Cumpre notar que, num retiro eclesiástico, de todos os discursos a fazer, o mais importante, e de que se pode esperar mais fruto, é o que versa sobre o zelo; porque, se de entre os ouvintes, — como se deve esperar da graça do Senhor, — algum sacerdote vier a tomar a resolução de trabalhar, com ardor na salvação do próximo, ter-se há ganhado, não apenas uma alma, mas cem, mil almas, que se salvarão por meio desse padre.
Vamos falar neste capítulo:
- Da obrigação, que têm todos os padres de trabalhar na salvação das almas;
- Do prazer que dá a Deus o padre, que trabalha na salvação das almas;
- Da salvação eterna e da grande recompensa que pode esperar de Deus o padre, que trabalha na salvação das almas;
- Do fim, meios e obras do padre zeloso.
I
Da obrigação que incumbe aos padres
Da obrigação que incumbe aos padres
Lê-se na Obra imperfeita: Muitos padres e poucos padres: muitos no nome, poucos nas obras620. Está o mundo cheio de padres, mas poucos dentre eles trabalham por ser verdadeiros padres, isto é, por satisfazer a grande obrigação que o sacerdócio impõe, à obrigação de salvar almas. É uma alta dignidade a dos padres, visto que são cooperadores do próprio Deus621. Que há de mais nobre, diz o Apóstolo, que trabalhar com Jesus Cristo na salvação das almas, que ele resgatou com o seu sangue? É por isso que S. Dionísio Areopagita chamava à dignidade sacerdotal a mais divina de todas as dignidades622. De fato, como diz Sto. Agostinho, maior poder se exige para justificar um pecador, que para criar o Céu e a terra623. S. Jerônimo chamava aos padres os salvadores do mundo624, e S. Próspero dava-lhes o título de intendentes da casa real de Deus625. E primeiro Jeremias os tinha designado com o nome de pescadores e caçadores do Altíssimo: Hei de enviar muitos pescadores, diz o Senhor, e eles os pescarão; e depois, hei de enviar-lhes caçadores, e eles os procurarão, para os retirarem de todos os montes, e de todas as colinas e das cavernas626. É precisamente aos padres que Sto. Ambrósio627 aplica esta passagem. Os bons sacerdotes reconduzem a Deus os pecadores mais pervertidos e libertam-nos de todos os seus vícios: Monte, da montanha do orgulho; colle, da colina da pusilanimidade; e cavernis, dos maus hábitos, que trazem consigo as trevas para o espírito e o endurecimento para o coração.
Falando de Deus, diz Pedro de Blois: Na obra da criação, não teve Deus nenhum auxiliar, mas no mistério da redenção quis ter cooperadores628. Ao rei, diz S. João Crisóstomo, foram confiadas as coisas da terra, mas a mim, a mim sacerdote, as coisas do Céu629. Ainda que a bem-aventurada Virgem é superior aos apóstolos, diz Inocêncio III, nem por isso lhe confiou Deus as chaves do reino dos Céus, mas sim àqueles630.
O padre é chamado por S. Pedro Damião — guia do povo de Deus631; por S. Bernardo guarda da Igreja, que é a Esposa de Jesus Cristo632; e por S. Clemente um Deus terreno633. É na verdade por meio dos padres que se formam os santos na terra. Afirma S. Flaviano que a esperança e a salvação dos homens estão nas mãos dos sacerdotes634. E S. João Crisóstomo diz: Os nossos pais geraram-nos para a vida presente, os padres para a eterna635. Sem os padres, diz Sto. Inácio Mártir, não haveria santos na terra636. Muito antes tinha dito Judite que dos padres está dependente a salvação dos povos637. Ensinam os padres aos seculares a prática das virtudes, e é delas que depende a salvação deles. Isto fez dizer a S. Clemente: Honrai os padres que vos guiam pelo caminho da santidade638.
