sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Os 5 conselhos cruciais do primeiro capítulo da “Imitação de Cristo”

 

HEAD OF CHRIST,REMBRANDT

Rembrandt, Public domain, via Wikimedia Commons


Afinal, "os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos de ouvir"

Um dos maiores clássicos da espiritualidade católica de todos os tempos é o livro “A Imitação de Cristo”, escrito no século XV e atribuído ao padre alemão Thomas Hemerken, mais conhecido como Thomas de Kempis – Kempis é a forma latina do nome da sua cidade natal, Kempen.

Originalmente voltado aos clérigos de vida reclusa, o texto é um tesouro para todo e qualquer católico, tanto que chegou a ser um dos livros mais traduzidos no mundo, com milhares de cópias distribuídas pelas bibliotecas europeias mesmo antes da invenção da imprensa. Para exemplificar a sua capacidade de impacto na alma de uma pessoa, basta recordar que Santo Inácio de Loyola leu a obra durante o tempo de retiro espiritual que passou em uma gruta de Manresa, na Espanha, e foi esse texto que o inspirou a conceber os Exercícios Espirituais.

“A Imitação de Cristo” tem 4 partes, sendo as duas primeiras uma introdução à vida espiritual, a terceira um diálogo entre Cristo e a alma e a quarta é toda focada na Eucaristia.

Destacamos a seguir os 5 conselhos cruciais que encontramos em “A Imitação de Cristo”, Livro 1, Capítulo 1:

1 | Devemos dedicar o máximo esforço a imitar a vida e os costumes de Jesus

“Quem me segue não anda nas trevas, diz o Senhor (Jo 8,12). São estas as palavras de Cristo, pelas quais somos advertidos que imitemos sua vida e seus costumes, se verdadeiramente queremos ser iluminados e livres de toda cegueira de coração. Seja, pois, o nosso principal empenho meditar sobre a vida de Jesus Cristo”.

2 | Podemos venerar qualquer santo, mas devemos sempre priorizar Jesus

“A doutrina de Cristo é mais excelente que a de todos os santos, e quem tiver seu espírito encontrará nela um maná escondido. Sucede, porém, que muitos, embora ouçam frequentemente o Evangelho, sentem nele pouco enlevo: é que não possuem o Espírito de Cristo. Quem quiser compreender e saborear plenamente as palavras de Cristo, é-lhe preciso que procure conformar à dele toda a sua vida”.

3 | Podemos cultivar conhecimento e sabedoria, mas devemos priorizar a vida virtuosa

“Que te aproveita discutires sabiamente sobre a Santíssima Trindade, se não és humilde, desagradando, assim, a essa mesma Trindade? Na verdade, não são palavras elevadas que fazem o homem justo; mas é a vida virtuosa que o torna agradável a Deus. Prefiro sentir a contrição dentro de minha alma, a saber defini-la. Se soubesses de cor toda a Bíblia e as sentenças de todos os filósofos, de que te serviria tudo isso sem a caridade e a graça de Deus? Vaidade das vaidades, e tudo é vaidade (Ecl 1,2), senão amar a Deus e só a ele servir. A suprema sabedoria é esta: pelo desprezo do mundo tender ao reino dos céus”.

4 | Devemos reconhecer o que é mera vaidade para não nos perdermos nela

“Vaidade é, pois, buscar riquezas perecedoras e confiar nelas. Vaidade é também ambicionar honras e desejar posição elevada. Vaidade, seguir os apetites da carne e desejar aquilo pelo que, depois, serás gravemente castigado. Vaidade, desejar longa vida e, entretanto, descuidar-se de que seja boa. Vaidade, só atender à vida presente sem providenciar para a futura. Vaidade, amar o que passa tão rapidamente, e não buscar, pressuroso, a felicidade que sempre dura”.

5 | Podemos desfrutar dos prazeres sadios, mas nunca sacrificar a vida da graça

“Lembra-te a miúdo do provérbio: Os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos de ouvir (Ecl 1,8). Portanto, procura desapegar teu coração do amor às coisas visíveis e afeiçoá-lo às invisíveis: pois aqueles que satisfazem seus apetites sensuais mancham a consciência e perdem a graça de Deus”.

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