quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O SACRIFÍCIO DA SANTA MISSA TEM POR SACERDOTE O PRÓPRIO JESUS CRISTO

Depois de dizer que o Sacrifico da Missa é o mesmo Sacrifício da Cruz, e não uma cópia, era de imaginar que não se poderia encontrar prerrogativa melhor. O que o torna, entretanto, mais sublime é o fato de ter como Sacerdote o próprio Deus feito homem(!).
Três coisas, certamente, são para considerar no santo Sacrifício: o Sacerdote que oferece; a Vítima oferecida; a Majestade divina, a Quem se oferece. Ora, três considerações: o Sacerdote, que oferece, é um Homem-DEUS, JESUS CRISTO: a vítima é a Vida de um DEUS; e não se oferece a outrem senão a DEUS.
Reanimai, portanto, a vossa fé, e reconhecei, no padre que celebra, a Pessoa adorável de Nosso Senhor JESUS CRISTO. É Ele o principal oferente, não só porque instituiu este santo Sacrifício, e lhe dá, por seus méritos, a eficácia, mas porque se digna, em cada Santa Missa e para nosso benefício, mudar o pão e o vinho em seu santíssimo Corpo e preciosíssimo Sangue.
Eis porque a maior excelência da Santa Missa consiste em ter por Sacerdote um DEUS feito Homem. E quando virdes o celebrante no altar, sabei que sua maior dignidade é ser o ministro deste Sacerdote invisível e eterno, que é nosso Redentor. Daí vem que o Sacrifício não deixa de ser agradável a DEUS, ainda que o padre celebrante seja um pecador, visto que o principal oferente é CRISTO Nosso Senhor, e o padre seu simples representante.
Do mesmo modo, aquele que dá esmola pela mão dum servidor, é verdadeiramente o principal autor do benefício, e ainda que o servo fosse um pecador, se o patrão é um justo, a esmola é santa e é meritória. Bendito seja DEUS que nos deu um Sacerdote infinitamente santo, a própria Santidade, o qual oferece ao PAI Eterno este divino Sacrifício, não só em todo lugar, pois hoje a fé está difundida em toda parte, mas também em todo tempo, todos os dias e mesmo a toda hora. Graças a DEUS, o sol se levanta para outras regiões, quando para nós desaparece. A toda hora, portanto, em qualquer parte da Terra, este Santíssimo Sacerdote oferece seu Corpo, seu Sangue, todo o Ser ao PAI, por nós, e o faz tantas vezes quantas Missas se celebram em todo o Universo.
Que tesouro imenso! Que mina de inestimáveis riquezas possuímos na Igreja de DEUS! Felizes de nós se pudéssemos assistir devotamente a todas as Santas Missas! Que capital de méritos amontoaríamos! Que abundância de graças nesta vida, e que grau de glória na outra nos proporcionará a devota e amorosa assistência a tantas Santas Missas!
Mas que digo? Assistência? Os que assistem à Santa Missa não fazem apenas o ofício de assistentes, mas também o de celebrantes e pode-se chama-los sacerdotes: Fecisti nos DEO nostro regnun et sacerdotes (Ap 5,10). O sacerdote que oficia é como o ministro público da Igreja inteira, é o mediador de todos os fiéis, e especialmente daqueles que participam da Santa Missa, junto do Sacerdote invisível que é JESUS. Com CRISTO, ele oferece ao Eterno PAI, em seu Nome e em nome de todos, o resgate precioso da Redenção dos homens. Não está, porém, sozinho nesta santa função. Todos os que assistem à Santa Missa concorrem com ele no oferecimento do Sacrifício. Assim, voltado para os fiéis, o sacerdote diz: Orate, fratres, ut meum ac vestrum Sacrificium acceptabile fiat: “Orai, meus irmãos, para que o meu Sacrifício, que é também o vosso, seja agradável a DEUS”.
Estas palavras, que o sacerdote profere, é para nos dar a entender que, conquanto desempenhe ele o papel de ministro principal, todos, que ali assistem, com ele oferecem a grande Vítima. Quando assistis à Santa Missa, fazeis, portanto, de certo modo, o ofício de sacerdote. Que dizeis agora? Ousaríeis ainda assistir à Santa Missa tagarelando, olhando para um e outro lado, e contentando-vos de recitar, bem ou mal, umas preces vocais, sem levar em conta o ofício de tanta responsabilidade que exerceis, o ofício de sacerdote?
Ah! não posso evitar de exclamar aqui: Ó mundo insensato, que nada compreende de tão augustos mistérios. Como é possível permanecer ao pé dos Altares com o espírito distraído e o coração dissipado, num momento em que os Anjos e os Santos se absorvem em admiração e temor à vista de tão maravilhosa obra!
As Excelências da Santa Missa – São Leonardo de Porto Maurício

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O TESOURO DO BATISMO




O pequeno recém-nascido volta do seu batismo e dorme tranquilamente em seu berço. Leva silenciosamente seu tesouro. Que tesouro? Nas profundezas desta pequena alma, como no templo de Jerusalém, está o Santo.

Está a graça de Deus, a graça santificante, princípio de uma vida nova e mais elevada que não é inerente a nenhuma criatura e na qual o único ponto de comparação é a própria vida de Deus.
Este pequeno é verdadeiramente uma nova criatura. Exteriormente, tem as características de todas as crianças, mesma as das não batizadas, mas ante aos olhos dos anjos não é, porque agora tem os traços do Menino de Belém, é filho de Deus e leva com ele os tesouros e riquezas sobrenaturais que alegram os olhos dos anjos.
Olhem para ele de novo, vejam como dorme em paz. Seu sonho é tão tranquilo que até se assemelha a morte, mas se este pequeno chegasse a morrer, falaria a língua dos eleitos. Se apresentaria no Paraíso reivindicando como sendo sua casa e diria a seu anjo da guarda: “Gostaria ver a Deus, meu Pai, a Santíssima Virgem Maria, minha Mãe e a Jesus, meu irmão mais velho” … e isso, graças ao tesouro da vida superior que o elevou às alturas de Deus.
Além disso, como qualquer vida, está dotada de faculdades que lhe convém e lhe são proporcionadas no momento do seu batismo, esta criança também recebeu faculdades que correspondem à nova vida superior e sobrenatural que possui agora; as três virtudes teologais: a Fé (inteligência sobrenatural que se dirige à verdade de Deus e nos faz O ver em tudo), a Caridade (vontade sobrenatural que se dirige à beleza de Deus e ao amor) e a Esperança (que repousa na fidelidade de Deus e garante que o céu é para ele). É agora um filho de Deus, e sendo assim, é o herdeiro de Deus … co-herdeiro de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Rom 8, 17).
Dom Paul Delatte, OSB, Contempler l’Invisible.
Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est

