[3] Rom. VIII, 9.
[4] Galat. II, 20.
[5] Quod Deus conjunxit, homo non separet. (Matth. XIX, v. 6.)
(*) Monsenhor de Ségur. El Sagrado Corazon de Jesus. pp. 169-174. Casa Editorial de Manuel Galindo y Bezares. 1888.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O Santo Rosário é o remédio para os castigos ameaçados ao mundo, causados pelos três pecados capitais: luxúria, avareza e soberba

“Os fiéis de Cristo exaltados pelas meditações e pelas orações [do Santo Rosário], logo se transformaram em outros homens. As sombras das heresias foram afastadas e manifestou-se a luz da Fé Católica” — 
S. Pio V
Saltério de Jesus e de Maria: gênese, história e revelação do Santíssimo Rosário: Pe. Raimundo Spiazzi O.P., ofereceu uma excelente descrição do Beato Alano e dos eventos sucessivos a Alano. Ele assim escreve: “Mas pela nossa fragilidade humana, com o passar do tempo a devoção [do Santo Rosário] esfriou a tal ponto de cair quase no esquecimento. Mas a Virgem vigiava e procurou novamente reacendê-la nos corações dos povos. E como foi o Patriarca S. Domingos o instituidor, assim quis que um dominicano voltasse a pregar à bendita fórmula de oração. Este dominicano foi o Beato Alano, mestre da Ordem.


S. Domingos de Gusmão foi o Patriarca S. Domingos o instituidor do Santo Rosário. A Santíssima Virgem quis que um outro dominicano voltasse a pregar à bendita fórmula de oração. Este dominicano foi o Beato Alano, mestre da Ordem.
Por volta do ano 1460 o P.N. Alano se encontrava em Bretanha celebrando a Santa Missa em uma manhã, quando no momento da consagração, viu Jesus Cristo crucificado na Hóstia dizendo:
‘Alano, tornas a crucificar-me’.
Confuso, o religioso respondeu: ‘Senhor, como eu poderia cometer tal maldade?’
Respondeu-lhe o Senhor:
‘Tu me crucificas com os teus pecados de omissão. Tu tens sabedoria, a função sagrada e a licença de pregar o Santo Rosário e não o fazes’O mundo é cheio de lobos e tu te fizestes um cão dócil, incapaz até de latir. Juro que se não te corriges tornarás alimento dos pobres mortais’.
Após ter dito essas palavras o fez ver as penas infernais e os tormentos, ao qual eram expostas as almas no inferno. Disse o Senhor:
‘Vistes aquelas penas?’ Aquele será o teu lugar, se demorares em pregar o meu Rosário. Vai e eu estarei contigo, assim como toda a corte do Paraíso contra aqueles que tentarão ser obstáculo’.
O Beato Alano ficou muito intimidado. Posteriormente o Beato teve uma segunda visão, que o tornou a encorajar e trouxe-lhe nova esperança.
No dia da Assunção ele estava pregando, quando o Senhor o fez conhecer aquilo que queria dele. Viu a Santíssima Virgem entrar no Paraíso com o seu Filhinho e todos os espíritos angélicos inclinaram-se diante dela saudando-a com as palavras “Ave Maria”. Viu os angélicos tocarem instrumentos quase em forma de Rosário e cantarem “Ave Maria” e outro coro responder ‘Benedicta tu in mulieribus”[1][2] Os espíritos celestes ofereciam o Rosário à Virgem em grupos de cento e cinqüenta. Um deles disse ao Beato Alano:
‘Esse número é sagrado. Está presente na arca de Noé, na taberna de Moisés, no templo de Salomão, nos salmos de David, nos quais é representado Cristo e Maria. Com este número o Senhor gosta de ser glorificado e para que tu pregues o Rosário o Senhor quis fazer-te constatar o quanto é de seu agrado’.


