“os Dons Extraordinários não devem ser temerariamente pedidos, nem deles devem presunçosamente ser esperados frutos de obras apostólicas”
(Const. Dogmát. “Lumen Gentium”, nº 33)
♣ Ora, é exatamente o contrário, o que estão ensinando nesses Grupos Pentecostais e Carismáticos; sem levar em conta a ação imprudente e generalizada de doutrinas opostas à Doutrina Católica, os perigos que daí podem resultar, e, a legalização disseminada e incentivada dos vários vícios do espírito.
♣ A Doutrina exposta a seguir, de S. João da Cruz e de S. Teresa, não se refere diretamente aos Carismas Extraordinários tratados até aqui, e sim a outros, mas a sua clareza e objetividade dizem o que deve ser dito sobre estes, com nítida ressonância à Doutrina Tradicional exposta até aqui, além de lançarem luzes onde o conhecimento ordinário se dispersa (n. c.).
A Doutora e Mestra dos Espirituais assim ensina:
► “... quando souberdes ou ouvirdes dizer que Deus concede esses favores às almas, nunca Lhe supliqueis que vos leve por esse caminho, nem aspireis a isso.
Ainda que tal caminho vos pareça muito bom, devendo ser apreciado e reverenciado, não convém agir assim por algumas razões. Em primeiro lugar, porque é falta de humildadedesejar o que nunca merecestes; portanto, creio que não a tem muita quem assim se comporta...E julgo que eles (os favores sobrenaturais) nunca ocorrerão, uma vez que o Senhor, antes de conceder essas Graças, dá um grande conhecimento próprio. E como entenderá sinceramente quem alimenta tais ambições, que já recebe grande misericórdia em não estar no Inferno?
Em segundo lugar, porque é muito fácil haver engano, ou risco de o haver. O Demônio não precisa senão de uma porta aberta para armar mil embustes. Em terceiro, porque a própria imaginação, quando há um grande desejo, leva a pessoa a acreditar que vê e ouve aquilo que deseja, tal como os que, querendo uma coisa durante o dia e pensando muito sobre isso, sonham com ela à noite.
Em quarto lugar, porque é extremo atrevimento que eu deseje escolher um caminho, já que não sei qual o melhor. Pelo contrário, devo deixar que o Senhor, que me conhece, me leve por aquele que me convém, para em tudo fazer a Sua Vontade. E, em quinto,julgais que são poucos os sofrimentos padecidos por aqueles a quem o Senhor concede essas Graças? Não, são imensos e se manifestam de diversas maneiras. E sabeis vós se seríeis pessoas para padecê-los? Por último, porque talvez por aí mesmo onde pensais ganhar, perdereis – como ocorreu a Saul, por ser rei (as razões 5ª e 6ª aludem ao episódio dos filhos de Zebedeu – S. Mat. 20, 20-22, - e à conduta de Saul – I Rs. 15, 10-11; cfr. Mor. VI, Cap. 11, 11 e Mor. V, Cap. 3, 2).
Enfim, irmãs, além dessas há outras. Crede-me que o mais seguro é não desejar senão o que Deus deseja, pois Ele nos conhece e nos ama mais do que nós mesmos. E não poderemos errar, se com determinação da vontade, agirmos sempre assim”(S. Teresa de Jesus, Mor. VI, Cap. 9, 14-16; cfr. Mor. IV, Cap. 2, 9; Liv. da Vida, Cap. XII, 1. 4. 7).
► E, em outro lugar, ensinando sobre o 1º grau de Oração diz: “... É muito bom, que uma alma que só chegou até aqui, graças ao Senhor, não procure ir além por si (mesma) – e muito se atente para isso – , para que não obtenha, em vez de lucro, prejuízo... Quem quiser passar daqui e levantar o espírito a sentir gostos (sobrenaturais), que não lhe são dados, perde, a meu ver, tudo. Os gostos são sobrenaturais e, perdido o entendimento, a alma fica desamparada e com muita aridez. E como esse edifício tem a sua fundação na humildade, quanto mais próximos de Deus estivermos, tanto maior deverá ser essa Virtude, pois, se assim não for, tudo perderemos. E parece algum tipo de soberba querermos ir além disso, visto que Deus já faz em demasia, pelo que somos, ao permitir que nos aproximemos Dele... Torno a avisar que é muito importante ‘não elevar o espírito se o próprio Senhor não o eleva’ – o que isso significa logo se entende. Isso é especialmente ruim para mulheres, em que o Demônio poderá causar alguma ilusão...”(Liv. da Vida, Cap. XII,1. 4. 7).