O crucifixo que tem o braço direito desprendido da cruz


Na Espanha, se venera um crucifixo que tem o braço direito desprendido da cruz e abaixado. Aos pés desta imagem de Jesus um dia um pecador confessou as suas culpas, mas o confessor hesitava em absolve-lo.

Ele o perdoou mas disse:

— Procura de não recair mais.

O penitente prometeu, mas era fraco e recaiu. Tornou então ao sacerdote que o acolheu com muita severidade:

— Desta vez não te absolvo!

O penitente replicou:

— Quando eu prometi fui sincero, mas também sou fraco. Padre me dê o perdão do senhor.

Também desta vez o confessor o perdoou mas disse:
— É a última vez!

Algum tempo depois o penitente voltou, mas, o sacerdote disse asperamente:

— Você recai sempre e o seu propósito não é sincero.
O penitente respondeu:

— É verdade padre eu recaio sempre mas é porque sou fraco, sou um doente. Mas o meu arrependimento é sincero.
E o padre responde:

— Não, não tem perdão para você!

Do crucifixo se sentiu um pranto. O cristo desprendeu a mão direita da cruz e levantando-a traçou sobre a cabeça daquele pecador o sinal da absolvição.
Contemporaneamente uma voz da cruz disse ao sacerdote:

— Tu, não versastes o teu sangue por ele!...




(Texto traduzido do Italiano por Pe. André Luiz Facchini)

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O ascensor de Santa Teresinha do Menino Jesus

"Estamos vivendo num século de grandes inventos. Já não custa fadigas galgar degraus de uma escadaria; as casas abastadas tem lá ascensores que as substituem vantajosamente. Quisera eu também descobrir um ascensor para me levar até Jesus, pois são tão pequenina que me falecem as forças para vingar até o topo da escada íngreme da perfeição.


     Pedi logo aos Livros Sagrados que me indicassem o ascensor cobiçado, e depararam-se-me estas palavras da mesma Sabedoria eterna: "Todo aquele que é simples e pequenino venha a mim!" (Prov. 9,4). Cheguei-me, portanto, a Deus, persuadida de ter, enfim, descoberto o que andava procurando; e, desejosa de saber ainda o que o Senhor faria a esse pequenino, prossegui nas minhas pesquisas e encontrei o seguinte: "Hei de trazer-vos ao colo, embalar-vos sobre meus joelhos. Do mesmo modo que uma mãe acaricia o seu filhinho, assim eu vos consolarei." (Is 66,12). Ah, mas ternas e melodiosas palavras nunca soaram para deleitar a minha alma. O ascensor que me há de guiar até o céu são os vossos braços, ó Jesus! Para isto não é necessário que eu cresça, devo antes ficar sempre tamanina e empenhar-me em o ser cada vez mais. Meu Deus, fostes muito além de quanto eu podia esperar e quero agora celebrar as vossas misericórdias! "Ensinaste-me, ó meu Deus, desde a minha mocidade; e eu publicarei as tuas maravilhas que tenho experimentado até agora. E até a velhice e idade avançada, ó Deus, não me desampares, até que anuncia a força do teu braço todas as gerações que hão de vir!" (Sl. 70,17) História de uma alma, cap. IX


     "O coração de Jesus é  muito mais magoado por causa das mil pequenas imperfeições dos seus amigos do que das próprias faltas graves cometidas por seus inimigos. No entanto, parece-me que é somente quando os seus adquirem um hábito dessas indelicadezas e não lhe pedem perdão por elas que se pode aplicar a palavra: "Estas chagas que vedes em minhas mãos, eu as recebi daqueles que me amavam." (Zac. 13,6)

      "Por aqueles que o amam e que, depois de cada pequena falta, vêm lançar-se em seus braços e lhe pedem perdião, Jesus vibra de alegria. Ele diz a seus anjos o que o pai do Filho pródigo dizia aos seus servos: "Metei-lhe um anel no dedo e regozijemo-nos!" Ah! Como são pouco conhecidos a bondade e o amor misericordioso do Coração de Jesus! É verdade que, pra fruir destes tesouros, é necessário conhecer o seu nada e humilhar-se, - e é justamente isso o que muitas almas não querem fazer!..."

Retirado do Livro: A Arte de Aproveitar as Próprias Faltas.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

A confissão nos dá forças para não cair no pecado



"Cesário conta que um santo sacerdote obrigou ao demônio, da parte de Deus, a dizer o que mais o prejudica, respondendo-lhe ele que dentre todas as coisas o que maiores danos lhe causava e mais o descontentava era a confissão frequente.

Ouçamos o que o Senhor revelou a Santa Brígida: 'Quem desejar conservar o fervor, deverá purificar-se muitas vezes pela confissão e acusar-se frequentemente de suas faltas e negligências no serviço de Deus.' Uma alma que aspira a perfeição, diz Cassiano, deve empenhar-se em ter uma grande pureza de consciência, pois por esse meio alcançará o amor perfeito de Deus, que só é concedido às almas puras, correspondendo a medida do amor à pureza do coração. (...)

