Catecismo Ilustrado - Parte 19
O Símbolo dos Apóstolos
Duodécimo artigo: Creio na vida eterna
1. Devemos ver neste artigo que depois desta vida
há-de haver outra vida que há-de durar para sempre, os bons com a glória eterna
no Céu, e os maus com as penas eternas no Inferno.
2. Sabemos que há-de haver outra vida depois desta,
porque Deus no-lo revelou, e que uma outra vida é necessária para o prêmio dos
bons e o castigo dos maus.
O Céu
3. O Céu ou paraíso é um lugar de delícias, no qual
os Anjos e os Santos gozam duma felicidade eterna e perfeita pela vista e posse
de Deus.
4. Os que vão para o Céu são aqueles que, tendo
morrido em estado de Graça, satisfizeram inteiramente a justiça de Deus.
5. Nem todos os bem-aventurados gozarão do mesmo
prêmio; todos verão a Deus, mas a felicitado será em proporção dos seus
merecimentos.
6. Sabemos que os santos veem Deus no Céu, pelas
palavras de Nosso Senhor dizendo: “Bem-aventurados os de coração puro, porque
verão a Deus.”
7. A felicidade dos Céus é tão grande, que não
podemos compreendê-la na Terra, onde nada pode dar-nos uma ideia do que é o
Céu. São Paulo diz: “Os olhos do homem não viram, nem os ouvidos ouviram, nem
jamais veio ao coração do homem o que Deus tem preparado para aqueles que O
amam.”
8. A felicidade eterna consiste, dizem os santos
Padres, na ausência do todo o mal e na posse de todo o bem. No que diz respeito
ao mal, lemos no Apocalipse (XXI,4) de São João: “Os bem-aventurados não terão
fome nem sede jamais, nem cairá sobre eles o sol nem ardor algum. Deus
enxugar-lhes-á todas as lágrimas dos seus olhos, e não haverá mais morte, nem
mais choro, nem mais gritos, nem mais dor, porque as primeiras coisas são
passadas.” No que diz respeito aos bens, a glória dos escolhidos será imensa,
possuirão ao mesmo tempo todos os gozos, todas as delícias, porque possuirão a
Deus, fonte da infinita felicidade.
9. Atualmente, os santos estão no Céu só em alma;
os seus corpos entrarão ali senão depois da Ressurreição e do Juízo Final.
10. Os bem-aventurados hão-de contemplar Deus
eternamente, e esse dom, o mais excelente e admirável de todos, torná-los-á
participantes da natureza mesmo de Deus e dar-lhes-á a posse completa e
definitiva da verdadeira felicidade.
Explicação da gravura
11. Esta gravura representa o Céu. Ao centro estão
as três Pessoas divinas assentadas num triângulo sobre um trono de glória,
cercado pelos anjos. Muitos deles tocam instrumentos diversos, outros queimam incenso
em turíbulos. A Virgem Santíssima, sua Rainha, está à frente deles, à direita
de Jesus Cristo seu filho e num trono inferior ao trono de Deus mas superior a
tudo o que não é Deus.
12. No segundo plano, figuram, à direita, São João
Baptista, Moisés, David, Abraão e outros santos do Antigo Testamento; à
esquerda, São José, São Pedro e os outros Apóstolos, um Evangelista com um
livro, e muitos santos do Novo Testamento.
13. No terceiro plano veem-se outros santos, entre
os quais alguns mártires, com Santo Estevão; santos Pontífices, um santo Rei,
virgens santas e mártires, como Santa Cecília e Santa Catarina e santas
mulheres, como Santa Maria Madalena.
14. Santo Estevão segura na mão uma pedra, porque
sofreu o martírio do apedrejamento.
15. Santa Cecília tem uma harpa, porque cantava
louvores a Deus ao som dos instrumentos musicais.
16. Santa Catarina tem aos pés uma roda quebrada,
porque a condenaram à morte por meio de uma roda armada de instrumentos
cortantes, mas a roda quebrou-se, mal a puseram em movimento.
17. Santa Maria Madalena segura um vaso, porque
derramou um dia sobre a cabeça de Nosso Senhor um vaso cheio de precioso
perfume.
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