► “Na Encarnação (n.c: Mosteiro) calara-se a hostilidade, o ceticismo dera-se por vencido; mais de 40 religiosas a seguiam nas vias de oração e lhe imitavam as virtudes. As virtudes, mas não os êxtases: bem se esforçava ela por convencer as outras religiosas de que se ganha o Céu mais pela obediência e pelo esquecimento de si próprio do que pelo desejo de Graças Sobrenaturais: raptos e êxtases provam a bondade de Deus, não as nossas perfeições”(Marcelle Auclair, “Santa Teresa de Ávila, a dama errante de Deus”, Cap. V, 1959).
O Doutor Místico admiravelmente ensina:
► “Alguns espirituais julgam-se seguros, tendo por boa a curiosidade que às vezes mostram, procurando conhecer o futuro por via sobrenatural: pensam ser justo e agradável a Deus usar deste meio, porque algumas vezes o Senhor se digna responder-lhes. Embora seja verdade que Deus assim faça, longe de gostar desse modo de agir, muito se aborrece, e se tem por grandemente ofendido. A razão disso é: a nenhuma criatura é lícito sair dos limites naturais prescritos por Deus e ordenado para seu governo. Ora, Deus submeteu o homem às Leis Naturais e Racionais: pretender infringi-las, querendo chegar ao conhecimento por meio sobrenatural, é sair desses limites: não é permitido fazê-lo sem a Deus desgostar, pois as coisas ilícitas ofendem-No. Esta verdade era bem conhecida ao rei Acab, quando, ordenando-lhe Deus pelo Profeta Isaías que pedisse um Sinal do Céu, não o quis pedir, dizendo: ‘Não pedirei e não tentarei o Senhor’(Is. 7, 12). Porque tentar a Deus é querer comunicar-se com Ele por vias extraordinárias, como são as (vias) sobrenaturais...
Querer conhecer coisas sobrenaturalmente é pior ainda do que desejar gostos espirituais pelo sentido, não sei como a alma com essa pretensão poderá deixar de pecar, ao menos venialmente, por melhores que sejam seus fins e por mais perfeição que tenha.O mesmo digo de quem a mandasse, ou consentisse em usar daquele meio sobrenatural (esta via é muito usada e incitada a ser usada). Não há motivo algum para recorrer a tais meios extraordinários: temos a nossa Razão Natural, a Lei e a Doutrina Evangélica, pelas quais mui suficientemente nos podemos reger; não existe dificuldade ou necessidade que não se possa resolver ou remediar por esses meios comuns, mais agradáveis a Deus e proveitoso às almas.Tão grande é a importância de nos servirmos da Razão e Doutrina Evangélica, que, mesmo no caso de recebermos algo por via sobrenatural – só devemos admiti-lo quando é conforme a Razão e aos Ensinamentos do Evangelho. Ainda assim, é preciso recebê-lo, não por ser revelação, mas por ser segundo a Razão, deixando de lado todo o seu aspecto sobrenatural; mais ainda: convém considerar e examinar aquela razão com atenção maior do que se não houvesse revelação particular, pois muitas vezes o Demônio diz coisas verdadeiras e futuras, muito razoáveis, para enganar as almas.
... Acrescento apenas ser perigosíssimo – muito mais do que saberia explicar – querer alguém tratar com Deus por vias sobrenaturais; não deixará de errar muito, achando-se extremamente confundido todo aquele que se afeiçoar a tais meios. Aliás, a própria experiência obriga-lo-á a reconhecer esta verdade. Além da dificuldade para não cair em erro, nessas palavras e visões de Deus, há, ordinariamente, entre as verdades, muitas do Demônio. Costuma o espírito maligno disfarçar-se sob o mesmo aspecto em que Deus se manifesta à alma, misturando coisas muito verossímeis às comunicadas pelo Senhor. Deste modo, vai o Inimigo se metendo qual lobo entre o rebanho, disfarçado em pele de ovelha, e dificilmente se deixa perceber. Como diz palavras muito verdadeiras, conforme a razão e certas, quando se realizam, nelas é fácil enganar-se a alma, atribuindo-as a Deus, somente porque os fatos demonstraram a sua veracidade...