Pela confissão a alma purifica-se das faltas cometidas. A este respeito São João Clímaco narra o seguinte: Um jovem desejava entrar num convento para se corrigir da vida pecaminosa que levara no século. O Abade, antes de recebê-lo, quis provar sua vocação, e por isso disse-lhe que para ser admitido deveria confessar publicamente todos os seus pecados. O jovem, que estava sinceramente resolvido a dar-se todo a Deus, obedeceu e, enquanto confessava, diante da comunidade as suas faltas, um dos monges conhecido por sua santidade, viu um homem de aspecto venerável apagando de um papel, à medida que o jovem os declarava, os pecados por ele cometidos, de forma tal que, no fim da acusação estava o papel inteiramente branco. O que não se passou visivelmente, dá-se ainda hoje invisivelmente com todo aquele que, com as devidas disposições, se confessa de seus pecados. 

Pela confissão não só se apagam as manchas do pecado, mas a alma adquire também novas forças para não recair mais neles. (...).

Escola de Perfeição Cristã - Santo Afonso de Ligório.


Texto e Imagem retirado da Página do Facebook: Uma Frase de Santo Afonso por dia.

Visto em:


Leia mais artigos sobre confissão;

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Como o nosso doce Salvador nos amou a cada um em particular.

  

Considerai o amor com que Jesus tanto sofreu neste mundo, e particularmente no Jardim das Oliveiras e no Calvário. Este amor vos contemplava e por todas as suas feridas, chagas e fadigas obtinha de Deus Pai, boas resoluções e santos protestos para o vosso coração e tudo quanto vos era necessário para conservardes e fortificardes estas resoluções. Oh! resoluções, quão preciosas sois por serdes o fruto da paixão do meu Salvador! 

Oh! quanto vos deve amar a minha alma pois tão caras sois ao meu Jesus! Oh! Salvador da minha alma, vós morrestes para me adquirirdes resoluções; fazei-me pois a graça de antes morrer do que perdê-las.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

DA CONFIANÇA EM MARIA, RAINHA DE MISERICÓRDIA

Positusque est thronus matri regis, quae sedit ad dexteram eius — “Foi posto um trono para a mãe do rei, a qual se assentou à sua mão direita” (3 Reg. 2, 19).

Sumário. O ofício da Santíssima Virgem no céu é compadecer-se dos miseráveis e socorrê-los, pois que exatamente para este fim o Senhor a constituiu Rainha de Misericórdia. Se nos quisermos salvar, recorramos com confiança a esta amada Mãe. A nossa confiança deve ser tanto maior quanto mais profunda for a nossa miséria, porque os miseráveis são destinados a ser a sua coroa de glória no paraíso. É, porém, mister que tenhamos  a vontade de nos emendarmos.
************************
Depois que a grande Virgem Maria foi elevada à dignidade de Mãe do Rei dos reis, com justa razão a santa Igreja a honra e quer que todos a honrem, com o título glorioso de Rainha. Mas, não somente de Rainha, senão de Rainha de misericórdia; porque ela é toda doce, clemente e inclinada a fazer bem a nós miseráveis:Salve, Rainha, Mãe de misericórdia!Considerando João Gerson as palavras de Davi: duo haec audivi, etc. (1) — “estas duas coisas tenho ouvido”, diz que, consistindo o reino de Deus na justiça e na misericórdia, o Senhor o dividiu. O reinado da justiça, reservou-o para si, e o reinado da misericórdia, cedeu-o a Maria, ordenando que todas as misericórdias que se concedessem aos homens, passassem pelas mãos de Maria e se distribuíssem a seu arbítrio, de sorte que o oficio da Virgem no céu é compadecer-se dos miseráveis a aliviá-los.
Na Sagrada Escritura se lê que a rainha Ester, com medo de irritar o seu esposo Assuero, se recusou a interceder junto dele a fim de que revocasse a sentença de morte pronunciada contra os Judeus. Mas Mardoqueu repreendeu-a e mandou dizer-lhe que não pensasse só em salvar-se a si, pois o Senhor a tinha posto sobre o trono para bem de todo o seu povo (2).
Não há perigo de que a nossa Rainha Maria jamais se recuse a ajudar os seus filhos; mas se em tempo algum ela recusasse alcançar-nos de Deus o perdão do castigo, de nós bem merecido, poderíamos também dizer-lhe: Ne putes, quod animam tuam tantum liberes — Não cuideis, Senhora, que Deus vos elevou a ser Rainha do mundo só para bem vosso, senão também a fim de que, elevada tão alto, possais compadecer-vos mais dos miseráveis e socorrer a todos os homens que a vós recorrem: quia in domo regis es prae cunctis hominibus.
Refugiemo-nos, pois, mas refugiemo-nos sempre aos pés da nossa dulcíssima Rainha, se seguramente nos queremos salvar. Se nos espanta e nos desanima a vista dos nossos pecados, lembremo-nos que Maria foi feita Rainha de misericórdia a fim de salvar com a sua proteção aos mais perdidos pecadores que a ela se recomendar. Estes hão de ser a sua coroa no céu, como disse o seu divino Esposo; coroa bem digna e própria da Rainha da misericórdia:Coronaberis de cubilibus leonum, de montibus pardorum(3).
Ó Maria, eis aqui a vossos pés um miserável escravo do inferno, que vos pede misericórdia. É verdade que não mereço nenhum favor; mas vós sois Rainha de misericórdia, e a misericórdia é para aquele que não a merece. Todo o mundo vos chama o refúgio e a esperança dos pecadores; sois, portanto, também o meu refúgio e a minha esperança. Sou como ovelha desgarrada, mas foi para salvação das ovelhas desgarradas que o Verbo Eterno desceu do céu e se fez vosso Filho; Ele quer que eu a vós recorra e que vós me socorrais com as vossas orações.
Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobis! Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós! Ó grande Mãe de Deus que por todos rogais, rogai a vosso Filho também por mim! Dizei-Lhe que sou devoto vosso e que vós me protegeis. Dizei-Lhe que em vós pus toda a minha esperança. Dizei-Lhe que me dê o perdão e que detesto todas as ofensas que lhe tenho feito. Dizei-Lhe que pela sua misericórdia me conceda a santa perseverança. Dizei-lhe que me dê a graça de amá-Lo de todo o meu coração. Dizei-Lhe, enfim, que me quereis ver salvo. Jesus faz tudo que vós lhe pedis. Ó Maria, esperança minha, em vós confio, tende piedade de mim. (*I 11.)
  1. Ps. 61, 12.
    2. Esth. 4, 13.
    3. Cant. 4, 8.
Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I – Santo Afonso
Fonte:

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

As cruzes da Providência são as mais agradáveis a Deus



"Se alguém quer vir atrás de mim, diz Nosso Senhor, tome a sua cruz e siga-me." Tomar a sua cruz significa receber e sofrer todas as nossas penas, contradições, aflições e mortificações, que nesta vida nos acontecem, sem exceção alguma, com uma inteira submissão e indiferença. Imolemos muitas vezes o nosso coração do nosso amor de Jesus Cristo sobre o próprio altar da cruz, onde Ele imolou o seu amor pelo nosso. A cruz, é a porta real para entrar no templo da santidade; aquele que a busca fora daí, não a encontra. As melhores cruzes são as mais pesadas e as mais pesadas são as que mais incomodam a parte inferior da alma.

As cruzes que encontramos pelas ruas são excelentes, e ainda mais as que encontramos em casa, e quanto mais importunas melhores; valem mais do que as disciplinas, os jejuns e o mais que inventou a austeridade. É ai que resplandece a generosidade dos filhos da cruz e dos habitantes do Calvário.

As cruzes que a nós mesmos impomos são inferiores, por serem nossas e tem menos mérito. Humilhai-vos e recebei com alegria as que vos impuserem contra vossa vontade. O cumprimento da cruz aumenta muito o seu preço: sede fiéis até à morte e tereis a coroa da glória. Amais muito o crucifixo; que quereis pois senão ser crucificados?

Nosso Senhor deu a escolher a Davi o castigo que queria, e bendito seja Ele! Mas parece-me que eu não escolheria e teria deixado a escolha à sua divina Majestade. Quanto mais a cruz é de Deus, tanto mais a devemos amar.

Recebamos com amor as cruzes que não escolhemos e que Deus nos deu; bendiga- mo-las, ame-mo-las, estão todas perfumadas com a excelência do lugar donde vêm. Onde houver menos escolha há mais agrado de Deus. Amo muito mais o mal, que vem do nosso Pai celeste do que aquele, vem da nossa própria vontade.
Nosso Senhor mostrou-nos bem que não é preciso que escolhamos as cruzes, mas sim que as tomemos como nos vierem; porque quando Ele quis morrer para nos resgatar e satisfazer a vontade de seu Pai celeste, não escolheu a cruz, mas recebeu humildemente a que lhe tinham preparado os judeus.

Estimo muito mais o mal que nos envia o nosso Pai celeste do que aquele que nós escolhemos. Oh! eis a virtude verdadeira, e é assim que convém exercê-la. 
Sêneca disse o seguinte, e eu queria que o tivesse dito Santo Agostinho: "A perfeição do homem consiste em sofrer bem todas as coisas, como se lhe chegasse por escolha sua".

Sofrer por Deus é ter nas mãos o ouro mais puro e mais precioso para comprar o céu. Uma só parcela deste ouro divino basta para possuirmos a glória do paraíso. "Um instante duma leve tribulação, diz São Paulo, opera em nós um peso imenso de glória". As nossas ações ordinárias não são assim; podemos dizer que as mais virtuosas, comparadas com as aflições, são pequena moeda dum metal inferior. É preciso pois ganhar coisa de valor; e muitas vezes acontece que esta tem uma aparência enganadora, porque na maioria das nossas boas obras encontra-se o nosso amor próprio, que lhes altera a pureza.

A perfeição cristã consiste em sofrer bem. Não lastimeis as vossas penas para adquirirdes virtudes sólidas. Sofrei com paciência as tribulações que se opuserem a este desígnio. Deus dá-vos uma ocasião de praticardes a paciência; querereis deixá-la passar? Talvez na vossa vida não encontreis outra situação semelhante; talvez seja o último serviço que presteis à sua divina Majestade. Tende constância, e Ele vos aliviará nos trabalhos que sobrevierem.

Amemos nossas cruzes; são de ouro, vistas com olhos de amor; e embora Nosso Senhor aí esteja morto entre espinhos e cravos, encontra-se uma reunião de pedras preciosas, que nos guarnecerão uma coroa de glória, se suportarmos com coragem a de espinhos. O tempo das aflições e contradições é o da boa colheita, em que a alma recolhe as mais ricas bênçãos do céu, um dia deste tempo vale mais do que seis doutro. Estejamos pois sempre unidos à cruz, e trespassem muito embora as nossas carnes com mil flechas contanto que a seta inflamada do amor de Deus nos tenha antes trespassado o coração; faça-nos esta divina ferida morrer com santa morte, que vale mais do que mil vidas. Em que testemunharemos o nosso amor Àquele que tanto por nós sofreu, senão nas contradições, repugnâncias e aversões? Lancemo-nos através dos espinhos das dificuldades; deixemos trespassar o nosso coração com a lança das contradições; comamos absinto; bebamos o fel e vinagre das amarguras temporais, já que o nosso doce Salvador assim o quer.

Assim como as flores crescem entre espinhos, o amor divino cresce de preferência mais entre as tribulações do que entre as alegrias.

