sexta-feira, 27 de junho de 2025

O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

 

Resultado de imagem para sacred heart jesusFonte: Hojitas de Fe, 94. | Seminário Nossa Senhora Corredentora FSSPX.
Tradução: 
Dominus Est

Quem nunca ouviu contar, alguma vez, a história daquele irmão leigo que, entrando na religião para servir a Deus, mas não podendo fazê-lo como os outros monges, tinha uma vida interior sumamente simplificada?

Durante o seu trabalho, não sendo capaz de ter pensamentos elevados sobre Deus, limitava-se a dizer repetidamente: “Creio em Deus, espero em Deus, amo a Deus”. Quando ele se retirava para a igreja, não sabia como meditar como os outros religiosos, e por essa razão continuava recitando sua jaculatória favorita: “Creio em Deus, espero em Deus, amo a Deus”. Depois de algum tempo, aquele irmão, que em nada brilhara de especial durante sua vida, morreu e foi enterrado no cemitério da comunidade. E qual não foi a surpresa dos religiosos quando se deram conta de que, em cima do túmulo do humilde leigo, brotara uma flor de extrema beleza. Uma vez crescida a flor, perceberam que tinha três pétalas, e em cada uma das pétalas estava escrito com letra de ouro um dos três lemas do humilde irmão: “Creio em Deus, espero em Deus, amo a Deus”. Admirado pelo prodígio, o superior ordenou que cavassem para ver de onde brotava a flor; e então se pode ver que a flor estava enraizada no coração do humilde irmão leigo.

Algo semelhante acontece com o Sagrado Coração de Jesus. A história testemunha a repentina aparição de belíssimas flores: • de Apóstolos que pregaram o nome de Jesus até os confins da terra; • de Virgens que lhe consagraram toda sua vida, e de Mártires que não hesitaram em sacrificá-la por ele; • de Doutores que ensinaram aos povos as verdades divinas; • e de um sem-número de almas que, amando e confessando a Cristo, começaram a viver cristãmente. E essas flores começaram a crescer de tal forma que toda a sociedade se viu transformada e, acabou por aceitar as leis do divino Crucificado. Pois bem, se nós, por uma santa curiosidade, quiséssemos descobrir onde se encontram as raízes dessas flores, veríamos que estão no Sagrado Coração de Jesus.

1º Coração de Jesus fonte da religião católica.

Toda a religião católica tem sua razão de ser e sua origem no Coração de Jesus, isto é, no infinito amor que esse Coração tem por Deus e no infinito amor que esse Coração tem por nós.

1º O amor que o Coração de Jesus tem por Deus: já que o Verbo encarnou antes de tudo para reparar a ofensa que o pecado havia feito a seu Pai, e para tributar-lhe a glória que toda a criação lhe deve; e esta glória lhe é dada aos impulsos de um amor infinito, ainda que seja um amor que assume a forma humana e, por isso, tem a sua sede num coração humano, de carne, o Coração de Jesus.

2º O amor que o Coração de Jesus tem por nós: pois o Verbo também encarnou para nos dar vida e vida abundante; e esta vida nos dá também impulsos de seu amor, do amor que reside em seu sagrado peito, desse amor que nunca deixou de arder por nós, e fez o Coração que assim o contém sucessivamente misericordioso, paciente, generoso em dons, compassivo, amante até o extremo, perdoador de faltas e de inimigos.

Esse Sagrado Coração, esse amor divino em sua manifestação humana, é realmente o resumo de Deus encarnado, de Deus que, sendo caridade, fez-se homem por nós.

E para que assim o entendamos, a Igreja quis escolher como evangelho na festa do Sagrado Coração o episódio da perfuração pela lança que Jesus recebe na cruz depois de morto, chaga que lhe abriu o coração e de onde manou sangue e água. Todos os Padres da Igreja veem neste acontecimento um sentido típico de altíssima importância: o nascimento da Igreja a partir do Lado ou do Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Com efeito, a Sagrada Escritura nos conta como, para criar a mulher, Deus mergulhou o primeiro homem em um profundo sono, um sono em que Adão percebia o que Deus estava fazendo com ele; e já dormindo, o Senhor tirou carne e osso do seu lado, e com isso formou o corpo da mulher, que depois apresentou a Adão para ser uma ajuda totalmente semelhante a ele. Do mesmo modo, dizem os Santos Padres, a Igreja, que devia ser a nova Eva, devia ser formada como a primeira a partir do novo Adão, que é Cristo; e o momento de ser formada foi o momento em que Nosso Senhor Jesus Cristo, já adormecido na Cruz, recebeu a lança que lhe abriu o lado e o Coração, e do qual verteram sangue e água, isto é, os dois sacramentos pelos quais somos incorporados em Nosso Senhor Jesus Cristo: a água, figura de batismo e o sangue, figura da Eucaristia.

Desta maneira, toda a Igreja tem suas raízes e sua origem no Coração de Jesus: toda ela é fruto do imenso amor de Nosso Senhor, e toda ela foi formada e continuará a ser com as graças e os sacramentos que brotam do Sagrado Coração de Jesus.

2º A devoção ao Coração de Jesus supõe imitação e reparação.

Assim, pois, a Igreja quer que, nesta festa e solenidade do Sagrado Coração, contemplemos o infinito amor do qual nós próprios somos frutos. Mas também quer nos incentivar a duas coisas: a imitação e a reparação.

1º A imitação. Sendo todos nós os filhos do amor que arde no Coração de Jesus, devemos imitá-lo nesse mesmo amor: “Amai-vos uns aos outros… Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.