Bem alta pois é a dignidade do padre, mas à mesma altura está também a obrigação que lhe incumbe de trabalhar na salvação das almas. Ouçamos o que diz o Apóstolo: Todo o Pontífice escolhido dentre os homens, é estabelecido a favor dos homens no que respeita ao culto divino, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Depois ajunta: É necessário que o padre saiba condoer-se dos que estão na ignorância e se acham extraviados639. O padre pois recebeu de Deus uma dupla missão: a de o honrar pelos sacrifícios, e a de salvar as almas, instruindo os ignorantes e convertendo os pecadores.
Há uma diferença completa entre os seculares e os eclesiásticos: aqueles aplicam-se às coisas terrenas e só cuidam de si próprios; estes formam o povo eleito, encarregado de adquirir tesouros640, mas que tesouros? O ofício de clérigo, responde Sto. Ambrósio, é ganhar, não dinheiro, mas almas641. O mesmo nome de padre, em latim sacerdos, exprime a natureza das suas funções: segundo Sto. Antonino, que faz derivar esta palavra de642 sacra docens643, e segundo Sto. Tomás que a explica por sacra dans644. Honório de Autum pensa que presbyter vem de praebens iter, — o que mostra ao povo o caminho por onde se chega do exílio à patria645. Está isto de acordo com o sentir de Sto. Ambrósio, que chama aos padres os guias e dirigentes do rebanho de Jesus Cristo646. Donde o santo tira esta conclusão: Que a vida corresponda ao nome, que o nome não seja uma palavra vã; o que não podepoderia dar-se sem um crime enorme647. Se pois os nomes de Sacerdos e de Presbyter significam que o padre deve servir de sustentáculo às almas, guiálas no caminho da salvação, e conduzi-las ao Céu, necessário é, segundo a reflexão de Sto. Ambrósio, que o nome seja justificado pelas obras, para não ser um título vão; não aconteça que a honra das funções sacerdotais se torne um crime, ou uma ignomínia, como diz S. Jerônimo648.
Se quereis cumprir os deveres do sacerdócio, continua ainda S. Jerônimo, procedei de modo a salvardes a vossa alma, salvando os outros649. Preservar as almas da corrupção do mundo e conduzi-las para Deus, tal é, segundo Sto. Anselmo, a função própria do padre650. E segundo o abade Filipe da Boa Esperança, o Senhor separou os padres do resto dos homens, para que eles trabalhem, não só na sua própria salvação, mas ainda na dos outros651. Nasce o zelo do amor, como diz Sto. Agostinho652; assim como a caridade nos obriga a amar a Deus e ao próximo, também o zelo nos obriga primeiro a procurar a glória de Deus, e impedir que se ultraje o seu nome; depois a promover o bem do próximo e preservá-lo do mal.
Não digais: Sou um simples padre, sem cura de almas, basta que cuide de mim. Não; todo o padre é obrigado a trabalhar na salvação das almas, segundo as suas forças e a necessidade em que elas se encontrarem. Assim, quando as almas por falta de confessores se encontram em grande necessidade espiritual, até o simples padre está obrigado a confessar, como demonstramos na nossa Teologia moral (l. 6. n. 625). Se não tem a ciência precisa, para exercer esta função do seu ministério, está obrigado a adquirila.
É o sentir do Pe. Pavone, da Companhia de Jesus, e que não é destituído de razão. Com efeito, assim como o Padre eterno enviou Jesus Cristo à terra para salvar o mundo, assim também Jesus Cristo destinou os padres, para converterem os pecadores: Assim como meu Pai me enviou, assim eu vos envio653. Razão esta por que o Concílio de Trento exige, dos que aspiram ao sacerdócio, que sejam julgados idôneos para a administração dos sacramentos654. Estabeleceu Deus a Ordem sacerdotal neste mundo, diz o Doutor angélico, para que haja cá homens encarregados de santificar os outros, pela administração dos sacramentos655. E é especialmente para a administração do sacramento da Penitência que os padres estão colocados na terra, porque a seguir às palavras que acabamos de citar, — Eu vos envio como meu Pai me enviou, — S. João ajunta imediatamente656: Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo; aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados. Mas, se o perdoar os pecados é um dos principais deveres do padre, segue-se que é uma das suas principais obrigações aplicar-se a cumpri-lo, ao menos quando a necessidade o exigir; de contrário, merecerá a censura de ter faltado ao aviso que S. Paulo dirigia aos seus irmãos no sacerdócio: Nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus657.
