quarta-feira, 17 de abril de 2013

A Santa Missa dá a Deus uma honra infinita


Laudate eum secundum multitudinem magnitudinis eius ― «Louvai (a Deus) segundo a multidão da sua grandeza» (Sl 150, 2).
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Sumário. Todas as honras que foram tributadas a Deus, e lhe serão ainda tributadas por todas as criaturas, sem excetuar a divina Mãe, nunca poderão igualar a honra que lhe é dado por uma única Missa, porquanto nesta é sacrificada a Deus uma vítima de valor infinito, que lhe dá uma honra infinita. Que honra, pois, para nós, que se nos permite assistirmos cada dia e até mais de uma vez a este divino sacrifício! Ouçamos quantas Missas possamos, particularmente neste tempo do carnaval, para desagravar o Senhor dos ultrajes que recebe.
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I. Nunca um sacerdote celebrará a santa Missa com a necessária devoção, nem nunca o cristão lhe assistirá com o devido respeito, se não tiverem de tamanho sacrifício a estimação que merece. «É certo», diz o Concílio de Trento, «que o homem não faz ação mais sublime e mais santa do que a celebração da Missa»[1]; mais, Deus mesmo não pode fazer que se cometa no mundo ação mais sublime do que esta. ― A Missa não é somente uma recordação do sacrifício da Cruz, senão o mesmo sacrifício, porque em ambos o oferente é o mesmo, a mesma é a vítima, a saber: o Verbo incarnado. A diferença está unicamente no modo de se oferecer; porquanto o sacrifício da Cruz foi feito com derramamento de sangue, e o sacrifício da Missa é incruento. No primeiro Jesus Cristo morreu verdadeiramente, no segundo morre de morte mística.
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Por isso todos os sacrifícios antigos, apesar da grande glória que deram a Deus, não foram senão uma sombra e figura de nosso sacrifício do altar. Todas as honras que jamais têm dado e darão a Deus os anjos com os seus louvores, os homens com as suas boas obras, penitências e martírios, e mesmo a divina Mãe com a prática das mais sublimes virtudes, nunca chegaram nem poderão chegar a glorificar o Senhor tanto como uma só Missa. A razão é que todas as honras das criaturas são honras finitas, mas a glória que Deus recebe no sacrifício do altar, no qual se lhe oferece uma vítima de valor infinito, é uma glória igualmente infinita. ― Numa palavra, a Missa é uma ação pela qual se tributa a Deus a maior honra que lhe pode ser tributada. Pela Missa cumprimos o nosso dever primário, sublime e essencial, o de louvarmos a Deus segundo a sua grandeza: Laudate eum secundum multitudinem magnitudinis eius.
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II. Se tu, que fazes a presente meditação, tens a grande dita de ser padre, emprega toda a diligência para celebrar este divino sacrifício com a maior pureza e devoção possíveis. Lembra-te de que a maldição fulminada contra aqueles que exercem as funções sagradas negligentemente, diz exatamente respeito aos sacerdotes que celebram a Missa de modo irreverente: Maledictus homo, qui facit opus Domini fraudulenter (Jer 48, 10) ― «Maldito o que faz a obra de Deus com negligência».
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Se não és padre, esforça-te por ouvir ao menos cada dia devotamente a Missa, mesmo à custa de algum incômodo; especialmente nestes dias de carnaval, para desagravar Jesus dos ultrajes que lhe são feitos. ― Santa Margarida de Cortona desejava ter para amar e louvar a Deus tantos corações e tantas línguas, quantas são as estrelas do céu, as folhas das árvores, as gotas de água no mar. Mas o Senhor dignou-se dizer-lhe: «Consola-te; se ouvires devotamente uma única Missa, tributar-me-ás toda a glória que possas desejar, e infinitamente mais».
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Meu Deus, adoro a vossa majestade e grandeza infinita; comprazo-me com as vossas infinitas perfeições e quisera honrar-Vos tanto quanto mereceis. Que honra Vos posso tributar eu, miserável pecador digno de mil infernos? +«Eterno Pai, ofereço-Vos o sacrifício que o vosso dileto Filho fez de si mesmo sobre a cruz, e agora renova sobre o altar. Eu Vo-lo ofereço em nome de todas as criaturas em união com as Missas que já foram celebradas e ainda serão celebradas em todo o mundo, para Vos adorar e louvar como mereceis; para agradecer os vossos inúmeros benefícios; para aplacar a vossa ira, excitada por tantos pecados nossos; e dar-Vos uma satisfação digna, para Vos suplicar por mim, pelo mundo universo e pelas almas do purgatório»[2]. ― Ó Maria, minha Mãe, em vós repousou o Deus que se sacrifica sobre os nossos altares, ajudai-me a ouvir sempre (e celebrar) a Missa com a devida devoção. (*III 832.)
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[1] Sess. 22, Decr. De observ. In celebr. Missae.
[2] Indulgência de 3 anos uma vez por dia. S. Afonso, Meditações. I.
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Santo Afonso Maria de Ligório. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo Primeiro: Desde o primeiro Domingo do Advento até Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 254-257.

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