Como a imitação de Nosso Senhor Jesus Cristo é esclarecida se for considerada, nos próprios Evangelhos, sob a luz e a ótica do Sagrado Coração!

  • O próprio Nosso Senhor se propõe como modelo de todas as virtudes: “Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós”. Pois bem, para aprender a fazer como Jesus fez, não há melhor maneira do que entrar e permanecer em seu Sagrado Coração, segundo aquelas outras palavras: “Aprendei de mim, pois sou manso e humilde de coração”.
  • Na Última Ceia, exorta seus apóstolos a permanecer Nele, e Ele neles: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós”. Estas palavras são um claro apelo a uma perfeita intimidade com Ele, ou, como diria São Paulo, a uma total identificação e compreensão de sentimentos: “Tende em vossos corações os mesmos sentimentos que Jesus Cristo tinha no seu”.

2º A reparação. Assim nos pedia o mesmo Coração de Jesus ao aparecer a Santa Margarida Maria:

“Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim”.

O amor infinito que arde no Coração de Jesus não é correspondido pela maior parte dos homens. Nós, como fiéis amantes do Sagrado Coração de Jesus, teríamos que nos sentir consternados ao ver Deus tão ofendido e ultrajado, sua graça pisoteada, suas leis transgredidas, seus dons desprezados; do mesmo modo, ver tantas almas a caminho da sua condenação eterna.

E por essa razão, a devoção ao Sagrado Coração nos é apresentada como um meio de oferecer ao amor de nosso Senhor um digno desagravo por tanta ingratidão, esquecimento e desprezo.

Conclusão

Nesta festa do Sagrado Coração de Jesus, e durante todo o mês de junho, que lhe é especialmente consagrado, peçamos a Nosso Senhor que nos comunique uma ardente devoção ao seu Sacratíssimo Coração; uma devoção tal que, inundando-nos cada vez mais de seu santíssimo amor, estimule-nos a uma perfeita imitação de suas virtudes, especialmente aquelas que mais nos tornam parecidos com o Sagrado Coração, e nos faça sentir a necessidade da reparação, pelo oferecimento de tudo o que há de penoso em nosso dever de estado, e pela prática de penitências voluntárias.

E para nos encorajarmos a adquirir esta devoção, não há nada mais oportuno do que recordar as excelentes promessas que o Sagrado Coração fez a Santa Margarida Maria para aqueles que lhe sejam devotos:

1º Reinarei apesar de meus inimigos e daqueles que a ele se opõem.

2º Darei aos meus devotos todas as graças necessárias ao seu estado.

3º Estabelecerei a paz em suas famílias.

4º Eu os aliviarei em suas fadigas.

5 Abençoarei todos os seus empreendimentos.

6º Eu os consolarei em suas tristezas.

7º Serei seu refúgio durante a vida e sobretudo na hora da morte.

8º Os pecadores encontrarão no meu Coração a fonte e o infinito oceano da minha misericórdia.

9º As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas.

10º As almas fervorosas elevar-se-ão a grande perfeição.

11º Abençoarei as casas nas quais minha imagem seja exposta e honrada.

12º Não deixarei morrer eternamente nenhum devoto que se tenha consagrado ao meu divino Coração.

13º Derramarei a unção da minha caridade nas Comunidades religiosas que se colocam sob minha especial proteção, e serei sua salvaguarda em suas quedas.

14º Aqueles que trabalham na salvação das almas o farão com êxito, e conhecerão a arte de mover os pecadores mais endurecidos, se tiverem uma terna devoção ao meu Coração divino e trabalham para inspirá-la e estabelecê-la em todos os lugares.

15º As pessoas que propagarem esta devoção receberão grandes recompensas, e terão seu nome escrito em meu Coração, de onde jamais será apagado.

16º Prometo, na excessiva misericórdia de meu Coração, que meu amor todo-poderoso concederá a todos aqueles que comunguem seguidamente, por nove primeiras sextas-feiras de mês, a graça da perseverança final; não morrerão em minha desgraça nem sem receber os Sacramentos, e meu Coração será seu refúgio seguro naquela hora.

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“É uma desgraça do nosso século

ter tão bem os direitos aprendidos,

 e tão esquecidos os próprios deveres”.

São Francisco de Sales

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Cinco excelentes meios para resistir aos pecados da mente

 


O pecado entra pelos sentidos

Recapitulando o artigo “ O pecado entra pela imaginação?”, a Igreja enfatiza a importância de uma imaginação bem formada para o bem da alma. Embora seja uma faculdade natural e necessária da mente humana, a imaginação também pode ser uma fonte de tentação e pecado quando não é devidamente regulada.

Todos têm a grave responsabilidade de garantir que as percepções sensoriais (ou seja, o que vemos, ouvimos, escutamos, tocamos) ajudem a alma. Depois que percepções pecaminosas entram no processo de pensamento abstrato da imaginação, é incrivelmente difícil desfazê-las. O pecado pode entrar pela imaginação de várias maneiras: pensamentos impuros, tentações e a formação de julgamentos errados, entre outras.

Para resistir aos pecados da mente, devemos vigiar nossos sentidos, fazer penitência, praticar a virtude habitualmente e fortalecer nossas almas com a poderosa ajuda que Deus nos deu nos Sacramentos e Sacramentais.

