"Procure em todas as coisas a maior honra e glória de Deus"
1.Por nada deste mundo cometer pecado, nem mesmo venial com plena advertência, nem imperfeição conhecida.
2. Procurar andar sempre na presença de Deus, segundo as obras que se está fazendo.
3. Nada fazer nem dizer coisa de importância que Cristo não pudesse fazer ou dizer se estivesse no estado em que me encontro e tivesse a idade e a saúde que eu tenho.
4. Procure em todas as coisas a maior honra e glória de Deus.
5. Por nenhuma ocupação deixar a oração mental que é o sustento da alma.
6. Não omitir o exame de consciência, sob pretexto de ocupações, e, por cada falta cometida, fazer alguma penitência.
7. Ter grande arrependimento por qualquer tempo não aproveitado ou que tenha escapado sem amar a Deus.
8. Em todas as coisas, altas e baixas, ter a Deus por fim, pois de outro modo não se crescerá em perfeição e mérito.
9. Nunca faltar à oração e, quando experimentar aridez e dificuldade, por isso mesmo perseverar nela, porque Deus quer muitas vezes ver o que há na alma e isso não se prova na facilidade e no gosto.
10. Do céu e da terra sempre o mais baixo e o lugar e o ofício mais ínfimo.
11. Nunca se intrometer naquilo de que não se foi encarregado, nem discutir sobre alguma coisa ainda que se esteja com a razão. E, no que tiver sido ordenado, não imaginar que se tem obrigação de fazer aquilo a que, bem examinado, nada obriga.
12. Não ocupar-se das coisas alheias, sejam elas boas ou más, porque, além do perigo que há de pecar, essa ocupação é causa de distrações e amesquinha o espírito.
13. Procurar sempre confessar-se com profundo conhecimento da própria miséria e com sinceridade cristalina.
14. Ainda que as coisas de obrigação e ofício se tornem dificultosas e enfadonhas, nem por isso desanimar-se, porque não há de ser sempre assim, e Deus, que experimenta a alma simulando trabalho no preceito (Cf. Sl 93,20), em breve a fará sentir o bem e o ganho.
15. Lembrar-se sempre de que tudo quanto se passa, seja próspero ou adverso, vem de Deus, para que assim nem se caia em soberba por um lado, nem no desânimo por outro.
16. Recordar-se sempre de que não se veio senão para ser santo, e, assim, não consentir que reine na alma o que não leve à santidade.
17. Ser sempre mais amigo de dar alegria aos outros do que a si mesmo, e, assim, com relação ao próximo, não ter inveja nem predomínio. Entenda-se, porém, que isto se refere ao que está de acordo com a perfeição, porque Deus muito se aborrece com os que não antepõem o que lhe agrada ao beneplácito dos homens.
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São João da Cruz, em Pequenos Tratados Espirituais
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