... É este o motivo de Deus se desgostar contra os que as admitem, porque para estes é Temeridade, Presunção e Curiosidade, expor-se ao perigo que daí resulta. É deixar crescer o Orgulho, raiz e fundamento da Vanglória, Desprezo das coisas Divinas, e Princípio de numerosos males em que caíram muitas almas. Excitam a tal ponto a Indignação do Senhor essas almas, que Ele propositadamente as deixa cair em erro e cegueira e na obscuridade do espírito: abandonam, assim, os caminhos ordinários da vida espiritual, para satisfazerem suas Vaidades e Fantasias, segundo Isaías diz: ‘O Senhor difundiu entre eles um espírito de vertigem’(19, 14), isto é, espírito de revolta e confusão, ou para falar claramente: espírito que entende tudo ao revés. Vai ali o Profeta declarando as palavras bem ao nosso propósito, referindo-se aos que procuram conhecer os Mistérios do futuro por via sobrenatural. Deus, disse ele, lhes envia um espírito de vertigem, não porque queira efetivamente lançá-los no erro, mas porque eles quiseram intrometer-se em coisas acima de seu alcance. Por este motivo é que o Senhor, desgostado, deixou-os errar, não lhes dando luz nesses caminhos impenetráveis, onde não deviam entrar. E assim, diz Isaías, Deus enviou-lhes aquele espírito privadamente, isto é, daquele dano tornou-se Deus a causa privativa, que consiste em tirar, tão deveras, sua Luz e Graça que necessariamente as almas venham a cair no erro.
O Senhor, deste modo, concede ao Demônio permissão para enganar e cegar grande número de pessoas merecedoras desse castigo por seus pecados e atrevimentos.Fortalecido por esse poder, o Inimigo leva a melhor: essas almas assim o aceitam como bom espírito e dão crença às sugestões dele com tanta convicção que, ao ser-lhes apresentada mais tarde a Verdade, já não é possível desiludi-las, pois, já as dominou, por permissão Divina, aquele espírito de entender tudo ao revés. Assim aconteceu aos profetas do rei Acab. Deus abandonou-os ao espírito de mentira, dando licença ao Demônio para enganá-los, dizendo: ‘Tu o enganarás, e prevalecerás: vai e faze-o assim’(I Rs. 22, 22). Efetivamente, foi tão poderosa a ação diabólica sobre o rei e os profetas que recusaram dar crédito à predição de Miquéias, anunciando-lhes a verdade muito ao contrário do que os outros a haviam profetizado.Deus deixou-os cair na cegueira por causa da presunção e do apetite com que desejaram receber uma resposta em harmonia com as suas inclinações; só isto era disposição e meio certíssimo para precipitá-los propositadamente na cegueira e na ilusão...”(S. João da Cruz, “Subida do Monte Carmelo”, Liv. II, Cap. XXI; cfr. Capítulos XXII, XXXVII, 6-7, XXIX, XXX, 6-7; Liv. III, Cap. IX, 4 – Cap. X, 3).
O Fundador dos Sacramentinos assim ensina:
► “Ah! Não sejamos do número dessas pobres almas! Não desprezemos os favores sensíveis de Deus, mas não os procuremos tão pouco. Devemos nos afeiçoar somente a Jesus, e não às suas consolações, às suas Graças: elas passam, só Ele permanece! Deus as concede às almas fracas, a fim de animá-las, atraí-las, como faz uma mãe que dá aos filhos doçuras e carícias.
Houve Santos que tiveram êxtases, mas quanto sofreram, quanto foram provados! Essas Graças supõem a santidade, não a fazem. Deus lhas concedia de tempos em tempos; eram a recompensa de seus sofrimentos e Deus agia assim para estimulá-los a sofrer mais ainda por seu amor. Santa Teresa temia de tal forma essas Graças que, ao sentir-se levantada da terra, precipitava-se contra o solo”(S. Pedro Julião Eymard; “A Santíssima Eucaristia”, Vol. V, fevereiro: Festa da Purificação de Maria).
O Fundador dos Monfortinos assim exorta:
► “Você deve ser bem cuidadoso em não fazer coisa alguma fora do normal; não procure, nem mesmo deseje conhecer coisas extraordinárias, visões, revelações ou Graças miraculosas, que Deus Todo-Poderoso comunicava às vezes a alguns Santos... ‘Só a Fé é suficiente’: só a Fé basta para nós, agora que os Santos Evangelhos e todas as Devoções e as práticas Piedosas estão firmemente estabelecidas”(S. Luís Mª Grignion de Montfort, “O Segredo Admirável do Rosário”, 47ª Rosa). E em outro lugar disse:
► “... Não vos peço visões ou revelações, ou gozos, ou prazeres, nem mesmo espirituais. É privilégio Vosso...”(“Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, Apêndice: Oração a Maria, para seus fiéis escravos). Ainda em outro lugar:
► “Por isso, enquanto que seus irmãos e irmãs trabalham muitas vezes para o exterior com mais entusiasmo, habilidade e sucesso, recebendo os louvores e aprovações do mundo, eles sabem, pela luz do Espírito Santo, que há muito mais glória, bem e prazer em permanecer oculto no reconhecimento com Jesus Cristo, seu Modelo, numa submissão inteira e perfeita a sua Mãe,do que em realizar, por si próprio, maravilhas naturais e da Graça no mundo, como tantos Esaús e Réprobos... Quanto mais, portanto, ganhardes a benevolência desta Princesa e Virgem fiel, tanto mais profunda Fé tereis em toda a vossa conduta: uma Fé pura, que vos levará à despreocupação por tudo que é sensível e extraordinário...”(“Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, NN. 196, 214).