Oh! como são ditosas as almas que bebem corajosamente o cálice dos sofrimentos com Jesus Cristo que se mortificam, levando a sua cruz e sofrem e recebem de sua divina mão toda a qualidade de sucessos com submissão ao seu gosto! Mas, Deus meu, quão pouco se encontram, que façam isto como devem! Muitas vezes encontram-se almas que desejam sofrer e levar a cruz, e sei que há muitos que pedem a Deus aflições, mas é com a condição de as visitar e consolar muitas vezes nas suas penas e sofrimentos, e de lhes testemunhar que lhes agradam e se compraz em as ver sofrer por seu amor, e que afinal as recompensará com uma glória imortal. Também há muitos que desejam como os dois discípulos saber o grau da glória que terão no céu, com certeza que este desejo é impertinente; porque nunca devemos por forma alguma, importar-nos com isso, mas ocupar-nos sempre em servir a sua divina Majestade com a maior fidelidade que pudermos, observando os seus divinos mandamentos, conselhos e vontades, exatamente e com a maior perfeição, pureza e amor que nos for possível, deixando o cuidado do resto à sua infinita bondade, que não nos faltará se cumprimos o nosso dever, e nos recompensará com uma glória imortal, e incompreensível, dando-nos a si mesmo tanta estima o que por Ele obramos. Em suma, é um Senhor: basta só que sejamos servos e servas muito fiéis, e Ele será fiel remunerador. Oh! se soubéssemos que felicidade é servir fielmente este divino Salvador de nossas almas, e beber com Ele o cálice! Oh! abraçaríamos de bom gosto as penas e sofrimentos, imitando Santa Catarina de Sena, que preferiu a coroa de espinhos à coroa de ouro!

Assim devemos nós praticar, porque enfim o caminho da cruz e aflições é um caminho seguro, que nos conduz diretamente à Deus e à perfeição do seu amor. Se formos pois fiéis em beber corajosamente o seu cálice crucificando-nos com Ele nesta vida, a sua eterna bondade glorificar-nos-á eternamente na outra.


 (Retirado do livro, pensamentos consoladores de São Francisco de Sales)

