quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

4º Dia da Novena de Natal

Dolor meus in conspectu meo semper.
minha dor está sempre ante os meus olhos (SI 37,18).
Novena de Natal IV
Considera que, desde o primeiro instante em que foi criada a alma de Jesus Cristo e unida ao corpo no seio de Maria, o eterno Padre intimou a seu Filho a ordem de sacrificar sua vida pela redenção do mundo, e que ao mesmo tempo lhe pôs ante os olhos o espetáculo aflitivo de todas as penas que devia sofrer até a morte para salvar os homens. Mostrou-lhe então os sofrimentos, as humilhações, a pobreza que teria de suportar durante toda a sua vida em Belém, no Egito, em Nazaré, e de­pois todas as dores e todas as ignomínias de sua paixão, os flagelos, os espinhos, os cravos, a cruz, e os enfados, as triste­zas, as agonias, os abandonos, em que terminaria sua vida sobre o Calvário.



Quando Abraão conduziu seu filho à morte, não quis afligi-lo antes, nem mesmo no pouco tempo necessário para chegar à montanha, e guardou em segredo o seu intento; mas o Pai celeste quis que seu Filho encarnado, vítima destinada a satisfazer à sua justiça por todos os pecados, sofresse antecipada­mente todasas penas a que devia submeter-se durante a sua vida e na sua morte. Assim, essa cruel tristeza que Jesus provou no jardim das Oliveiras, e que bastava como ele mesmo declarou para lhe tirar a vida, ele a suportou continuamente desde o primeiro momento de sua existência no seio de Maria; e desde então ele sentiu e sofreu vivamente e em seu conjunto o peso de todas as dores e de todos os opróbrios que o aguardavam.
Toda a vida e todos os anos de nosso divino Redentor fo­ram pois uma vida e anos de dores e lágrimas: A minha vida vai-se consumindo com a dor, e os meus anos com os gemi­dos. O seu adorável coração não ficou isento de penas nem um instante: velando e dormindo, trabalhando e descansando, orando e conversando tinha sempre diante dos olhos essa cruel representação, que mais atormentava a sua alma do que todos os tormentos dos mártires os fizeram sofrer. Os mártires sofre­ram, mas ajudados pela graça suportaram seus tormentos com a consolação e a alegria que o fervor proporciona; Jesus Cristo sofreu, mas sempre com um coração cheio, de tédio e tristeza; e tudo aceitou por amor de nós.
 Reza-se o Terço ao final.

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