A Maior Santa dos Tempos Modernos assim nos ensina:
► “Um dia, no Céu, teremos prazer em falar de nossas gloriosas provações. Mas, não nos sentimos, desde já, felizes de tê-las sofrido? ... Sim, os três anos de martírio de papai se me apresentam como os mais amáveis, os mais frutuosos de nossa vida. Não os daria em troca de todos os êxtases e revelações dos Santos... Não eram, pois, meus desejos que poderiam produzir Milagre”(S. Teresinha do Menino Jesus, “História de uma Alma”, Manuscrito “A”, Cap. VII; Cap. III). E, em outro lugar diz:
► “... Não creias que esteja a nadar em consolações. Oh! Não! Minha consolação é não ter nenhuma na terra”(“Manuscrito “B”, Cap. IX).
► “Falando alguém a Santa Teresinha, quase nas vésperas de sua morte, sobre as Consolações Espirituais e Revelações, perguntou-lhe se essas Graças não a seduziam, respondeu a Santa: ‘Oh! Não, absolutamente; não desejo ver a Deus nesta vida, e, contudo, amo-O tanto!’(“Novíssima Verba”, 14 de setembro). ‘A minha pequenina via é de não desejar ver coisa alguma; sabeis muito bem que eu cantei: Que não desejei aqui na terra ver a Ti, ó Jesus, lembra-Te’(Poesia: “Lembra-Te)...
Disseram à nossa Santinha, que os Anjos a viriam assistir à hora da morte, acompanhando a Nosso Senhor, e que ela os contemplaria resplandecentes de luz e de beleza, disse ela:‘Todas essas representações, não me fazem bem algum. Só a Verdade me alimenta. É por isso que nunca desejei visões. Não podemos ver na terra o Céu, nem os Anjos tais como são. Prefiro esperar a Visão Eterna’(“Novíssima Verba”, 5 de agosto)”(R. Pe. Ascânio Brandão, “A Via da Infância Espiritual na Escola de Santa Teresinha”).
O Doutor Infalível (segundo o Beato Pio IX), admoesta nestes termos:
► “Viram-se em nossa época várias pessoas que acreditavam elas mesmas, e cada um com elas, que fossem muito freqüentemente arrebatadas divinamente em êxtase; e, todavia, afinal se descobria que aquilo eram apenas ilusões e divertimentos diabólicos. Um certo Padre do tempo de S. Agostinho entrava em êxtase sempre que queria, cantando ou fazendo cantar certas árias lúgubres e lamentosas (cantos fúnebres), e isso só para contentar a curiosidade dos que desejavam ver esse espetáculo. Mas o que é admirável, é que o êxtase dele ia tão longe, que ele nem sequer sentia quando lhe aplicavam fogo, a não ser depois que voltava a si; e, não obstante, se alguém falava um pouco forte e em voz clara, ele o ouvia como de longe, e não tinha nenhuma respiração... É por isso que não nos devemos admirar se, para arremedar, para enganar as almas, para escandalizar os fracos e se ‘transformar em Anjo de luz’(II Cor. 11, 14), o espírito maligno opera arroubos em algumas (almas) pouco solidamente instruídas na Verdadeira Piedade. A fim, pois, de que se possam discernir os êxtases Divinos dos humanos e diabólicos, os Servos de Deus deixaram vários documentos”(S. Francisco de Sales, “Tratado do Amor de Deus”, Liv. VII, Cap. VI).
“Os inimigos do sobrenatural e do maravilhoso, que são uma legião, devem certamente encolher os ombros e irão considerar este incidente como pura fantasia. Eu próprio hesitaria em repeti-lo, se o jovem frade não tivesse afirmado a sua autenticidade numa carta dirigida a uma religiosa em 1918:
'Que Jesus habite sempre no nosso coração, nos livre de todo o mal e nos conceda uma completa vitória sobre o nosso inimigo comum.
