Sumário. Se Jesus tivesse nascido em Nazaré, teria nascido pobre, sim; mas ao menos num quarto asseado e sem umidade, com um pouco de lume, paninhos aquecidos e um bercinho mais cômodo. Mas não; Jesus quis nascer naquela gruta fria e sem lume; quis que uma manjedoura lhe servisse de berço e um pouco de palha Lhe fosse colchão, a fim de padecer mais e ensinar-nos a santa pobreza. Aproveitemo-nos da lição e lembremo-nos de que, quem ama as comodidades, nunca será santo.
I. Deus dispôs que no tempo em que seu Filho devia nascer na terra, fosse lançada a ordem do imperador, que cada um fosse alistar-se na cidade da sua origem. E assim aconteceu que, de conformidade com o édito de César, São José tivesse de ir, com a sua santa Esposa, a Belém para ser alistado. Chegou então a hora do parto de Maria, que, por não achar acolhida em nenhuma outra casa, nem mesmo na hospedaria comum dos pobres, viu-se obrigada a passar a noite em uma gruta, e ali deu à luz o Rei do céu. Se Jesus tivesse nascido em Nazaré, teria nascido pobre, sim; mas ao menos teria tido um quarto asseado e sem umidade, um pouco de lume, paninhos aquecidos e um bercinho mais cômodo. Quis, porém, nascer naquela gruta fria e sem lume; quis que uma manjedoura lhe servisse de berço e um pouco de palha dura lhe fosse colchão.
Entremos na lapinha de Belém, mas entremos com fé. Se entrarmos sem fé, acharemos apenas uma criança pobre, que excita a nossa compaixão pela sua formosura amável, que está tiritando e chorando por causa do frio e da palha pungente. Se, ao contrário, entrarmos com fé e pensarmos que aquele Menino é o Filho de Deus, que por nosso amor veio à terra e sofre tanto para satisfazer pelos nossos pecados, como poderemos deixar de Lhe agradecer e de O amar?
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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 131-133)
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