Em uma de suas visões místicas, Beato Alano viu a Santíssima Trindade coroar Maria Imperatriz do Céu. Ela se voltou ao Beato Alano e disse: ‘Prega o que vistes e sentistes. E não temas porque eu estarei sempre contigo e com todos os devotos do meu Rosário’.
Advertiu-o posteriormente que era necessário pregar ao mundo esta devoção, porque tantos eram os males que o afligiam. Teria grande alegria todo àquele que louvasse a Deus daquele modo; enquanto que aqueles que o tivessem desprezado seriam vítimas de calamidades.
Viu que os castigos ameaçados ao mundo são causados pelos três pecados capitais:luxúria, avareza e soberbaPara tais pecados o remédio era o Rosário.
Viu também a Santíssima Trindade coroar Maria Imperatriz do Céu. Ela se voltou ao Beato Alano e disse:
‘Prega o que vistes e sentistes. E não temas porque eu estarei sempre contigo e com todos os devotos do meu Rosário’.
Ele começou a pregar essa devoção, obtendo em todos os lugares grandes frutos espirituais.
No ano de 1475 a Beata Virgem apareceu também ao Superior do convento de Colônia, este também fazia parte da Ordem dos Pregadores. A Virgem o disse que se a cidade de Colônia quisesse realmente liberar-se dos inimigos que a assediavam, era necessário pregar e difundir a prática do Rosário. Só desse modo a cidade seria salva. O culto Superior tornou público o comando da Rainha dos Anjos e depois que o povo abraçou e praticou a oração do Rosário, a cidade foi liberada.

S. Pio V reconheceu o Santo Rosário como meio eficaz para afastar as sombras das heresias e reavivar a Fé Católica

Sabia bem o Santo Pontífice Pio V, quanta força tinha o Rosário no debelar os inimigos de Deus. Ensinava-o a experiência e a confiança que colocava na Virgem e em São Domingos. O Rosário serviu para reprimir o orgulho do imperador Otomano, que assoberbado pelas vitórias, pretendia ter Roma em seu poder. Mas foi humilhado pelas orações do santo Pontífice e dos irmãos da Confraria do Rosário[3].


Retrato do Papa S. Pio V (1504 – 1572) por Palma il Giovane (1548/50 – 1628)
São Pio V, deixou na história da Igreja um Documento de vital importância sobre o Santo Rosário, a Bula Consueverunt de 17 de setembro de 1569[4], na qual trata de São Domingos que, durante a difusão da heresia albigense, “levando os olhos ao Céu, e aquele monte da Gloriosa Virgem Maria benigna Mãe de Deus”[5] , viu “uma maneira fácil e acessível a todos, como também muito devota no orar e implorar a Deus. O Rosário ou Saltério da Beata Virgem Maria, através do qual ela é venerada com a Saudação Angelical repetida cento e cinqüenta vezes, segundo o número do Saltério de David e com a oração do Senhor intercalada em cada dezena. À esta se acrescenta algumas meditações que re-percorrem toda a vida do Senhor Nosso Jesus Cristo”.[6]
São Pio V afirmou em relação a este modo de pregar, difundido pelos Frades de São Domingos e através da Confraria:
“Os fiéis de Cristo exaltados pelas meditações e pelas orações, logo se transformaram em outros homens. As sombras das heresias foram afastadas e manifestou-se a luz da Fé Católica”[7].
E foram apresentadas tantas outras possibilidades aos cristãos:
“Nós também, seguindo os exemplos dos predecessores e vendo a Igreja Militante a nós confiada por Deus, que nestes últimos tempos está sendo agitada por tantas heresias e por tantas guerras, atormentada e aflita atrozmente pelos maus costumes dos homens, preocupados, mas cheios de esperança. Levantamos os olhos àquele monte, de onde provém cada ajuda, exortamos e convidamos cada fiel de Cristo a fazer a mesma coisa amavelmente no Senhor”[8].


