domingo, 28 de setembro de 2014

Os Menores e os Maiores Bens do Céu - Santo Afonso de Ligório‏



MENORES BENS DO CÉU


“No céu não há doença alguma, nem pobreza, nem adversidade de espécie alguma. Lá não haverá mudança de dias e noites, de frio e calor; lá existirá uma primavera eterna e a todos os respeitos deliciosa. Não haverá perseguição e inveja, já que aí todos amar-se-ão ternamente; cada um se alegrará tanto com a felicidade do outro como a própria. Lá não haverá mais temores, pois a alma confirmada em graça não poderá mais perder a Deus. “Eia que faço novas todas as coisas”. Tudo é novo, tudo nos alegra e satisfaz. Os olhos regozijar-se-ão com a vista desta cidade de incomparável beleza. Que admiração não se apoderaria de nós, se víssemos uma cidade calçada de cristal, com palácios de pura prata forrados de ouro e ornados da maneira mais aprazível com jarros das mais esquisitas flores! Oh! Quanto não fica acima disso a Jerusalém Celeste. Que encanto ver os habitantes do céu vestidos com pompa real, pois lá haverá tantos reis quantos os moradores, segundo Santo Agostinho. Que delícia ver a Santíssima Virgem, mais bela que todo o céu. Que prazer então ver o Cordeiro de Deus, Jesus, o esposo das almas. Santa Teresa teve uma vez a dita de ver uma mão do Salvador glorificado, sendo tão grande sua beleza que a santa entrou em êxtase. Perfumes esquisitos e fragrâncias paradisíacas nos deleitarão nos céus. Deliciarão nossos ouvidos harmonias sobrenaturais. Um anjo fez São Francisco ouvir uma só melodia celeste, sentindo-se o santo desfalecer de gozo. Que será então quando se ouvir cantar os coros dos anjos e santos? Que será então ouvir a Santíssima Virgem louvar a Deus? A voz de Maria no céu assemelha-se a do rouxinol, que sobrepuja à de todos os outros pássaros, nota São Francisco de Sales. Numa palavra: o paraíso é o complexo de todas as alegrias imagináveis.”


MAIORES BENS DO CÉU


“Tudo o que a alma vir em Deus causar-lhe-á grande alegria: compreenderá quão justos foram seus juízos, quão sábia a diretiva de sua Providência, que visava tudo unicamente a honra de Deus e a salvação das almas; conhecerá tudo o que lhe diz respeito, verá o amor imenso de Deus para consigo, tornando-se homem por sua causa e sacrificando-se na Cruz; perceberá o excesso de bondade, o mistério da Cruz, que levou o próprio Deus a fazer-se escravo e a deixar-se condenar como um malfeitor à morte da Cruz; desvendará a imensidade do amor recôndito no mistério da eucaristia, onde Deus torna-se o sustento de suas criaturas debaixo das espécies sacramentais; ser-lhe-ão apresentadas todas as graças e favores com que foi cumulada e que até então ignorava; ser-lhe-á desvendada a grandeza da misericórdia com que foi tratada pelo Senhor, já esperando sua conversão, já perdoando sua ingratidão; ser-lhe-á patenteado o número das vezes que o Senhor a chamou e a esclareceu e sua liberalidade em prestar-lhe apoio; convencer-se-á de que as adversidades, doenças, perdas de bens e parentes, em vez de duras penas foram amorosas admoestações do Senhor para induzi-la a amá-Lo perfeitamente. Numa palavra, tudo o que os seus olhos virem a induzirá ao conhecimento da Bondade infinita de Deus e de sua infinita amabilidade”

Tirado do Livro "Escola da Perfeição Cristã" de Santo Afonso de Ligório.

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