São os padres destinados por Deus a serem o sal da terra, e assim preservarem as almas da corrupção dos pecados, conforme a reflexão do venerável Beda658. Mas, se o sal já não tem a propriedade do sal, para que serve ele, no dizer do Evangelho, senão para ser lançado fora da casa do Senhor e calcado aos pés de todos os transeuntes?659
O padre, diz S. João Crisóstomo, é como que o pai do mundo inteiro; deve pois tomar cuidado de todas as almas, que pelo seu ministério puder ajudar a salvar, correspondendo assim às vistas de Deus, de quem faz as vezes660. Além disto, os padres são os médicos encarregados por Deus da cura das enfermidades de todas as almas. Assim os chama Orígenes: Medicos animarum; do mesmo modo São Jerônimo: Medicos spirituales. E S. Boaventura ajunta: Se o médico abandona os doentes, quem tomará cuidado deles?661.
Demais, são os padres chamados muros da Igreja. Santo Ambrósio diz: Habet et Ecclesia muros suos (In 118, s. 22); e o autor da Obra imperfeita: Muri illius sunt sacerdotes (Hom. 10). Por Jeremias são também chamados as pedras que sustentam a Igreja de Deus662; e por Sto. Euquério as colunas que sustentam o mundo e o impedem de desabar663. Finalmente S. Bernardo os chama casa do próprio Deus. Dizemos pois com o autor da Obra imperfeita que se não cair senão parte do edifício, será fácil repará-lo664; mas se as
paredes da casa, se os alicerces, se as colunas que a sustentam vierem a cair, que reparação será ainda possível?
Também na Obra imperfeita os padres são chamados da vinha do Senhor665. Mas, ó Céu! exclama em gemidos S. Bernardo, os vinhateiros não se poupam nem a suores nem a fadigas, trabalham dia e noite na cultura das suas vinhas; pela sua parte porém que fazem os padres, a quem o Senhor encarregou o cultivo da sua vinha?666 Adormecem ociosos e consomem as suas forças no meio dos prazeres terrenos!
É grande a seara, mas são poucos os obreiros667. É certo que nem os bispos nem os pastores seriam bastantes para as necessidades dos povos; se Deus não tivesse mandado outros sacerdotes em socorro das almas, não estaria a sua Igreja bem provida.
Diz Sto. Tomás (2. 2. q. 184. a. 6) que os doze apóstolos, encarregados por Jesus Cristo da conversão do mundo, figuravam os bispos, e que os setenta e dois discípulos representavam todos os padres. Estes estão estabelecidos para trabalharem na salvação das almas, — fruto que o Redentor espera do ministério deles: Eu vos estabeleci para que vades pelo mundo e façais fruto668. Tal a razão por que Sto. Agostinho chama aos padres administradores dos interesses de Deus669. Receberam eles a missão de extirpar os vícios e as máximas perniciosas do meio dos povos, fazendo florescer em seu lugar as virtudes e as máximas eternas. No dia em que Deus eleva algum ordinando ao sacerdócio, impõe-lhe a mesma obrigação que outrora a Jeremias: Eis que hoje te estabeleci sobre as nações e os reinos, para que arranques, e destruas, e dissipes, e edifiques e plantes670.
