segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A ilusão da misericórdia sem conversão



"Pode ser que haja, no meio de vós, meus irmãos, alguém que se encontre com a alma carregada de pecados e que -- longe de pensar em se livrar deles pela confissão e penitência -- não cessa de cometer novos pecados, se sobrecarregando ainda mais. Este, certamente, abusa da misericórdia divina; pois, a que fim nosso Deus tão bom deixa que este pecador viva senão para que ele se converta e, por conseqüência, escape da desgraça de perder sua alma?
"Ele merece as severas censuras que o Apóstolo dirigiu ao povo judeu impenitente: 'Porventura desprezas as riquezas da bondade, da paciência e da longanimidade de Deus? Ignoras que Sua bondade te convida à penitência? Mas que na tua dureza e coração impenitente, acumulas para ti um tesouro de ira no dia da ira e da manifestação do justo juízo de Deus' (Rom II 4,5).

"Eu quero vos afastar, meus irmãos, desse funesto abuso, e vos preservar da desgraça de cair na morte eterna do inferno. A esse propósito, chamo vossa atenção para a seguinte verdade: Quando uma alma abusa da misericórdia divina, a misericórdia divina está bem próxima de a abandonar...

"Santo Agostinho observa que, para enganar os homens, o demônio emprega ora o desespero, ora a confiança.

Após o pecado, o demônio nos mostra o rigor da justiça de Deus para que desconfiemos de Sua misericórdia. Entretanto, antes do pecado, o demônio nos coloca diante dos olhos a grande misericórdia de Deus, a fim de que o receio dos castigos, devidos ao pecado, não nos impeça de satisfazer nossas paixões...

"Essa misericórdia sobre a qual vós contais para poder pecar, dizei-me, quem vo-la prometeu? Não Deus, certamente, mas o demônio, obstinado em vos perder. Cuidado!, diz São João Crisóstomo, de dar ouvidos a este monstro infernal que vos promete a misericórdia celeste...

"'Deus é cheio de misericórdia, eu pecarei e em seguida confessar-me-ei'. Eis aí a ilusão, ou antes, a armadilha que o demônio usa para arrastar tantas almas ao inferno!...

"Nosso Senhor, aparecendo um dia a Santa Brígida, queixou-Se: 'Eu sou justo e misericordioso, mas os pecadores não querem ver senão minha misericórdia' (Ego sum justos et misericors; peccatores tantum misericordem me existimant - Rev. 1. I. c. 5). Não duvideis, diz São Basílio, que Deus é misericordioso, mas saibamos que Ele é também justo, e estejamos bem atentos para não considerar apenas uma metade de Deus. Uma vez que Deus é justo, é impossível que os ingratos escapem do castigo.... Misericórdia! Misericórdia! Sim, mas para aquele que teme a Deus, e não para aquele que abusa da paciência divina!".


Fonte: Sermons de S. Alphonse de Liguori, Analyses, commentaires, exposé du système de sa prédication, par le R.P. Basile Braeckman, de la Congrégation du T. S. Rédempteur, Tome Second. Jules de Meester-Imprimeur-Éditeur, Roulers, pp. 55-60, apud Revista Catolicismo, número 572, agosto/1998, pág. 37

5 comentários:

  1. É certo que não devemos abusar da Misericórdia de Deus, mas também não o devemos temer mais do que Amar, uma vez que Ele mesmo disse que quer salvar os pecadores e que Eles têm mais direito do que os Justos à Sua Misericórdia. Aconselho todos a lerem o Diário de Santa Faustina canonizada pela papa João Paulo II.

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    1. É justamente disso que fala este texto dessa misericórdia excessiva. Deus misericordioso porém não devemos usar isso contra DEUS.

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    2. Concordo! Os pecadores tem mais direito, o problema é, os fariseus se declaravam justos, quanto que os pecadores, se declaravam pecadores, temos que ter ciência que seremos sempre pecadores, até a morte, mas devemos querer a Justiça. O pecador que não sai do seu erro, confessou o erro, mas não saiu dele, não se arrependeu dele, esse está abusando da Misericórdia de Deus, este está como se diz a Palavra, em cima do muro. Rezemos pedindo entendimento para uma verdadeira conversão.

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  2. Aconselho a ler o livro A contrição perfeita. Ave-Maria Puríssima!

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  3. Aconselho a ler o livro A contrição perfeita. Ave-Maria Puríssima!

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