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

OS PECADOS QUE CLAMAM VINGANÇA AO CÉU










ALERTA! Há pecados que clamam ao céu!… e são punidos neste mundo. Veremos a seguir o que são e qual o comportamento de um verdadeiro discípulo de Cristo.
“Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade. Não vos deixeis desviar pela diversidade de doutrinas estranhas. É muito melhor fortificar a alma pela graça do que por alimentos que nenhum proveito trazem aos que a eles se entregam” (Hb 13,8).
Todo homem quer ser feliz e viver em paz. Vive em paz aquele que segue a ordem que Deus colocou no mundo e obedece às leis que regem o mundo para que tudo funcione harmoniosamente. A lei natural é obra de Deus, consiste em fazer o bem e evitar o mal. O bêbado, por não obedecer à lei do seu corpo, com o tempo destrói seu fígado e morre. O motorista que não obedece à lei do trânsito em uma curva perigosa, pode acidentar-se e morrer. Deus criou o homem com inteligência e livre arbítrio. O mau uso da liberdade produz o pecado, e o pecado é a causa de nossos problemas. Hoje, a filosofia liberal subjetivista, fruto do livre exame protestante e maçônico, não leva em consideração as leis da natureza. Os homens que perderam a fé cristã católica, pensam que têm o poder e o direito de transtornar as leis da natureza das coisas; eles pensam que a realidade humana deve obedecer suas ideias, mesmo que sejam falsas. Isso faz com que a sociedade passe a ter sérios problemas. A causa de nossos problemas é o pecado; o remédio é seguir a lei de Cristo e respeitar a lei natural.
O que é o pecado?
O pecado é uma desobediência voluntária à lei de Deus. Existem dois tipos de pecado: pecado grave e pecado leve. O pecado grave é chamado de mortal, o pecado leve é chamado venial. O pecado mortal separa o homem de Deus e o entrega ao poder do demônio; abre diante dele a porta do inferno eterno. O pecado mortal coloca o homem numa situação anormal, destrói a graça santificante e a caridade, e expulsa o Espírito Santo da alma. Se uma pessoa morre em pecado mortal, sem confissão e sem arrependimento sincero, ela cairá no inferno, que é um lugar de fogo e sofrimento eterno. Há três condições para que um pecado seja mortal: matéria grave, plena advertência de que um pecado é grave e pleno consentimento. Isso significa que eu sei que o mal que quero fazer é algo grave, e mesmo assim, quero fazê-lo ou dou o meu consentimento. Por exemplo, matar, fornicar, adulterar, embriagar-se.
Entre os pecados mortais, há quatro que são tão graves que Deus os castiga neste mundo. Estes pecados que clamam ao Céu são:
  1. — Assassinato de inocentes (Gn 4, 10).
  2. — Oprimir as viúvas e os órfãos (Ex 22, 22-23).
  3. — Defraudar o trabalhador de seu salário (Dt 24, 15).
  4. — Sodomia ou homossexualismo (Gn 19, 4-9, 1Cor 6, 9-10).
Vejamos o que diz a Bíblia Sagrada.
1- Derramar sangue inocente é um pecado muito grave
No quinto mandamento, Não matarás (Ex 20:13), Deus nos proíbe de causar a morte a nossos semelhantes ou de golpeá-los ou feri-los; Ele proíbe também de causar-lhes qualquer dano: em sua pessoa, em sua honra e em seus bens materiais. Matar inocentes e abortar crianças é um pecado gravíssimo que clama ao céu. Na Bíblia Sagrada, lê-se que Deus perguntou a Caim: “O Senhor disse-lhe: ‘Que fizeste! EIS QUE A VOZ DO SANGUE DO TEU IRMÃO CLAMA POR MIM DESDE A TERRA'” (Gn 4,10-12). Os homicidas são assediados pelo medo e torturados pelo remorso da consciência, embora nenhum homem os persiga. Três são as causas que tornam lícita a morte de alguém: a autoridade pública, a legítima defesa e a guerra justa. Fora destes três casos, é sempre um pecado matar o próximo assim como feri-lo ou golpeá-lo.
O ABORTO também é um pecado gravíssimo que clama vingança ao céu. O aborto é o assassinato a sangue frio das crianças mais indefesas e inocentes. E é ainda mais grave quando essas crianças são assassinadas precisamente por aquelas pessoas que têm maior obrigação em defendê-los. Deus diz: “Não matarás o inocente e o justo, porque não absolverei o culpado” (Ex 23,7). Ajudar e proteger os assassinos é tornar-se responsável por seus crimes; e isto é precisamente o que fazem os governos que permitem o aborto, e os cidadãos que, com seus votos, ajudam o governo abortista! Isto atrai a maldição de Deus sobre a terra e causa muitos problemas na sociedade. Toda pessoa que colabora em um aborto é excomungada da Igreja Católica.
2- Oprimir viúvas e órfãos
Deus ordena a todos e a cada um de nós: “Não prejudicareis a viúva e o ÓRFÃO. Se os prejudicardes, eles clamarão a mim e eu os ouvirei; minha cólera se inflamará e vos farei perecer pela espada; vossas mulheres ficarão viúvas e vossos filhos, órfãos” (Ex 22, 22-23).
3-  Defraudar o trabalhador de seu salário
“Não prejudicarás o assalariado pobre e necessitado, quer seja um de teus irmãos, quer seja um estrangeiro que mora numa das cidades de tua terra. Dar-lhe-ás o seu salário no mesmo dia, antes do pôr-do-sol, porque é pobre e espera impacientemente a sua paga. Do contrário clamaria contra ti ao Senhor, e serias culpado de um pecado. Não violarás o direito do estrangeiro nem do órfão, e não tomarás como penhor o vestido de uma viúva…” (Deut 24, 14-17).
4-  Os pecados que clamam ao céu: Sodoma e Gomorra
Hoje, a decadência espiritual e moral chegou a tal ponto que as pessoas pensam e agem como os pagãos que praticavam todos os tipos de pecados, incluindo o pecado contra a natureza. Deus criou o homem bom e santo, mas por causa do mau uso de sua liberdade, perdeu a santidade e foi despojado dos dons que o ajudavam a viver com uma alma que possuía total domínio sobre o corpo. Por este motivo, o homem sente tentação ou inclinações para o mal. Mas ser tentado não é pecado; consentir e querer ou praticar o mal é pecado. Mesmo que se sinta tentações, mas se as rejeita, não peca. Portanto, ninguém diga que Deus me criou bêbado ou homossexual. Isso não é assim.
O que diz a Sagrada Escritura acerca do pecado de homossexualismo e outras impurezas?
Na Bíblia lemos que nas cidades chamadas Sodoma e Gomorra, “desde os jovens até os velhos”, eles praticavam de maneira escandalosa o pecado contra a natureza. Deus disse a Abraão: “É imenso o clamor que se eleva de Sodoma e Gomorra, e o seu pecado é muito grande” (Gn 18,20). E apesar da intercessão de Abraão em favor das cidades “o Senhor fez então cair sobre Sodoma e Gomorra uma chuva de enxofre e de fogo, vinda do Senhor, do céu” (Gn 19: 14-25). Por que essa total destruição por fogo e enxofre? Porque não havia nem mesmo 10 justos nas cidades. O exemplo deve nos impulsionar à penitência e ao arrependimento, porque, onde há almas justas e santas, há misericórdia para os demais.