Não sei como se poderá desculpar um padre que vê as necessidades instantes das almas, onde habita; que pode socorrê-las, quer ensinando-lhes as verdades da fé, quer pregando-lhes a palavra de Deus, ou ainda ouvindoas de confissão, e que o não faz por preguiça. Não sei, repito, como no dia do juízo um tal padre poderá escapar à reprovação e castigo com que o Senhor, no Evangelho, ameaça o servo negligente, que escondeu o talento. Tinha-lhe o senhor confiado o talento para que negociasse com ele, mas o servo deixou-
o estéril, e, quando lhe pediu conta dos lucros a feridos, respondeu: Escondi o vosso talento na terra; ei-lo, entrego-vos o que vos pertence671. Ora, é precisamente o que seu senhor lhe censura: Como assim, lhe diz, dei-te um talento para negociares; está aqui o talento, mas onde está o lucro? — Mandou então que lhe tirasse o talento, e deu-o a outro; depois fez lançar nas trevas exteriores esse servo inútil: Tirai-lhe o talento, dai-o ao que tem dez... e quanto ao servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores672. Por trevas exteriores, entende-se o fogo do inferno, que é privado de luz, isto é, que está fora do Céu, como explicam os intérpretes.
o estéril, e, quando lhe pediu conta dos lucros a feridos, respondeu: Escondi o vosso talento na terra; ei-lo, entrego-vos o que vos pertence671. Ora, é precisamente o que seu senhor lhe censura: Como assim, lhe diz, dei-te um talento para negociares; está aqui o talento, mas onde está o lucro? — Mandou então que lhe tirasse o talento, e deu-o a outro; depois fez lançar nas trevas exteriores esse servo inútil: Tirai-lhe o talento, dai-o ao que tem dez... e quanto ao servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores672. Por trevas exteriores, entende-se o fogo do inferno, que é privado de luz, isto é, que está fora do Céu, como explicam os intérpretes.
Santo Ambrósio673 e outros, como Calmet, Cornélio e Tirin, aplicam esta passagem do Evangelho aos que podem trabalhar na salvação das almas, e por uma negligência culpável, ou vão temor de pecar, deixam de o fazer. Que prestem atenção a esta passagem, diz Cornélio A-Lápide, os que por moleza ou temor de pecar, nem para a sua salvação nem para a do próximo, fazem uso dos talentos, ciência e outros dons que receberam de Deus; de tudo lhes há de pedir contas Jesus Cristo no dia do juízo674. E S. Gregório: Notem os padres ociosos, quem não quiser empregar o seu talento será privado dele e além disso condenado675. E Pedro de Blois: O que faz servir à utilidade de outrem o dom que recebera de Deus, merece que lhe seja acrescentado o que já tem; mas o que enterra o talento do Senhor, ver-se-á despojado do que parecia ter676. S. João Crisóstomo afirma não se poder persuadir de que um padre, que nada faz pela salvação do seu próximo, possa salvar-se677. Pois, aludindo, à parábola do talento, ajunta que a negligência dum tal padre, em usar do talento que lhe foi confiado, será o seu crime e a causa da sua condenação. Pouco lhe aproveitará, diz o santo, não ter perdido o talento que recebêra; o servo foi condenado precisamente por não ter aumentado e duplicado o seu. Em resposta aos que dizem — basta que salve a minha alma — escreveu Sto. Agostinho: Que dizeis vós? Esqueceis o que aconteceu ao servo que tinha escondido o seu talento?678
Segundo S. Próspero, ao padre não lhe basta para se salvar que viva santamente, porque se perderá com os que se perderem por sua culpa; e de que lhe servirá, ajunta ainda, não ser castigado pelas suas faltas pessoais, se o é pelos pecados dos outros?679 Lemos nos Cânones apostólicos: O padre que não tomar cuidado, nem do clero nem do povo, será separado dos seus irmãos e, se continuar na sua negligência, será deposto680. Como se atrevem a pretender a honra do sacerdócio, pergunta S. Leão, se não querem trabalhar pelas almas?681
Um decreto do Concílio de Colônia estatuiu que quem se introduzir no sacerdócio, sem a intenção de exercer as funções de vigário de Jesus Cristo, isto é, de trabalhar na salvação das almas, é um lobo e um bandido, segundo a expressão do Evangelho, e deve esperar um castigo tão terrível como certo682.