Cinco excelentes meios para resistir aos pecados da mente

[1] Oração : “Sem Mim, nada podeis fazer.” Estas palavras de Nosso Senhor dirigidas aos Seus discípulos são tão verdadeiras agora para nós como eram então. Não podemos salvar-nos apenas pelos nossos próprios esforços. Em todas as tentações, e para evitar pecados futuros, devemos recorrer à oração. A oração mental diária, a leitura espiritual, a oração litúrgica e a oração vocal são todas extremamente importantes. Reze o Rosário diariamente. Assista ao Santo Sacrifício da Missa tão frequentemente quanto possível. Reserve tempo para as orações da manhã e da noite, que devem incluir a oração mental. Não há substituto para a oração. [1]

No entanto, apesar da absoluta importância da oração, muitos católicos, mesmo fiéis, não rezam como deveriam. Pode ser que nossa fé seja fraca e inconstante. Pode ser que não "vejamos" os resultados que esperamos. Pode ser que nos falte paciência. O único remédio: oração! Pode ser que a oração seja difícil. É mentalmente desgastante e pode ser fisicamente exaustiva. Exige disciplina e perseverança. O único remédio: desenvolver o hábito da oração, orando com constância.

Se não desenvolvermos o hábito da oração frequente – constante –, quando formos tentados, não recorreremos prontamente à oração. É muito mais provável que caiamos. Faremos bem em ouvir Santo Afonso de Ligório, que disse de forma bastante simples:

“Quem reza certamente está salvo. Quem não reza certamente está condenado.”

Santo Afonso continua, explicando:

Todos os abençoados foram salvos pela oração. Todos os condenados se perderam por não terem orado. Se tivessem orado, não teriam se perdido. E este é, e será, o maior tormento deles no inferno: pensar em como poderiam ter sido salvos facilmente, apenas pedindo a Deus por Sua graça, mas agora é tarde demais – seu tempo de oração acabou.

[2] Formação de Virtudes: Cultivar virtudes como humildade, paciência, castidade e autocontrole por meio da prática regular e da autodisciplina ajuda a fortalecer a mente contra pensamentos pecaminosos. As virtudes são formadas pela repetição habitual. Se praticarmos regularmente a gratidão, a paciência, a gentileza, a modéstia ou qualquer uma dessas virtudes, elas se tornarão mais fáceis com o tempo.

Além disso, a graça se baseia na natureza. Assim, à medida que nos esforçamos para desenvolver virtudes naturais por meio da ação habitual e perseveramos na graça santificadora, essas mesmas virtudes são aperfeiçoadas e elevadas a um nível sobrenatural pela graça. E quando essas virtudes constituem "quem somos", seremos menos propensos a pecar mentalmente — ou a nos associar a situações, lugares e pessoas que nos levam a pecar.

[3] Jejum : São Tomás de Aquino escreve que o jejum é praticado com um triplo propósito, os dois primeiros dos quais são diretamente aplicáveis ​​à resistência aos pecados da mente:

Primeiro, para refrear as concupiscências da carne... Segundo, recorremos ao jejum para que a mente possa se elevar mais livremente à contemplação das coisas celestiais: por isso, é relatado que Daniel recebeu uma revelação de Deus após jejuar por três semanas. Terceiro, para satisfazer os pecados: por isso está escrito: 'Convertei-vos a mim de todo o vosso coração, em jejum, em choro e em pranto.'"

São Tomás reitera isso citando um sermão de Santo Agostinho:

“O jejum purifica a alma, eleva a mente, submete a carne ao espírito, torna o coração contrito e humilde, dissipa as nuvens da concupiscência, apaga o fogo da luxúria, acende a verdadeira luz da castidade.”

[4] Disciplina dos Sentidos : A disciplina dos sentidos (por exemplo, visão, audição) também deve acompanhar aqueles que buscam realizar penitência e crescer em virtude. A disciplina dos olhos ajudará muito aqueles que buscam resistir aos pecados da mente. Embora o jejum seja um meio poderoso para refrear as tentações e elevar a mente à contemplação das coisas celestiais, vencer as tendências humanas ao pecado também requer o uso adequado de todos os sentidos.

Para tanto, seria um esforço valioso incorporar as sugestões do Padre Athanasius Iskander, conforme citadas em "Espiritualidade Prática" . Para a disciplina dos olhos, ele aconselha: "Há muitos versículos na Bíblia que nos exortam a disciplinar nossos olhos." Por exemplo:

  • “A candeia do corpo são os olhos. Se, pois, os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz. Mas, se os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas” (Mt 6:22-23).
  • “E, se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno” (Mt 5:29).
  • “Todo aquele que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mt 5:28).

O Padre Iskander então explica por que a disciplina dos nossos olhos é muito difícil hoje em dia.

Antigamente, manter os olhos puros não era muito difícil. O mandamento " Não olhe para uma mulher com desejo" não era difícil de seguir, pois as mulheres naquela época se vestiam adequadamente e quase sempre se cobriam. Hoje, porém, é muito difícil ficar de olho em ofensas. Não só o código de vestimenta se tornou tão ofensivo, como também existem muitas maneiras pelas quais o diabo, o vendedor do pecado, pode introduzir impureza nos olhos.

