sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Do Santíssimo Sacramento

Verbum caro, panem verum!

Ponto I – Considera que, conhecendo o Redentor do mundo, que estava chegada a hora de voltar para seu Eterno Pai, não lhe oferecendo o seu ânimo deixa-nos só neste vale de lagrimas, pode descobrir um modo de ficar para sempre no meio de Deus!.. Tão extremoso foi o seu amor para conosco, que nesta mesma noite em que havia de ser traído por um seu discípulo, e entregue a cruéis verdugos para o arrastarem até o Calvário, foi que ele instituiu este Sacramento!... Manda assentar os seus discípulos e lhes diz: “Eu vou ser presa dos meus inimigos que farão em mim o mais horroroso estrago; porém o que me dá maior cuidado é que tenho de deixar este mundo; mas nunca me apartarei de Vós”. Já que é necessário que eu padeça, eu vou morrer; porém não vos apaixoneis pois a minha morte há de ser a vossa vida. Tomai, comei e bebei daquilo todos, pois que neste sacramento vos deixo tudo quanto podia deixar; o meu corpo, o meu sangue, a minha alma, a minha divindade e a mim todo; Aquele que se alimentar deste divino manjar, viverá eternamente. Eis aqui o meio que o meu amor pode descobrir para ficar sempre convosco... Ó Alma, agradece ao amantíssimo Jesus um tão grande amor e suspira incessantemente pela sua misericórdia. 

Ponto II – 
Considera que Jesus Cristo está no Santíssimo Sacramento de noite e de dia a espera das almas para lhes dar audiência, para ouvir as suas petições, acudir as suas necessidades e conceder-lhes todas as graças; está esperando pelos que vem visita-lo no Sacramento para enriquecê-los de bênçãos. Ele quer ser tratado como amigo, como pai e como esposo, com amor e confiança; e para isso é que está sempre junto de nós, para prontamente nos ouvir, santificar e consolar. Oh! Ditosa sorte a nossa! Poderemos a toda hora falar com nosso Deus, que, com corpo, alma e divindade, como está no céu, habita em nossos sacrários, pronto para nos escutar a toda hora do dia ou da noite que o quisermos procurar, escutando ali as nossas suplicas dando pronto remédio a nossos males perdoando nossos pecados, acendendo em nossos corações aquele fogo celestial, que inflama no santo amor. Ah! Quantos pecadores se tem convertido por meio das visitas do Santíssimo Sacramento! Quantos justos tem crescido em virtude e feito progressos na perfeição. Foi esta a principal do glorioso Afonso Maria de Ligório, e que ele tanto promoveu com suas palavras, escritos e exemplos, gastando todos os dias horas inteiras neste santo exercício. Segue tu, ó pecador, o exemplo deste e de todos os outros santos, que com tanta frequência chegavam aquela fornalha do divino amor; mostra a Jesus Sacramentado as chagas da tua alma, chora, suspira, e clama pela sua infinita misericórdia.

Ponto III – 
Considera, que não se contentou o nosso Redentor só com ficar no meio de nós no Santíssimo Sacramento quis também dar-nos a comer seu precioso corpo, sangue, alma e divindade na Sagrada Comunhão, aonde nos deixou tudo quanto nós podíamos desejar para salvação!... Sim, a Sagrada Comunhão é a fonte de todas as graças; ali se aumentam as virtudes, ali se nutrem a alma e o corpo com o Pão da vida, que dos céus desceu; ali se fortifica a alma, e recebe as armas para resistir aos combates e ficar vencedora do mundo, demônio e carne; ali os fiéis são como leões que respiram chamas de fogo, fazendo-se terríveis a todo o inferno; ali se reprimem as paixões, portanto a comunhão é um remédio universal para todas as misérias, por isso que purifica a alma de todos os vícios, e lhe infunde todas as virtudes!... Aproxima-te com frequência aquela sagrada mesa, mas purifica bem a tua consciência portanto aquele que comunga em pecado, come e bebe juntamente, com o corpo e sangue de Jesus Cristo o seu próprio juízo e torna-se réu do sangue do senhor, e será ainda mais castigado do que, que o vendeu, e que os Judeus que o mataram! Procura, pois, viver de modo que possas receber dignamente e com frequência o teu senhor, e vai já esconder-te na chaga do lado de Jesus, e dentro do Coração de Maria; e pede que te agasalhe debaixo das asas da sua misericórdia.
GOFFINÉ
Horas do Cristão
Pág 144,145
1906



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