Santo Isidoro não hesita em declarar culpados de falta grave dos padres, que descuram ensinar os ignorantes ou converter os pecadores683. E S. João Crisóstomo exprime o mesmo pensamento: Estão condenados muitos, não por seus próprios pecados, mas por pecados alheios, que não impediram684. Falando dos simples padres, diz o Doutor angélico que aquele que, por negligência ou ignorância, não presta às almas os socorros do seu ministério, torna-se responsável diante de Deus pelas que podia salvar, e por sua falta não salvou685. É ainda o sentir de S. João Crisóstomo: Se o padre se contenta com salvar a sua alma, negligenciando as dos outros, será precipitado no inferno com os ímpios686.
Um sacerdote que tinha passado uma vida piedosa e retirada, encontrando-se em Roma prestes a morrer, interrogado a respeito dos seus terrores, respondeu: “Tremo, porque não tenho trabalhado em salvar almas”. Tinha razão para temer, porque o Senhor estabeleceu os sacerdotes para salvar as almas e libertá-las dos vícios. Se o padre não desempenhar a sua missão, terá de dar contas a Deus de todas as almas que se perderem por sua culpa: Quando digo ao ímpio: Tu morrerás, se pela tua parte o não advertires e não instares para que se converta e viva, morrerá o ímpio por causa da sua iniqüidade, mas Eu te pedirei contas do seu sangue687. Assim, diz S. Gregório, ao falar dos padres preguiçosos, que eles serão responsáveis diante de Deus por todas as almas que podiam socorrer, e de cuja perda se tornaram causa por sua negligência688.
Jesus Cristo resgatou as almas à custa do seu sangue689. Depois, como Redentor, confiou-as à guarda dos padres. Desgraçado de mim, exclamava S. Bernardo, vendo-se padre, se negligenciar a guarda deste depósito, isto é, as almas que o Salvador julgou mais preciosas que o seu sangue!690 Os simples fiéis só hão de prestar contas dos seus próprios pecados, diz o autor da Obra imperfeita, mas o padre há de responder pelos pecados de todos691. É o que o Apóstolo nos declara nesta passagem: Vigiam eles sobre vós, como quem há de dar contas a Deus das vossas almas692. Deste modo, ajunta S. João Crisóstomo, são imputados ao padre os pecados dos outros, a que ele por negligência não deu remédio693. Daí a reflexão de Sto. Agostinho: Se no dia do juízo cada um há de ter dificuldade em responder por si, — que será dos padres, a quem se pedirá contas das almas de todos os fiéis?694 E S. Bernardo, ao considerar os que se fazem padres, não para salvarem almas, mas para terem uma vida mais cômoda, exclama com dor: Ai! Melhor seria para eles cavar a terra ou mendigar, do que serem revestidos do sacerdócio; porque no dia de juízo se levantarão contra eles as lamentações de todas as almas que a sua preguiça fez condenar695.
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621. Dei enim sumus adjutores (1. Cor. 3, 9).
622. V. p. 10.
623. V. p. 12.
624. Sacerdotes Dominus mundi esse voluit salvatores (In Abd. 21).
625. Dispensatores regiae domus (De vita cont. l. 2. c. 2).
626. Ecce ego mittam piscatores multos, dicit Dominus, et piscabuntur eos; et post haec, mittam eis multos venatores, et venabuntur eos de omni monte, et de omni colle, et de cavernis petrarum (Jer. 16, 16).
627. In Ps. 118, s. 6.
628. In opere creationis, non fuit qui adjuvaret; in mysterio vero redemptionis, voluit habere coadjutores (Serm. 47).
629. Regi, quae hic sunt, commissa sunt; mihi coelestia, mihi sacerdoti (De Verbis Is. hom. 4).
630. Licet beatissima Virgo excellentior fuerit apostolis, non tamen illi, sed istis Dominus claves regni coelorum commisit (Cap. Nova quaedam de Poen. et Rem.).