[5] Recepção Frequente dos Sacramentos : A participação regular nos Sacramentos, particularmente na Confissão e na Sagrada Comunhão, proporciona graça e força para resistir ao pecado. Os Sacramentos, na verdade, nos dão graça. E a Sagrada Comunhão não apenas nos fornece um meio para crescer em virtude e resistir a pecados futuros, como também nos perdoa pecados veniais – embora nunca possamos receber a Sagrada Comunhão sem a Confissão Sacramental prévia para pecados mortais. [2]

Conclusão

São Beda, o Venerável, aconselha:

“…devemos compreender que as piores tentações e provações, sejam elas trazidas por espíritos malignos ou por homens, podem ser superadas pela oração e pelo jejum. Além disso, estes nos servem como meios singulares para fazer expiação quando a justa resposta de Deus foi despertada por nossos pecados. Ora, o jejum, num sentido mais amplo, significa mais do que restrições alimentares. Significa manter todas as seduções da carne à distância; na verdade, manter-se afastado de toda paixão pecaminosa. Da mesma forma, a oração, num sentido mais amplo, deve consistir em mais do que meras palavras suplicando a misericórdia de Deus; ela abrange tudo o que fazemos com um espírito dedicado de fé a serviço do Criador.”

Portanto, as armas da oração e do jejum, juntamente com a custódia dos sentidos, são de suma importância para resistir aos pecados da mente.


NOTAS FINAIS:

[1] Como uma ajuda adicional, combinar a oração com a penitência pode ser muito eficaz. Por exemplo, além de rezar 3 Ave-Marias todos os dias pela pureza , provavelmente nos beneficiaremos mais ao fazê-las de joelhos. Alguns padres até encorajam a pessoa a se ajoelhar com as mãos sob os joelhos como uma pequena quantidade de desconforto físico como penitência adicional. A penitência, quando misturada com a oração, pode ser muito eficaz. Vemos a importância da oração e da penitência na vida das crianças de Fátima. Nunca foi apenas oração - sempre foi oração com penitência. Em 19 de agosto de 1917, Nossa Senhora disse aos três pastorinhos: “Rezem, rezem muito e façam sacrifícios pelos pecadores; pois muitas almas vão para o inferno porque não há ninguém que se sacrifique e reze por elas”.

[2] Além dos Sacramentos, os Sacramentais também podem ser um meio poderoso para resistir aos pecados. Você pode ler mais sobre os Sacramentais em https://fatima.org/news-views/what-are-sacramentals-and-why-have-them-blessed/


O Santo Nome de Maria

 

As citações a seguir, refletindo a sabedoria dos santos, foram coletadas para um sermão do Pe. Michael Rodríguez.


São João Eudes (1601-1680) explica:

“Por ordem expressa da Santíssima Trindade, [o] glorioso Arcanjo [Gabriel] foi encarregado de declarar a São Joaquim e Santa Ana que a Divina Majestade desejava dar-lhes uma filha que se chamaria Maria, nome que lhe foi posteriormente dado [por seu pai], São Joaquim. Portanto... este santo nome de Maria veio do Céu... e do coração da adorável Trindade.”

São Metódio (815-885) exclama: “Teu nome, ó Mãe de Deus, está cheio de graças e bênçãos divinas”.

São Ricardo de São Lourenço († 1250) diz: “Depois do Nome de Jesus, não há outro em que os homens encontrem tão poderosa assistência e salvação como no grande nome de Maria”.

São Boaventura (1218-1274) declara: “Teu nome, ó Maria, não pode ser pronunciado sem trazer alguma graça àquele que o faz devotamente”.

O Beato Raimundo Jordano (século XIV ) diz: “Todo bem, toda ajuda, toda graça que os homens receberam e receberão de Deus até o fim dos tempos, chegou e chegará a eles pela intercessão e pelas mãos de Maria…

“A Santíssima Trindade deu-Te um nome, ó Maria, que, depois do de Teu divino Filho, está acima de todos os nomes; um nome ao som do qual todas as criaturas no Céu, na terra e no inferno se dobram; sua graça, glória e virtude todas as línguas confessam e honram. Teu Nome, depois do de Teu Filho, é poderosíssimo para nos ajudar a obter a salvação eterna. Teu Nome, acima dos nomes de todos os Santos, tem a virtude de confortar os fracos, curar os doentes, dar vista aos cegos, abrandar os corações, encorajar os cansados, fortalecer os que combatem e derrubar a tirania dos demônios.”

Tomás de Kempis (1380-1471) exorta-nos: “Recorrei a Maria, invocai o nome de Maria, honrai Maria, recomendai-vos a Maria”.

São Bernardo de Claraval proclama:

“Olhe para a estrela do mar, invoque Maria... no perigo, na angústia, na dúvida, pense em Maria, invoque Maria.  Que o nome dela nunca esteja longe dos seus lábios, nem longe do seu coração... Se você a seguir, não se desviará; se você orar a ela, não se desesperará; se você voltar seus pensamentos para ela, não errará. Se ela o segurar, você não cairá; se ela o proteger, não precisará temer; se ela for sua guia, você não se cansará; se ela for graciosa com você, certamente alcançará seu destino.”

Santo Afonso de Ligório (1696-1787) ensina:

Em todo perigo de perder a graça divina, devemos pensar em Maria e invocar o Seu nome, juntamente com o de Jesus, pois estes dois nomes andam sempre juntos. Ó, pois, nunca permitamos que estes dois dulcíssimos nomes saiam dos nossos corações, nem dos nossos lábios, pois eles nos darão força não só para não ceder, mas para vencer todas as nossas tentações.