Hoje, devido à apostasia das nações anteriormente cristãs, a impureza passa por algo normal, como se fosse um direito.
Os pecados que excluem do Céu
Falando-nos como embaixador de Deus, São Paulo alerta-nos que existem pecados que excluem do céu e levam ao inferno. “Acaso não sabeis que os injustos não hão de possuir o Reino de Deus? Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus… O corpo, porém, não é para a impureza, mas para o Senhor… Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o impuro peca contra o seu próprio corpo” (1Cor 6,9-20).
Na carta aos Gálatas (5, 19-24), o mesmo São Paulo fala das obras do homem pecador “fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus! Contra estas coisas não há lei. Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências”. O católico domina e crucifica os maus desejos com a ajuda de Deus e a prática da luta espiritual.
Como deve ser um discípulo de Cristo?
Diz a carta aos Efésios (5, 1-20) “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados… Quanto à fornicação, à impureza, sob qualquer forma, ou à avareza, que disto nem se faça menção entre vós, como convém a santos. Nada de obscenidades, de conversas tolas ou levianas, porque tais coisas não convêm; em vez disto, ações de graças. Porque sabei-o bem: nenhum dissoluto, ou impuro, ou avarento — verdadeiros idólatras! — terá herança no Reino de Cristo e de Deus. E ninguém vos seduza com vãos discursos. Estes são os pecados que atraem a ira de Deus sobre os rebeldes. Não vos comprometais com eles. Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes. Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade. Procurai o que é agradável ao Senhor, e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. Porque as coisas que tais homens fazem ocultamente é vergonhoso até falar delas…”
As impurezas e outras injustiças atraem a ira de Deus sobre os homens
“Mortificai, pois, os vossos membros no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria. Dessas coisas provém a ira de Deus sobre os descrentes. Agora, porém, deixai de lado todas estas coisas: ira, animosidade, maledicência, maldade, palavras torpes da vossa boca, nem vos enganeis uns aos outros” (Cl 3,5-10).
Toda pessoa que pretende ser discípulo de Cristo recebe esta ordem: “Despojemo-nos das obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. Comportemo-nos honestamente, como em pleno dia: nada de orgias, nada de bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções…” (Rm 13,12-13).
Qual será o lugar dos pecadores mortos em pecado mortal?
“Os tíbios, os infiéis, os depravados, os homicidas, os impuros, os maléficos, os idólatras e todos os mentirosos terão como quinhão o tanque ardente de fogo e enxofre”, ou seja, o inferno eterno (Ap 21,8). Não se pode cuspir no rosto de alguém e receber sua ajuda e favores. Não se pode menosprezar a Deus e sua lei e viver tranquilos na casa de Deus, que é a sua criação. Por esta razão, Cristo avisa a todos no livro de Apocalipse (22, 12-15): “Eis que venho em breve, e a minha recompensa está comigo, para dar a cada um conforme as suas obras. Fora os cães (pecadores desavergonhados como cães), os envenenadores, os impudicos, os homicidas, os idólatras e todos aqueles que amam e praticam a mentira!” Em sua Suma Teológica (II-II 154, 12), São Tomás de Aquino, citando Santo Agostinho, diz que de todos os pecados da luxúria, o pior é aquele que vai contra a natureza. O próprio santo diz: “Em qualquer ordem de coisas, a corrupção do princípio é terrível, porque dela dependem as consequências. Assim, como nos vícios contra a natureza, o homem trabalha contra o que a própria natureza estabeleceu sobre o uso do prazer venéreo, segue-se que um pecado nessa questão é muito grave. Em seguida, vem o incesto, o qual atenta contra o respeito natural que devemos às pessoas próximas a nós. A ordem natural procede de Deus. É por isso que nos pecados contra a natureza, em que a ordem natural é violada, uma injustiça é cometida contra Deus, o controlador da natureza”. São Agostinho diz: “Os delitos contra a natureza são reprováveis e puníveis, sempre e em todos os lugares, assim como o foram os sodomitas”. Mesmo que todos os homens tenham cometido esse mal, continuaria a pesar a mesma pena imposta pela lei divina, que não fez os homens para que agissem assim, pois viola-se a familiaridade com Deus, que se mancha, com a perversidade do prazer, a natureza da qual Ele é autor. (Confesiones III, 8).
Para aqueles que querem um suposto matrimônio entre dois homens, a lei divina diz: “Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é uma abominação” (Lv 18,22).
Os homens contaminados pelo liberalismo pensam que são livres para fazer e decidir o que querem. Deus ameaça severamente aqueles que rejeitam a verdade conhecida e dão sua aprovação ao mal. Em sua carta aos Romanos (1, 18-32), São Paulo, denunciando as ações dos pagãos, dizendo: “A ira de Deus se manifesta do alto do céu contra toda a impiedade e perversidade dos homens, que pela injustiça aprisionam a verdade… de modo que não se podem escusar. Porque, conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos pensamentos, e se lhes obscureceu o coração insensato. Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos… Por isso, Deus os entregou aos desejos dos seus corações, à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos… Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em relações contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario. Como não se preocupassem em adquirir o conhecimento de Deus, Deus entregou-os aos sentimentos depravados, e daí o seu procedimento indigno”.
Deus disse: “Não cometerás adultério” (Ex 20:14). “Não terás comércio com a mulher de teu próximo: contaminar-te-ias com ela” (Lv 18,20). “Deus julgará os impuros e os adúlteros” (Hb 13,4).
Em conclusão: os pecados que cometemos ferem a nós mesmos e toda a sociedade. Sem lutar contra o pecado, não há verdadeira paz. Afastar-se da ocasião de pecado já é uma grande proteção. É necessário rezar, suplicar, fazer penitência. Deus nunca rejeita um coração arrependido. Rezar com confiança e humildade, ouvir missa com devoção, fazer boas obras e dar esmolas atraem a misericórdia de Deus e provocam o arrependimento. Cristo disse: “E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá” (Lc 11,9-10). Fazer exercícios espirituais sérios ajuda muito a entender as coisas. Confessar-se bem, liberta do pecado, desde que Cristo deu aos apóstolos, que eram sacerdotes, o poder de perdoar os pecados (Jo 20, 22). Nós temos uma alma, se a perdermos, nunca a recuperaremos, disse o santo Irmão Pedro de Betancourt. Cristo diz a todo pecador arrependido: “Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar” (Jo 8,1
Distrito do México – Tradução: Dominus Est

