domingo, 16 de novembro de 2014

Vestido Celestial

Caía a noite. Em sua celazinha cheia de sombra, S. Catarina de Sena pensava na festa que terminava. Via os estandartes agitados pelos jovens; via a multidão apinhada no campo sob o sol de verão, os palcos repletos de luxuosas damas.


Naquele momento começou o demônio a testá-la: "Também. tu, Catarina,
poderias estar com eles. Por que cortaste teus cabelos louros, por que trazes o cilício sobre o teu corpo delicado, por que queres fazer-te religiosa? Olha este vestido, não é mais lindo que o místico hábito claustral?"


Na dúbia claridade da noite, a Santa julgou ver diante de si um jovem que lhe apresentava um rico vestido feito de pétalas de rosas.


Enquanto Catarina estava como que suspensa, apareceu-lhe Maria Santíssima. Como o tentador, também ela trazia nos braços um esplêndido vestido bordado a ouro e pérolas, radiante de pedras preciosas.


Deves saber, minha filha, disse a Mãe de Jesus com voz dulcíssima, que os vestidos tecidos por mim no coração de meu Filho, morto por ti, são mais preciosos que qualquer outro vestido trabalhado por outras mãos que não as minhas".


Então Catarina, ardendo em desejo de possuí-lo e tremendo de humildade, inclinou a cabeça e a Virgem vestiu-a com a túnica celestial.


O demônio apresenta-se às almas com seu vestido de rosas e prazeres carnais; Maria, ao contrário, com seu vestido de pureza e santidade.
Dai preferência a este último; somente com ele podereis entrar no céu.


ALVES,
Pe. Francisco. Tesouros de Exemplos. 2a ed. Editora Vozes: Petrópolis, 1958.


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