Rezemos:
Maria, Virgem Mãe, rogai por nós.
Maria, Nossa Senhora, rogai por nós.
Maria, Nossa Rainha, rogai por nós.
Maria, Nossa Vida, rogai por nós.
Maria, Nossa Doçura, rogai por nós.
Maria, Nossa Esperança, rogai por nós.
Maria, Nossa Senhora de Loreto, rogai por nós.
Maria, Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós.
Maria, Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, rogai por nós.
Maria, Nossa Senhora de La Salette, rogai por nós.
Maria, Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós.
Maria, Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós.
Maria, Nossa Senhora das Dores, rogai por nós.
Maria, Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós.
Maria, Nossa Senhora da Vitória, rogai por nós.


quinta-feira, 12 de junho de 2025

Um Milagre em Nagasaki

 


Um segundo milagre da "bomba atômica"

Três dias após a bomba atômica "Little Boy" – uma bomba atômica! – ter sido lançada sobre Hiroshima, sua equivalente, "Fat Man", foi lançada sobre Nagasaki. Estima-se que 40.000 pessoas morreram imediatamente na explosão atômica de 9 de agosto de 1945. Um total de cerca de 80.000 mortes resultaram de queimaduras, exposição à radiação e outros ferimentos relacionados à explosão. Muitas outras sofreram efeitos a longo prazo na saúde e a devastação de suas vidas.

Um Centro Católico

Nagasaki abrigava quase dois terços de todos os católicos do Japão. Sua história católica remonta ao século XVII , quando muitos japoneses convertidos deram suas vidas por Cristo em glorioso martírio. Por dois séculos, não houve padres no Japão. A fé católica foi proibida e perseguida. No entanto, os católicos aqui no Vale do Urakami praticavam sua fé secretamente. Não celebravam a missa nem se confessavam. Mas batizavam seus filhos, realizavam o Sacramento do Matrimônio, constituíam famílias fortes, ensinavam o Catecismo e rezavam o Rosário . Eles preservaram a fé e a transmitiram – imaculada – de geração em geração por mais de duzentos anos!

Em 1945, Nagasaki abrigava mais católicos do que qualquer outra cidade do Extremo Oriente. Dada sua história gloriosa e alta concentração de católicos, era considerada a "Capital Católica" do Leste Asiático. Essa comunidade católica foi dizimada pela bomba atômica e sofreu muito. [1] No entanto, assim como a Divina Providência ofereceu proteção aos jesuítas marianos em Hiroshima, também foi concedida proteção especial aos franciscanos de Nossa Senhora em Nagasaki.

Um Santo de Nossa Senhora

Apesar da destruição, o convento franciscano [2] construído nos arredores de Nagasaki por São Maximiliano Maria Kolbe, de origem polonesa, permaneceu de pé, ileso e sem os efeitos da bomba. O santo havia sido criticado por escolher um local para sua construção atrás de uma montanha, afastado do centro da cidade e da catedral. Em retrospectiva, sua escolha parece premonitória, visto que a montanha ajudou a proteger o convento da explosão atômica.

São Maximiliano Kolbe era extremamente devoto de Nossa Senhora. Ele promovia especificamente a devoção e a consagração ao Imaculado Coração de Maria. Era um fervoroso devoto do Rosário e incentivava fortemente sua recitação diária. Além disso, compreendia os terríveis males causados ​​pela Maçonaria, pelo ateísmo e pelos erros da Rússia.

Os missionários franciscanos foram preservados da terrível morte e destruição que se seguiram ao ataque atômico. Certamente não foi por eles mesmos, mas para que pudessem servir aos feridos, doentes e moribundos que sofriam tão terrivelmente. Seu testemunho heroico deu grande glória a Deus e foi um testemunho vivo do poder do Rosário e da intercessão de Nossa Senhora, Medianeira de todas as Graças.

Sem dúvida, Nossa Senhora concede proteção e graças especiais aos seus devotos. Assim, não deve surpreender nenhum católico que Ela tenha protegido a comunidade e a fundação de São Maximiliano Kolbe da bomba atômica que devastou Nagasaki.


NOTAS FINAIS:

[1] Num artigo da National Geographic intitulado “ Os cristãos escondidos de Nagasaki sobrevivem à perseguição e à bomba atómica ” (8 de Outubro de 2015), o autor Ari Beser escreveu:

Conheci um sobrevivente, Shigemi Fukahori, que tinha 14 anos quando foi exposto ao bombardeio atômico de Nagasaki. Ele mantém uma profunda fé católica e até mesmo mantém sua própria crença sobre como a guerra começou e terminou, dizendo: 'No Japão, a Segunda Guerra Mundial começou em 8 de dezembro, o mesmo dia da Festa da Imaculada Conceição. Também terminou em 15 de agosto, o dia da Assunção de Maria. A bomba explodiu sobre o Vale de Urakami; é lá que vive o maior número de cristãos em Nagasaki. Acredito que a guerra terminou graças ao nosso sacrifício.'"

[2] O convento foi denominado “Seibo no Kishi” em homenagem a Maria Imaculada. Consistia em uma capela e uma casa de madeira, um amplo salão de reuniões para aulas (para o ensino da fé e de assuntos práticos) e uma oficina para abrigar equipamentos de impressão. São Kolbe também construiu uma gruta para abrigar uma estátua de Nossa Senhora de Lourdes; a construção foi concluída em 1º de maio de 1932. Foi deste convento que, com a bênção e permissão do bispo, os frades publicaram e distribuíram a primeira edição da revista Mugenzai no Seibo no Kishi, ou seja, "Cavaleiro da Virgem Imaculada".

segunda-feira, 9 de junho de 2025

A Lealdade


Sermão proferido pelo Revmo. Pe. Carlos Mestre, no Priorado S. Pio X de Lisboa, no Domingo de Pentecostes, sobre a lealdade à família espiritual.

