quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Exercício de Mortificação Interior - São Francisco de Sales


"Uma mulher ao ver o seu marido e o seu filho doentes, põe-se ai a jejuar, a trazer cilícios, a disciplinar-se como Davi fez numa ocasião semelhante. Ah! Minha filha, estás a fazer como Balaão, que batia em sua jumenta; afliges o teu corpo, que é inocente de Deus levantar a mão em cólera contra ti. Sobe a fonte do mal; corrige esse coração idólatra do marido ou do filho que deixaste tornar-se escravo de suas más inclinações e que teu orgulho educou para toda sorte de vaidades. Um homem costuma recair sempre de novo num pecado da impureza e logo os remorsos lhe sobrevêm e o fazem temer, como setas da cólera de Deus. Voltando a si, exclama: Ah! Carne rebelde, corpo desleal, tu me traíste! E descarrega sobre a sua carne a sua indignação, afligindo-a com rigor exagerado. Ó pobre alma, se a carne te pudesse falar como a jumenta de Balaão, ela te diria: Por que me levas a estas más conversas? Porque empregas meus olhos e os outros sentidos em coisas desonestas? Por que me cegas com imaginações perigosas? Tem bons pensamentos, que não terei más sensações; convive com pessoas de pudor e a paixão não mais referverá em mim. Ah! Tu me lanças ao fogo e não vês que me queimo; enches meus olhos de fumaça e não vês que se inflamam. Ah! Filoteia, nestas ocasiões Deus certamente te diz: Parte teu coração de dor, mortifica-o, penitencia-o como merece, é contra ele principalmente que me irritei.

   Sem dúvida, para curar a brotoeja é necessário purificar um banho, mas sim purificar o sangue; e no tocante a nossos vícios, embora seja bom mortificar a carne, o principal é sempre purificar o coração.
   Em suma, a regra geral que te dou é de nunca começar austeras punições corporais sem o conselho do teu diretor espiritual."

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