631. Sacerdos, dux exercitus Domini (Opusc. 25, c. 2).
632. Sponsae Custodem (In Cant. serm. 77).
633. Post Deum, terrenus deus (Const. Apost. l. 2. c. 26).
634. Nihil honorabilius sacerdotibus; omnis enim spes atque salus in iis est (Ep. ad S. Leon).
635. Parentes in praesentem, sacerdotes in vitam aeternam nos generant (De Sacerdot. l. 3).
636. Absque sacerdotibus, nulla sanctorum congregatio (Ep. ad Tr.).
637. Vos estis presbyteri in populo Dei, et ex vobis pendet anima illorum (Judith, 8, 21).
638. Honorate sacerdotes, ut bene vivendi auctores.
639. Omnis namque Pontifex, ex hominibus assumptus, pro hominibus constituitur in iis quae sunt ad Deum, ut offerat dona et sacrificia pro peccatis. Qui condolere possit iis qui ignorant et errant (Hebr. 5, 1).
640. Regale sacerdotium... populus acquisitionis (1. Pet. 2, 9).
641. Clericatus, officium est quaestus, non pecuniarum, sed animarum (Serm. 78).
642. É repetição do que já fica dito a pág. 47.
643. Sacerdos, id est, sacra docens (Summ. p. 3. til. 14 c. 7. § 1).
644. Sacerdos, quasi sacra dans (P. 3. q. 22. a. 1).
645. Presbyter dicitur praebens iter populo de exilio ad patriam (Gemma an. l. 1. c. 181).
646. Duces et rectores gregis Christi (De dignit. sac. c. 2).
647. Nomen congruat actioni, ne sit nomen inane, crimen immane (Ibid. c. 3).
648. Detrimentum pecoris pastoris ignominia est (Reg. Monach. de Laude vit.).
649. Si officium vis exercere presbyteri, aliorum saltem fac lucrum animae tuae (Ep. ad Paulim.).
650. Sacerdotis proprium est, animas e mundo rapere, et dare Deo.
651. De medio populi segregantur, ut non solum seipsos, verum et populum tueantur (De dignit. cler. c. 2).
652. In Ps. 118, s. 30.
653. Sicut misit me Pater, et ego mitto vos (Jo. 20, 21).
654. Administranda Sacramenta idonei comprobentur (Sess 23, cap. 14. de Ref.).
655. Ideo posuit Ordinem in ea, ut quidam aliis sacramenta traderent (Suppl. q. 34. a. 1).
656. Haec cum dixisset, insufflavit, et dixit eis: Accipite Spiritum Sanctum: quorum remiseritis peccata, remittuntur eis.
657. Adjuvantes autem, exhortamur ne in vacuum gratiam Dei recipiatis (2. Cor. 6, 1).
658. Ut sales, condiant animos ad incorruptionis sanitatem.
659. Vos estis sal terrae. Quod si sal evanuerit, in quo salietur? ad nihilum valet ultra, nisi ut mittatur foras, et conculcetur ab hominibus (Matth. 5, 13).
660. Quasi totius orbis pater sacerdos est; dignum igitur est ut omnium curam agat, sicut et Deus, cujus fungitur vice (In 1. Tim. hom. 6).
661. Si medicus fugit aegrotos, quis curabit? (De Sex. Alis. Ser. c. 5).
662. Lapides sanctuarii (Thren. 4, 1).
663. Columnae sanctorum, merita sacerdotum sunt, qui nutantis mundi statum orationibus sustinent (Hom. de Dedic. eccl.).
664. Si pars domus fuerit corrupta, facilis est reparatio (Hom. 47).
665. Coloni populum, quasi vineam, colentes (Hom. 40).
666. Sudant agricolae, putant et fodiunt vinitores. Torpent otio, madent deliciis (Declam. n. 10. 11).
667. Messis quidem multa, operarii autem pauci (Matth. 9, 37).
668. Posui vos, ut eatis et fructum afferatis (Jo. 15, 16).
669. Eorum quae Dei sunt negociatores (Ad Fratr. in er. s. 36).
670. Ecce constitui te hodie super gentes, et super regna, ut evellas, et destruas, et disperdas, et dissipes, et aedifices, et plantes (Jer. 1, 10).
671. Abscondi talentum tuum in terra; ecce habes quod tuum est (Matth. 25, 25).
672. Tollite itaque ab eo talentum, et date ei qui habet decem talenta... et inutilem servum ejicite in tenebras exteriores.