O desejo de me ver e de me falar de tantas coisas do Senhor é louvável: não receie com isso ofender a vontade de Deus. No entanto, devo preveni-la para não ceder ao desejo de me voltar a ver mesmo de uma forma milagrosa, porque isso seria muito perigoso. Quando semelhante desejo nascer na sua alma, expulse-o imediatamente. O Diabo, minha irmã, é um grande professor de iniquidade. Ele sabe bem como há de fazer e pode enganá-la com qualquer ilusão. É realmente incrível, mas esse miserável renegado sabe mesmo disfarçar-se de capuchinho e sabe muito bem manter o seu papel. Acredite na palavra de alguém que sabe isso por experiência. Isso bastará para a esclarecer, porque receio já ter falado demais sobre este assunto'”(Rev. Pe. Fr. Arni Decorte, F.M., “Frei Pio, Testemunha privilegiada de Cristo”, pp. 22-23, edição brasileira, 1995).
Outros Testemunhos:
► “Orações e Graças extraordinárias seriam seriamente suspeitas numa alma que fugisse do sacrifício e da abnegação. Seria uma vítima de ilusões digna de lástima.
Na vida espiritual há enormes obstáculos que só a mortificação remove. Pois não disse Jesus: ‘Quem quiser ser meu discípulo renuncie a si mesmo, carregue a sua cruz, dia a dia, e siga-Me?’(S. Luc. 9, 23). E a Imitação de Cristo dí-lo claramente: ‘Aproveitarás na medida que te fizeres violência’(I, 25, 11). Sem mortificação e abnegação não há salvação, muito menos santidade. Mas se Deus destina uma alma a maior perfeição e graças excepcionais, irá conduzi-la pelas veredas ásperas da Cruz até ao aniquilamento”(R. Pe. Leo Kohler, S. J., “Vida do Pe. João Batista Réus da Companhia de Jesus”, P. 119, 5ª Edição, 1956).
► "Diz São Paulo, em 2 Tim. 3, 6-9, que as revelações particulares e as fórmulas mágicas têm sucesso entre as mulheres, facilmente impressionáveis pelo extraordinário e sensacional (1 Tim. 4, 7)"(R. Pe. Afonso Rodrigues, S. J., Th. et Ph. Doctor, "Vocabulário das Almas Pequeninas", Apresentação, nº 4).
► "Alguns irmãos foram ter com o Abade Antão para contar-lhe visões que tinham tido, e dele saber se eram genuínas ou demoníacas. Ora, eles tinham um asno, que morreu pelo caminho. Quando, pois, chegaram à cela do ancião, este, antecipando-os, perguntou-lhes: 'Como morreu o vosso burrinho pela estrada?' Interrogaram-no: 'Donde o sabes, Abade?' Este lhes respondeu: 'Os Demônios mostraram-mo'. Disseram-lhe então: 'Por isto viemos perguntar-te, a fim de que não nos enganemos: temos visões, as quais muitas vezes correspondem à realidade'. Ora, o ancião convenceu-os, pelo exemplo do asno, de que eram visões diabólicas"(J. P. Migne, "Patrologia Graeca", T. 65, Colunas 71-440; traduzido do original grego pelo R. Pe. Estêvão T. Bettencourt, O.S.B., sob o título "Apoftegmas − A Sabedoria dos Antigos Monges", Cap. "Letra Alfa", p. 13, Edições "Lumen Christi", Coleção "Fontes da Vida Religiosa" −Vol. 5, 1979).
Conclusão
Anicius Manlius Torquatus Severinus Boetius
(Roma, c.475/480 - Ticino, 524)
“Por isso, disse sabiamente o Filósofo Cristão e Mártir de Cristo, Boécio: ‘Que não desejar, nem temer, uma alma, coisa alguma, é desarmar nossos inimigos; e pelo contrário, quem têm cobiça de algum bem e receio do mal oposto, desses desejos e temores forma uma cadeia, com que é preso e arrastado’(De Conf. Philof. Metr. 3). Importa atender às luzes e moções da Graça; porque é esta a que nos fortalece contra as tentações, e nos descobre a mentira do Demônio, a torpeza do vício e as falácias da natureza, e é o único jugo que pode amansar suavemente a rebeldia do nosso Livre Arbítrio”(Ven. Pe. Manuel Bernardes, Orator., “Luz e Calor”, I Part., Doutrin. III).