 

REZAR O ROSÁRIO FAZ BEM À SAÚDE?

 

Um estudo realizado em dezembro de 2024, com base em observações clínicas e conhecimento espiritual, mostrou que o rosário pode ser benéfico como remédio para a alma e o corpo.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

O estudo destaca, em primeiro lugar, um primeiro elemento: as repetições “litânicas” do rosário parecem ter um efeito benéfico sobre as tensões. Elas também promovem a estabilidade emocional e geram uma sensação de paz geral.

Ao contrário de muitas técnicas de “atenção plena” que enfatizam a neutralidade e o desapego, o rosário se baseia em um compromisso pessoal, em um relacionamento. Em outras palavras, não se trata de um mantra encantatório, mas um diálogo.

Christian Spaemann, um renomado psiquiatra austríaco, procura demonstrar essas diferenças. Em uma entrevista recente à jornalista Barbara Wenz, Spaemann explica que o rosário abre não apenas a mente, mas também o coração, para uma presença maternal, tangível e duradoura.

Devemos primeiro crer“, disse ele, “que a mãe de Jesus é verdadeiramente nossa mãe e que ela está presente, com o coração aberto para nós.” Uma vez ultrapassado esse limiar de confiança, algo muda. A experiência não se limita a místicos ou santos enclausurados.

Spaemann observa que, em sua região rural da Alta Áustria, pessoas comuns — agricultores, trabalhadores — estão redescobrindo silenciosamente a paz e a esperança por meio da oração mariana. “Eles encontram alegria na Mãe do Céu“, diz ele, “e a levam para o seu dia a dia“.

Além do contexto cristão, Spaemann vê no rosário um ritmo humano universal. Em sua opinião, ele atinge um acorde profundo e até mesmo fisiológico dentro de nós, ecoando o conforto primordial de uma criança que ouve os batimentos cardíacos de sua mãe.

Nesse ritmo, há uma espécie de segurança memorizada, um ponto de entrada para a transcendência. Mas ele adverte: o rosário não é uma técnica, é um encontro. Para Spaemann, esse encontro se tornou pessoal em sua juventude.

É uma tábua de salvação“, acrescenta. Por meio do rosário, a presença de Maria é percebida, não como um mito, mas como uma realidade viva, acessível, maternal, compassiva. Através do rosário, diz ele, a presença dela se torna evidente, não por meio de visões, mas por meio de um reconhecimento interior.

Embora o estudo recente se concentre em resultados fisiológicos e psicológicos, Spaemann nos convida a adotar uma perspectiva mais ampla. O fruto mais profundo do rosário, insiste ele, não é apenas a serenidade, mas a consciência da eternidade.

O rosário, diz ele, nos leva ao silêncio, e nesse silêncio podemos vislumbrar algo surpreendente: que cada um de nós é eternamente desejado, criado no amor e destinado não ao esquecimento, mas à união com Deus.

Passamos para o outro mundo”, disse ele, “como de um cômodo para outro”. Em uma cultura tão preocupada com o bem-estar mental, pode ser surpreendente encontrar uma oração que proporcione alívio moderno.

Mas o rosário não apenas alivia a ansiedade. Ele a redireciona. E, ao contrário das técnicas seculares que tendem a se voltar contra si mesmas, o rosário vai além de si mesmo, em direção a um rosto, um relacionamento, uma promessa.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Milagre do Rosário na Áustria

 



Os termos de paz ao final da Segunda Guerra Mundial foram desastrosos para a Áustria. Aquela infeliz nação havia sido anexada pela Alemanha nazista em 1938 e, em 1945, passou da frigideira para o fogo, passando a ser ocupada conjuntamente pelos Aliados. O país – incluindo até mesmo sua capital, Viena – foi dividido em quatro zonas. A maior e mais rica em recursos, quase toda a metade oriental do país, caiu sob o controle da Rússia comunista. As outras três zonas foram para os Estados Unidos, Grã-Bretanha e França.

O terror soviético não era tão extremo na Áustria ocupada quanto nos países do Bloco Oriental, mas ainda assim era brutal, assumindo a forma de um frenesi de abusos, pilhagens e desvio financeiro da população, de baixo para cima, por seus senhores soldados cheios de ódio. Embora agindo contra as ordens, esses algozes soviéticos enchiam as fileiras em proporções tão avassaladoras que seus comandantes eram impotentes para contê-los. Os austríacos, já devastados pela guerra e falidos, sofreram tremendamente e sabiam que o laço só poderia se apertar com o tempo sob um regime comunista.

Padre Pavlicek mostra o caminho

O que poderia ser feito? Que esperança teriam meros 7 milhões de austríacos contra quase 200 milhões de soviéticos? O Padre Petrus Pavlicek sabia que a paz era uma dádiva de Deus e que Nossa Senhora de Fátima poderia conquistá-la por meio de Sua devoção tão querida, o Santo Rosário. Os cristãos, ele se lembrava, haviam sido superados em número pelos turcos na Batalha de Lepanto, mas prevaleceram por meio do Rosário de Nossa Senhora.