673. De dignit. sac. c. 1.
674. Notent hoc, qui ingenio, doctrina, aliisque dotibus sibi a Deo datis, non utantur ad suam aliorumque salutem, ob desidiam vel metum peccandi; ab his enim rationem exposcet Christus in die judicii (In Matth. 25, 18).
675. Audiant quod talentum qui erogare noluit, cum sententia damnationis amisit (Past. p. 3.c. 1. adm. 26).
676. Qui Dei donum in utilitatem communicat, plenius meretur habere quod habet; qui autem talentum Domini abscondit, quod videtur habere, auferetur ab eo (De Inst. Episc.).
677. Neque id mihi persuasi, salvum fieri quemquam posse, qui proximi sui salute nihil laboris impenderit. — Neque juvabit talentum sibi traditum non imminuisse; immo hoc ille nomine perit, quod non auxisset et duplicasset (De Sacerd. l. 6).
678. Sufficit mihi anima mea; eia, non tibi venit in mentem servus ille qui abscondit talentum? (In Jo. tr. 10).
679. Ille cui dispensatio verbi commissa est, etiam si sancte vivat, et tamen perdite viventes arguere aut erubescat aut metuat, cum omnibus qui eo tacente perierunt, perit; et quid ei proderit non puniri suo, qui puniendus est alieno peccato? (De Vil. cont. l. 1. cap. 20).
680. Presbyter qui cleri vel populi curam non gerit, segregetur; et si in socordia perseveret, deponatur (Can. 57).
681. Qua conscientia honorem sibi debitum vindicant, qui pro animabus sibi creditis non laborant? (Ep. ad Turrib. c. 16).
682. Sacerdotio initiandus non alio affectu accedere debet, quam ad submittendos humeros publico muneri vice Christi in Ecclesia. Qui alio affectu sacros Ordines ambiunt, hos Scriptura lupos et latrones appellat... Quod ingens ultio tandem certo subsequetur.
683. Sacerdotes pro populorum iniquitate damnantur, si eos aut ignorantes non erudiant aut peccantes non arguunt (Sent. l. 3. c. 46).
684. Saepe non damnantur propriis peccatis, sed alienis quae non coercuerunt.
685. Si enim sacerdos, ex ignorantia vel negligentia, non exponat populo viam salutis, reus erit apud Deum animarum illarum quae sub ipso perierunt (De officio sacer.)
686. Si sacerdos suam tantum disposuerit salvare animam, et alienas neglexerit, cum impiis detrudetur in gehennam.
687. Si, dicente me ad impium: Morte morieris; — non annuntiaveris ei, neque locutus fueris ut avertatur a via sua impia, et vivat, ipse impius in iniquitate sua morietur, sanguinem autem ejus de manu tua requiram (Ezech. 3, 18).
688. Ex tantis procul dubio rei sunt, quantis, venientes ad publicum, prodesse potuerunt (Past. p. 1. c. 5).
689. Empti enim estis pretio magno (1. Cor. 6, 20).
690. Si depositum, quod sibi Christus sanguine proprio pretiosius judicavit, contigerit negligentius custodire (In Adv. Dom. s. 3).
691. Unusquisque pro suo peccato reddet rationem; sacerdotes, pro omnium peccatis (Hom. 38).
692. Ipsi enim pervigilant, quasi rationem pro animabus vestris reddituri (Hebr. 13, 19).
693. Quod alii peccant, illi imputatur (In Act. hom. 3).
694. Si pro se unusquisque vix poterit, in die judicii, rationem reddere, quid de sacerdotibus futurum est, a quibus sunt omnium animae requirendae? (Serm. 287. E. B. app.)
695. Bonum erat magis fodere, aut etiam mendicare. Venient, venient ante tribunal Christi; audietur populorum querela, quorum vixere stipendiis, nec diluerunt peccata! (Declam. n. 19).
Fonte: Retirado do Livro "A Selva", por Santo Afonso Maria de Ligório. Páginas 36-39.
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