Nossos filhos podem se sentirem esmagados pela quantidade de informações deprimentes que matam toda a Esperança. Como podemos fazer crescer neles essa bela virtude?
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
A água escorre pela testa da pequena Éléonore, enquanto o padre pronuncia as palavras sacramentais que a tornam filha do bom Deus. A Santíssima Trindade habita agora na alma dessa linda menina que, depois das emoções da cerimônia, retomou o seu doce sono! Com a sua vida, Deus deu-lhe também três grandes virtudes, as virtudes teologais: a Fé, a Esperança e a Caridade. Se a Fé e a Caridade nos são bem familiares, a Esperança é, muitas vezes, esquecida. No entanto, devemos nos preparar para o crescimento de Deus através dos atos da nossa vida diária.
O ato de Esperança, que as crianças vão aprendendo à medida que crescem e que é bom repetir todos os dias, ensina-nos isto: esperamos de Deus, com uma Esperança firme, o Céu e a sua graça nessa terra para alcançá-Lo. É essa a atitude de uma criança: confiar em Deus para ir até ele e receber dele o que necessitamos. Para a criança educada numa família cristã autêntica, essa virtude será mais facilmente compreendida: não se apoia no pai e na mãe para progredir em todos os domínios e assim agradar-lhes? Não precisa deles para tudo?
Os obstáculos
À medida que as crianças crescem, há dois defeitos que se opõem ao desenvolvimento da Esperança. Alguns tenderão a ser demasiado confiantes. É essencial que as crianças tomem gradualmente a iniciativa, mas na dependência de Deus e dos seus pais. Sem essa disposição, reina a presunção e até a preguiça. “Por que aprender essa lição? Eu já a conheço e já a compreendi! Não preciso recitá-la.” Por vezes, a criança terá de experimentar um pouco para compreender o seu erro com os pais: “Sabe, Tomás, você acreditou que poderia fazer isso sozinho e não conseguiu. Agora, você terá que lembrar que precisa da ajuda do papai: ele está aqui para isso!”
Outras crianças serão tentadas pelo desânimo: “Não sirvo para nada, não vou conseguir nada”. Queridas mães, o vosso sorriso e a vossa bondade serão o primeiro remédio para esse terrível mal que pode causar tantos estragos. O vosso encorajamento apoiará os primeiros esforços do vosso filho, os seus primeiros passos e progressos. As palavras usadas e a expressão do seu rosto contribuirão muito para isso: as crianças são muito sensíveis, mesmo aos nove ou dez anos. Depois de uma observação, não se esqueça de pôr um pouco de unguento no coração dorido: “Tudo está acabado, esquecido e abandonado no coração de Jesus. Vamos pedir-Lhe ajuda, e tenho a certeza de que farás melhor da próxima vez.”
O mundo de hoje é duro, não faltam dificuldades os meios de comunicação social estão empenhados em transmitir todas a escuridão desse mundo sem Deus e, assim, matar o espírito cristão. Cuidemos para que as preocupações, os problemas políticos ou econômicos, as desavenças entre os pais, as críticas, não invadam o ambiente dos nossos lares. É claro que não devemos viver de ilusões, mas os nossos filhos podem se sentirem esmagados por essa quantidade de informações deprimentes que matam toda a Esperança. Pouco a pouco, com a ajuda dos pais, aprenderão a olhar para isso com espírito cristão que considera menos o número, a quantidade do desastre ou todas as outras circunstâncias em que habitualmente nos deixamos impressionar, do que a ajuda infalível de Deus à sua criatura. A beleza e a grandeza de uma alma em estado de graça, que ama o seu Criador e Pai e quer servi-Lo, não se comparam a todos os problemas desse mundo passageiro.
Felicidade eterna
A virtude da Esperança faz-nos desejar o Céu, bem misterioso para nós que somos apenas peregrinos nessa terra e a quem ainda não foi dada a oportunidade de contemplar essa felicidade. Como então apresentar o Céu a Éléonore e a fazemos ansiar por ele? Se desde cedo a sua mãe lhe ensinou a amar Jesus, a agradá-lo, o paraíso será o lugar onde encontraremos Jesus para estar sempre com ele. “Com Jesus, és sempre feliz; já não podes sofrer: só podes amá-Lo.” Essa alegria pode ser comparada àquela vivida quando se encontra o pai, depois de uma ausência mais ou menos longa. No fundo, o Céu e a vida cristã são sobretudo uma questão de amor, e os vossos pequeninos, queridas mães, estão muito abertos a isso, por vezes até mais do que poderíamos imaginar! Por ocasião de uma morte na família, a questão da vida após a morte também pode ser levantada. “O vovô nunca mais virá sentar-se à lareira! Mas o seu lugar é melhor no Céu do que na terra: ele só nos deixou para ir ter com Deus”, diz o poeta Louis Tournier, com toda a razão.
Se a Esperança florescer nas nossas famílias, nesses tempos conturbados, terreno fértil para essa bela virtude, os vossos pequenos tornar-se-ão cristãos zelosos, apóstolos felizes e empreendedores. Como não o ser, quando sabemos que o nosso Pai do Céu tudo sabe, tudo pode e nos ama?
Irmãs da FSSPX
Extraído da Revista Fideliter n° 247 – janeiro-fevereiro de 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário