domingo, 8 de julho de 2012

Os Dez Mandamentos do Mundo


Segundo S. Luís Maria Grignion de Montfort


Estes são os Mandamentos do Mundo
e
seu Verdadeiro Significado

1º. Conhecer o mundo, isto é, estar a par das finezas amaneiradas do século e demonstrar esse conhecimento.
2º. Viver honestamente, isto é, contentar-se com aparências de honestidade.
3º. Realizar seus negócios, isto é, tomar o dinheiro por fim último da vida, sem o deixar transparecer.
4º. Conservar o que é seu, isto é, ignorar a caridade, sob pretexto de direito de propriedade, interesses de família, negócios, etc.
5º. Adiantar na vida, isto é, ter ambições, ousadias, conseguir sem mérito pessoal nenhum.
6º. Fazer amigos, isto é, não desdenhar relações de nenhuma espécie, ainda à custa da consciência, para obter os desejosos fins.
7º. Frequentar altas rodas, andar atrás das pessoas eminentes ou em evidência, a fim de brilhar ao menos com a auréola dos outros.
8º. Viver confortavelmente, isto é, ter boa mesa, com pretexto de conservar a saúde, manter as relações sociais, tratar de negócios, ou saborear coisas boas para glorificar o Criador.
9º. Não ser desmancha-prazeres, isto é, cultivar o bom humor mediante toda sorte de prazeres, mesmo culpáveis, embora seja preciso negligenciar os deveres do próprio estado.
10º. Evitar singularidades, isto é, rejeitar a piedade, religião, obras de caridade, todo o “exagero” das pessoas devotas
S. Luís Maria Grignion de Montfort (A.E.S. pg. 121)


A Falsa Sabedoria do Mundo

     Deus tem sua Sabedoria. É a única e verdadeira, que há de ser amada e buscada como um grande tesouro. Mas o mundo corrompido tem igualmente sua sabedoria. E ela deve ser condenada e detestada, como falsa e perniciosa.
   A sabedoria do mundo é uma perfeita conformidade com as máximas do mundo; uma contínua tendência para as grandezas e estima; uma busca infatigável e secreta do próprio prazer e interesse próprio, não de maneira grosseira e chocante, em pecados escandalosos, mas de modo elegante, falacioso e político; porque, de outra sorte, já não seria, como diz o mundo, sabedoria, mas libertinagem.
    Um sábio do século é um homem que conhece bem seus negócios e deles sabe tirar todo proveito temporal, sem o dar a perceber; que conhece a arte de dissimular e enganar finamente, sem que os outros suspeitem; que diz ou faz uma coisa e pensa outra; que nada ignora dos ares e etiquetas mundanas; que a todos se acomoda para seus intentos, sem ponderar muito em honra e interesse de Deus; que leva a cabo um secreto mas funesto pacto da verdade com a mentira, do Evangelho com o mundo, da virtude com o pecado, de Jesus Cristo com Belial; que quer passar por honesto, mas não por devoto; que despreza, envenena ou condena facilmente todas as práticas de piedade que não se adaptam às suas. Enfim, um sábio mundano é um homem que, guiando-se somente pela luz dos sentidos e da razão humana, não pretende senão revestir-se das aparências de cristão e honesto, sem se preocupar muito em agradar a Deus e expiar pela penitência os pecados com que ofendeu a Divina Majestade.
É tríplice a sabedoria do mundo:








1. Ela é terrestre. Os bens da terra. E desta sabedoria fazem secreta profissão os sábios mundanos, quando apegam o coração ao que possuem e se empenham para tornar-se ricos. Quando intentam processos e demandas inúteis para obter dinheiro ou para conservá-los. Quando não pensam, não falam não agem, senão para alcançar ou conservar qualquer ganho terreno; a confissão, a oração, etc, que fazem superficialmente, como quem se desempenha de um ônus, a raros intervalos, e para salvar as aparências.
2. A sabedoria do mundo é carnal. O amor do prazer. E desta sabedoria fazem profissão os sábios mundanos, quando buscam apenas os prazeres dos sentidos. Quando gostam de boa mesa. Quando de si afastam tudo o que poderia mortificar ou incomodar o corpo, como os jejuns e as austeridades. Quando, ordinariamente, não pensam mais que em comer, beber, divertir-se, rir, passar agradavelmente o tempo. Quando andam em busca de leitos confortáveis, jogos que divirtam, festas agradáveis, companhias mundanas. E depois que sem escrúpulos se deram todos esses prazeres, vão atrás de um confessor “o menos escrupuloso que encontrarem”, a fim de obter assim, por pouco preço, a paz em sua vida sensual e útil, e a indulgência plenária de todos os pecados.
3. A sabedoria do mundo é diabólica. O amor da estima e das honras. E desta sabedoria fazem profissão os sábios mundanos, quando aspiram, muito embora secretamente, grandezas, honras, dignidades e cargos elevados. Quando se esforçam para serem vistos, estimados, louvados e aplaudidos pelos homens. Quando não colimam em seus estudos, trabalhos, lutas, senão a estima e louvor dos homens, a fim de que sejam tidos por honestos, sábios, grandes líderes, sábios jurisconsultos, pessoas de infinito mérito e grande consideração. Quando não podem suportar o desprezo e a repressão. Quando escondem o que têm de defeituoso e mostram o que possuem de belo.
     É preciso, com Jesus Cristo, detestar e condenar estas sabedorias falsas, a fim de obter a verdadeira, que não busca seu interesse, que não é da terra, nem se encontra no coração dos que vivem em seus cômodos, e que abomina tudo o que é grande e prestigioso aos olhos dos homens.
S. Luís Maria Grignion de Montfort (Amour de La Sagesse Eternelle, pg. 117 e ss)

Estes Mandamentos são Contrários à
Divina Sabedoria

     Todos eles se baseiam em pontos de vista naturalistas e pagãos. – questão de “honra”, “o que vão dizer”, “não fica bem”, “todos fazem assim”, “é preciso aproveitar a vida”, “ocasiões de bons negócios não se repetem”, “é preciso aparecer”, “não quero ser ridículo”, etc.
Há virtudes particulares que os mundanos canonizam, como a bravura, o destemor, a habilidade, a política, a elegância, a sociabilidade, a arte de fazer amigos...
     Como todas essas considerações são contrárias à Divina Sabedoria! Que pensa o mundo da vida da graça, da intimidade com Deus, da renúncia de si mesmo, do desprezo dos bens materiais, do critério sobrenatural na apreciação de tudo, da divina loucura do sofrimento e da cruz!
Deveras, a “Sabedoria da carne é inimiga de Deus” (Rom 8,7)


As Vaidades do Mundo



Vaidade das vaidades, tudo é vaidade, exceto amar a Deus e só a Ele servir (Ecl 1,2).
A suma sabedoria é, pelo desprezo do mundo, caminhar para o reino dos céus.
E assim vaidade é buscar riquezas perecedouras e pôr nelas a esperança.
Vaidade é também desejar honras e desvanecer-se com elas.
Vaidade é seguir os apetites da carne e desejar aquilo por onde depois hás de ser gravemente castigado.
Vaidade é desejar vida larga, e cuidar pouco de que seja boa.
Vaidade é também olhar somente a esta presente vida, e não prever a que virá depois.
Vaidade é amar o que tão depressa passa, e não buscar com fervor a felicidade que sempre dura.
Lembra-te amiúde daquele provérbio: “Não se farta a vista de ver, nem o ouvido de ouvir” (Ecl 1,8).
Procura pois desapegar o teu coração das coisas visíveis e afeiçoá-lo às invisíveis, porque os que seguem o atrativo dos sentidos mancham sua consciência e perdem a graça de Deus.
Imitação de Cristo (Liv. I, cap. 1, 3 a 5)



    Excertos do livro: Consagração a Nossa Senhora - D. Antônio Maria A. Siqueira - Ed. Santuário - 6a. Edição 1982

    É possível fazer as meditações deste livro no A Alegria da Minha Juventude, observando que não apoiamos a transcrição e uso dos textos dos livros para fins lucrativos, e não possuímos esta finalidade.



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