MENORES BENS DO CÉU
“No céu não há doença alguma, nem pobreza, nem adversidade
de espécie alguma. Lá não haverá mudança de dias e noites, de frio e calor; lá
existirá uma primavera eterna e a todos os respeitos deliciosa. Não haverá
perseguição e inveja, já que aí todos amar-se-ão ternamente; cada um se
alegrará tanto com a felicidade do outro como a própria. Lá não haverá mais temores,
pois a alma confirmada em graça não poderá mais perder a Deus. “Eia que faço
novas todas as coisas”. Tudo é novo, tudo nos alegra e satisfaz. Os olhos
regozijar-se-ão com a vista desta cidade de incomparável beleza. Que admiração
não se apoderaria de nós, se víssemos uma cidade calçada de cristal, com
palácios de pura prata forrados de ouro e ornados da maneira mais aprazível com
jarros das mais esquisitas flores! Oh! Quanto não fica acima disso a Jerusalém
Celeste. Que encanto ver os habitantes do céu vestidos com pompa real, pois lá
haverá tantos reis quantos os moradores, segundo Santo Agostinho. Que delícia
ver a Santíssima Virgem, mais bela que todo o céu. Que prazer então ver o
Cordeiro de Deus, Jesus, o esposo das almas. Santa Teresa teve uma vez a dita
de ver uma mão do Salvador glorificado, sendo tão grande sua beleza que a santa
entrou em êxtase. Perfumes esquisitos e fragrâncias paradisíacas nos deleitarão
nos céus. Deliciarão nossos ouvidos harmonias sobrenaturais. Um anjo fez São
Francisco ouvir uma só melodia celeste, sentindo-se o santo desfalecer de gozo.
Que será então quando se ouvir cantar os coros dos anjos e santos? Que será
então ouvir a Santíssima Virgem louvar a Deus? A voz de Maria no céu
assemelha-se a do rouxinol, que sobrepuja à de todos os outros pássaros, nota
São Francisco de Sales. Numa palavra: o paraíso é o complexo de todas as
alegrias imagináveis.”
MAIORES BENS DO CÉU
“Tudo o que a alma vir em Deus causar-lhe-á grande alegria:
compreenderá quão justos foram seus juízos, quão sábia a diretiva de sua
Providência, que visava tudo unicamente a honra de Deus e a salvação das almas;
conhecerá tudo o que lhe diz respeito, verá o amor imenso de Deus para consigo,
tornando-se homem por sua causa e sacrificando-se na Cruz; perceberá o excesso
de bondade, o mistério da Cruz, que levou o próprio Deus a fazer-se escravo e a
deixar-se condenar como um malfeitor à morte da Cruz; desvendará a imensidade
do amor recôndito no mistério da eucaristia, onde Deus torna-se o sustento de
suas criaturas debaixo das espécies sacramentais; ser-lhe-ão apresentadas todas
as graças e favores com que foi cumulada e que até então ignorava; ser-lhe-á desvendada
a grandeza da misericórdia com que foi tratada pelo Senhor, já esperando sua
conversão, já perdoando sua ingratidão; ser-lhe-á patenteado o número das vezes
que o Senhor a chamou e a esclareceu e sua liberalidade em prestar-lhe apoio;
convencer-se-á de que as adversidades, doenças, perdas de bens e parentes, em
vez de duras penas foram amorosas admoestações do Senhor para induzi-la a
amá-Lo perfeitamente. Numa palavra, tudo o que os seus olhos virem a induzirá
ao conhecimento da Bondade infinita de Deus e de sua infinita amabilidade”
Tirado do Livro "Escola da Perfeição Cristã" de
Santo Afonso de Ligório.
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