S. Pio V obteve de Deus a graça de ter uma visão antecipada da vitória sobre os muçulmanos em Lepanto. A Liga Santa, formada pela República de Veneza, Reino de Espanha, Cavaleiros de Malta e Estados Pontifícios sob o comando de João da Áustria, venceu o Império Otomano no dia 7 de outubro de 1571, ao largo de Lepanto, na Grécia. Esta batalha representou o fim da expansão islâmica no Mediterrâneo.
Em ocasião da vitória de Lepanto no dia 7 de outubro de 1571 (era o primeiro domingo do mês), São Pio V propôs a criação da Festa do Santo Rosário, como comemoração de Santa Maria da Vitória. Em seguida Gregório XIII, no dia 1° de abril de 1573, com a Bula “Monet Apostolus”[9] relança a Confraria do Rosário, e Clemente XI com um Decreto da Congregação dos ritos[10], no dia 3 de outubro de 1716, universaliza a festa do Rosário prevendo a sua celebração no dia 7 de outubro.
Notas
[1] “Bendita és tu entre as mulheres”.
[2] Trata-se de Padre Jacomo Sprenger, já citado na introdução.
[3] SPIAZZI P. R., op. cit. p. 359-360.
[4] BULLARIUM ORD. PRAED. Tom. V, p. 223 Anno 17 Septembris 1569.
[5] “Levans in Coelum oculos, et montem illum Gloriosae Virginis Mariae Almae Dei Genitricis”, in BULLARIUM ORD. PRAED., tom. V, p. 223, anno 17 septembris 1569.
[6] “Modum facilem, et omnibus pervium, ac admodum pium, orandi, et praecandi Deum, Rosarium, seu Psalterium eiusdem Beatae Mariae Virginis nuncupatum, quo eadem Beatissima Virgo Salutatione Angelica centies, et quinquagies ad numerum Davidici Psalterii repetita, et Oratione Dominica ad quamlibet Decimam cum certis meditationibus totam eiusdem Domini Nostri Iesu Christi vitam demonstrantibus, interposita, veneratur”, in Bullarium ord. praed., tom. V p. 223, anno 17 septembris 1569.
[7] “Coeperunt Christifideles meditationibus accensi, his precibus inflammati in alios viros repente mutari, haeresum tenebrae remitti, et lux Catholicae Fidei aperire” , in Bullarium ord. praed., tom. V, p. 223, anno 17 septembris 1569.
[8] “Nos quoque illorum praedecessorum vestigia sequentes, Militantem hanc Ecclesiam divinitus nobis commissam, his temporibus tot haeresibus agitatam, tot bellis, pravisque hominum moribus atrociter vexatam, et afflictam cernentes, lacrymabundos, sed spei plenos, oculos, in montem illum, unde omne auxilium provenit, levamus, et singulos Christifideles ad simile faciendum benigne in Domino hortamur, et monemus”, in BULLARIUM ORD. PRAED., tom. V, p. 223, anno 17 septembris 1569.
[9] Cf. Acta, 2,27,96-98.
[10] Cf. Acta, 2,322,775-787.
“Saltério de Jesus e de Maria: gênese, história e revelação do Santíssimo Rosário”, pelo Beato Alano da Rocha O.P. (1464 d.C.). Publicado originalmente no Website Beato Alano, itália.

“Saltério de Jesus e de Maria: gênese, história e revelação do Santíssimo Rosário”,
pelo Beato Alano da Rocha O.P. (1464 d.C.)

Direitos autorais: O livro pode ser baixado livremente, mas não deve ser reproduzido para fins comerciais. Localiza-se no mercado, mas não tem nenhuma consideração ou direitos de autor para todos aqueles que tenham participado na sua elaboração.Queremos respeitar a letra da vontade “da Madonna do Rosário, que, nas visões do Beato Alano disse que não queria circulação de dinheiro em sua fraternidade. Para garantir esse ideal o livro do Beato Alano foi arquivado junto à SIAE Roma. Para qualquer informação (especificando como Beato Alano) por favor escreva para: beatoalano@hotmail.it. Esta obra recém nascida, ainda necessita de melhorias e correções, que se reservam para uma segunda edição. Pede-se aos latinistas e aos leitores, a bondade de indicar eventuais erros e possíveis traduções diferentes de passagens ainda pouco claras. Disponibiliza-se com tal objetivo um endereço eletrônico de contato: donrobertopaola@virgilio.it. É possível consultar também o site web: www.beatoalano.it




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