Com esse pensamento constantemente em mente ao longo de uma campanha de sete anos, esse padre extraordinariamente zeloso, sozinho, incitou a Áustria ocupada pelos soviéticos a recorrer à Nossa Senhora do Rosário em busca de libertação. Curiosamente, seu fervor foi alimentado e impulsionado pelo impulso de ter se recuperado de uma juventude desperdiçada – um milagre da graça. Um biógrafo escreve:

Ele nasceu em Innsbruck, Áustria, em 1902. Ainda jovem, sentiu-se chamado para a vida religiosa, mas se tornou indiferente na adolescência e abandonou a Igreja aos 19 anos. Após o serviço militar obrigatório, estudou na Academia de Belas Artes e depois viveu como artista itinerante em Paris e Londres. Em 1932, casou-se no civil, mas o casamento durou apenas três meses.

A mão da Divina Providência é sempre surpreendente. Em 1935, ele foi acometido por uma doença com risco de morte, que o levou a uma profunda conversão. Uma vez recuperado, sentiu novamente o chamado da infância para se tornar padre; mas agora, depois de uma vida tão infiel, sentia-se indigno. Então, visitou Teresa Neumann, já uma famosa mística católica na época, e ela confirmou sua decisão. Foi aceito na Ordem Franciscana de Praga, onde foi ordenado padre em 1941.

Apesar de estar sob ordens sagradas como frade capuchinho, o padre Pavlicek foi convocado para o exército alemão em 13 de maio de 1942. No dia 7 de outubro seguinte (outro dia de festa mariana), ele foi designado para a Frente Ocidental e, em 15 de agosto (!) de 1944, foi capturado pelos americanos.

Foi durante esse período como prisioneiro de guerra que ele tomou conhecimento das aparições de Nossa Senhora em Fátima. Sendo finalmente libertado em 16 de julho (!!) de 1945, ele imediatamente fez uma peregrinação ao principal santuário de Nossa Senhora na Áustria, em Mariazell. Ao chegar à basílica, venerou Nossa Senhora fervorosamente diante de Sua imagem milagrosa de madeira ali abrigada, derramando-Lhe seus agradecimentos e implorando por Sua contínua proteção e orientação. Ele também implorou a Ela, em particular, que libertasse a Áustria da ocupação comunista. O Padre Pavlicek ouviu distintamente Sua resposta em voz clara: "Faça o que eu digo e haverá paz."

Em seguida, o Padre Pavlicek começou a pregar a paz nos termos de Nossa Senhora. "A paz é um dom de Deus, não obra de políticos", declarou. Ela seria conquistada invadindo o Céu com nossos Rosários, assim como os soldados invadem um forte, com determinação e confiança impetuosas.

No início, os católicos austríacos hesitaram em seguir o exemplo do Padre Pavlicek, temendo perseguição, mas o tempo provou que ele estava certo. As tentativas dos políticos austríacos de desalojar seus senhores soviéticos não passaram de conferências de paz infrutíferas. Entre 1947 e 1955, houve mais de 260 desses encontros, que não tiveram outro efeito senão incitar os comunistas a fortalecerem seu domínio sobre a nação, especialmente com a intensificação da Guerra Fria.

Procissões Mensais do Rosário

Enquanto isso, o Padre Pavlicek tomou as ruas. A partir de 1948, no dia 13 de cada mês, ele ia de uma vila, cidade ou município a outra, incitando seus compatriotas a fazerem demonstrações públicas de sua fé por meio da oração nas ruas – com procissões marianas e rezando o Rosário por horas a fio. Ele a chamou de Cruzada de Reparação do Santo Rosário . Seu objetivo: a libertação da tirania soviética, a conversão dos pecadores e a paz no mundo. Em seus meios e fins, era o programa de Nossa Senhora de Fátima.

Cada vez mais fiéis foram encorajados a participar dos comícios e procissões mensais da Cruzada. Logo, milhares se juntaram, e o número continuou a crescer a cada mês. Em 1955, mais de meio milhão dos sete milhões de cidadãos austríacos – cerca de 10% da população do país – haviam se comprometido a rezar o Rosário diariamente pelas três intenções da Cruzada.

É digno de nota que o prelado mais importante da Áustria, o Cardeal Theodor Innitzer, de Viena, não era favorável a esta "Cruzada do Rosário". Apesar dos pedidos do Padre Pavlicek, o Cardeal recusou-se a participar das procissões em honra de Nossa Senhora de Fátima. Parece que sua atitude reflete o ceticismo com que muitos prelados da Igreja moderna encaram a Mensagem de Fátima.

No entanto, Leopold Figl, Chanceler Federal da Áustria (1945-1953), apoiou entusiasticamente os esforços do Pe. Pavlicek. Quando soube que o Cardeal Innitzer havia recusado o convite para participar de uma procissão pública, disse ao Pe. Pavlicek: "Mesmo que apenas nós dois estejamos presentes, eu irei. Meu condado exige isso." Com vela e rosário, o Chanceler Figl compareceu a todas as procissões que pôde; e foi acompanhado pelos membros de seu gabinete. Em 1953, Julius Raab foi eleito para suceder Figl neste cargo e Raab também continuou a representar o Estado católico austríaco participando de procissões públicas. (Nota: Leopold Figl é atualmente homenageado como "Servo de Deus" e sua causa de beatificação foi iniciada pela Diocese de Sankt Pölten em 2020.)

A participação pública tornou-se tão significativa que, sob crescente pressão, o Cardeal Innitzer acabou concordando em participar das procissões. O Padre Pavlicek então organizou suas marchas mais impressionantes. Centenas de milhares de católicos rezaram o Rosário, cantaram hinos e caminharam em filas à luz de velas pela avenida mais famosa de Viena: a Ringstraße. (Esta rua marca o perímetro do antigo centro da cidade, circundando os palácios da monarquia católica dos Habsburgos, a Basílica Catedral de Santo Estêvão, grandes museus, edifícios estatais nacionais e belos monumentos, todos celebrando a gloriosa herança da Áustria.)