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

AINDA EXISTE, NA ALMA CATÓLICA, VERDADEIRA ORAÇÃO?



O que vem a ser Rezar ?
Mas se é para medir e regular nossa oração, caberia a cada um de nós perguntarmos: e eu rezo? O tempo da Quaresma serviu para melhorar minha oração?
Para responder a esta pergunta é necessário saber o que seja rezar. Ora, tanto o Catecismo como os santos doutores nos falam sobre a boa oração. Diz lá, então, a doutrina perene:
– Rezar é elevar a alma a Deus.
Santo Agostinho nos dará uma compreensão melhor ao afirmar:
– Rezar é ter uma intenção afetiva do espírito para Deus.
Outros santos dirão:
– Rezar é ter uma conversa íntima com Deus.
Ora, estas definições ou explicações se completam maravilhosamente e nos ajudarão a medir o nosso grau de oração, a sabermos se, de fato, rezamos de verdade ou não.
Ainda se encontra quem reze?
Mas a experiência de qualquer sacerdote, nos dias de hoje, deixa-nos assustados, a ponto de podermos interrogar: – O que está acontecendo conosco? Onde estão as almas que rezam de verdade? E se muitos adultos ainda guardam o costume salutar de recolher-se, todos os dias, diante de Deus, já os adolescentes, os jovens, deixando a idade da infância, porque abandonam tão facilmente a prática da oração que nos dá o céu? Onde encontraremos oração que seja elevação da alma, intenção afetiva, ou conversa íntima com Deus?
Não! Não! O que vemos hoje nestas almas é uma oração pesada, um coração irritado, uma oração rápida e mecânica.
Mas se é pesada por causa da contrariedade que se sente em rezar, então não se eleva.
Se vem carregada com irritação, nunca será uma intenção afetiva. Se é mecânica, não se pode pensar em conversa íntima com Deus.
Que quadro desolador o que encontramos nas almas. Passaram-se quatro semanas da Quaresma e nada! O mundo segue seu curso e as almas não se converteram!
Pergunto então, assustado e solene: O que falta à oração da grande maioria dos homens?
O que falta é o AMOR! Falta o Amor do espírito que busca o Espírito do Amor, o Deus que é Caritas, que é Caridade!
Todo amor é um apetite. Se nosso amor vai em busca das coisas sensíveis, será um amor baixo, sensível, humano, animal. Estaremos de corpo e alma entregues às coisas deste mundo, e este amor toma conta do nosso coração, elimina a Presença de Deus, e causa o pecado.
Mas se inclinarmos nosso corpo e nossa alma para o bem, para agradar a Deus em tudo, mesmo quando estamos fazendo algo de humano, estaremos intencionalizando nossos atos na direção de Deus, dando uma intenção nova, elevada, vivificante. Nestes atos de amor espiritual encontraremos a união com Deus, a Presença de Deus em tudo que fazemos, mesmo se não estivermos, naquela hora, pensando Nele.
Por que não se consegue mais rezar?
Devemos então nos perguntar, levando adiante esta pesquisa dos nossos corações:
Porque não se consegue mais rezar direito, segundo a elevação da alma, as intenções santas e a intimidade de Deus?
Porque somos constantemente SEDUZIDOS.
Os nossos três inimigos , o demônio, o mundo e a carne armaram uma guerra sutil e subterrânea que invade nosso coração, nosso corpo, nossas intenções, com todo tipo de sedução. Atraem nossa atenção para afastar-nos do gosto pelas coisas santas, pela vida de Deus.
Como somos seduzidos?
Pelos VÍCIOS. Somos seduzidos todos os dias por vícios antigos e por vícios modernos.
Os vícios antigos são aqueles conhecidos de todos: excesso de bebida, gula, sensualidade, preguiça e todo tipo de vícios capitais.
Os vícios modernos são: a televisão, os video-games, o uso de Messengers, orkut e Internet, telefone celular e todo tipo de modernidade que provoca atitudes compulsivas. Todas estas coisas desviam as almas de seus compromissos, tornando-as agressivas, estressadas, desobedientes, preguiçosas e “burrificadas”.
Formaram uma vida em torno de nós que nos prende, ligados 24 horas por dia: trabalho, dinheiro, saúde, esportes, e os novos vícios, tirando todo o tempo que poderíamos ter para rezar, ler bons livros, pensarmos na nossa salvação eterna. Como rezar bem numa vida assim?
Então passamos quatro semanas da Quaresma onde se constata que, se alguns fizeram algum esforço de penitência e oração, a grande maioria nem se lembra de que os católicos são chamados com toda urgência a se converterem. Continuam no churrasquinho da sexta-feira, nas festas, em muitos pecados. Até quando vamos viver como se a vida da Igreja fosse uma OPÇÃO? Quando muito um dever secundário que realizamos com aquele espírito de revolta de que falamos acima. Como rezar se não combatemos a sedução?
É preciso rezar sempre
Eis o que ensina Nosso Senhor: “Oportet semper orare – É preciso rezar sempre”. E os santos doutores concluirão: “Quem reza se salva, quem não reza fecha as portas do Paraíso”.
Então, católico, levante as armas capazes de vencer o sedutor das almas, capaz de dobrar tua cerviz dura e revoltada. Falta-te o Espírito de Fé!
Não se trata exatamente da fé. A Fé pode ser considerada como o conjunto de verdades reveladas por Deus; é o que os teólogos chamam o Objeto da Fé. Dentro de nós, se produz pela graça divina os Atos de Fé, que são as marcas da nossa adesão ao Objeto da fé, a tudo que Deus nos revelou e a Igreja ensina.
Mas a arma poderosa para combater a sedução dos vícios anti-oração é o Espírito de Fé, que consiste em tomar a fé que está, como um dom divino, colocada em nossas almas, e aplicá-la a todos os momentos, situações, encontros, diversões que fazemos ao longo do dia e da vida. Pelo Espírito de fé fica estabelecida em nossas vidas a Presença de Deus. Esta presença de Deus é que nos aproxima Dele, tornando nosso coração mais próximo, mais íntimo, preparando-o para as conversas sublimes, para a afeição amorosa e para a elevação de nossas almas na verdadeira e pura oração.
É preciso, portanto, intencionalizar todos os nossos atos, transformá-los em armas de combate contra os vícios que nos devoram. É preciso forçar o desejo do nosso coração e todos os sentimentos dele para que não impeçam o momento da oração, da meditação, da leitura espiritual que abre nossas mentes para as coisas divinas.
É preciso acreditar que, perdendo tempo com Deus, o trabalho renderá muito mais  e compensará ao cêntuplo o tempo perdido. Ao contrário, quando não rezamos, acabamos presas fáceis para os vícios modernos e perdemos mais tempo do que seria o da oração.
Meditação sobre a morte
Se ainda agora, depois de pensar nestas coisas, neste diagnóstico terrível que mostra o céu fechado, ainda assim não conseguir se desvencilhar da malha viciosa, então, vamos pensar na morte. Por que não? Afinal de contas, estamos no tempo da Paixão, de luto pela morte de Nosso Salvador. Imaginemos, então, que estamos perto da morte, ou que um ente querido, um filho, um esposo, a mulher, tenha acabado de falecer. Parece duro, pensar nestas coisas? Pior é continuar vivendo sem rezar! O terrível peso que a alma sente pela perda joga por terra todos aqueles vícios horríveis que prendiam a alma. Então, de repente, ela percebe o quanto era fraca, envenenada, ridícula, por não conseguir se dominar e produzir algo de sólido e elevado. A morte nos atrai para o essencial, e é exatamente isso que a Igreja deseja quando vela as imagens no Tempo da Paixão. O Essencial é Cristo, sua Paixão, sua morte na Cruz para nos salvar. O essencial é vivermos unidos todo tempo a Jesus, e dizer com o Apóstolo: “Já não sou  eu que vivo, é Cristo que vive em mim”.
Cabe a cada um de nós mostrarmos aos nossos adolescentes, aos nossos filhos, que é bom rezar. É bom querer rezar. E, mais do que tudo, é muito bom amarmos a oração porque por ela aprendemos a amar a Deus em sua própria intimidade.
Fonte:

SEJA UM BENFEITOR!