domingo, 26 de maio de 2013

Maria livra as almas do purgatório



Mas a Santíssima Virgem não só favorece e consola os seus devotos, como também os tira e livra do purgatório com a sua intercessão. No dia da sua Assunção esvaziou- se o purgatório, como escreve Gerson. Idêntica é também a opinião de Novarino, que a baseia em graves autores. Segundo ele Maria, no momento de ser elevada ao céu, pediu a seu amado Filho a graça de consigo levar logo todas as almas, que então se achavam no purgatório. Desde então, diz Gerson, está Maria na posse do privilégio de livrar os seus devotos daquelas penas. E isso o afirma também absolutamente S. Bernardino de Sena. A seu ver tem Maria a faculdade de livrar com suas súplicas e com a aplicação de seus merecimentos as pobres almas, especialmente as de seus devotos. Do mesmo parecer declara- se Novarino, dizendo que pelos merecimentos de Maria não só se tornam mais leves, mas também mais breves as penas dessas almas, apressando-se com a intercessão da Santíssima Virgem o tempo de expiação. Basta que ela formule um pedido nesse sentido.

Refere S. Pedro Damião que certa mulher, chamada Marózia, apareceu depois de morta a uma sua comadre, e lhe disse que no dia da Assunção de Maria havia sido libertada do purgatório. Que juntamente com ela saíra um tão considerável número de almas, que excediam o da população de Roma. A respeito das festividades do Natal e da Ressurreição do Senhor, assevera Dionísio Cartusiano e mesmo privilégio. Diz que em tais dias desce Maria ao purgatório, acompanhada por muitos anjos, e livra muitas almas daquelas penas. E Novarino inclina-se a crer que o mesmo sucede em todas as festas solenes da Santa Virgem.


Conhecidíssima é a promessa que Maria fez ao Papa João XXII. Apareceu-lhe um dia e lhe ordenou fizesse saber a todos aqueles que trouxessem o escapulário do Carmo que seriam livres do purgatório no primeiro sábado depois da morte. Fê-lo o Papa por uma Bula que publicou, e que foi depois confirmada por Alexandre VII, Pio V, Gregório XIII e Paulo V. Êste, no ano de 1613, na Bula então publicada, assim diz: Pode o povo cristão piamente crer que a bem-aventurada Virgem ajudará com especial proteção, depois da morte, e principalmente no dia de sábado, consagrado pela Igreja à mesma Virgem, as almas dos irmãos da Confraria de Nossa Senhora do Carmo que morreram na graça de Deus. Como condição requer-se que tenham usado sempre o escapulário, recitando o Ofício da Virgem, ou, não podendo recitá-lo, tenham observado os jejuns da Igreja, abstendo-se de carne às quartas- feiras e aos sábados. Diz também o Breviário da festa de Nossa Senhora do Carmo: Segundo uma piedosa crença, a Santíssima Virgem com maternal amor consola os confrades do Carmo no purgatório, e com sua intercessão depressa os leva à pátria celeste.

Por que não poderemos nós esperar os mesmos favores e graças, se formos devotos dessa Mãe? E se a servirmos de um modo especial, por que não poderemos também esperar a graça de irmos logo para o paraíso, isentos do purgatório? Graça semelhante prometeu a Mãe de Deus ao Beato Godofredo. Mandou Frei Abondo dar-lhe o seguinte recado: Dize a Frei Godofredo que se adiante na virtude, que assim será de meu Filho e meu; e quando a sua alma se apartar do corpo, não a deixarei ir ao purgatório, mas eu a receberei para oferecê-la a meu Filho. — Se quisermos, pois, ajudar às santas almas do purgatório, procuremos rogar por elas à Santíssima Virgem em todas as nossas orações, aplicando-lhes especialmente o santo rosário, que lhes dá um grande alívio.
Exemplo

Contaram a uma senhora da alta sociedade que seu filho tinha sido assassinado, e que o assassino se havia refugiado ao palácio dela. Lembrou-se a pobre mãe de que também a Santíssima Virgem perdoara aos crucificadores de seu Filho e, em lembrança das Dores da Virgem, perdoou generosamente ao refugiado. Não contente com isso, mandou dar cavalos, dinheiro e roupa ao criminoso, para que se salvasse pela fuga. Apareceu então a esta senhora o filho assassinado, dizendo que não só se salvara, como também fora livre do purgatório pela Mãe de Deus, por causa do perdão generosamente concedido ao inimigo. Do contrário, lhe teria sido muito longo o purgatório, mas que naquele momento ia entrar logo no céu.

Oração
Ó Rainha do céu e da terra, ó Mãe do Senhor do mundo, ó Maria, criatura a mais sublime, a mais excelsa, a mais amável, é verdade que na terra muitos não vos amam e não vos conhecem. Mas no céu são inumeráveis os milhões de anjos e de bem-aventurados que vos amam e vos louvam continuamente. Mesmo nesta terra, quantas almas felizes há que ardem em amor por vós, e vivem enamoradas de vossa bondade! Ah! se eu também vos amasse, ó Senhora minha amabilíssima. Oh! se estivesse sempre pensando em servir-vos, em louvar-vos, em honrar-vos, e em trabalhar por ver-vos honrada por todos!
Vós agradastes tanto a Deus, com a vossa beleza, que o arrancastes, digamos assim, do seio do Eterno Pai, trazendo-o à terra para fazer-se homem e Filho vosso. E eu, miserável verme, é que não me havia de enamorar de vós? Não, minha Mãe dulcíssima, quero amar-vos, amar-vos muito e fazer todo o possível para ver-vos amada por todos. Aceitai, pois, ó Maria, o desejo que tenho de amar-vos, e vinde em meu socorro para que o possa pôr em prática. Sei que Deus olha com agrado para os que vos amam. Depois de sua glória, ele nada deseja mais do que a vossa; ele quer ver-vos honrada e amada em todos os corações. De vós, Senhora, espero a minha fortuna espiritual: obtende-me o perdão de todos os meus pecados, a santa perseverança; vinde assistir-me na hora da morte, livrar-me do purgatório, e finalmente fazei-me entrar no paraíso. Eis o que de vós espero, eu que vos amo com todo o afeto, e sobre todas as coisas depois de Deus.

(Glórias de Maria – Santo Afonso Maria de Ligório)

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