Liderando a grande procissão, estava uma estátua de Nossa Senhora de Fátima, esculpida por José Thedim, o mesmo escultor que esculpiu a estátua original da Virgem Peregrina, em exposição no Santuário de Fátima. O Padre Pavlicek não tinha recursos para adquirir uma estátua, e seus superiores capuchinhos, empobrecidos, não tinham condições de fornecer assistência financeira. Assim, Nossa Senhora providenciou. Sua Excelência, José Alves Correia da Silva, Bispo de Leiria (e de Fátima), doou uma magnífica estátua em apoio à Cruzada do Rosário do Padre Pavlicek. Atrás da estátua de Nossa Senhora marchavam o Cardeal Innitzer e o Primeiro-Ministro, seguidos por clérigos, religiosos, estadistas e uma vasta multidão de fiéis católicos. Seria difícil conceber uma declaração mais pública do povo austríaco em apoio à Mensagem de Fátima. (Esta imagem evoca a procissão de católicos subindo uma colina íngreme em direção a uma grande cruz feita de troncos toscamente talhados, como os de um sobreiro, como visto na Visão do Terceiro Segredo.)

Libertação!

Então, para grande surpresa do mundo, a Áustria foi libertada de sua difícil situação de uma forma inédita. Em 24 de março de 1955, os soviéticos convocaram o primeiro-ministro austríaco, Julius Raab, a Moscou. Antes de sua partida, ele implorou ao Padre Pavlicek: "Por favor, reze e peça ao seu povo que reze com mais afinco do que nunca". E em Moscou, foi-lhe dito que a Rússia em breve retiraria suas tropas, deixando a Áustria novamente uma nação autônoma.

Todo o Ocidente ficou atordoado, quase incrédulo. Britânicos e americanos suspeitaram de uma armadilha, e o principal diplomata britânico relatou a Londres: "Para ser honesto, o acordo é bom demais para ser verdade". No entanto, uma conferência de paz foi realizada em Viena, começando em 1º de maio – o mês de Maria! – e o acordo final foi alcançado em 13 de maio (!), aniversário da primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima. Dois dias depois, em 15 de maio de 1955, o Tratado do Estado Austríaco foi devidamente assinado no Palácio Belvedere, em Viena; entrou em vigor em 27 de julho . Em 25 de outubro, mês do Santo Rosário, as últimas tropas soviéticas foram evacuadas.

Em Viena, uma multidão enorme e grata se reuniu para agradecer publicamente a Nossa Senhora por libertá-los da escravidão comunista. Marcharam em procissão, carregando velas, rosários e uma imagem de Nossa Senhora de Fátima. Da sacada do Capitólio, o Primeiro-Ministro Raab dirigiu esta oração de agradecimento à sua libertadora celestial, que havia conquistado onde todos os poderes humanos haviam falhado: "Hoje, nós, cujos corações estão cheios de fé, clamamos ao Céu em alegre oração: Somos livres, ó Maria, nós Te agradecemos!"

O Pe. Pavlicek escreveu, em uma carta publicada na edição de 13 de outubro de 1955 da Voz da Fátima , que todo o crédito pela libertação da Áustria foi devido a ninguém menos que Nossa Senhora de Fátima e aos muitos milhares de Seus devotos que se dedicaram a rezar Seu Rosário:

Não é maravilhoso como Nossa Senhora ajudou a Áustria a reconquistar a liberdade? Isso foi tão óbvio em conexão com as aparições de Nossa Senhora em Fátima. No dia 13 de maio, todos os jornais austríacos publicaram a notícia de que a Rússia Soviética havia concordado com a independência da Áustria, e no domingo, dia 15, o acordo foi assinado em Viena... Foi realmente uma recompensa maravilhosa de Nossa Senhora para o povo católico de Viena, que fielmente, durante sete anos, vinha a Ela diariamente e rezava das três às oito da noite, um Rosário após o outro.

Em retrospectiva, uma lição para todos

Todos os anos, a partir de 12 de setembro , Festa do Santíssimo Nome de Maria, milhares de austríacos continuam a se reunir em Viena para agradecer a Nossa Senhora por quebrar o domínio diabolicamente cruel do comunismo sobre seu país. (O povo da Áustria foi salvo séculos antes, pela intercessão de Nossa Senhora, de um cerco otomano em 12 de setembro de 1683, e o Papa Inocêncio XI, portanto, instituiu este dia festivo.)

O que a Hungria não conseguiu realizar por meio de uma revolução terrivelmente custosa na mesma década da Guerra Fria, e o que a Tchecoslováquia não conseguiu realizar na década seguinte por meio de uma estratégia de "liberalização" de seu próprio governo socialista, Nossa Senhora fez, ao que tudo indica, sem esforço pela Áustria, quando seus fiéis A imploraram por meio de Seu Santo Rosário.

 

Para leitura adicional:

“A ocupação soviética da Áustria” – Museu Nacional da Segunda Guerra Mundial de Nova Orleans; https://www.nationalww2museum.org/war/articles/soviet-occupation-of-austria

Dr. Michael Scherschligt – “Petrus Pavlicek e a Cruzada do Rosário”, Escola de Fé da Sagrada Família; https://schooloffaith.com/rosary-archive/petrus-pavlicek-and-the-rosary-crusade


https://fatima.org/

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